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2.1. Iluminação
Para se estudar de forma mais detalhada os sistemas de iluminação, faz-se
necessário conhecer alguns conceitos básicos, as definições de algumas variáveis e
os equipamentos utilizados na conversão de energia elétrica em energia luminosa,
conforme apresentado nos itens a seguir. Ao final, são também apresentados
potenciais de economia em sistemas de iluminação que, em conjunto com um
projeto luminotécnico adequado (tema abordado no Capítulo 4), contribuem para a
eficientização deste uso final.
2.1.1. Definições
- Luz: é a radiação eletromagnética capaz de produzir sensações visuais. A luz
visível ao olho humano situa-se entre os comprimentos de onda de 380 e 780 nm,
respectivamente os limites das radiações ultravioleta e infravermelha.
- Fluxo luminoso (): é a radiação total, ou quantidade de luz total, emitida
pela fonte luminosa, sensível ao olho humano (situada entre os comprimentos de
onda de 380 e 780 nm). Sua unidade é o lúmen (lm).
- Eficiência luminosa: é a relação entre o fluxo luminoso e a potência da
fonte, dada em lm/W.
- Intensidade luminosa (I): é o fluxo luminoso irradiado em uma determinada
direção. Sua unidade é o candela (cd), e é a grandeza básica de iluminação no SI.
- Iluminância (E): indica a relação entre o fluxo luminoso de uma fonte de luz
incidente em uma superfície, e a própria superfície. Na prática, a iluminância é a
grandeza medida para se caracterizar uma superfície, normalmente o plano de
trabalho, como bem ou mal iluminada. A iluminância é também chamada de
iluminamento, e sua unidade é o lux (lx). Um lux é o iluminamento de uma superfície
de 1 m2, localizada a 1 m de distância da fonte, puntiforme, na direção normal e
emitindo um fluxo luminoso de 1 lúmen uniformemente distribuído.
- Plano de trabalho: Região onde, para qualquer superfície nela situada, são
exigidas condições adequadas ao trabalho visual a ser realizado.
- Luminância (L): é a sensação de claridade que emana de uma superfície ao
ser atingida por raios de luz. Sua unidade é cd/m 2.
- Temperatura de cor (T): de forma simplificada, é um critério utilizado para
classificar a aparência de cor de uma luz. Sua unidade é o kelvin (K). Quanto maior
for a temperatura de cor de uma fonte, mais fria é a luz e mais claro é o branco. A
luz amarelada, típica de lâmpadas incandescentes, apresenta baixa temperatura de
cor, da ordem de 2.700 K. Abaixo de 3.300 K as cores podem ser classificadas como
quentes; entre 3.300 e 5.300 K, como intermediárias; e acima de 5.300 K como frias.
Luzes com temperaturas de cor mais baixas (cores quentes) são utilizadas para a
criação de ambientes aconchegantes. Aquelas com temperaturas de cor mais altas
são apropriadas para ambientes claros, limpos. É importante ressaltar que as
temperaturas de cor não influenciam na eficiência luminosa da fonte.
- Índice de reprodução de cores (Ra): qualifica a variação de cor de objetos
iluminados por diferentes fontes. O índice Ra é uma escala qualitativa, variando de 1
a 100, que classifica o desempenho das fontes de luz em relação ao padrão ideal,
obtido por um corpo metálico sólido, aquecido até irradiar luz (Ra = 100). Em outras
palavras, quanto maior for a diferença de cor de um objeto iluminado, em relação ao
padrão, menor será o seu Ra.
Pode-se observar, pela análise das tabelas 2.1 e 2.2, que as lâmpadas de
descarga apresentam maiores variações do que as incandescentes, no que se
refere à eficiência luminosa e à vida útil, principalmente. Por isso, a análise destes
tipos de lâmpadas deve ser mais criteriosa em projetos de eficientização energética.
As lâmpadas fluorescentes tubulares são compostas por um bulbo cilíndrico de
vidro, cujas paredes internas são pintadas por materiais fluorescentes. Em suas
extremidades são instalados eletrodos metálicos recobertos por óxidos, por onde
circula a corrente elétrica. Em seu interior existe vapor de mercúrio a baixa pressão,
com gás inerte para facilitar a partida. Para seu correto funcionamento, as lâmpadas
fluorescentes necessitam de reatores e, as chamadas de partida lenta, ignitores. Um
grande avanço recente das lâmpadas fluorescentes tubulares tem sido a redução do
diâmetro com conseqüentes redução de potência e manutenção ou aumento do
fluxo luminoso. Isso é possível devido ao fato da redução do diâmetro propiciar
maiores possibilidades de desenvolvimento óptico dos refletores. Os modelos
tradicionais possuem diâmetro de 38 mm (T12), enquanto os mais recentes já
apresentam valores de 26 mm (T8), chegando até a 16 mm (T5), este último
inclusive com redução de 50 mm no comprimento.
As lâmpadas fluorescentes compactas (LFC), também chamadas de lâmpadas
PL, utilizam o mesmo princípio; porém, algumas já são fabricadas com reator
incorporado, apresentam tamanhos reduzidos e bocal com mesmas características
dos de lâmpadas incandescentes comuns, o que faz com que as LFC possam
substituí-las diretamente.
As lâmpadas a vapor de mercúrio são constituídas por tubos de descarga,
tendo em cada uma de suas extremidades eletrodos de tungstênio cobertos com
material emissor de elétrons. A aplicação de tensão origina um arco elétrico entre o
eletrodo auxiliar e o principal, provocando o aquecimento dos óxidos emissores, a
ionização do gás e a formação de vapor de mercúrio. Com o meio interno ionizado e
praticamente inativo, a descarga elétrica passa a ocorrer entre os eletrodos
principais. O aquecimento do meio interno eleva a pressão dos vapores, ocasionado
o aumento do fluxo luminoso. A partida dura alguns segundos, e a lâmpada só entra
em regime após alguns minutos. Ao se apagar a lâmpada, o mercúrio não pode ser
reionizado até que a temperatura do arco seja diminuída o suficiente, o que dura de
3 a 10 minutos, dependendo das condições externas e da potência da lâmpada.
As lâmpadas a vapor metálico são lâmpadas a vapor de mercúrio com a
introdução de elementos (iodetos, brometos) em seu tubo de descarga, de forma
que o arco elétrico ocorra em uma atmosfera de vários vapores metálicos
misturados, resultando em maiores eficiências luminosas. Requerem reator e ignitor
para seu funcionamento, e apresentam índices de reprodução de cores muito bons.
As lâmpadas a vapor de sódio possuem um tubo de descarga de óxido de
alumínio, encapsulado por um bulbo oval de vidro. O tubo de descarga é preenchido
por uma amálgama de sódio-mercúrio, além de uma mistura gasosa de neônio e
argônio, utilizada para a partida. Necessitam de reator e ignitor. Apresentam Ra
menor que as lâmpadas a vapor de mercúrio; porém, melhor eficiência luminosa, o
que indica a substituição em muitos casos, como em vias públicas, túneis, etc.
As lâmpadas de luz mista, ou simplesmente mistas, são compostas por um
tubo de arco de vapor de mercúrio em série com um filamento incandescente de
tungstênio. O filamento produz fluxo luminoso, com princípio idêntico ao de
lâmpadas incandescentes, também funciona como elemento de estabilização da
lâmpada e limita a corrente de funcionamento, dispensando a utilização de reator.
As lâmpadas mistas são normalmente ligadas em tensões de 220 V, pois tensões
inferiores não são suficientes para a ionização do tubo de arco.
A figura 2.1 apresenta um comparativo entre eficiências luminosas de
diferentes tipos de lâmpadas, enquanto a figura 2.2 apresenta uma relação entre a
temperatura de cor e o Ra das lâmpadas.
170
Eficiência Luminosa (lm/W)
0
Incandescente Halógena Mista Mercúrio LFC LFC Metálica Fluor. Tub. Fluor. Tub. Vapor de Metálica
(10 a 15) (15 a 25) (20 a 35) (45 a 55) Integrada Não Integ. Cerâmica T8 T5 Sódio Quartzo
(50 a 65) (50 a 87) (65 a 90) (66 a 93) (70 a 125) (80 a 140) (143)
2.1.2.3 - Luminárias
A luminária tem como funções principais a sustentação mecânica das
lâmpadas e a distribuição espacial do fluxo luminoso produzido por elas. As
luminárias podem ser das mais simples, compostas somente pelo receptáculo, até
as mais complexas, com a presença de refletores, refratores, difusores, entre outros.
A eficiência de uma luminária pode ser obtida pela relação entre o fluxo luminoso
emitido pela luminária (direto e indireto), e o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas.
Figura 2.3 - Diagrama de uso final de energia elétrica com finalidade de força motriz.
A seleção do tipo de motor que irá compor um determinado sistema é feita
normalmente pelo critério do menor custo inicial, desprezando-se os custos de
operação do equipamento ao longo de sua vida útil. Outros fatores também não
costumam ser levados em consideração, principalmente relacionados ao local de
instalação, se é agressivo ao funcionamento do motor, se é pouco ventilado, se
possui muita poeira, dentre outros, acarretando em um conjunto de perdas que pode
reduzir a eficiência do conjunto, além de reduzir a vida útil do equipamento.
Outro problema bastante encontrado, e que agrava o desperdício de energia
em sistemas motrizes, é a tendência em especificar motores com potências
significativamente superiores às necessárias, em nome de uma reserva de potência
que iria supostamente aumentar a confiabilidade do equipamento. Quando
superdimensionados, ou seja, em situações de baixo carregamento, os motores
elétricos apresentam acentuada queda de rendimento, além de baixo fator de
potência, como pode ser observado na figura 2.4, que apresenta a curva
característica de um motor de 20 cv, com destaque para o rendimento e o fator de
potência em uma situação de 30 % de carregamento.
estator e o rotor. O movimento relativo garante que haja força eletromotriz induzida
no rotor e, com isso, a conversão de energia elétrica em energia mecânica de giro
no rotor.
2.3. Aquecimento
Os usos finais de aquecimento, obtidos através da conversão de energia
elétrica em calor, são diversos. No setor residencial tem-se chuveiros, torneiras e
pequenos fornos; no setor industrial tem-se o calor de processo, caldeiras, fundições
e fornos industriais; além de outras muitas finalidades onde é necessária a utilização
de sistemas de aquecimento, de água ou vapor.
De modo geral, a utilização da energia elétrica para aquecimento apresenta
custos superiores a outras alternativas, como o Sol ou óleos combustíveis, por
exemplo. Além disso, apresenta reduzido potencial de eficientização, estando
basicamente concentrado na substituição, parcial ou total, do sistema de
aquecimento elétrico pela alternativa mais econômica.
Os itens seguintes apresentam alguns usos típicos de sistemas de
aquecimento elétrico, destacando os potenciais de eficientização do sistema, ou sua
substituição por outra alternativa.
2.4. Refrigeração
A refrigeração é o nome dado ao processo de remoção do calor de um
determinado meio e a manutenção desta condição por meios mecânicos ou naturais.
Existem diversas aplicações da refrigeração, sendo a refrigeração de alimentos e
bebidas e a climatização de ambientes as mais importantes e conhecidas.
2.4.1. Refrigeração de Materiais
A refrigeração de materiais, normalmente chamada apenas de refrigeração, é
bastante útil para o homem, pois assim ele pode manter o material, normalmente
alimentos, em seu estado natural através do uso do frio, sem a utilização da
defumação ou salgamento do material a ser consumido.
Nos dias atuais, a aplicação da refrigeração é encontrada em diversas
atividades como, por exemplo, no uso doméstico, comercial, industrial e de
transportes.
Pode-se entender a lógica de funcionamento dos principais sistemas de
refrigeração estudando o funcionamento de um refrigerador doméstico comum,
também conhecido como sistema de compressão de vapor.
Este equipamento funciona a partir da aplicação dos conceitos de calor e
trabalho, utilizando-se de um fluido refrigerante. Fluido refrigerante é uma substância
que, circulando dentro de um circuito fechado, é capaz de retirar calor de um meio
enquanto se vaporiza a baixa pressão. Este fluido entra no evaporador a baixa
pressão, na forma de mistura de líquido e vapor, e retira a energia do meio interno
refrigerado (energia dos alimentos) enquanto passa para o estado de vapor. O vapor
entra no compressor onde é comprimido e bombeado, tornando-se vapor
superaquecido e deslocando-se para o condensador, que tem a função de liberar a
energia retirada dos alimentos e a resultante do trabalho de compressão para o meio
exterior. O fluido, ao liberar energia, passa do estado de vapor superaquecido para
líquido (condensação) e finalmente entra no dispositivo de expansão, onde tem sua
pressão reduzida, para novamente ingressar no evaporador e repetir-se assim o
ciclo. Esse processo é ilustrado através da figura 2.9.
2.5. Outros
Como outros usos finais de energia elétrica podem ser destacados os
aparelhos eletro-eletrônicos e sistemas a ar comprimido. As instalações elétricas,
que “abastecem” todos os usos finais e que, se não estiverem bem projetadas e em
bom estado de conservação podem resultar em perdas elevadas, serão abordadas
apenas no Capítulo 6, onde são apresentadas sugestões para redução de perdas e
melhoria da eficiência de instalações elétricas.
2.5.1. Eletro-eletrônicos
A divisão dos usos finais em classes, aliada ao crescimento tecnológico
verificado e ao surgimento dos mais diversos aparelhos, fez surgir um uso final que
até algumas décadas atrás não se configurava como representativo: os eletro-
eletrônicos.
De uma forma geral, muitos dos aparelhos eletro-eletrônicos podem ser
distribuídos em outras classes. Como exemplo, ventiladores residenciais e
eletrodomésticos como liquidificadores, batedeiras e máquinas de lavar roupa
possuem sistemas motrizes como principal componente; torradeiras e fritadeiras são
compostas por sistemas de aquecimento, além de outros exemplos.
Devido às suas finalidades e às suas capacidades reduzidas, principalmente se
comparados a equipamentos mais robustos, tais aparelhos são normalmente
classificados neste uso final. Além disto, a grande maioria deles têm em comum o
fato de apresentarem pouco ou nenhum potencial de eficientização, seja pela
indisponibilidade de modelos mais eficientes no mercado, seja pelos conceitos de
estética e conforto que proporcionam, sendo muitas vezes o principal ponto de
decisão na compra de um eletro-eletrônico.