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Pessoal, como ontem nós tivemos muitos problemas com a transmissão da aula ao

vivo, com problemas no wifi e também no Youtube, nós resolvemos fazer essa gravação
aqui na íntegra para todo mundo que não conseguiu acompanhar com clareza todo o
conteúdo.

Então nós vamos recomeçar toda a linha de raciocínio que tentamos traçar ontem que
foi prejudicada por conta da transmissão.

Eu vou começar a falar com vocês sobre o que nós vamos discutir ao longo desses três
dias, que é a nossa Jornada da Confeitaria de Sucesso.
Eu coloquei aqui os pilares, que na minha opinião constroem uma carreira de sucesso,
em relação à vida de confeiteira e a confeitaria como um negócio. Eu acredito muito
que a RENTABILIDADE seja a base de qualquer negócio, pois a gente precisa ter a
precificação certa para que haja rentabilidade e, assim, tenhamos um retorno
financeiro.

A PRODUTIVIDADE está totalmente ligada a todas as receitas que nós usamos e ao


nosso cardápio, então tudo tem que ser muito produtivo, principalmente se a
confeiteira conta apenas com a mão de obra dela. Para nós é fundamental termos
receitas produtivas que gerem mais tempo para a confeiteira aplicar em outras áreas
do seu negócio, como divulgação, marketing, pós venda e na administração de um
modo geral.

Outro pilar muito importante é a QUALIDADE. Não existe produto que se mantenha
muito tempo no mercado se não houver qualidade. Se o profissional conhecer a fundo
a matéria-prima, ele vai entender o que é um chocolate de qualidade, por exemplo.

A DIVULGAÇÃO também é um pilar muito importante. A gente tem uma ferramenta


poderosíssima em nossas mãos. Se você tem um celular e acesso à internet, você já tem
o suficiente para fazer seu negócio acontecer!

EXPERTISE
O profissional que possui um negócio próprio tem que saber o que faz com excelência.
Não existe profissional que faz bolos mais ou menos ou doces mais ou menos. A gente
precisa dominar a arte e a técnica para que tenhamos um bom resultado e, assim,
encantar o cliente.

MINHA HISTÓRIA

Eu vou contar um pouco a minha história para quem não me conhece.

Meu nome é Renata Ibãnês, eu tenho 34 anos, trabalho com confeitaria há 15 anos e
sou dona de uma confeitaria aqui em Portugal. Hoje nós somos uma das maiores
confeitarias daqui e atendemos um número muito grande de encomendas. São, em
média, 30 bolos por semana, além de todos os docinhos, do atendimento da loja e de
todo imprevisto que pode surgir no dia a dia.

Sou filha de mãe confeiteira, especializada em chocolate e assisti a minha vida toda à
minha mãe preparar chocolates e docinhos para festas. Eu, como uma boa curiosa,
ajudava sempre e procurava me inteirar nesse assunto. Até que, por necessidade (eu
fui mãe muito cedo, engravidei da minha primeira filha aos 18 anos) eu precisava de
uma renda extra. Eu tive umas ideias de trabalhos complementares assistindo a
programas de televisão, que na época era a Marcela Sanches (do Brasil) e me encantei
com a arte de fazer bolos. Naquela época, eu não tinha a menor ideia do que era isso e
nem que era uma profissão, pois no Brasil isso não era difundido. Mas eu resolvi me
aventurar! Tinha a minha avó ainda nessa época, e eu pedi um dinheiro emprestado
para ela, comprei todo o material e fiz meu primeiro bolinho.

Naquele dia, foi o melhor que eu consegui fazer e realmente várias pessoas me deram
força, perguntando o porquê que eu não começava a vender bolos. Obviamente, o bolo
que eu fiz na época não se compara aos que eu faço hoje. Não é dom e nem milagre. É
muito treino e técnica e todos vocês têm a capacidade de fazer um bolo bem feito.

Eu comecei, então, a fazer bolos para vender, trabalhei em uma confeitaria como
assistente de confeiteiro para conseguir aprender bastante e, em paralelo, comecei a
fazer cursos livres e viver da confeitaria. No início, eu comecei a ter muitos problemas e
muitas limitações, porque eu estava em um casamento super recente, com uma criança
pequena e eu não tinha estrutura, sem equipamentos necessários, sem saber precificar
e nem empreender nesse setor.

Foram anos muito difíceis até eu entender que eu deveria levar aquilo como uma
profissão de verdade. No começo, eu ainda acreditava que eu ia voltar para a faculdade
de arquitetura, que eu tranquei aos 19 anos, mas depois eu percebi que era
completamente apaixonada por confeitaria e que estava totalmente submersa no
mundo dos bolos. Eu decidi, então, me profissionalizar. O que isso significa? Não é só
fazer um curso. É tratar você como realmente uma empresa, e uma empresa é formada
por vários setores, e cada um deles tem que ser desenvolvido e cuidado com o mesmo
carinho e atenção que o bolo que vocês vão produzir.

Você que é confeiteira e está me assistindo: não adianta produzir um bolo lindo,
maravilhoso e gostoso, apenas. Você tem que pensar que aquele bolo precisa te dar um
retorno financeiro. Você precisa ser pago para aquilo. A pessoalidade com o cliente às
vezes conta mais do que somente entregar o bolo e ponto final. O nosso produto tem
um vínculo forte muito grande, pois é uma arte. São horas de trabalho e dedicação para
ter aquela arte pronta.

Então, você tem que entender que as suas horas trabalhadas, os momentos em família
que você deixou de vivenciar têm que ser compensados com uma boa rentabilidade no
seu negócio. O que eu vejo hoje são confeiteiras extremamente esgotadas por conta do
trabalho árduo e que não conseguem retorno financeiro Isso está totalmente ligado à
maior dor da confeiteira hoje, que é a precificação. Por que eu acho que isso acontece?
Isso acontece, porque a base do sucesso na cabeça dessa confeiteira está totalmente
distorcida.

Aproveitando esse gancho, o que eu acho que é ter sucesso na confeitaria?

Bom, vou continuar a minha história e deixar você, que está me assistindo, pensando
sobre essa pergunta.

Depois que eu resolvi me profissionalizar, entrei no curso “O cozinheiro chef


internacional”, e tive ali muito embasamento da profissão de cozinheiro de uma
maneira geral. Após isso, eu fiz outros cursos, inclusive na Inglaterra, em Londres, na Le
Cordon Bleu, onde eu fiz uma especialização em chocolate e frequentei várias feiras,
inclusive no exterior. Minha história começou realmente a evoluir, porque eu comecei a
enxergar minha profissão como algo sério, apesar de muita gente ter me desmotivado
nesse caminho.

O que eu posso dar de dica para vocês como aprendizado é que você não precisa
esperar a motivação de outras pessoas para fazer algo acontecer. Você tem que ser a
sua maior motivadora! Com técnica, com esforço, com dedicação, sem precisar dos
outros para aprovar algo.

Concluindo todos os cursos que eu fiz no exterior, eu comecei a construir uma carreira
bem construtiva no Brasil, onde eu consegui participar de vários programas no Brasil e
a chegar em clientes com alto poder aquisitivo, como eu queria. Mas, em paralelo a
isso, surgiu a oportunidade de vir para Portugal. Eu já estava estruturada no Brasil, bem
financeiramente e emocionalmente. Eu já tinha terminado meu primeiro casamento e
me casado pela segunda vez, com meu atual marido, Fernando, e já tínhamos uma
outra filhinha, a Bela, dez anos depois de ter tido a minha primeira filha, Maria Clara.
Então foi uma nova experiência e nós decidimos realmente vir a Portugal sem
absolutamente nada, deixando tudo para trás. Em busca do que? O principal motivo foi
a segurança. Foi também ter a ambição de conhecer novos lugares e viver uma nova
experiência.

O Fernando, meu atual marido e sócio, me pediu encarecidamente que, quando


fôssemos a Portugal, eu deixasse a confeitaria de lado, pois atrapalhava muito a nossa
vida social. Como vocês viram, o pedido não deu certo heheheh E muito pelo contrário:
eu trouxe o Fernando comigo. Quando eu cheguei aqui, eu conheci o Odailson, por
meio de um motorista do Uber, e ele me indicou, pois estava precisando de uma
cozinheira que cozinhasse a comida tradicional portuguesa. Não posso deixar de
mencionar que a humildade é um ponto fundamental para o empreendedor de sucesso
e que independente da função, nós não seremos inferiores a ninguém. Pelo contrário:
uma pequena oportunidade pode se tornar uma grande oportunidade. Graças a Deus
foi isso que aconteceu comigo.

Eu não sei absolutamente nada sobre a cozinha tradicional portuguesa, mas ele me fez
esse desafio, dizendo que precisava de alguém que passasse de 4 a 5 horas aqui
cozinhando e ele acreditava em mim. Eu aceitei o desafio, pois eu precisava de dinheiro
e precisava começar de algum ponto aqui em Portugal. Em paralelo a isso, quando eu
terminei o curso que comentei com vocês, eu conheci uma portuguesa, a Ana, que tinha
uma sala de formações, e me convidou para ministrar algumas formações no espaço
dela. Eu fiz ambos os trabalhos juntos: durante a semana eu cozinhava na cozinha do
Odailson e no final de semana eu ministrava os cursos na sala de formação da Ana.

Tudo isso correu muito bem por certo tempo, até que surgiu uma super oportunidade
aqui em Portugal que eu resolvi abraçar de braços muito abertos, pq foi realmente uma
oportunidade de ouro. Em 2 meses mais ou menos, eu fui indicada para a Roberta, que
é a dona do Rock in Rio, e nos foi pedido que fizéssemos 22 mil doces. Quando surgiu
essa oportunidade, eu conversei com o Odailson sobre essa grande chance que eu
tinha e que eu iria ter que sair da pastelaria pois precisava de um espaço para fazer os
doces. Diante disso, ele me fez uma proposta de sociedade, em que me ofereceu 50%
do negócio dele para que eu assumisse a pastelaria e transformasse numa pastelaria
voltada para bolos decorados. Então nós fizemos juntos os doces do Rock in Rio, com
muita garra e muito esforço e não foi fácil. Tínhamos cinco pessoas que trabalhavam
conosco, mas que não tinham a mínima noção de confeitaria, então eu dei um pequeno
treinamento para eles. Foi muito difícil, porque eles não tinham experiência nenhuma,
mas nós superamos todas as dificuldades e conseguimos. O Rock in Rio foi um sucesso
e o que o evento nos pediu foi entregue!

A partir daí, nós não paramos mais de trabalhar. Eu comecei a fazer o trabalho de
marketing, a contatar várias decoradoras e nós conseguimos realmente evoluir como
empresa.

O Odailson, depois de um tempo, resolveu voltar para o Brasil, porque toda a família
dele estava lá e ele iria ser avô. Ele é bem mais velho do que eu e nossa sociedade
funcionou maravilhosamente durante cerca de um ano e meio a dois anos, mas depois
ele realmente precisou ir. Eu entendi perfeitamente essa situação e guardo todas
nossas boas experiências no coração.
Eu resolvi alugar um espaço para que eu pudesse continuar com as minhas
encomendas e tudo mais, mas precisava de alguém para me ajudar nessa missão. E aí,
resolvi que estava na hora do Fernando trabalhar comigo. Conversei com ele e falei:
“Poxa, amor, hoje eu estou ganhando mais do que você está ganhando lá no seu
trabalho. Você não acha que é hora de você vir para essa parceria para que a gente
consiga fazer isso acontecer juntos?”
O Fernando é super empreendedor e administrador de negócios. Ele tem vários cursos
de especialização nessa área e eu achava que ele era a peça que faltava ali para que a
gente conseguisse realmente decolar.

Em paralelo, também conheci a Cris e a Rafaela, que são duas brasileiras que ajudaram
demais nessa construção. Elas são mãe e filha, onde a Cris sempre foi a expert nos
bolos e a Rafaela era minha parceira e braço direito nas decorações. Nós realmente
conseguimos produzir muitos bolos com essa equipe de 4 pessoas. E aí surgiu nosso
bolo de 2 metros de altura com mais de três mil flores de açúcar! Enfim, houve muitas
entregas e muitas coisas lindas durante esses últimos dois anos e meio, até que nós
nos mudamos para Cascais e surgiu a oportunidade de ter a loja.

A loja já era um espaço de festa e fizemos uma reforma para que a gente pudesse
ministrar aulas e vender as nossas coisinhas aqui, com todo o carinho e esforço. Graças
a Deus, na pandemia nós conseguimos produzir mais de mil bolos! Para nós, tudo isso
realmente é uma história de muita superação, pois nós começamos tudo do zero!

E é para isso que eu estou aqui. Para te ensinar e para te dizer quais foram os meus
passos e como eu alcancei o sucesso na confeitaria. Depois de ter contado aqui toda a
minha história, eu vou falar o que é ser um confeiteiro de sucesso na minha opinião.

Eu acho que o SUCESSO está muito ligado ao autoconhecimento, ao que te faz feliz, ao
que te completa e ao que te deixa satisfeito. Às vezes, as pequenas conquistas são
suficientes para fazer com que a gente já se sinta completo. Eu acho que o sucesso
financeiro, muitas vezes, acaba confundindo um pouco a gente. Ele não é apenas
monetizar o seu negócio. O sucesso é levantar todos os dias e saber que você faz o que
você ama. Lá no fundo do seu coração, você precisa ter muito claro o que é a sua
paixão, o que faz o seu olho brilhar, focando nisso e sendo persistente, sem desistir.

Um exemplo disso são os 15 anos que eu levei para chegar até aqui, então eu posso te
dizer que se eu não amasse a arte dos bolos, por mais que já tenha pensado em desistir
muitas vezes no auge do cansaço, no auge do estresse no auge das dívidas no auge dos
problemas, eu realmente teria desistido. Mas foi o meu amor pela confeitaria que me
trouxe até aqui. Por isso eu digo que o sucesso está totalmente ligado ao seu
autoconhecimento.

Depois de dizer o que é sucesso, eu vou começar com a nossa receitinha aqui, que é a
RECEITA DE MASSA BRANCA para não tornar a nossa aula muito cansativo e maçante.
E aí depois a gente volta a conversar sobre o que é preciso para ter sucesso e falaremos
um pouquinho sobre o dia a dia do confeiteiro.

RECEITA DA MASSA BRANCA (BOLO BASE)

● 250g de manteiga
● 580g de açucar
● 370g de leite
● 5 ovos
● 625g de farinha
● 25g de fermento

Eu tenho a minha batedeira e vou abri-la. Essa é uma massa amanteigada. Eu vou falar
um pouquinho sobre as dúvidas que os alunos tiveram ontem durante a live. Por mais
que a gente não tenha tido uma transmissão razoável, a gente conseguiu pegar
algumas dúvidas de vocês e também alguns comentários. Eu vou replicar isso aqui
durante a aula de hoje para que você consiga acompanhar com mais tranquilidade e
entender também um pouquinho mais das dúvidas que vocês possam ter. Essa é uma
massa amanteigada de método cremoso, onde nós vamos primeiramente bater a
manteiga com o açúcar. Não vai agregar muito ar nesta preparação. A gente vai usar a
raquete, mas caso você só tenha aí em casa uma batedeira de Globo, também dá para
utilizar, mas ela vai forçar um pouquinho a sua batedeira porque essa massa é uma
massa mais pesada e é por isso que eu uso essa raquete.

Depois eu vou intercalar os nossos ovos com os outros ingredientes. Eu tenho aqui a
receitinha e por enquanto eu vou passar a receita aqui para frente. Depois eu volto aqui
nessa página para a gente voltar para nossa conversa.

O que leva nossa massa amanteigada? Aqui a gente tem 250 gramas de manteiga. Um
ponto importante da manteiga. É muito importante que a gente tenha produtos de
extrema qualidade para que a gente tenha um bolo, no final das contas, de muita
qualidade. Então qual é o principal ponto da manteiga que a gente tem que ler ali os
ingredientes? É creme de leite ou natas, aqui em Portugal. A gente não quer um aditivo,
a gente quer realmente que aquilo seja apenas creme de leite. O que é a manteiga? A
manteiga é a gordura que no processo de bateção, que eu não sei se é a palavra correta
de se falar, se separa o soro da gordura. A manteiga é isso.

O açúcar nós vamos usar 580 gramas de açúcar refinado normal. Não precisa se
preocupar, mas alguém pode questionar se pode ser usado açúcar cristal. Pode sim,
mas ele vai ter um pouco mais de dificuldade de solubilidade na nossa receita. O ideal é
que utilizemos o açúcar normal refinado, pois ele vai se dissolver com mais facilidade.

A gente vai usar 370 gramas de leite. A gente vai usar o leite meio gordo para quem tá
aqui em Portugal e a gente vai usar o leite integral para quem tá no Brasil. A gente
vai usar 5 ovos do tamanho médio (em torno de 50 gramas).

Vamos usar 650 gramas de farinha. Aqui em Portugal estou usando a farinha 55, aí
no Brasil você pode usar uma farinha Zero ou a farinha de melhor qualidade que
você encontrar. 25 gramas de fermento. Outra coisa muito importante. Nós
percebermos aqui na nossa produção que o desempenho do fermento de marca
branca, ou seja, do fermento que não tem marca ou que tem a marca do mercado não
tinha o mesmo desempenho na fermentação nas nossas receitas. Então é importante
que você teste aí na sua cidade as marcas que você tem disponíveis comparando
sempre custo-benefício para ver qual era o rendimento da sua massa. Nós, por
exemplo, aqui na loja tivemos uma diminuição de cerca de 30% no rendimento
simplesmente por conta da marca do fermento então às vezes a gente acha que tá
economizando numa coisa mas a gente tá perdendo de outro lado.

Em relação a farinha, a gente nunca usa farinha com fermento, porque a gente não
sabe o que a indústria colocou na nossa farinha. Então vamos começar o nosso
processo e aí depois a gente continua falando um pouquinho mais. Vou colocar na
batedeira a manteiga e os 580 gramas de açúcar.

Aqui em Portugal, os grãos de açúcar refinado são maiores que no Brasil e eu sinto uma
certa dificuldade de dissolver. Vou colocar na minha potência 3 da batedeira e vou
deixar bater. A manteiga pode ser com sal ou sem sal.

Eu já tenho meu creminho do jeito que eu preciso. Cerca de um minutinho na


batedeira, mas depende da potência da máquina que você tem. Vou juntar nosso
fermento na nossa farinha. Por que eu fiz questão de passar essa receita para vocês?
Porque é uma receita extremamente personalizável. Como vocês viram, eu bati a
manteiga com o açúcar e agora vamos continuar com a nossa receita. Vou começar a
adicionar os outros ingredientes. Eu vou dar uma última batidinha com força.

Esse é o resultado da nossa massa. Ela fica super homogênea, lisinha. Essa é uma das
massas mais fáceis de fazer. Sempre lembrando que a gente tem que raspar esse
fundo, pois às vezes a batedeira não chega no fundo e às vezes pode ficar depositado
resquícios de algum ingrediente.

Vamos falar um pouquinho sobre processos de cocção. A nossa massa vai para o forno
e vai ter a fase dela de fermentação, então vou falar o porquê que eu não uso
desmoldante e nem unto e enfarinho a minha fôrma. Eu quero que meu bolo tenha
aproveitamento de 100%. Eu quero que ele grude nessa lateral, por isso eu vou usar no
fundo um papel vegetal ou um papel manteiga e não vou colocar nada para que,
quando a fermentação dele aconteça, ele grude nessa lateral, forme aquela superfície
lisinha e pare por aí. Se não, o que acontece? Ele fermenta e aí ele não tem força na
lateral, daí ele escorre e depois ele faz aquela barriguinha, aquele efeito vulcão que a
gente costuma chamar.

Para melhorar ainda mais esse processo de cocção, eu vou usar aqui na superfície da
minha fôrma um papel alumínio para que a gente proteja essa superfície do bolo e ela
não fique com casca, ou seja, não precisa cortar essa fatia de cima e ter esse
desperdício de bolo. Além do que, o fato de estar totalmente vedado aqui faz com que
todo vapor que esse bolo vai liberar aqui durante o processo de cocção e ele fique cada
vez mais úmido porque esse vapor vai ficar todo preso aqui dentro. Consequentemente
o calor gerado também fica preso aqui dentro e ele assa ainda mais rápido.

Essa é uma forminha de 14 cm de diâmetro. Eu vou colocar aqui, eu até anotei aqui
embaixo 380 gramas, porque normalmente é a medida que nós utilizamos. Eu
recomendo que nunca uma fôrma desse tamanho seja assada inteira, porque para o
bolo ter força suficiente para subir e para assar por igual por dentro seria praticamente
impossível. Então é por isso que nós usamos sempre em várias fôrmas porcionadas
para que a gente consiga um melhor resultado no processo de cocção da massa e
também para utilizar o seu tempo e o bolo não fique tanto tempo ali ressecando no
forno e perdendo a água e tentando assar por dentro.

Eu não vou pesar aqui, porque eu já tenho mais ou menos um olho meio treinado, já sei
mais ou menos a quantidade e também é só para exemplificar para vocês.

Vou passar um papelzinho aqui na nossa bancada e vou fechar o nosso bolo. Eu já
tenho também ali o forno pré-aquecido em 180 graus. O meu forno tem ventilação,
então ele distribui o calor muito mais por igual do que um forno estático. Por isso, eu
não posso te dizer qual é exatamente a temperatura do seu forno aí em casa. Você
pode se basear em 180 graus, mas o ideal é que você observe o desempenho do seu
equipamento para conseguir dizer, de repente, se ele for mais mais alto e mais forte,
pode ficar até 160 graus, e se ele for mais fraco você pode chegar até em 200 graus. Eu
gosto sempre de assar nas grelhas centrais para que tenha essa distribuição perfeita e
que o bolo consiga crescer aqui bem perfeitinho e branquinho.

Vamos voltar ao tópico que estávamos falando sobre o sucesso. O que é preciso para
ter sucesso? Antes de mais nada, na minha opinião, o que é preciso para ter sucesso é
foco, é saber onde a gente quer chegar. É ter um planejamento de começar o seu
negócio pelo menos como um plano de negócios para que daqui a dois anos, quatro
anos, cinco anos, você saiba onde você quer estar. Sei que no caminho vão acontecer
imprevistos e você vai se sentir desmotivado. Mas o importante é voltar lá no que você
queria de início e recarregar as energias e continuar lutando. Cair todas nós vamos cair,
mas o importante é não deixar que esses pequenos problemas te façam esquecer todo
o amor e toda a dedicação que você teve até aqui.

Imagina que eu investi na minha carreira por 15 anos e, se hoje eu for desistir, eu vou
estar jogando fora esses 15 anos de investimento, esse tempo de conhecimento, de
dedicação, de carinho, de clientes conquistados. Sucesso para mim é isso, é ter foco e
saber onde você quer chegar não só a curto prazo, mas médio e longo prazo. Tenha
esse planejamento e esses esclarecimentos na sua mente e eu te garanto que toda vez
que você quiser desistir, pensará no que almeja no futuro e nas suas metas e isso te
dará muitas forças para continuar adiante.

O DIA-A-DIA DO CONFEITEIRO

Sobre o dia a dia do confeiteiro. Gente, não é para qualquer um. Trabalhar com evento
é para pessoas comprometidas, é para pessoas responsáveis, apaixonadas e que
sabem o que querem. O confeiteiro, principalmente quando não tem uma equipe
ainda, tem que ser muito organizado. Tem que ser uma pessoa muito persistente,
porque ele é um ser humano, fica doente, ele fica chateado, triste, mas imagina só dizer
para uma mãe “Infelizmente meu filho adoeceu nesse final de semana e eu não vou
conseguir entregar o seu bolo de casamento”. Então, antes de mais nada, tenham em
mente que nós trabalhamos diretamente com o emocional das pessoas. Isso tem um
valor tão grande, principalmente para nós que somos brasileiros e já temos na nossa
cultura super enraizado a importância que um bolo, que uma festa e que os docinhos
tem para uma mãe, que a gente não pode em momento algum diminuir tudo isso.
Então se você tá em casa, já coloca na cabeça e já pensa direitinho porque no começo
vai ser realmente muito difícil e muito desgastante. Mas eu prometo que com muita
organização e muito planejamento você vai conseguir chegar no equilíbrio que todos
nós gostaríamos de ter.

Eu vou falar também um pouquinho para vocês como é que a gente costuma fazer para
otimizar nossa produtividade numa confeitaria profissional. Aqui nós temos cada
um na sua função. Hoje o Fernando coordena a cozinha, onde tem mais duas pessoas
abaixo dele e eu coordeno a parte da decoração e nós dois fazemos aqui a gestão da
loja de uma maneira geral. A minha parte é sempre fazer a finalização e já deixar todas
as decorações prontas, então tudo que nós podemos adiantar desde o começo da
semana como, por exemplo, biscoitinhos decorados que têm uma alta durabilidade,
nós sempre fazemos isso no começo da semana. Modelagens, decorações em pasta de
açúcar e tudo mais é sempre feito com antecedência para que a gente, no final das
contas, acabe fazendo no dia somente a finalização.

Nós temos aqui uma produção grande de massas e recheios e nós sempre deixamos
tudo produzido no começo da semana. Então nós temos um cardápio, onde nós
temos os sabores dos bolos e nós sabemos já o que vende mais. Nós temos produção
de recheio praticamente todos os dias e temos estoque praticamente todos os dias.
Então você aí em casa, que não tem uma confeitaria e nem altas demandas, tem que ter
uma produção, pelo menos, de brigadeiro no começo da semana. E esse brigadeiro de
massa branca e de massa escura vai ser transformado em outras receitas. O seu
brigadeiro vai servir de base para outros recheios. Assim você vai otimizar seu tempo
de produção, organizando sempre nas segundas-feiras, por exemplo, reposição de
estoque, organizar encomendas, responder orçamentos, sempre tendo um dia para
você organizar a parte administrativa do negócio. Terça-feira você pode organizar a
produção, preparando os recheios, que dura bastante na geladeira, sem estragar.
Utilizando produtos de alta qualidade, você terá uma conservação bacana deles. Se
você deixar para fazer tudo em cima da hora, a chance de dar errado é muito grande.
Organização é produtividade!

CRIATIVIDADE, HABILIDADE E CONCORRÊNCIA

Muitas pessoas me falam que não tem criatividade. Mas gente, criatividade vem de
referências, de você se espelhar em outras pessoas. Temos que ser comercial! Temos
que fazer o que o cliente quer e deseja. Outro tópico que eu coloquei aqui é sobre
venda, pois muitos dizem não saber vender. Muitas vezes isso me soa como uma
insegurança em relação ao seu próprio produto. Às vezes você acha que seu produto
não é bom o suficiente para custar aquilo. Fortaleça sua confiança para que você
acredite naquilo que você vende. Isso é fundamental! Identifique suas fraquezas e
tente lapidar isso para que você tenha confiança o suficiente para querer vender o seu
produto por ele ser realmente bom! Com dedicação e esforço, você chega na
habilidade!

Eu coloquei aqui também um tópico sobre concorrência. É óbvio que concorrentes


sempre existirão, mas isso não significa que você não possa se destacar no seu
mercado de atuação. Por isso, é importante você se profissionalizar ao máximo e
apresentar algum diferencial. A confeitaria tem sido uma porta enorme para quem
quer ter sucesso, pois existem muitos casamentos, eventos e festas acontecendo e é
impossível uma confeiteira dar conta disso sozinha. Então é possível sim você ter a
profissão de confeiteira, ter sucesso com isso e rentabilizar o seu sonho, que é a
confeitaria.

O DESAFIO

Eu tenho uma coisa muito muito especial que é o nosso desafio. Tudo isso que eu estou
falando aqui, é porque eu quero que vocês absorvam o máximo de conhecimento que
puderem e atinjam o sonho de ser uma confeiteira de sucesso. Mas eu também sei que
esses três dias não são suficientes para que você vire a chave geral e consiga realmente
começar do zero uma nova realidade e uma nova profissão. Por isso que nós
resolvemos lançar um desafio para você que está em casa: se você quiser concorrer a
uma vaga para o nosso curso Fórmula da Confeitaria de Sucesso, onde eu ensino
absolutamente tudo em relação ao mercado da confeitaria e tudo que abrange esse
assunto, eu vou sortear uma vaga para quem participar desses três dias da Jornada
(segunda-feira, quarta-feira, sexta-feira). Nós faremos um bolo e uma decoração que
não vai ser nada elaborada para que todo mundo consiga fazer em casa e depois nós
vamos fazer uma votação. Para isso, é só você tirar uma foto do bolo, publicar nos seus
stories e marcar a gente para que a gente possa compartilhar a foto. No final, faremos a
votação e quem vencer vai ser a nossa futura aluna! Essa é a oportunidade que a gente
conseguiu oferecer para tentar ajudar uma de vocês a se inserir de verdade nessa
profissão. E também para retribuir toda a audiência que está nos assistindo.

Eu vou dar uma olhadinha no nosso bolo e ver como ele está.

O bolo ainda está longe de ficar pronto. Está no processo de fermentação. Eu espero
que esse conteúdo de hoje tenha sido bem completo para vocês. Eu vou pedir para o
Fernando fazer um corte no vídeo nesse momento para não ficar cansativo para vocês
e, assim, eu consigo mostrar o resultado da nossa receita para vocês quando o bolo
estiver pronto.
A MASSA DO BOLO PRONTO

Voltamos com o nosso bolo recém saído do forno e todo bonitinho. Eu vou usar uma
espátula para descolar toda a lateral e vou desenformar ele aqui. Vou retirar o papel
manteiga e vou virar nesse outro pratinho. Não é o melhor momento para se cortar o
bolo, pois ele está muito quente, mas eu quero que vocês vejam o interior dele.

Espero que vocês tenham gostado de todas essas dicas e de todo nosso bate papo de
hoje. Meu coração é só gratidão!

Um beijo!
Renata Ibãnês

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