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SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA
A palavra linguagem nos remete a muitas outras palavras. Segundo o
dicionário Houaiss, linguagem é “qualquer meio sistemático de comunicar idéias, os
sentimentos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais”. A partir desta definição,
podemos concluir que todos estamos envolvidos com a linguagem de uma maneira
direta. Pesquisando o tema “linguagem” no Dicionário de Citações Nova Fronteira,
encontramos a seguinte frase, dita por Nobert Wienar: “A linguagem é um jogo
conjunto, de quem fala e de quem ouve, contra as forças da confusão.”
– Não, responde Helena. Rosa, então, pega a sua bolsa e se dirige ao ponto
de ônibus. No meio do caminho, é interrompida pelas seguintes perguntas:
Rosa responde que iria de ônibus, pois a amiga havia avisado que “não tinha
carona”. Helena, ao ouvir as palavras de Rosa começa a rir e explica: eu disse que
eu não tinha carona, que não tinha ninguém para ir comigo, que tinha lugar no carro
para você. As duas riem do ocorrido e caminham em direção ao carro.
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Voltando às definições expostas anteriormente, podemos dizer que a
linguagem se constitui nas relações sociais, nas interações entre as pessoas.
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humanos têm. Mas o que faz com que essa estrutura funcione é o fato de sermos
seres essencialmente sociais. Até mesmo a formação deste equipamento anatômico
só foi possível porque o homem é um ser social. As necessidades de comunicação
entre os seres humanos, motivadas pelas necessidades de sobrevivência dos
grupos humanos, fizeram com que, ao longo do processo de evolução da espécie
humana, o aparelho fonador fosse se aprimorando, o que permitiu, por sua vez, uma
comunicação cada vez mais eficaz.
Nos primeiros meses de vida, não existe, por parte do bebê, a intenção de
se comunicar. Sua interação com o meio é, nesse período, movida por fatores
biológicos, instintivos. Entretanto, à medida que os primeiros sons dos bebês são
motivos de comemorações para os adultos, que são capazes de encontrar sentidos
em balbucios e sílabas soltas – um “ma-ma” é entendido como mamãe, o “a-a-a”
como água e outros tantos significados vão sendo atribuídos aos sons e aos gestos
– isto vai motivando o bebê a se comunicar, inserindo-o na língua utilizada por
aqueles que o rodeiam. Assim, as crianças vão se apropriando, progressivamente,
dos modos de comunicação próprios da cultura na qual elas estão inseridas.
Portanto, somente na interação, quando os signos e significados culturais vão sendo
internalizados, é que se inicia uma relação entre linguagem e consciência.
Quando a mãe vem em ajuda da criança e nota que o seu movimento indica
alguma coisa, a situação muda fundamentalmente. O apontar torna-se um gesto
para os outros. A tentativa mal-sucedida da criança engendra uma reação, não do
objeto que ela procura, mas de uma outra pessoa. Conseqüentemente, o significado
primário daquele movimento malsucedido de pegar é estabelecido por outros.
Somente mais tarde, quando a criança pode associar o seu movimento à situação
objetiva como um todo, é que ela, de fato, começa a compreender esse movimento
como gesto de apontar. (...) O movimento de pegar transforma-se em gesto de
apontar.
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Embora seja também um meio de comunicação, a linguagem não pode ser
reduzida a essa função, pois é um todo complexo que envolve o homem no contexto
em que ele vive, já que, à medida que estamos nos constituindo na linguagem,
também construímos o mundo com as linguagens que produzimos.
Vygotsky considera que, por volta dos dois anos, as curvas do pensamento
pré-lingüístico e da linguagem pré-intelectual se encontram e se unem, iniciando um
novo tipo de organização do pensamento e da linguagem. Nesse momento, o
pensamento torna-se verbal e a fala, racional. A criança descobre, ainda que
difusamente, que cada coisa tem seu nome. A fala começa a servir ao intelecto e os
pensamentos começam a ser verbalizados. Ainda, de acordo com Vygotsky, os
significados das palavras são formações dinâmicas, que se modificam e evoluem à
medida que a criança se desenvolve, de acordo com as várias formas pelas quais o
pensamento funciona.
Para Jean Piaget, psicólogo suíço essa fala “para si mesmo” seria uma fala
egocêntrica, sem intenção comunicativa, que desaparece à medida que a criança vai
se socializando. Entretanto, Vygotsky oferece uma outra explicação para a fala que
Piaget denomina egocêntrica, considerando-a um importante meio para
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compreendermos a relação entre pensamento e palavra e como o sujeito (ou a
consciência humana) vai se construindo na linguagem.
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2 - RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO
INFANTIL
O termo educação tem um sentido muito amplo; onde há, educação formal e
informal. O aluno tanto aprende dentro da escola, como fora dela. A educação
formal é aquela que se adquire nas instituições de ensino; que tem regras e educa o
grande descaso que há por parte de alguns pais com a educação de seus filhos e a
vida escolar dos mesmos; pois esses pais vêm fazendo da escola um depósito de
crianças, na qual são deixadas pela manhã e só retornam para o ambiente familiar á
Porém, vale deixar claro, que a escola (creches ou pré-escolas), não pode ser
vista como um depósito de crianças, pois não é; ela é um lugar onde a criança irá se
preparar para ser alfabetizada no futuro. Por isso, a educação infantil deve ser
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a essa criança, muito carinho, alimento, uma boa saúde, um ambiente de paz, na
qual ela possa viver com sua família. Todos esses itens colaboram para um bom
desempenho escolar. È nessa fase que a criança está com a mente fresca, pronta
desenvolvimento cognitivo da criança, pois é nela que a criança começa a sua vida
9394/96, art.29.:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade (SIC!), em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e
social, complementando a ação da família e comunidade.
trabalhos realizados por ela, e incentivando-a a usar sua criatividade por meio de
recursos específicos para sua idade, sendo esses recursos; folhas de papel, lápis de
cera, em fim, objetos que a criança possa manusear livremente e soltar sua
pré- escolas para crianças de 4 a 5 anos. È nessa fase que a criança conhece e
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fim, no dia a dia. E essa convivência desenvolve o lado social, a afetividade pelo
Existem pais que pensam que a escola deve se encarregar sozinha de efetuar
e família se unem por um mesmo objetivo, se essa união não acontecer, a escola
e essa comunicação deve ser feita através da agenda escolar, bilhete e até mesmo
pelo caderno da criança, cabe ao docente escolher a melhor forma, porém, a família
por sua vez, deve ficar atenta a essa comunicação e fazer a correspondência da
Falar de família atualmente é muito complexo, pois não há mais nos dias de
mãe, quem cuidava dos filhos e zelava pela harmonia do lar. O que se vê hoje é
uma diversidade de família, ou seja, modelos de família, onde o pai está cada dia
Com essa igualdade, muitas vezes o homem vai perdendo (em alguns casos),
o seu papel na família, sendo a mãe que passa a assumir o mesmo, devido a vários
independente.
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As crianças de antigamente são diferentes das crianças de hoje. Antes as
crianças tinham outra educação; era uma educação mais rigorosa, na qual o
respeito pelos pais, pelos mais velhos, era o que prevalecia; as crianças eram
educadas para obedecer, seja aos pais, seja aos professores, em fim, eram
disciplinadas. Já as crianças de hoje, não são mais educadas como antes, pois os
pais estão deixando a desejar neste sentido, devido à correria do dia a dia que eles
vêem tendo por causa da jornada de trabalho e também devido aos novos valores
diversos, Internet, e o convívio com a escola, família, amigos; todos esses exemplos
funcionam como espelho, contribuindo para a formação dos valores éticos etc.
diante do meio também muda e transforma. Com isso, não se pode dizer que a
criança da mesma forma dos tempos atrás. O tipo de família atual é diferente da
A família não deixará de ser a célula mater da sociedade. Através dela, dos
valores que ela transmite, é que se pode formar cidadãos de bem. Quando uma
criança nasce e cresce numa família bem estruturada, onde prevalece o respeito, o
afeto entre si, onde os pais ensinam seus filhos a respeitarem o próximo e a se
comportarem no ambiente extra familiar, com certeza esses pais não terão
mesmos. Entretanto, se a escola perceber que os alunos têm família e esta, não
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para a melhor realização do ensino, a escola deve tomar providências, acionando o
ordenamento jurídico brasileiro que foi criado para defender a integridade da criança
Como o artigo acima citado mostrou, é necessária uma educação sem vínculos com
ela se espelha mais ainda nos pais e retém características dos mesmos. Quando se
fala em ambiente saudável, significa dizer que no contexto que a criança convive,
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3 - A FAMÍLIA E A ESCOLA: DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO NO
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Sandra Veralúcia Marques Martins
O homem é um ser que precisa do outro para viver, ele nasceu para viver em
grupo, o que o leva a buscar sempre uma melhor forma de relacionamento com os
outros. O conceito de educação vem sendo discutido há muito tempo. Muitos
autores falaram sobre este tema que é de suma importância para a transformação
da sociedade.
A educação não é uma forma de treinar o aluno para que ele seja capaz de
exercer uma atividade, é principalmente uma possibilidade de fomar pessoas
autônomas, através de todos o processo do qual ele faz parte como sujeito:
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Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção. Quando entro em uma sala de aula devo
estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade,
às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser
crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que
tenho – a de ensinar e não a de transferir
conhecimento.
Nos dias atuais a educação continua enfrentando desafios, porém pode ser
considerada como principal recurso para enfrentarmos a nova estruturação do
mundo, em que são formados indivíduos competitivos, requerendo cada vez mais
um perfil diferenciado de professores. Os alunos não se satisfazem mais com aquele
modelo de educação bancária, mencionado por Freire (1996), em que o professor,
detentor do conhecimento, tinha a incumbência de transferi-los aos seus alunos,
como se fosse um depósito.
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Percebemos que as práticas de educar e cuidar são indissociáveis, que se
complementam. Não podemos separar o corpo e mente, e sim articular o processo
das práticas como um único. Cuidar da criança é uma ação complexa que envolve
diferentes fazeres, gestos, precauções, atenção, olhares. Refere-se a planejar
situações que ofereçam à criança acolhimento, atenção, estímulo, desafio, de modo
que ela satisfaça suas necessidades de diversos tipos e aprenda a fazê-lo de forma
cada vez mais autônoma.
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capaz de resolver seus próprios problemas, sendo assim, agente de seu processo
de aprendizagem.
Por fim, segundo os autores, mas não menos importante, temos a questão do
afeto na relação, pais que se dedicam e demonstram interesse, preocupando-se
com o bem estar dos filhos. O afeto pode influenciar todas as outras dimensões de
comportamento dos pais, as decisões tomadas e apresentadas de forma afetiva,
serão recebidas pelos filhos de uma forma diferente daquelas apresentadas de
forma rancorosa, sem demonstração de nenhum tipo de carinho.
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Diante de todo este estudo, evidencia-se que o melhor tipo de relação entre
pais e filhos deve ser regado por muito amor, diálogo e carinho, respeitando os
limites de suas capacidades, o que estimulará a criança ainda mais em seu
desenvolvimento cognitivo.
A família funciona como uma rede de influências recíprocas entre todos que
fazem parte dela. O estilo de comportamento dos pais gera efeitos sobre o
desenvolvimento social e da personalidade da criança.
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A união da família e da escola poderá contribuir para o desenvolvimento pleno
das crianças, quando as partes agirem coerentemente na condução do processo
educativo.
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4 - O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
É neste contexto que se fundamenta este estudo que tem como objetivo
analisar a importância de um espaço bem organizado e apropriado para o
atendimento escolar da criança de 0 a 5 anos de idade. Assim, buscou-se investigar
até que ponto a organização espacial pode contribuir, de maneira qualitativa, para o
trabalho pedagógico do professor no contexto da educação infantil.
Desse modo, este estudo buscou analisar uma instituição de educação infantil
para identificar se o seu espaço funciona como fator facilitador do processo ensino e
aprendizagem, ou seja, se possibilita o desenvolvimento de ações pedagógicas com
qualidade e eficiência. Neste sentido, Canton (2009, p.22) assinala que o espaço
não é uma construção fria, ou seja, apenas paredes, pisos e escadas, mas “uma
tapeçaria sonora, visual e tátil”, que pode influenciar positivamente, ou não, quem o
ocupa, o que depende de sua funcionalidade e estética.
O principal instrumento de pesquisa foi uma observação, que foi realizada nas
dependências da instituição, nos dias 04 e 06 de maio de 2012, com a devida
autorização prévia da direção do estabelecimento, e complementada com registros
fotográficos. A análise dos resultados teve como base os Parâmetros Curriculares
de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006).
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5 - A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
O espaço jamais é neutro [...]. O espaço comunica, mostra, a quem sabe ler,
o emprego que o ser humano faz dele mesmo. Um emprego que varia em cada
cultura; que é um produto cultural específico, que diz respeito não só às relações
interpessoais _ distâncias, território pessoal, contatos, comunicação, conflitos de
poder _ , mas também à liturgia e aos ritos sociais, à semiologia das disposições dos
objetos e dos corpos – localização e posturas -, à sua hierarquia e relações (FRAGO
e ESCOLAO, 2001, p.64).
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constitui de forma linear. Assim sendo, em um mesmo espaço podemos ter
ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais.
Eles se definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e o espaço
organizado (HORN, 2004, p.28).
Além disso, o espaço deve ser organizado de modo que a criança possa
desenvolver competências e habilidades, tais como:
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Para Montagner (2007, apud MOURA, 2009, p.25), o espaço, na instituição
infantil, deve também possibilitar a movimentação das crianças, pois esta “é
essencial ao desenvolvimento e à aprendizagem da criança. Os espaços devem ser
repletos de opções de atividades, de forma que canalizem os excessos de possíveis
agressividades entre as crianças”.
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pensando na possibilidade de um ambiente flexível, que permita transformações de
acordo com os objetivos e as necessidades das crianças e do professor. [...] Os
materiais devem ser apresentados em áreas de atividades próprias. Por exemplo,
giz de cera e lápis de cor na área de atividades; livros, na área de leitura. Devendo
ser tudo de fácil acesso às crianças, estando os materiais dispostos em recipientes
de manejo apropriado a elas (MOURA, 2009, p. 44)
a) Sala de repouso;
c) Fraldário;
d) Lactário;
e) Solário.
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mobiliário móvel, que viabilize diferentes organizações do ambiente. Deve seguir o
dimensionamento de 1m2 por usuário e capacidade mínima de 1/3 do maior turno
(de acordo com a Portaria no 3.214, de 08/06/1978, da medicina e segurança do
trabalho NR – 24), uma vez que não é necessário nem recomendável que todas as
crianças façam as refeições ao mesmo tempo (BRASIL, 2006, p.22).
Deve haver, também, um lugar separado para depositar o lixo, que deve ser
de fácil acesso para a coleta, mas distante de locais de circulação das crianças.
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6 - O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
O QUE PROPÕEM AS NOVAS DIRETRIZES NACIONAIS?
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las da prática pedagógica pode ajudar cada professor a criar nas unidades de
Educação Infantil, junto com seus colegas, um ambiente de crescimento e
aperfeiçoamento humanos que contemplem as crianças, suas famílias e a equipe de
educadores.
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7 - AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL
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relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à gestão das unidades e à
relação com as famílias.
Por outro lado, as instituições de Educação Infantil, assim como todas as
demais instituições nacionais, devem assumir responsabilidades na construção de
uma sociedade livre, justa, solidária e que preserve o meio ambiente, como parte do
projeto de sociedade democrática desenhado na Constituição Federal de 1988
(artigo 3, inciso I). Elas devem ainda trabalhar pela redução das desigualdades
sociais e regionais e a promoção do bem de todos (artigo 3 incisos II e IV da
Constituição Federal). Contudo, esses compromissos a serem perseguidos pelos
sistemas de ensino e pelos professores também na Educação Infantil enfrentam
uma série de desafios, como a desigualdade de acesso às creches e pré escolas
entre as crianças brancas e negras, ricas e pobres, moradoras do meio urbano e
rural, das regiões sul/sudeste e norte/nordeste. Também as condições desiguais da
qualidade da educação oferecida às crianças em creches e pré-escolas impedem
que os direitos constitucionais das crianças sejam garantidos a todas elas. Todos os
esforços então se voltam para uma ação coletiva de superação dessas
desigualdades.
Em terceiro lugar, as Diretrizes partem de uma definição de currículo e
apresentam princípios básicos orientadores de um trabalho pedagógico
comprometido com a qualidade e a efetivação de oportunidades de desenvolvimento
para todas as crianças. Elas explicitam os objetivos e condições para a organização
curricular, consideram a educação infantil em instituições criadas em territórios não-
urbanos, a importância da parceria com as famílias, as experiências que devem ser
concretizadas em práticas cotidianas nas instituições e fazem recomendações
quanto aos processos de avaliação e de transição da criança ao longo de sua
trajetória na Educação Básica. Vejamos cada um desses pontos.
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8 - OS OBJETIVOS GERAIS E A FUNÇÃO SOCIOPOLÍTICA E PEDAGÓGICA
DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL
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9 - A VISÃO DE CRIANÇA E SEU DESENVOLVIMENTO
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consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar
problemas. Nesse processo, é preciso considerar que as crianças necessitam
envolver-se com diferentes linguagens e valorizar o lúdico, as brincadeiras, as
culturas infantis. Não se trata assim de transmitir à criança uma cultura considerada
pronta, mas de oferecer condições para ela se apropriar de determinadas
aprendizagens que lhe promovem o desenvolvimento de formas de agir, sentir e
pensar que são marcantes em um momento histórico.
Quando o professor ajuda as crianças a compreender os saberes envolvidos
na resolução de certas tarefas – tais como empilhar blocos, narrar um
acontecimento, recontar uma história, fazer um desenho, consolar outra criança que
chora, etc. – são criadas condições para desenvolvimento de habilidades cada vez
mais complexas pelas crianças, que têm experiências de aprendizagem e
desenvolvimento diferentes de crianças que têm menos oportunidades de interação
e exploração.
O impacto das práticas educacionais no desenvolvimento das crianças se faz
por meio das relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem
com os professores e as outras crianças e que afetam a construção de suas
identidades. Em função disso, a preocupação básica do professor deve ser garantir
às crianças oportunidades de interação com companheiros de idade, dado que elas
aprendem coisas que lhes são muito significativas quando interagem com
companheiros da infância e que são diversas das coisas de que elas se apropriam
no contato com os adultos ou com crianças já mais velhas.
À medida que o grupo de crianças interage, são construídas as culturas
infantis. Além de reconhecer o valor das interações das crianças com outras
crianças e com parceiros adultos e a importância de se olhar para as práticas
culturais em que as crianças se envolvem, as DCNEIs ainda destacam a brincadeira
como atividade privilegiada na promoção do desenvolvimento nesta fase da vida
humana.
Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e construir o novo,
conforme ela reconstrói o cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou
se distancie da realidade vivida, assumindo personagens e transformando objetos
pelo uso que deles faz. Na brincadeira de faz-de-conta se produz um tipo de
comunicação rica em matizes e que possibilita às crianças indagar sobre o mundo a
sobre si mesmas e por à prova seus conhecimentos no uso interativo de objetos e
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conversações. Através das brincadeiras e outras atividades cotidianas que ocorrem
nas instituições de Educação infantil, a criança aprende a assumir papéis diferentes
e, ao se colocar no lugar do outro, aprende a coordenar seu comportamento com os
de seus parceiros e a desenvolver habilidades variadas, construindo sua Identidade.
O campo de aprendizagens que as crianças podem realizar na Educação
Infantil é muito grande. As situações cotidianas criadas nas creches e pré-escolas
podem ampliar as possibilidades das crianças viverem a infância e aprender a
conviver, brincar e desenvolver projetos em grupo, expressar-se, comunicar-se, criar
e reconhecer novas linguagens, ouvir e recontar histórias lidas, ter iniciativa para
escolher uma atividade, buscar soluções para problemas e conflitos, ouvir poemas,
conversar sobre o crescimento de algumas plantas que são por elas cuidadas,
colecionar objetos, participar de brincadeiras de roda, brincar de faz-de-conta de
casinha ou de ir à venda, calcular quantas balas há em uma vasilha para distribuí-las
pelas crianças presentes, aprender a arremessar uma bola em um cesto, cuidar de
sua higiene e de sua organização pessoal, cuidar dos colegas que necessitam ajuda
e do ambiente, compreender suas emoções e sua forma de reagir às situações,
construir as primeiras hipóteses, por exemplo, sobre o uso da linguagem escrita, e
formular um sentido de si mesmo.
As instituições precisam conhecer a comunidade atendida, as culturas plurais
que constituem o espaço da creche e da pré-escola, a riqueza das contribuições
familiares e da comunidade, as crenças e manifestações dessa comunidade, enfim,
os modos de vida das crianças vistas como seres concretos e situados em espaços
geográficos e grupos culturais específicos. Esse princípio reforça a gestão
democrática como elemento imprescindível, uma vez que é por meio dela que a
instituição também se abre à comunidade, permite sua entrada, e possibilita sua
participação na elaboração e acompanhamento da proposta curricular.
A gestão democrática da proposta curricular deve contar na sua elaboração,
acompanhamento e avaliação, tendo em vista o Projeto Político-pedagógico da
unidade educacional, com a participação coletiva de professoras e professores,
demais profissionais da instituição, famílias, comunidade e das crianças, sempre que
possível e à sua maneira.
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10 - AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
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b) Para a concretização dos princípios políticos apontados para a área, a instituição
de Educação Infantil deve trilhar o caminho de educar para a cidadania, analisando
suas práticas educativas de modo a:
promover a formação participativa e crítica das crianças;
criar contextos que permitam às crianças a expressão de sentimentos, ideias,
questionamentos, comprometidos com a busca do bem estar coletivo e
individual, com a preocupação com o outro e com a coletividade;
criar condições para que a criança aprenda a opinar e a considerar os
sentimentos e a opinião dos outros sobre um acontecimento, uma reação
afetiva, uma ideia, um conflito.
garantir uma experiência bem sucedida de aprendizagem a todas as crianças,
sem discriminação, e lhes proporcionar oportunidades para o alcance de
conhecimentos básicos que são considerados aquisições valiosas para elas;
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positivos e produtivos ao trabalho dos colegas, a apreciar suas próprias produções e
a expor a adultos e crianças o modo como as fez.
Na integração dessas metas, “a proposta pedagógica das instituições de
Educação Infantil deve ter como objetivo principal promover o desenvolvimento
integral das crianças de zero a cinco anos de idade garantindo a cada uma delas o
acesso a processos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de
diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, ao
respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e interação com outras crianças”
(Resolução CNE/CEB nº 05/09, art.8º).
Nessa direção as práticas cotidianas na Educação Infantil devem:
considerar a integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-
motora, afetiva, cognitiva, lingüística, ética, estética e sociocultural das
crianças, apontar as experiências de aprendizagem que se espera promover
junto às crianças e efetivar-se por meio de modalidades de experiências que
assegurem as metas educacionais de seu projeto pedagógico.
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11 - PLANEJAMENTO DA AÇÃO PEDAGÓGICA
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Páscoa, dia das mães, dia das crianças, São João, Natal, entre outras. Geralmente,
o(a) professor(a) faz seu planejamento buscando mostrar a importância dessas
datas, fazendo objetos, desenhos, festas que as celebrem. Com certeza, as datas
festivas são importantes marcos de nossa vida social e momentos de integração
entre família e instituição. Mas quando o planejamento focaliza essas datas de forma
pré-concebida, o que acontece? Geralmente, os temas do trabalho se encontram
determinados, antes do encontro entre educador(a) e crianças. Afinal, no mês de
maio trabalhamos com o tema “mãe”, em junho com a festa junina, e assim por
diante... Pouco espaço se abre para temas que possam nascer da experiência do
grupo.
Por outro lado, essas datas são dominadas pela mídia e pelo impulso ao
consumo: comprar presentes, ter coisas novas, consumir objetos sempre novos. É
preciso muita atenção para não reproduzir com as crianças e famílias essas práticas
que valorizam mais o ter do que o ser. Assim, mais do que pensar o que vamos
comprar para nossa mãe no “dia dela”, seria interessante pensar o que queremos
dizer a ela, como podemos fazer algo para ela: um café da manhã, um bilhete, um
desenho. Muitas vezes, as instituições consideram importante trabalhar
exaustivamente as datas festivas e com isso não consideram outros interesses e
possibilidades de trabalho com as crianças. Festejar o dia do pai, por exemplo, pode
ser algo pensado de forma diferente, junto com as crianças. O planejamento ajuda a
garantir isso.
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certeza. No entanto, podemos perguntar: como se considera a continuidade entre
elas? O desenho se relaciona com a história, ou o recorte e colagem têm a função
de produzir algo coletivo? Ou são atividades desconectadas entre si, que acabam
funcionando como se fossem um pacote, um produto, que a criança tem de
consumir, uma coisa que o(a) professor(a) decidiu que é assim e pronto.Então as
crianças têm de cumprir, mesmo que não as interesse naquele momento?
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Pensar o planejamento institucional como possibilidade de prever e organizar
ações visando a articulação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental.
Depois de focalizarmos alguns aspectos fundamentais do ato de planejar o trabalho
diário com as crianças, tipos de planejamento diferentes, tanto das atividades como
das rotinas, vamos falar um pouco sobre a importância da continuidade entre a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental no planejamento institucional. No Brasil,
há diferentes experiências de passagem da Educação Infantil para o Ensino
Fundamental, mas, de modo geral, percebemos uma grande falta de articulação
entre os dois segmentos. Na Educação Infantil há espaço e tempo privilegiados para
o brincar e para a produção plástica (desenhos, pinturas, modelagens).
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marcados pela espera e pela passividade. - O planejamento deve englobar o
presente e o futuro das crianças, garantindo relações com o Ensino Fundamental.
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fotografias, desenhos, álbuns etc.), feita ao longo do período em muitos e
diversificados momentos.
A documentação dessas observações e outros dados sobre a aprendizagem
da
criança devem acompanhá-la ao longo de sua trajetória da Educação Infantil e ser
entregue por ocasião de sua matrícula no Ensino Fundamental, para garantir uma
atenção continuada ao processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança e
compromissada em apontar possibilidades de avanços.
Para garantir a continuidade dos processos de aprendizagem das crianças,
devem ser criadas estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição
vividos pela criança quando de seu ingresso na instituição de Educação infantil,
considerando a necessária adaptação das crianças e seus responsáveis às práticas
e relacionamentos que têm lugar naquele espaço, e visar ao conhecimento de cada
criança e de sua família pela equipe da Instituição, de suas mudanças de turmas no
interior da instituição, e sua transição da creche para a pré-escola, e desta para o
Ensino Fundamental.
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13 - GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA
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O mundo do trabalho teve sua lógica alterada e a educação, sobretudo a
qualificação profissional, passou a enfatizar a aquisição de conhecimentos e
habilidades cognitivas e comportamentais. Tais alterações interferem nas políticas
educacionais, redirecionando o pensar e o fazer político-pedagógico, o que
certamente traz implicações para a gestão escolar.
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No âmbito educacional, a gestão democrática tem sido defendida como
dinâmica a ser efetivada nas unidades escolares, visando a garantir processos
coletivos de participação e decisão. Tal discussão encontra respaldo na legislação
educacional.
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A gestão democrática é entendida como a participação efetiva dos vários
segmentos da comunidade escolar, pais, professores, estudantes e funcionários na
organização, na construção e na avaliação dos projetos pedagógicos, na
administração dos recursos da escola, enfim, nos processos decisórios da escola.
Portanto, tendo mostrado as semelhanças e diferenças da organização do trabalho
pedagógico em relação a outras instituições sociais, enfocamos os mecanismos
pelos quais se pode construir e consolidar um projeto de gestão democrática na
escola.
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MODALIDADES DE ESCOLHA DE DIRIGENTES ESCOLARES NO BRASIL E O
PAPEL POLÍTICO PEDAGÓGICO DO DIRETOR NA ESCOLA
b) diretor de carreira;
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A modalidade de acesso por concurso público nasce como contraponto à
indicação política. Vários interlocutores têm defendido essa forma de ingresso, por
transparecer objetividade na escolha por méritos intelectuais. Por entendermos que
a gestão escolar não se reduz à dimensão técnica, mas configura-se como ato
político, consideramos que essa modalidade valoriza demais as atividades
administrativas e burocráticas e secundariza o processo político-pedagógico, mais
abrangente. A defesa do concurso público de provas e títulos é bandeira a ser
empunhada e efetivada como forma de ingresso na carreira dos profissionais da
educação. Mas a prática tem mostrado que não é a forma mais apropriada de
escolha de dirigentes escolares. Além de desconsiderar a participação da
comunidade escolar, possui limites, como a transformação de diretores em “donos
da escola” que fica condenada a ter uma gestão identificada com a pessoa do
dirigente até sua aposentadoria.
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Trata-se de modalidade que se propõe valorizar a legitimidade do dirigente
escolar como coordenador do processo pedagógico no âmbito escolar. Em que
pese aos limites que se interpõem no curso dessa modalidade, fruto da cultura
autoritária que permeia as relações sociais e escolares, a eleição para dirigentes se
configura em uma modalidade a ser problematizada e avaliada, articulada ao
estabelecimento de premissas e princípios básicos, visando à democratização da
escola. A participação dos servidores nesse processo é fundamental para a escola e
para a constituição de sua identidade.
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A ideia básica é a da gestão como um processo de idas e vindas, construído
por meio da articulação entre os diferentes atores, que vão tecendo a feição que
esse processo vai assumindo. A gestão democrática é a expressão de um
aprendizado de participação pautado pelo dissenso, pela convivência e pelo respeito
às diferenças, em prol do estabelecimento de espaços de discussão e deliberação
coletivos.
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dos embates e das várias possibilidades políticas desencadeadas coletivamente
pelos diferentes atores em cada unidade escolar.
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14 - AUTONOMIA DA UNIDADE ESCOLAR: SUAS CONDIÇÕES INTERNAS E
EXTERNAS
CONCEITOS DE AUTONOMIA
o Faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de um
país se reger por leis próprias; emancipação; independência; sistema
ético segundo o qual as normas de conduta provêm da própria
organização humana. (HOLLANDA, 1983, p. 136)
o A autonomia é uma maneira de gerir, orientar as diversas dependências
em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico
ou social, de acordo com as suas próprias leis. (BARROS, 1998, p. 16)
o A autonomia é a possibilidade e a capacidade de a escola elaborar e
implementar um projeto político-pedagógico que seja relevante à
comunidade e à sociedade a que serve. (NEVES, 1995, p. 113)
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suas especificidades e, como tal, requer projetos e ações pensadas e elaboradas no
seu interior pelos segmentos que a compõem.
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A participação só será efetiva se os agentes que compõem a comunidade
escolar conhecerem as leis que a regem, as políticas governamentais propostas
para a educação, as concepções que norteiam essas políticas e, principalmente, se
estiverem engajados na defesa de uma escola democrática que tenha entre seus
objetivos a construção de um projeto de transformação do sistema autoritário
vigente.
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fortalecimento da participação estudantil por meio da criação e da consolidação de
grêmios estudantis; a construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico da escola;
a redefinição das tarefas e funções da associação de pais e mestres, na perspectiva
de construção de novas maneiras de se partilhar o poder e a decisão nas
instituições. É nessas direções que se implementam e vivenciam graus progressivos
de autonomia da escola.
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rever o modelo adotado pelos sistemas públicos, cuja estruturação e funcionamento
são até hoje característicos de um modelo centralizador.
CONSELHO ESCOLAR
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todos os segmentos da comunidade escolar e constitui-se num espaço de discussão
de caráter consultivo e/ou deliberativo.
Ele não deve ser o único órgão de representação, mas aquele que congrega
as diversas representações para se constituir em instrumento que, por sua natureza,
criará as condições para a instauração de processos mais democráticos dentro da
escola. Portanto, o conselho escolar deve ser fruto de um processo coerente e
efetivo de construção coletiva.
CONSELHO DE CLASSE
Nesse sentido, entendemos que o conselho de classe não deve ser uma
instância que tem como função reunir-se ao final de cada bimestre ou do ano letivo
para definir a aprovação ou reprovação de alunos, mas deve atuar em espaço de
avaliação permanente, que tenha como objetivo avaliar o trabalho pedagógico e as
atividades da escola. Nessa ótica, é fundamental que se reveja a atual estrutura
dessa instância, rediscutindo sua função, sua natureza e seu papel na unidade
escolar.
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A associação de pais e mestres, enquanto instância de participação constitui-
se em mais um dos mecanismos de participação da comunidade na escola,
tornando-se uma valiosa forma de aproximação entre os pais e a instituição,
contribuindo para que a educação escolarizada ultrapasse os muros da escola e a
democratização da gestão seja uma conquista possível.
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Quanto ao ato de escrever, o mesmo autor ressalta que “o próprio facto de
escrever sobre a própria prática, leva o professor a aprender através da sua
narração. A narração constitui-se em reflexão” (ZABALZA, 1994, p. 95).
Guarnieri (2001) diz que “registrar impressões, interpretações pessoais,
emoções, desconfortos, alegrias e, sobretudo, o ato de realizar a releitura desse
registro, parecem desencadear nas professoras uma visão mais aguçada do seu
universo de trabalho” (GUARNIERI, 2001, p. 8).
Para Warschauer (1993), o registro pode tornar-se um instrumento valioso ao
professor porque “o retrato do vivido proporciona condições especiais para o ato de
refletir” (WARSCHAUER, 1993, p. 61) e dá embasamento para as reflexões do
professor sobre sua atividade docente. O registro do percurso diário da prática
docente possibilita, em sua leitura, tomar certo distanciamento do que foi realizado,
revê-lo e dar novos direcionamentos ao trabalho, constituindo um instrumento
reflexivo.
O professor de Educação Infantil necessita mais do que nunca ressignificar
seu papel frente à sociedade acadêmica, desmistificando a velha máxima que
professora de crianças de zero a seis anos são meras cuidadoras e que o papel de
ensinar destina-se aos demais professores.
Em face das transformações que a Educação Infantil vem sofrendo,
principalmente a partir da década de 1970, quando aumentou o número de estudos
e pesquisas nessa área, de acordo com Sousa (1996), sabe-se que há inúmeras
discussões a respeito da dimensão do educar e cuidar na Educação Infantil.
Para atender as necessidades infantis, essas duas dimensões precisam aliar-
se, como relatado por Bujes no documento organizado pelo Movimento Interfóruns
de Educação Infantil do Brasil (2002).
Percebe-se na Educação Infantil, um caráter “assistencialista”, muitas vezes
restrito ao cuidado em relação às necessidades básicas da criança, como higiene e
alimentação. É necessário aliar os aspectos educacionais e assistenciais, ou seja,
aliar o educar e o cuidar.
Cerisara (1999) afirma que toda instituição social cumpre a tarefa de educar.
As instituições de Educação Infantil têm o desafio de educar e cuidar, sem
dicotomizar esses dois aspectos, uma vez que a formação da identidade e
personalidade da criança nos primeiros seis anos de vida torna a Educação Infantil
relevante para a aprendizagem das crianças.
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E, se a Educação Infantil, interfere e fundamenta a aprendizagem e a
educação de cada ser humano, pergunta-se: que tipo de profissional é necessário
para promover situações de aprendizagem sistemáticas e fundamentais para a
formação do sujeito?
Faz-se mister repensar o papel do profissional que atua com crianças da
Educação Infantil, pois estes, como afirma Nicolau (1990) podem “estimular ou
bloquear as buscas infantis”, bem como podem considerar “as tentativas infantis
como erros ou como parte de um processo construtivo” (p.209). Dessa forma, a
competência do professor é condição essencial para a qualidade educativa na
Educação Infantil. Portanto, este professor, para que possa criar situações
adequadas de trabalho, além de conhecer as etapas do desenvolvimento da criança,
necessita ter noções de como esta constrói o conhecimento, precisa ser um
pesquisador em contínuo processo de atualização, conforme afirma Sousa (1999).
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capacidade de pensar, discriminar, cooperar e ter a habilidade de se adaptar às
novas exigências do grupo e do meio.
Por acreditar em tais afirmações, buscou-se criar para a criança um
instrumento que respeitasse essas características das fases de aprendizagem e
também que possibilitasse a cada uma delas registrar seus conhecimentos de forma
espontânea. Por esse motivo o registro no diário do aluno será realizado por meio de
desenhos, uma vez que esse recurso é o início do processo de registro escrito, no
qual a criança exprime suas aprendizagens e apresenta algo significativo desse
momento de descobertas.
Na testagem prévia com 50 crianças de Educação Infantil, escolhidas
aleatoriamente em duas escolas, pode-se perceber desenhos desde a fase da
garatuja até o desenho estruturado que indica diferentes fases do desenvolvimento
infantil, conforme as imagens abaixo:
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Esse desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças
significativas desde a passagem dos rabiscos iniciais, ou seja, da garatuja (a ação
sobre a superfície do papel, podendo ser desordenada ou ordenada) para
construções cada vez mais elaboradas dos primeiros símbolos que podem ser
formas definidas que apresentam maior ordenação e podem estar se referindo a
situações de aprendizagem concretas em sala de aula.
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Diário da professora e do aluno
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disposições ou competências para aprendizagem. O aspecto de melhor prognóstico
foi a qualidade das interações que tiveram com os pais, e mais fortemente com seus
cuidadores e professores de pré-escola. Assim, enfatiza-se a relevância da atuação
do professor nessa etapa da escolarização, bem como a importância do seu papel
de pesquisador contínuo.
Quando as crianças fizeram o registro no Diário do Aluno foi visível o
interesse
demonstrado ao aprenderem sobre as teorias que abordam a extinção dos
dinossauros. Os comentários das crianças e os desenhos justificaram que o
momento foi significativo, provocou os aprendizes e permitiu a aquisição de novos
conhecimentos, num clima de descontração, conforme observado no desenho
retirado do diário dos alunos de 5 e 6 anos
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