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FACULDADE ZUMBI DOS PALMARES

FILOSOFIA DO DIREITO – SEGUNDO BIMESTRE

Prof. Marcos Alexandre Oliveira

Bacharelado em Direito

SUMÁRIO

Título: FILOSOFIA DO DIREITO – SEGUNDO BIMESTRE

Subtítulo: “TODO HOMEM É UM COMPÊNDIO DE HISTÓRIA”

O Pensador – Auguste Rodin

O objetivo geral do Curso de FILOSOFIA DO DIREITO no Bacharelado em


Direito da Faculdade Zumbi dos Palmares é oferecer aos graduandos de Direito a
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necessária formação e desenvolvimento acerca dos fundamentos das principais Teorias
da Filosofia do Direito, com suas próprias características e peculiriaridades,
destacando-se da Filosofia Tradicional ainda que esta seja a sua Origem, mas aqui
desenvolvendo-se ao mesclar-se com a Teologia, Moral e Política, com vistas a habilitá-
los a apreender/compreender e aplicar esses conhecimentos nas reflexões acerca do
que é Lei, Direito e, especiamentre, Justiça.

Pretende-se, em nossas aulas, já delimitado o conteúdo, o objeto e o método da


Filosofia Clássica no Primeiro Bimestre, compreender a história, evolução e a formação
dos conceitos da Filosofia do Direito na Idade Média, Renascimento e Era Moderna,
além de apresentar, sem nunca porém esgotar, os principais pensadores que através
de suas obras influenciaram e influenciam a atividade legiferante mundial, brasileira em
seus casos particulares e na interpretação e aplicação das leis.

Não se trata apenas de um “passeio” pelas principais ideias filosóficas no


decorrer da História, tão somente, embora necessário para erguer um edifício sólido de
conhecimentos, mas de tentar demonstrar também, que a História da Filosofia (que não
é bem cronológica, já foi dito e nem sequencial) é uma História do Homem, sendo todo
homem um compêndio de história e segundo Benedetto Croce (1866-1952), nenhum
juízo e nenhum objeto de conhecimento se podem colocar fora da história e que todo
juízo ou pensamento abstrato se dá dentro o tempo, sendo os juízos historicamente
determinados. Além disso, o Direito (e todas as Ciências, vem a lume por causa do
Homem, e não o contrário) e o homem, tanto a humanidade quanto o indivíduo são
redutíveis a história, sendo cada ser vivo um compêndio da evolução da espécie da
qual faz parte e do desenvolver universal.

Tempo. Pela absoluta urgência do tempo e arbitrária escolha pedagógica, se


pretende destacar as ideias através da história acrescentando o quanto se puder, de
forma didática, da Filosofia do Direito básica no contexto atual do Operador do Direito,
de forma geral.

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MINI CURRÍCULO DO PROFESSOR:

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Prof. Marcos Alexandre Oliveira
- Mestrando em Educação

- Especialista em Comunicação Pública;

- Especialista em Gestão Pública;

- Pós-graduando em Docência no Ensino Superior;

- Aprovado em Processo Seletivo para o Mestrado em Direito;

- Bacharel em Direito;

- Aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;

- Professor no Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos - IPEBJ na Pós-Graduação em Criminologia, desde
2016;

- Professor no Curso de Pós-Graduação em Direito Público da Faculdade Zumbi dos Palmares desde 2017;

- Professor no Curso de Pós-Graduação em Direito Empresarial da Faculdade Zumbi dos Palmares desde 2018;

- Professor no Curso de Graduação Bacharelado em Direito da Faculdade Zumbi dos Palmares desde 2017;

- Cursou Estudos Sociais / História na antiga FZL Faculdade da Zona Leste (hoje UNICID) e Letras na Universidade
de São Paulo-USP

- Jornalista por mais de 20 anos, por 10 atuou como roteirista, repórter e apresentador dos programas da IPC TV
Afiliada da Rede Globo no Japão;

- Aprovado em Processo Seletivo Público: Centro de Controle Integrado da SPTrans;

- Aprovado em Concurso Público: Polícia Científica de São Paulo;

- Desde 2011 é responsável pela Assessoria de Imprensa na Comunicação da Superintendência da Polícia Técnico-
Científica do Estado de São Paulo e Analista do Serviço Estadual de Informações ao Cidadão - SIC - SPTC;

- Em 2014 recebeu o Prêmio Polícia Cidadã do Instituto Sou da Paz;

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- Em 2004 Recebeu o Prêmio Prod-USP de Comunicação Responsável da Universidade de São Paulo ECA-USP;

- É autor dos livretos/livros:


.Fragmentos - Flagrantes da Escola Pública;
.Jornalismo para quem não é jornalista - Internet;
.Lágrimas de Anjo, de Filosofia, pela Editora Saraiva Digital, entre outras publicações;

- Atuou como Professor na Escola Pública por mais de 12 anos;

- Durante quatro anos foi Professor de Cursinhos Preparatórios para Concursos Públicos em Carreiras Policiais;

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4768196132135200

LINKEDIN: https://www.linkedin.com/in/marcos-alexandre-oliveira-88716221/

BLOG: https://blogmarcosalexandre.wordpress.com

INTRODUÇÃO

Há mais entre o céu e a terra do que explica a nossa vã filosofia.


William Shakespeare

Iniciando nosso estudo, é preciso apresentar algumas definições importantes.

Acompanhe:

Já abordado anteriormente, no Primeiro Bimestre desta Disciplina, que falar de


FILOSOFIA DO DIREITO sempre é um desafio, mas sempre um prazer, pois é a
oportunidade de abordar questões fulcrais que tangem a História, a Sociologia, a
Cultura, o surgimento das Leis em cada Sociedade, sua interpretação, e buscar
entender como vão se desenhando conceitos como Ordenamento Jurídico, Imperativo
Categórico, Norma Fundamental, Pirâmide (já vamos ver a ideia de Kelsen) das
Normas, mesmo “Constituição” e claro, mesmo a noção de Poder Constituinte e outros
que nos dão entendimento ainda em construção, dos principais temas desta Disciplina,
Como dizia o saudoso Professor Eduardo Iamundo em suas Aulas de Filosofia do
Direito no meu Bacharelado, “é de babar verde!”, pela complexidade e importância dos
temas abordados e de “babar verde cintilante”, ao conhecermos meros excertos do
jusfilósofo Hans Kelsen... Mas tentaremos resumir o mais possível, simplificar e citar
apenas alguns pontos mais importantes, tentando, humildemente, captar e transmitir o
essencial para aprovação nesta Disciplina, um norte para o Exame de Ordem e talvez,

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apenas talvez, uma pálida contribuição para Concursos Públicos mas acima de tudo,
para a compreensão sistêmica do arcabouço jurídico. Por favor, nos acompanhe nesta
Caminhada e Bons Estudos neste Segundo Bimestre.

Prof. Marcos Alexandre Oliveira

HUMANITISMO VERSUS HUMANISMO

É isso mesmo... o Humanitismo, uma filosofia fictícia que o escritor Machado de


Assis apresenta, através da voz de seus personagens, é a doutrina que justifica a ideia
"do império da lei do mais forte, do mais rico e do mais esperto" (hã... não parece que
essa ideia “fictícia” já não existe na vida real ?!?). Já o Humanismo dispensa
apresentações: é a filosofia moral que coloca os seres humanos em primeiro lugar,
prega posturas éticas e respeito à dignidade da pessoa humana e exalta valores
elevados, entre eles, a racionalidade (bela teoria à qual faltam cada vez mais exemplos
concretos na vida real).

Com essa divisão em mente, já podemos, após ter conhecido o MITO (falo das
Origens, das explicações que o homem antigo dá ao Mundo Fenomênico, com os
Deuses (Mitologia Grega, Egípcia, Nórdica, Africana, Oriental, etc., etc., etc.) e na
Filosofia Clássica que no Ocidente encontra sua principal representante nas ideias dos
pensadores (que não eram bem “filósofos” no sentido que damos hoje) Pré-Socráticos,
e aí vêm Sócrates, Platão e Aristóteles, apenas para citar não os mais importantes que
isso ainda hoje se discute, mas os que marcam as principais ideias, avançar, pulando
muito, para uma nova visão de mundo entre várias visões.

DO MITO À PRATICIDADE – UNS DIRIAM PRAGMATISMO - DOS ROMANOS

Quando os Gregos são dominados pelos Romanos, um povo que surge através
do mito de Rômulo e Remo e de outra versão pela Obra “A Eneida”, de Virgílio, que

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conta que com o fim da Guerra de Tróia os sobreviventes e depois o herói Enéias vai
fundar o que se tornaria Roma, o mundo muda de novo. O Helenismo com todas as
suas características e a Filosofia Grega vai entrar em contato com a praticidade
Romana e pensadores vão organizar o Direito Romano, oferecer uma divisão entre o
Público e o Privado, se vê surgir figuras que se desenvolveriam no futuro como Parquet,
o Promotor de Justiça e mesmo a figura do Advocatus, que também deriva e se imbrica
do Parakletus grego e evolui de grandes oradores como Marco Túlio Cícero só para
citar um, vão se formando.

Mas, avançando muito como recurso didático, o Século III D.C., o Imperador
Constantino I “libera” o antes proibido e perseguido culto dos Cristãos (e se apropria) e
abre espaço para que surja uma nova Religião, que vai desembocar na Igreja Católica
Apostólica Romana.

Aqui, todas as questões filosóficas clássicas, da Cultura do Helenismo (aplicadas


ao Direito Romano como dito se uma forma mais prática e cotidiana, não que os
Romanos não “filosofassem”, erro absurdo dizer isso, mas a grande mudança de
paradigma vem agora, com o gregos e romanos com o Homem sujeito aos Deuses e a
outros homens, de uma forma ou de outra, e com um Direito, sua interpretação e
aplicação em uma área mais cinza, para um Teocentrismo, como Deus (da Bíblia,
cristão, “católico”, na verdade) no centro de TUDO e de onde emana TUDO e TUDO
passou a ser inquestionável, não-discutível (questionar seria “pecado”) e para muitos, a
“morte da filosofia” ou ao menos um “adormecimento”, pois a Filosofia já aprendemos,
não responde nada. A Filosofia “pergunta”, “questiona”, “faz pensar”.

Porém, como “questionar” se o Direito “vem de Deus”, a Ele é sujeito, a única


justiça possível é aquela que de acordo com Deus e quem interpreta, aplica, mantém,
revela, é a Sua Igreja (na época, a “Católica” – e mais tarde outras denominações
surgidas na Reforma Protestante) e seus representantes, sendo que para ser Rei,
Rainha, Governante, era o Representante de Deus na Terra, o Papa, que o coroava? O
Governante, inclusive, após sua coroação, o fazia pelo “Direito Divino” ...

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TEOCENTRISMO

Antes de chegarmos ao TEOCENTRISMO, ainda que não devamos falar em


uma “data” específica, como se tivesse “virado uma chavinha”, é importante
contextualizar que após os 3 Grandes (ou “mais famosos”) (Sócrates, Platão e
Aristóteles), e até mesmo ao mesmo tempo – de forma imbricada –
sobrepostas/interpostas, algumas ideias originais surgiam no mundo, entre eles os
Cínicos e Céticos, no sentido de “cínico” de “cão”, em alusão a Diógenes que se fazia
acompanhar por um cão (!) e ele mesmo passou a ser denominado de “Cão”, pois vivia
nu, apenas com um trapo e dormia dentro de um barril de vinho, carregando apenas
uma caneca (que jogou fora ao ver um menino bebendo com as mãos em concha e aí
decidiu viver “mais livre ainda”- jogou a caneca fora) e cínicos pois não aceitavam a
“verdade”, duvidando com uma postura iconoclasta (de derrubar/questionar mitos e
ícones, ídolos, a “verdade” da época – olha a ousadia (!)) e que com Pirro vão
questionar além da verdade os modos diferentes de se conceber a religião.

Enquanto – especialmente o primeiro – optam pela pobreza e simplicidade,


outros como Epicuro vão dar luz a uma ideia de “O objetivo da vida feliz é o prazer”, que
vira o Epicurismo e chega até nós como o Hedonismo, chegando mesmo a Epicuro
classificar as Necessidades em 1) Naturais e essenciais; 2) Naturais e não essenciais e
3) Não naturais e não essenciais. Essas necessidades deveriam ser satisfeitas de para
uma vida feliz e está claro que suas ideias com o passar do tempo e dependendo de
quem os interpretou cometeu excessos, exagerou e surgiu essa conotação ainda hoje
mais negativa do Hedonismo.

Especialmente quando vão surgir as ideias do Estoicismo, com Zenão de Cítio


(com “C” mesmo, um lugar perto da ilha de Chipre - é “Chipre” mesmo aqui, não
confunda com o que tem na cabeça do touro e outros animais), Sêneca cujo livro que
eu mais gosto é “Da Tranquilidade da Alma” e Marco Aurélio. Aqui, vai-se quase no
sentido oposto, dizendo que “é preciso ter força (moral), enfrentar a vida, sofrer, que o
sofrimento “é inevitável” e a aceitação entre outros conceitos de sacrifício pessoal em
benefício da sociedade (aqui só um resumo em algumas linhas que muito já foi escrito
por muita gente grande sobre esses assuntos e conceitos profundos, sob o risco de ser

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superficial diante do pouco espaço para aprofundamentos).

Aí vem Plotino que vai aprofundando outra coisa, a ideia de Deus, mas não bem
o “Deus dos Cristãos”, ou “Deuses”, o do “Divino”, tratando de temas como
transcendência, unidade, e aí chegando em uma “emanação do Divino” que resultou no
surgimento do Mundo. É diferente da Cosmogonia de Hesíodo e outras tentativas de
explicar como o Mundo foi criado, como surgiram os animais, o homem, enfim... Essas
cosmogonias se apegam bem aos mitos, aos deuses para explicar por histórias a
Criação. Plotino como todo “bom” filósofo mais investiga, questiona, que responde, mas
perguntando oferece sua visão filosófica. E aqui, ao final, vai retomar várias ideias
sobre “alma” (lembra de Platão, etc., etc.) e “bem”, “virtude”, etc., etc. e aí a coisa se
complica...

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino – Imagens - Divulgação

Aí surge AGOSTINHO, ou Santo Agostinho, como mais conhecido e com ele


vem, através de mais 300 escritos de sua autoria, uma tentativa de unir o mundo antigo
e sua filosofia até o momento com a civilização cristã. Questões como “O que é o mal?”,
“Se Deus é bom, quem criou o mal?” vão influenciar profundamente ideais de “Justiça”,
“Direito”, “Vida”, “Civilização” e Agostinho vai discutir inclusive questões importantes
como “De onde, como surge e se é tendência do homem praticar o mal e se o mal tem
propósito ou utilidade”.

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Apesar de Santo Agostinho ter vivido nos últimos anos da Idade Antiga - que
termina com a queda do Império Romano, no ano de 476 -, Agostinho (354-430) foi o
mais influente pensador ocidental dos primeiros séculos da Idade Média (476-1453).
Não desconsiderando as contribuições de Dionísio e Anselmo, São Tomás de Aquino
(1221-1274) vai, junto com Agostinho, dar uma fundamentação ao Teocentrismo
Cristão que domina o mundo ocidental, com Deus no centro de tudo. Aquino tenta
conciliar os valores da fé com os valores da razão, em resumo, e diz através de suas
obras que entre fé e razão Deus não reconhece divergências e chega a mesmo a tratar
de outro assunto fulcral: além das provas dadas pelo filósofo Anselmo, traz mais duas
das cinco provas da existência de Deus. Aí, se vê que se a fé e a razão estão juntas,
não haveria contradição e, portanto, o que a Igreja afirmasse, seria sempre racional,
sempre “de Deus”, SEMPRE “o certo”. Nem se precisa falar aqui as atrocidades
cometidas em nome da intolerância que levou a morte de inúmeras pessoas que
discordavam dessa visão de mundo e que todo o Direito levava essa marca.

VIRADA “CULTURAL” EM MARCHA

A chegada das ideais de Erasmo de Rotterdan, padre, mas que pediu e


conseguiu dispensa de usar roupas sacerdotais e celebrar a missa, através de suas
obras, entre elas a mais famosa, “Elogio da Loucura”, ataca de forma irônica a Igreja do
seu tempo e suas crenças, antecipando as 95 teses de Martinho Lutero que iriam
desembocar na Reforma Protestante. Um dos temas abordados em seus escritos foram
o do livre-arbítrio e, portanto, da responsabilidade pessoal... Lembra-se da
“Inexigibilidade de conduta diversa e exclusão de culpabilidade”? A primeira está fresca
na memória e a segunda, como diria um apresentador de TV: “Loucura, loucura,
loucura !!!”

De Lutero, pelo conteúdo de suas ideias especialmente reformadoras da


Religião, não vamos nos prolongar aqui, uma vez que nem era uma “reforma”
propriamente dita, era mais um chamamento às ideias originais que criaria uma “religião
– cristã – “protestante”, mas “protestante contra o que na época se praticava
cotidianamente nas igrejas cristãs”. A saber, sem entrar nos méritos teológicos, venda
de indulgências (“perdões” na forma de “certidões” da Igreja e na prática “passaportes

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para o Céu”; relíquias sagradas (amuletos, a maior parte inventados ou falsificados) e
malversação dos poderes eclesiásticos na vida privada e pública e toda a sorte de
abusos no Direito o qual interpretavam muitas vezes aplicavam e não raro,
confirmavam, pois tinha a Igreja a última palavra em tudo, na prática.

Seguimos para Nicolau Maquiavel que mais ou menos na época do


“Descobrimento” do Brasil, oferece uma visão que influenciaria muito o Direito e acima
de tudo, a ideia do que o Governante, “O Príncipe” deveria (ou poderia) fazer para o
sucesso do Estado. As ideias de virtude dos gregos, lá atrás, ele aposta vícios
“benéficos” e virtudes “perniciosas” ao Governante, e embora sua obra nunca se possa
resumir a isso, de que “os fins justificam os meios”, rompendo também com a união
entre a política e a religião. Uma coisa é uma coisa e a outra coisa é outra coisa, na
visão de Maquiavel. Os estratagemas citados por Maquiavel em sua obra mais
conhecida deram origem ao termo “maquiavélico”, sinônimo de algo ruim, de
manipulação, de crueldade, de falsidade, o que necessariamente, não é verdade, uma
vez que Maquiavel aponta um “realismo político”, alçando a política a uma ciência
autônoma e independente de qualquer sistema ético ou religioso, cujo fim seria a
garantia da ordem civil, da liberdade e da convivência social. Dedicada a obra a
Governante de Florença, Lorenzo de Médici, Maquiavel diz que seu desejo com o
presente era ajudar o Príncipe da governar e talvez, unificar os territórios sob seu
comando e fazer surgir o que no futuro, seria a Itália. Mesmo após ter servido a família
Médici em Florença por 14 anos, tendo caído em desgraça e ficado preso por outros 22
anos e tendo sido por pouco tempo reabilitado, Maquiavel não teve sua obra bem
recebida por Lorenzo quando a apresentou ao Príncipe. Morreu sem ter o
reconhecimento que esperava em vida, mas séculos após sua morte, sua obra ainda
repercute. Entre os excertos que ainda causam reflexões:

“…um príncipe sagaz não deve cumprir seus compromissos,


quando isso não estiver de acordo com seus interesses e quando
as causas que o levaram a comprometer sua palavra não existam
mais. (MAQUIAVEL, p. 173)”
e
“…é necessário que um príncipe saiba muito bem disfarçar sua
índole e ser um grande hipócrita e dissimulador…” (p. 174), pois

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“…os seres humanos, de uma maneira geral, julgam mais pelo
que vêem e ouvem do que pelo que sentem. Todos vêem o que
pareces ser, mas poucos realmente sentem o que és.” (Ibid., p.
176)

Maquiavel não apresenta o mundo como ele “deveria ser”, mas na sua visão,
como ele se apresenta...

Ainda neste contexto religioso – agora nem tanto após citar Maquiavel – mas
igualmente político, Thomas More ou Tomas Morus mais ou menos na mesma época
de Maquiavel, chanceler e político mas na Inglaterra, rompe mais uma vez com a
religião, desta vez com a Anglicana, que era a religião oficial após o seu Rei Henrique
VII abandonar o Catolicismo cujo Papa não autorizou seu divórcio e novo casamento
(entre outros motivos de Estado e de Poder mais importantes, mas essa foi a
“desculpa”). Discordar do Rei levou-o a ser preso, condenado e decapitado. Mas suas
obras, dentre elas Utopia (uma tradução seria “lugar que não existe”), em que Morus
retoma as ideias de Platão sobre a República e extrapola em uma ficção, um romance
filosófico, comparando a sociedade ideal e suas leis com o que os ingleses viviam em
sua época, influencia até hoje o Direito, as Leis, a Civilização. Tão avançada é a obra,
que discute até mesmo o “Direito a eutanásia”, o “Direito” de “tirar a própria vida” em um
suicídio assistido, quando o doente terminal não encontrasse na ciência cura ou meios
de amenizar sua dor (!). E não só isso, Morus já debatia que o respeito aos Direitos das
pessoas deficientes deveria ser o mesmo em comparação com o dos não-deficientes. E
isso por volta de 1.500 (!)

Sem desmerecer Galileu Galilei cuja obra é imensa no campo das Ciências
(várias ciências) aqui surge um assunto diretamente ligado ao que viria a ser a Filosofia
do Direito: o foco na HERMENÊUTICA, na INTERPRETAÇÃO, começando com a
“heresia” de propor a “interpretação da Bíblia”, retornando às questões entre ciência e
fé. Bom, não dava para dar certo, ainda mais em plena “Idade das Trevas” e por esta e
outras questões, como afirmar que a Terra girava em torno do Sol (ao contrário do que
entendia a Igreja, autoridade “máxima” em qualquer, qualquer, qualquer assunto) o que
irritou ainda mais a Igreja, Galileu, diante da ameaça de ser executado, queimado na
fogueira em praça pública, resolver voltar atrás em muitas de suas afirmações.
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No entanto, a semente já havia sido lançada: se a Bíblia podia e devia ser
INTERPRETADA, se havia uma HERMENÊUTICA a ser aplicada aos textos sagrados,
que dirá dos TEXTOS DO DIREITO (que não estavam assim nada separados...). A
ideia da AUTORIDADE dos autores também foi mais reforçada, o que hoje nos chega
como a DOUTRINA, que ademais, tem origem nesse contexto religioso...

Francis Bacon, contemporâneo de Galileu, deu inúmeras contribuições à política,


a filosofia e outras áreas, e ao trabalhar a questão de examinar determinado numero de
casos para propor uma lei geral, lembra o fundamento das Súmulas Vinculantes do STJ
e STF, lembra-se? Mas voltando à Terra, ou melhor à Inglaterra, Bacon também atuou
como juiz e ironicamente, sua carreira brilhante como político (lá dava para ser os dois,
não tinha a LOMAN – vá pesquisar o que significa...) foi interrompida após uma
acusação de ele, enquanto juiz, ter recebido presentes de um acusado para manipular
incorretamente uma sentença. Bacon admitiu esse ato de corrupção e só assim evitou
ser preso, porem foi impedido de exercer qualquer oficio público pelo resto da vida,
passando a dedicar-se a atividade de escritor e aos seus estudos.

COGITO, ERGO SUM E O MÉTODO CARTESIANO

Essa guinada reacional em curso leva a René Descartes (pronuncia-se Dê-car-


ti(s)), que é considerado o pai filosofia moderna, pois ele critica a herança cultural do
passado e tenta construir um novo sistema. Seu primeiro ensaio: “Método de Racionar
Corretamente”, já indica que ele não estava para brincadeiras, mas acabou sendo
publicada apenas após sua morte em 1710. Descartes define de forma inovadora o que
é MÉTODO e apresenta o MÉTODO CARTESIANO (lembra Matemática? mas tenha
certeza de que vais lembrar de MÉTODO ao escrever seu TCC... Culpe Descartes...)

É de Descartes a propositura “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo) no qual a


existência é mesmo questionada e ao investigar todas as bases do pensamento, o
filósofo questiona TUDO metodicamente, em busca de respostas.

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Com toda essa investigação, Thomas Hobbes vai discutir se o homem
é um “animal social “e o que o leva a viver em sociedade e se essa vida em
sociedade implica no estabelecimento de regras, leis, e que tipo de leis. E dá uma
explicação muito própria para QUEM vai IMPOR as LEIS: o ESTADO, que ele em “O
Leviatã”, compara a um monstro que se deixado sem controles, toma tudo e todos,
exagera, e toma a liberdade, o corpo, o dinheiro, tudo de todos, em nome de si mesmo:
O Estado. Que é governado pelo Príncipe (nome geral a (aos) Governante (s)...
Lembrou-se de Maquiavel? Pois então... Apesar disso, Hobbes é tipo como defensor do
absolutismo, grosso modo, um forte poder político central, contrário a John Locke, outro
filósofo muito importante, mas que pregava o liberalismo, no qual o Estado não teria
tanto poder assim, sendo não o Estado o principal, a população, o povo, e que o
Governante não teria poder por “DIREITO DIVINO”, mas concordava com Hobbes no
conceito seguinte:

O CONTRATO SOCIAL

Hobbes avança com noções do que seria o CONTRATO SOCIAL em que


todos, simplificando, “cederiam uma parcela de sua liberdade, etc., etc. em troco da
proteção do Estado”, etc., etc.,, substituindo o ESTADO DE NATUREZA, o “natural da
humanidade”, em uma “guerra de todos contra todos em que impera o caos”...

SAIBA MAIS: Acesse: https://www.politize.com.br/estado-democratico-de-Direito/


e conheça um ótimo texto que relaciona a nossa Constituição com as ideias de
Hobbes, Locke e outros filósofos

Blaise Pascal, Espinosa e Libniz são filósofos que também contribuem


grandemente com a humanidade mas voltemos a Locke com suas ideias acerca da
PROPRIEDADE PRIVADA e DIVISÃO DOS PODERES que junto com essa leva de

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pensadores começa a mudar lentamente o pensamento mundial e vai desembocar em
um precursor de “um novo Humanismo”, com David Hume.

Hume chega mesmo a propor que o filósofo, acima de tudo, seja homem,
HUMANO, e isso pelos anos de 1.700. Analisando o contexto da sociedade ocidental e
sobretudo europeia, Hume diz, mesmo, com outras palavras que não há necessidade
logica de que no futuro valham as mesmas leis do passado (Fato, Valor e Norma de
Miguel Reale?). Hume vai ticar em pontos de causa-efeito (nexo de causalidade,
ahá!!!) escolhas morais baseadas em sentimentos e comportamentos humanos sob o
olhar da ética.

Mas note um viés que vai abandonando aos poucos a religião, sobretudo a
religião cristã católica (e mesmo a protestante) e buscando um novo olhar “humanístico”
e de LAICIDADE, defendido pelos pensadores:

ILUMINISTAS

Como François-Marie Arouet, ou simplesmente VOLTAIRE, que prega a


tolerância, sobretudo religiosa e com Jean Jacques Rousseau e com a
Enciclopédia de Diderot e D’Alembert, que reúne os principais
conhecimentos da Humanidade até aquele momento, inspiram a REVOLUCÃO
FRANCESA. Rousseau é o considerado o pai da pedagogia moderna e se Thomas
Hobbes disse que o “Homem é o lobo do homem”, Rousseau diz que o homem é um
“bom selvagem”... mas o viver em sociedade o corrompe...

Toda essa efervescência, essas ideias são confrontadas por um homem


absolutamente comum em sua vida cotidiana para a Prússia da época (outro país, que
foi desmembrado, nada a ver com a Rússia, mais a ver com a cultura alemã e hoje são
territorialmente a Estônia, Letônia, Lituânia e uma parte da Polônia) que se chamava
Imannuel Kant (1724-1804).

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KANT E O IMPERATIVO CATEGÓRICO – NORMA FUNDAMENTAL

Kant vai abordar em suas obras a LEI MORAL, o TRIBUNAL DA RAZÃO,


diferenças entre juízos sintéticos e analíticos, QUE A EXISTÊNCIA DE
DEUS NUNCA PODERÁ SER PROVADA (veja bem, não é que ele diz
que Deus não existe, mas que argumentos RACIONAIS não se aplicam aqui, pois não
existe uma TEOLOGIA RACIONAL, não se podendo afirmar a existência de um objeto,
qualquer objeto, com base na ideia de que temos dele, de como o imaginamos, mesmo
que seja a Perfeição Absoluta. Isso é matéria de FÉ, não se razão. Falou o autor do
livro “Crítica da Razão Pura”, entre outras obras, e considerado o mais importante
filósofo da era moderna.

Aqui, é que começam também as bases de uma Filosofia do Direito propriamente


dita, ou sua precursão, pois é de Kant a noção de IMPERATIVO CATEGÓRICO, que
vai desembocar na NORMA FUNDAMENTAL, que você TALVEZ CONHEÇA POR
OUTRO NOME: CONSTITUIÇÃO. Estamos vendo uma luz neste passeio...

-
FIQUE ATENTO: Em PROCESSO CONSTITUCIONAL (Disciplina EAD do Bacharelado
em Direito da Faculdade Zumbi dos Palmares, já falamos da PIRÂMIDE NORMATIVA,
que tem “base” – perdão do trocadilho – nas ideias de KANT abordada por Hans Kelsen
(1881 – 1973) que entre outras proposições, vai defender que o Direito é
um ordenamento (jurídico) hierarquicamente estruturado, no qual uma norma deriva
seu sentido jurídico de uma norma imediatamente superior, de modo que a condição
de pertencimento de uma norma a dado sistema jurídico é sua validação por outra
norma, sendo a NORMA FUNDAMENTAL, em termos gerais, a “Constituição” de um
Estado, a sua NORMA FUNDAMENTAL.

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A PIRÂMIDE NORMATIVA

A pirâmide normativa representa a hierarquia das normas dentro do


ordenamento jurídico. Esta estrutura exige que o ato inferior guarde hierarquia com o
ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a Constituição Federal, sob pena de
ser ilegal e inconstitucional.

O princípio da supremacia formal da Constituição exige que todas as demais


normas do ordenamento jurídico estejam de acordo com o texto constitucional. Aquelas
normas que não estiverem de acordo com a Constituição serão inválidas,
inconstitucionais e deverão, por isso, ser retiradas do ordenamento jurídico. A esse
procedimento se dá o nome de “controle de constitucionalidade”.

(Texto extraído do EAD – FZP – PROCESSO CONSTITUCIONAL)

Mas voltando a Kant, ele foi tão longe que discutiu entre outras coisas "qual a
melhor forma de Estado?", o " estado de paz" e concluiu, entre outros, que a
constituição republicana é o melhor instrumento para a paz. Sendo essa constituição
para garantir liberdade, igualdade e obediência a uma única lei. Pigou?

Daí Johann Gottlieb Fichte vai pegar os estudos de Kant e extrapolar ao


defender que não existem limites a liberdade do homem e esbarra (pra época) até em

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uma noção de "meritocracia, se interpretado levianamente, pois que qualquer obstáculo
pode ser transposto por qualquer homem para que ele se realize plenamente na
sociedade. Sabemos, por experiência, que não é bem assim...

Mas Fitche deu provas de que estava comprometido com o estudo e com a vida.
Um de seus discípulos foi por ele defendido com veemência ao se tornar réu por dizer
que o ateísmo não se confunde com imoralidade. Ou seja, há religiosos imorais e
virtuosos que não acreditam necessariamente em Deus. Mais que religião a polêmica
tangencia a separação entre Estado e Igreja (Estado Laico, como o nosso pela CF) e a
liberdade individual do homem, de consciência e crença sem falar na liberdade de
expressão (também na nossa CF, hoje...). Resultado: foi despedido da Universidade de
Jena. Recomeçou. Voltou a lecionar desta vez na Universidade de Berlim e chegou a
reitor (!). E depois bateu de frente contra Napoleão Bonaparte em sua sanha ditatorial
em "Discurso a Nação Alemã” e morreu com pouco mais de 50 anos, de cólera, talvez
contraída de sua mulher, enfermeira voluntária que adoeceu tratando de soldados
feridos em hospitais militares. Entre suas proposições, a do CONCEITO, que já se disse
muitas vezes que Direito é CONCEITO, traz que "toda afirmação envolve uma negação;
toda tese envolve uma antítese". Pense nisso na sua Prova de Exame da Ordem,
segunda fase, quando for redigir sua Peça Profissional, por exemplo...

Fitche também sintetiza os sistemas filosóficos em dois: o dogmatismo,


(DOGMA, "verdade absoluta", "revelada", vamos falar mais disso depois) que considera
a liberdade do indivíduo basicamente determinada pela sua experiência de vida e o
idealismo, que considera o indivíduo fundamentalmente livre mas construtor de si
mesmo e capaz de impor ao mundo sua vontade... Mais uma vez se percebe o homem
como centro das discussões na Filosofia, no mundo, no pensamento e mesmo com as
reações contrárias da religião, se firmando ...

Friedrich Schelling da sua contribuição fundamental ao pensamento ocidental e


fala mesmo em filosofia da natureza e de que está teria uma inteligência e aí você já
pensa em JUSNATURALISMO não é?

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PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA DO DIREITO SEGUNDO HEGEL

Contemporâneo e amigo de Schelling, Friedrich Hegel (1770-1831) entusiasmou-


se com a Revolução Francesa. Mas depois da reação contrária, com o Terror em que o
movimento foi combatido, com incontáveis decapitações na guilhotina, Hegel acabou
por desenvolver uma posição considerada conservadora e até mesmo reacionária. Mas
sua contribuição perpassa por conclusões como "o real é reacional e o racional é real"
e que tudo tem uma justificativa, que foi chamado de "Justificacionismo"... E que a partir
do real a filosofia chega ao real, UNIVERSALIDADE e ABSTRACAO... E que a filosofia
não deve supor um Estado ideal (tipo a República de Platão ou a Utopia de Morus) mas
explicar o existente. Hegel também apresenta sua DIALETICA, em suma, uma tese,
uma antítese e uma síntese. Olha uma forma de discutir o Direito (e não só) no
contraditório... Também contemporâneo de Napoleão Bonaparte, seu sistema filosófico
é considerado o "último grande" da tradição moderna. Mas Hegel também foi muito
usado (mal usado, como Nietzsche, diga-se de passagem) pelos Nazistas e Fascistas
mais tarde, pois entre suas ideias estavam a de que não são os cidadãos que fundam o
Estado, mas o Estado que funda os indivíduos. Aí, foi um pulo para o fascismo se
apropriar de tudo como o Estado é dono de tudo, até das pessoas e os nazistas de que
o Estado pode tudo (tipo o Leviatã) e criarem leis italianas e alemãs de exceção.

Segundo HEGEL:

1) O Estado é livre se serve a toda a sociedade


2) O Estado é o reino da liberdade realizada
3) A Monarquia Constitucional é uma forma de governo de acordo com a
universalidade (achou o Imperador Napoleão Bonaparte aqui ?)
4) Verdade e moralidade só podem ser alcançadas pelos indivíduos se estes
fizerem parte do Estado
5) O destino dos indivíduos é participar da coletividade, do Estado
6) A família (como núcleo mais importante) e a sociedade civil se opõem a
universalidade
E aqui é apenas um pequeno excerto e simplificação rasteira de suas ideias, que
tem muito mais...

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Ilustração: edição alemã contemporânea de Princípios da Filosofia do Direito, livro de Georg Wilhelm Friedrich Hegel
publicado em 1820.

Mas não vamos avançar tanto, que a culpa não é de Hegel ou Nietzschepelo
massacre (Holocausto) de mais de 6 milhões de judeus “em nome do... Estado”...
Hummm mas quando da Primeira e Segunda Guerra mundiais houve quem pegasse (e
usasse e abusasse) a crítica de Hegel a uma Liga das Nações ou algo do tipo no que
ele diz que não há um espírito da humanidade, mas um espirito dos povos, de nações
individualizadas e mais: que apesar da GUERRA ter todas as suas consequências
nefastas que nem se precisa aqui elencar, a guerra seria também a "saúde espiritual
dos povos", pois além de inevitável através da oposição a um inimigo, o povo reforça
sua autodeterminação e seus próprios valores...

Posições polêmicas, mas também polêmica de um dos alunos de Hegel,


Feuerbach, que ao investigar primeiro Deus, a Razão e por último o homem. Mas
concluiu que "o homem cria Deus" (como ideia, conceito, veja bem...) e isso lhe rendeu
uma pecha de ateu e na prática o afastaram da vida acadêmica (só no finalzinho ele vai
lecionar, mas deixa pra lá ) mas mais uma vez, olha aqui o foco no homem.

Para não dizer que os filósofos ocidentais foram os únicos a pensar tudo isso
que vimos até agora, é importante destacar que lá em outros locais (Ásia, África,
Oriente Médio, etc., etc.) outros pensadores "pensavam" isso ou aquilo. Mas em uma
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visão etcnocentrista e eurocêntrica parece que só na Europa ou no Ocidente tem
filósofos, o que não é verdade. E aí, Arthur Schopenhauer vai se aprofundar, entre
outras coisas, na sabedoria védica (Índia, Ásia, e sua contribuição também inclui a ideia
de que o indivíduo mesmo se julgando livre, é na verdade determinado por instintos
biológicos determinados e fundamentais. Pescou aqui que quando se fala em fatores
biológicos nas leis tem fundamento? E que não se pode esquecer que a parte biológica
interfere na parte volitiva, da vontade do agente?

Já Soren Kierkegaard ao falar de novo desde foco no homem, diz que na fé,
convivem paradoxalmente o máximo de "egoísmo" (interesse pessoal, individual e de
decisão do próprio indivíduo) e o amor a Deus, o que cria uma Ética própria, a Ética do
Cristianismo por exemplo (que deveria a Ética ser uma só, diferente da Moral que são
várias) ou ao menos os critérios de Ética são relativizados. Pense aqui na "Ética do
Protestantismo" e as ideias conflitantes entre "ser pobre é vontade de Deus", "tudo é
vontade de Deus", "ser rico é pecado" e outros pensamentos que são desconstruídos.

POSITIVISMO CIENTÍFICO

Mas faltava um sistema organizado e uma sistematização em estágios


que Augusto Comte (com "m" mesmo aqui, contra as regras de "m" antes
de "p" e "b", por se tratar de nome próprio...) (1798-1857) definiu como 3:

o teológico, o metafísico e o positivo.

Como assim por dizer que cada conhecimento passa por estes três estágios
diversos para se aperfeiçoar.

Sob risco de simplificar demais, mas para avançar, a fase teológica ela dos
mitos, das crenças, de religião. O metafísico significa pequeno avanço com substituição
dos agentes sobrenaturais por forças abstratas e a terceira fase já positiva, seria a o
estado definitivo da inteligência humana. Bom, o Positivismo vai se tornar um
movimento vasto e heterogêneo que vai surgir no século XIX na França e se difunde
por todo o Ocidente se tornando a principal tendência de pensamento. O método

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positivista implica em uma hierarquia das ciências, com a Física como a principal e,
combatendo a filosofia tradicional que diz ser ligada ao abstracionismo e ao
dogmatismo. O Positivismo prega o determinismo (uma tentativa de determinar as
coisas "em si mesmas") o materialismo e o reducionismo, decompondo todo o saber em
partes simples, mecânicas e materiais.

Paradoxalmente o Positivismo acaba se tornando uma Religião, com rituais


detalhados por Comte e mesmo a sua primeira sacerdotisa, amiga (e dizem os
detratores amor e amante) de Comte. Clotilde de Vaux (1814-1846) era sacerdotisa do
Grande Ser (Entidade) na chamada “religião do Positivismo”. No Rio de Janeiro, aqui
mesmo no Brasil, há uma Igreja Positivista e mesmo "Ordem e Progresso" na Bandeira
do Brasil pós Proclamação da República tem inspiração positivista, cujo lema original
era "Ordem, Amor e Progresso".

Ademais, ciência, ciência, ciência como hoje a conhecemos deve muito a essa
ênfase na experiência, nos experimentos repetidos diversas vezes e mensurados de
forma rigorosa que Comte populariza com o Positivismo, até mesmo o Direito para se
adequar, passa a buscar explicações mais no campo da Física, da Matemática, da
Biologia, de ciências de "hierarquia superior" ou algo assim na ideia do Positivismo.

KARL MARX - CRÍTICA A HEGEL - LUTA DE CLASSES - “COMUNISMO”

Aí surge outra "alternativa" ainda hoje polêmica como explicação do


mundo, como filosofia, graças a Karl Marx, que baseado em trabalhos de
Friedrich Engels e inspirado em Proudhon e Bakunin e o movimento
anarquista, propõe que o mundo pode ser explicado pela "luta de classe" em que
sempre houve um oprimido e um explorador em toda a história da humanidade. Esse
conceito, claro, não foi bem aceito entre a burguesia (novos comerciantes, banqueiros,
etc., etc.) e bem pelos religiosos e claro, muito menos por quem detinha o poder, ainda
mais que Marx apresenta o materialismo histórico-dialético em que os motores seriam
as questões econômicas e produtivas, rejeitando o determinismo de Comte e adotando
o método conservador de Hegel (!) e diante das crises cíclicas de superprodução que
ele enxergava como uma das falhas do capitalismo, propõe o socialismo ou um

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“comunismo” como “trabalho livremente associado” como meio de ter uma sociedade
sem classes atribuindo ao proletariado a missão de através de uma revolução colocar
isso tudo para funcionar mudando o estado das coisas. Ufa!

SAIBA MAIS: Uma linguagem jovem e clara. Muitas vezes é preciso debater
“política” para entender as engrenagens do mundo. Sem “politizar” ou buscar
“polarizar”, Acesse:
https://www.politize.com.br/comunismo-o-que-e/

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Mas os detratores já pensaram de cara na "ditadura do proletariado", do operário,
do trabalhador surgindo. Tamanha foi a influência dessas ideias que varreram o mundo
foi a Revolução Russa de 1917, lá na frente o surgimento da hoje extinta União
Soviética, a Cortina de Ferro separando os países comunistas dos outros, a Guerra Fria
(conflito dissimulado entre países ) e mais grave a Ditadura mortal de Stalin, na Rússia,
que matou milhões de opositores ou nem tão opositores assim e a Ditadura de Mao
Tse-Tung, que com sua Revolução Cultural na China e suas ações políticas levaram a
morte, de FOME, milhões de pessoas. Ainda há reflexos do comunismo - que alguns
dizem que perdeu o sentido original dado por Marx, Trotsky e Lenin - que resultou em
Cuba (mas é ou outro caso aqui Pós Fidel Castro e que merece mais investigação para
não ser leviano), Coreia do Norte e por aí vai...

MARX CRITICA HEGEL em:

1) Para Marx o POVO é o Estado real


2) O Estado representa o interesse das classes dominantes
3) O Direito atende aos interesses de quem tem propriedades

E tem muito mais, novamente, sendo aqui uma pequena redução...

O SUPER-HOMEM DE NIETZSCHE– O FUTURO – O AUTOSUFICIENTE

Mais ou menos no início da disseminação das ideias de Marx, surge


Friedrich Nietzsche com uma crítica profunda ao Cristianismo,
defendendo a adoção de um espírito "dionísico" libertador e revelando
uma moral dos vencedores e dos perdedores, além de propor uma genealogia da moral
que resulta em uma relativização dos valores, capaz segundo ele de trazer a luz o
conteúdo humano . Também conceitos como Übermensch, descrito no livro Assim
Falou Zaratustra (Also sprach Zarathustra), ou Super-Homem fazem parte da obra de
Nietzschee foram usados pelos Nazistas para justificar uma alegada superioridade
sobre os outros povos.

Para considerar, surgiria (se é que na prática não se visse isso desde a

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Antiguidade com os Estrangeiros, o Escravo Africano (e outros) baseado nessas ideias
até mesmo um "Direito Penal do Autor" no qual a pessoa é punida não pelo que faz,
não por suas ações e sim pelo que ela é! Portanto SER homossexual, judeu, negro, etc.
já seria crime por si só. além disso abria precedente de punir a pessoa mesmo ANTES
do cometimento de qualquer crime e que evolui ou se tergiversa para um... DIREITO
PENAL DO INIMIGO.

FIQUE ATENTO (A): Não vamos entrar nessa seara, mas vale a pena conhecer
Cesare Lombroso e sua antropologia criminal que vai dar na Escola Positiva do Direito
Penal no positivismo evolucionista cuja obra O Homem Delinquente (L’uomo
Delinquente) em nesta altura e também lembrar da FRENOLOGIA
https://cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenquak_port.htm que se propunha a
determinar “a índole criminosa pela aparência e características das pessoas”, entre
outras afirmações. E vale cotejar com a Escola Clássica do Direito Penal, com um de
seus expoentes, Cesare Beccaria, principal representante do iluminismo penal e da
Escola Clássica do Direito Penal.

Pensamentos diferentes, um focado na prevenção do delito, outro na retribuição


penal e suas consequências e cada um fruto de seu tempo, com sua importância na
História e na forma de pensar o Direito e a Sociedade e com suas bases filosóficas
próprias. A Frenologia é citada também no filme Django Livre, de 2013, do diretor
Quentin Tarantino, na fala do personagem de Leonardo DiCaprio. Vale a conferida.

FIQUE AINDA MAIS (!) ATENTO (A)!!!

Tomo a liberdade de indicar neste ponto a leitura deste artigo


https://ambitojuridico.com.br/cadernos/Direito-penal/analise-da-controversa-teoria-do-
Direito-penal-do-inimigo/ que pela lucidez e riqueza da Dra. Milena Cristina Meneghelli
de Sousa que merece, na opinião deste professor, leitura, consideração e citação em
trabalhos acadêmicos pois trata de forma muito consistente no que os mais recentes
teóricos, jurisconsultos, doutrinadores, “filósofos modernos do Direito” – CAPEZ,
DAMÁSIO DE JESUS, JAKOBS, WEZEL, ROXIN, ALENCAR e outros se baseiam

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diante do que os pensadores até aqui apresentados neste pequeno LIVRO DIDÁTICO
para formular seus conceitos e debater assunto tão importante e atual na Sociedade.
Realmente vale a leitura!

Mas qual um CONCEITO de FILOSOFIA DO DIREITO?

Filosofia do Direito é o campo de investigação filosófica que tem por objeto


o Direito. Com o objetivo de obter decisões mais justas, a Filosofia do Direito, por meio
de reflexões e questionamentos, busca a verdade real e processual para aplica-las no
mundo jurídico. É o conjunto de respostas à pergunta “o que é o Direito?”, ou ainda um
entendimento da natureza e do contexto do fazer jurídico. Trata de fazer perguntas
sobre a natureza do fenômeno jurídico e também sobre os elementos que o integram
mesmo enquanto acontece, antes e depois. Ao longo da História do Homem, essa
ciência tem sido abordada tanto por lentes filosóficas, por filósofos de formação, quanto
de uma visão jurídica, por juristas de formação.

O objetivo principal da Filosofia do Direito é buscar conhecer e investigar a


“verdade universal”, chegando às suas conclusões por meio da razão. A Filosofia do
Direito difere da Teoria do Direito, que se atém à “substância” do Direito, isto é, as
questões relativas à definição, as funções, fontes, critérios de validade do Direito e
também da Ciência do Direito, que é o estudo de fenômenos jurídicos pelo método
científico, sendo assim, mais restrito que a Filosofia do Direito por focar somente em
fatos observáveis, verificáveis, replicáveis, e falseáveis, valendo-se de duas
abordagens científicas: o estudo do fenômeno social do Direito pela Sociologia do
Direito e a Antropologia do Direito e o estudo das normas postas do positivismo jurídico
pois cabe à Filosofia do Direito apenas questões relacionadas à essência do fenômeno
jurídico e reflexões da “verdade” do Direito, origem no sentido de seu surgimento e suas
razões.

Pense no “Princípio da Verdade Real”, por exemplo, do Direito Penal, por


exemplo, ao considerar a busca da verdade pelos magistrados ao analisar uma
demanda judicial de forma racional, imparcial e desinteressada, com o auxílio da
Filosofia, com o objetivo de alcançar a justiça e fazer valer o Direito positivado, através
de uma sentença crítica, avaliativa e fundamentada.
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O juiz, por exemplo, na aplicação da ordem jurídica aos casos concretos, sendo
as normas comandos abstratos, deve, ao julgar, considerar a ordem jurídica como um
todo e não as leis isoladamente. E que vale lembrar que os juízes dispõem de um poder
de solucionar, na maioria das vezes, questões em conformidade com os imperativos de
justiça que se apresentam com um conteúdo moral.

Filosofar sobre o Direito seguirá os mesmos objetivos da Filosofia, preocupar


com as causas primeiras, sendo que o questionamento e a reflexão são características
da Filosofia que estão incorporados ao Direito, contribuindo para um melhor
entendimento das perspectivas da prática jurídica.

No entendimento de Miguel Reale, a Filosofia do Direito não é exatamente uma


disciplina jurídica, mas é a própria filosofia voltada para a realidade jurídica e se partir
da premissa de que qualquer lugar do mundo onde existir o Homem haverá a
necessidade do Direito regulando a convivência e a vida social das pessoas, o Direito é
universal, portando, passível de questionamentos filosóficos, mas aqui, partindo de
seus fundamentos, sem se preocupar com ordem prática, resultando em uma “filosofia
aplicada ao Direito”.

O QUE NÃO É FILOSOFIA

Não é a Filosofia um amontoado de achismos, opiniões, pesquisas de mercado,


e a filósofa Marilena Chauí aponta que as indagações filosóficas são sistemáticas e isso
significa que a filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca
encadeamentos lógicos entre esses enunciados, opera com essas ideias ou conceitos
obtidos por procedimentos de demonstração e prova, e daí exige fundamentação
racional do que está sendo enunciado e pensado, não se contentando com as
explicações já colocadas, propondo ainda mais questões na busca de um conjunto
coerente de ideias e significados, provados e demonstrados racionalmente.

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Mais uma vez segundo Miguel Reale, “Filósofo autêntico, e não mero espectador
de sistemas é, como o verdadeiro cientista, um pesquisador incansável, que procura
sempre renovar as perguntas formuladas, no sentido de alcançar respostas que sejam
condições das demais.

A filosofia enquanto ciência vai acumulando os saberes históricos culturais da


humanidade e no universo jurídico, e como disse Benedetto Croce, “cada homem é um
compêndio de história”. A Filosofia traz a inquietação em um processo de busca da
verdade para compreender dentro do caso concreto as respostas necessárias para
satisfazer não a vontade daquele que julga estar com a razão, mas a verdadeira razão
e a melhor forma de aplicar a lei, o estudo do Direito ficando incompleto se não alcança
seu nível filosófico. A Ciência Jurídica como um todo depende de conteúdos filosóficos,
tanto a interpretação do Direito, quanto seu desenvolvimento têm fundamentos em
alguma filosofia, que não pode ser afastada do Direito.

ANOTE, QUE É IMPORTANTE!!!

A Filosofia do Direito tem como objetos comuns com a Ciência do Direito, a Teoria
Geral do Direito e a Doutrina Jurídica, mas difere delas por seu método filosófico.

Objeto da filosofia do Direito: a dimensão da idealidade ou legitimidade, isto é, a


dimensão de valor do Direito, a adequação do Direito vigente a ideais democráticos e
anseios sociais, formulando propostas para sua reforma. Também se examinam os
critérios de justiça e o problema da verdade no Direito.

A Filosofia do Direito tem a função de esclarecer o que é o Direito a e Justiça, tendo


como objetivo a própria Ciência Jurídica.

Aristóteles já dizia que a Lei é um parâmetro de Justiça, mas não sua totalidade.

Uma das origens mais aceitas do emprego da palavra “Filosofia”, do grego filo,
gostar, amar, etc. e sofia, também do grego, saber, em tradução livre... atribui-se a
Pitágoras (VI a.C.) e quer dizer amor pela sabedoria.

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O termo Filosofia do Direito surge pela primeira vez no século XIX como sinônimo
de Direito Natural na obra do jurista Gustav Hugo (1764-1844), mas era mais um nome
da Disciplina que um conceito.

Foi um filósofo, Friedrich Hegel, e não um jurista, que construiu um sistema filosófico
tendo o Direito como peça central, ao publicar em 1820 seu livro Princípios da Filosofia
do Direito. Antes de Hegel não surgiu nenhum sistema filosófico que encarasse o
Direito em face de toda a sociedade e coerente com as outras ciências. Mas algumas
ideias de Hegel, por outro prisma, já haviam sido apresentadas, como o de “guerra
justa” pelo Direito, como “um mal necessário”, por Hugo Grócio (1583-1645), em obras
como De Jure Belli ac Pacis ("Sobre a Lei de Guerra e Paz").

Se entende que há uma Filosofia do Direito propriamente dita e uma Filosofia do
Direito impropriamente dita que se encontra nos textos filosóficos escritos ao longo da
História da Filosofia, sempre de uma forma ou outra discutindo questões jurídico-
normativas - e a normatividade social – que é a essência do Direito.

 É recurso comum, ao estudar a Filosofia do Direito, ao mesmo tempo estudar os


clássicos da Filosofia que abordaram os problemas jurídico-normativos.

A Filosofia do Direito se divide em Teorias chamadas positivistas, das Escolas


positivistas, e o positivismo jurídico é uma corrente que defende uma “separação" entre
o Direito e a Moral, sendo estudados os elementos da legalidade e da eficácia social.
Mas ainda dentro dessa corrente, há autores que discordam dizendo que é certo que
aquela conexão existe. Os representantes mais importantes do positivismo no século
XX são Hans Kelsen e Herbert Hart.

Teorias não positivistas, também conhecidas como jusmoralistas, diferem entre si na


relação entre o Direito e a Moral. Também chamadas de Escolas não positivistas, estas
são também conhecidas como moralistas, defendem a "tese da vinculação" e postulam
que o conceito de Direito engloba os elementos morais. Atualmente, entre seus
principais expoentes encontram-se Robert Alexy e Ronald Dworkin.

SAIBA MAIS:

Pensando também naqueles que podem, eventualmente, se no Bacharelado em


Direito, realizar o Exame Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, é importante
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destacar que a exemplo de Direito do Consumidor, Direito Ambiental, Direito da Infância
e do Adolescente (ECA) e Direitos Humanos, em Filosofia do Direito, em média, são 2
(duas) questões a cada certame. Tudo pode mudar de uma Edição para outra, mas a
exemplo do estudado em outras Disciplinas, que tal ao menos ter uma ideia dos autores
cobrados? Quanto aos assuntos, eles vão mesmo no que já vem apresentado neste
Livro Didático e outros materiais disponibilizado nesta Disciplina EAD, por óbvio, sem
nunca esgotar os temas e os assuntos. Tenha sempre em mente que a INTEGRAÇÃO
entre os temas e um entendimento sistêmico são formas mais práticas de guardar e
aplicar os conhecimentos na hora desta tão importante prova, nas Avalições e Atividade
na nossa Disciplina, em outras Provas e Concursos e acima de tudo, na vida e Prática
Profissional.

IMPORTANTES FILÓSOFOS DO DIREITO E RESUMO PARA MEMORIZAÇÃO:

JOHN STUART MILL (1806-1873)

⚫ filósofo e economista britânico.

⚫ defendeu o utilitarismo, a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho, Jeremy
Bentham, defensor do liberalismo político

⚫ discutiu, inspirou e inspira debates até hoje sobre as liberdades individuais.

⚫ Mill foi membro do Parlamento Britânico e defendeu principalmente os Direitos das


mulheres, entre eles, o sufrágio (votar e ser “votadas”)

RUDOLF VON IHERING (1818-1892)

⚫ jurista alemão, doutor pela Universidade de Berlin,

⚫ defende o afastamento do idealismo

⚫ entusiasta da ideia de Direito a partir de propósitos e de interesses, revelando-se um


realista

⚫ influenciado por Charles Darwin

⚫ segundo Ihering, Direito e força se confundiam, porquanto o Direito se tornaria vazio,


na medida em que desprovido de força

CHAIM PERELMAN (1912-1984)

⚫ jurista e filósofo

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⚫ um dos mais importantes teóricos da Retórica no século XX

⚫ Também em sua obra com o mesmo nome, destaca que “A lógica jurídica é o
conjunto de técnicas de raciocínio que permitem ao julgador conciliar, em cada caso, o
respeito ao Direito e a aceitabilidade da solução encontrada”

NORBERTO BOBBIO (1909-2004)

⚫ filósofo político, historiador do pensamento político, escritor e senador vitalício italiano

⚫ defensor da democracia social-liberal e do positivismo jurídico e crítico de Marx, do


fascismo italiano, do Bolchevismo e do primeiro-ministro Silvio Berlusconi

⚫ é dele, de 1994, “Direita e Esquerda”, em que esclarece as diferenças entre as duas


ideologias e ainda se posiciona a favor dos Direitos dos animais

⚫ já na obra A Era dos Direitos (1990), identifica os Direitos fundamentais necessários


ao desenvolvimento de uma democracia real e uma paz justa e duradoura

RONALD DWORKIN (1931-2013) DE 2013)

⚫ filósofo, jurista e estudioso do Direito constitucional dos Estados Unidos.

⚫ seu livro “Império da Lei”, apresenta o Direito como integridade na qual os juízes
interpretam a lei em termos de princípios morais consistentes

⚫ uma das mais influentes teorias contemporâneas sobre a natureza do Direito

KARL LARENZ (1903-1993)

⚫ jurista e filósofo do Direito alemão

⚫ destacou-se na área do Direito Civil

⚫ um dos pensadores da escola da jurisprudência dos valores


⚫ jurisprudência dos valores permite interpretação da norma jurídica, abrange conceitos
como igualdade, liberdade e justiça
JEREMY BENTHAM (1748-1832)
⚫ filósofo e jurista inglês
⚫ último dos iluministas
⚫ expoente do utilitarismo clássico, sistema filosófico moral e ético onde uma ação útil é
denominada como a mais correta
⚫ precursor das ideias do Estado do bem-estar social e idealizador do modelo de prisão

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Panóptico
⚫ Direitos deviam ser explícitos em um sistema legal, e a sociedade ideal concilia a
felicidade do indivíduo com o bem-estar coletivo
GUSTAV RADBRUCH: (1878-1949)
⚫ político, jurista e professor de Direito alemão
⚫ jusnaturalista, representante da filosofia de valores de origem neokantiana, defensor
da relatividade dos juízos de existência e valor
⚫ concebe a filosofia do Direito como a consideração valorativa do Direito e defende o
Direito como uma relação entre justiça, fim e segurança social
⚫ Direito positivo, assegurado pela lei e pelo poder, tem preeminência mesmo quando
seu conteúdo seja injusto, a não ser que a lei positiva contradiga a justiça em uma
medida tão insuportável que a lei, enquanto “Direito incorreto”, deva ceder à “justiça”
⚫ Justiça legal e Direito supralegal.
HERBERT LIONEL ADOLPHUS HART OU H. L. A. HART (1907-1992)
⚫ magistrado britânico
⚫ liberal
⚫ defensor do Estado Democrático
⚫ defensor da tolerância e da liberdade
⚫ positivista moderado
⚫ reconhece que o Direito é um fenômeno cultural modelado pela linguagem
JOHN RAWLS (1921-2002)
⚫ professor de filosofia política na Universidade de Harvard
⚫ filósofo político, teórico da democracia liberal
⚫ busca conciliar equidade social, eficácia econômica e liberdade política
⚫ prioridade do justo sobre o bem
⚫ plena equidade, com as desigualdades econômicas e sociais devem ser corrigidas
com a abdicação consciente de privilégios materiais legítimos em favor dos
desassistidos
HANNAH ARENDT: (1906-1975)
⚫ uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX
⚫ cientista política, defensora do pluralismo político, da democracia direta
⚫ denunciou o totalitarismo como banalização do terror, da polícia como ação e
processo dirigidos à conquista da liberdade.

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⚫ “É na esfera política e pública que realizamos nossa condição humana”, afirma
Arendt
JÜRGEN HABERMAS:(1929-)
⚫ filósofo e sociólogo alemão que participa da tradição da teoria crítica e do
pragmatismo
⚫ concebe que os interesses (técnicos, comunicativos e emancipatórios) são
estruturados por processos de aprendizagem e compreensão mútua
⚫ crítico do tecnicismo e cientificismo e defensor do consenso e da discussão racional
como fundamentos da legitimidade da autoridade política

SÍNTESE

Eu também leria (e li, nem que fosse para saber um pouco mais) Zygmunt
Bauman, Erich Fromm, Sigmund Freud, Wilhelm Reich, Osho, Sirdar Ikbal Ali Shah,
Djamila Ribeiro, Silvio de Almeida e a popularização absolutamente não depõe contra
eles, pelo contrário, talvez leve ao “mais pensar” em benefício de todos, Leandro Karnal
e Mário Sérgio Cortella, entre inúmeros outros que por falta de tempo e espaço e
desculpem o esquecimento sempre reparável, Bertrand Russel, Jean Paul-Sartre, o
inescapável Michel Foucault e John Dewey, com a sua máxima: “A verdade é aquilo
que funciona”.

SAIBA MAIS: Acesse: https://doutorhq.wordpress.com/2017/04/08/no-que-


acreditar-quando-voce-perde-a-fe-no-deus-dos-cristaos/

Um texto que vai usar a Cultura Pop e Quadrinhos para falar justamente dessa
questão DIREITO X TOLERÂNCIA RELIGIOSA X CONCURSOS X LEI... Vá por mim...
Leia.

CONCLUSÃO

Esperamos que o aluno tenha obtido uma visão geral dos assuntos mais

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importantes sobre A Filosofia do Direito e possa com este material, nossas videoaulas e
demais materiais didáticos, sem prejuízo da consulta à Bibliografia indicada, obter
sucesso na execução dos Exercícios e Atividades propostas bem como nas Avaliações
Teóricas e Práticas.

Desejamos que estes conhecimentos partilhados possam ajudar na consecução


dos objetivos acadêmicos, a obter sucesso com a aprovação no Exame da Ordem dos
Advogados do Brasil aos que eventualmente se dispuserem a este honroso desafio,
bem como sucesso na prestação de eventuais Concursos Públicos e, acima de tudo,
sucesso na prática da atividade jurídica após a almejada conclusão do Bacharelado em
Direito, para os que estão nesta Graduação ou eventualmente em outra área e, enfim,
Colação de Grau.

Parabéns a todos pelo esforço e dedicação apresentados até aqui e vale


ressaltar que este é apenas mais um degrau em uma escada infinita de aprendizado e
de investimento em Educação, Cultura e Conhecimento. Não perde quem investe
nestas coisas.
Carpe diem, quam minimum credula postero

(“Aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã”)

Horácio

Grande abraço a todos,

Prof. Marcos Alexandre Oliveira

BIBLIOGRAFIA:

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Letras.2010 (4 vol.)
ARANHA, Maria Lúcia Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando –
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