Você está na página 1de 33

Direito Penal Militar

207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. PENAS PRINCIPAIS....................................................................................................... 3
1.1 RECAPITULANDO ................................................................................................... 3
1.2 PENA DE IMPEDIMENTO ....................................................................................... 3
1.2.1 Menagem ....................................................................................................... 3
1.3 PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU
FUNÇÃO .................................................................................................................................. 4
1.4 PENA DE REFORMA ............................................................................................... 5
2. PENAS ACESSÓRIAS ..................................................................................................... 6
2.1 PENAS ACESSÓRIAS PARA OS OFICIAIS ................................................................. 7
2.1.1 PERDA DE POSTO E PATENTE ......................................................................... 7
2.1.2 DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO.................................... 9
2.1.3 INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO ................................................... 10
2.2 PENAS ACESSÓRIAS PARA PRAÇAS – PENA DE EXCLUSÃO DAS FORÇAS
ARMADAS.............................................................................................................................. 11
2.3 PENAS ACESSÓRIAS PARA CIVIS .......................................................................... 13
2.3.1 PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA (artigo 103, CPM) .......................................... 13
2.3.2 INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA (artigo 104, CPM)
........................................................................................................................................... 14
2.4 SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR, TUTELA E CURATELA (artigo 105, CPM) ...... 16
2.5 SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (artigo 106, CPM) .................................. 16
3. MEDIDAS DE SEGURANÇA ........................................................................................ 17
3.1 PESSOAS SUJEITAS ÀS MEDIDAS DE SEGURANÇA .............................................. 17
3.2 MEDIDA DE SEGURANÇA PESSOAL DETENTIVA - INTERNAÇÃO EM MANICÔMIO
JUDICIÁRIO ............................................................................................................................ 18
3.3 MEDIDAS DE SEGURANÇAS PESSOAIS NÃO DETENTIVAS ................................... 22
3.3.1 CASSAÇÃO DE LICENÇA PARA DIRIGIR VEÍCULOS MOTORIZADOS............... 22
3.3.2 EXÍLIO LOCAL ................................................................................................ 22

1
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

3.3.3 PROIBIÇÃO DE FREQUENTAR DETERMINADOS LUGARES ............................ 23


3.4 MEDIDAS DE SEGURANÇA PATRIMONIAIS ......................................................... 24
3.4.1 INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO, SOCIEDADE OU ASSOCIAÇÃO ........... 24
3.4.2 CONFISCO ..................................................................................................... 24
4. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO ............................................................................... 25
5. APLICAÇÃO DA PENA NA ESFERA MILITAR ............................................................... 25
5.1 PRIMEIRA FASE .................................................................................................... 25
5.2 SEGUNDA FASE.................................................................................................... 27
5.2.1 AGRAVANTES ................................................................................................ 27
5.2.2 ATENUANTES ................................................................................................ 31
5.2.3 Quantum da agravação ou atenuação ......................................................... 32
5.2.4 Mais de uma agravante ou atenuante ......................................................... 33
5.2.5 Preponderantes ............................................................................................ 33
5.3 TECEIRA FASE ...................................................................................................... 33

2
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

1. PENAS PRINCIPAIS
1.1 RECAPITULANDO
O Código Penal Militar (CPM) disciplina 7 (sete) penas principais:
 Pena de morte.
 3 penas privativas de liberdades – reclusão, detenção e prisão.
A prisão substitui a reclusão e a detenção quando a condenação não é superior a dois
anos. Ademais, a prisão é cumprida no estabelecimento militar, portanto, é menos rigorosa
que as demais penas privativas de liberdade.
 Pena restritiva de liberdade – pena de impedimento (insubmisso).
 2 penas restritivas de direitos – suspensão do exercício do posto, graduação, cargo
ou função e pena de reforma.

1.2 PENA DE IMPEDIMENTO


A pena de impedimento é uma pena restritiva de liberdade, não há encarceramento,
e é destina única e exclusivamente ao crime de insubmissão, previsto no artigo 183, CPM, e
tem duração de três meses a um ano.
Insubmissão
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que
lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação:
Pena - impedimento, de três meses a um ano.

A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade,


sem prejuízo da instrução militar (artigo 63, CPM).
Pena de impedimento
Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da
unidade, sem prejuízo da instrução militar.

Ou seja, o insubmisso, uma vez condenado, cumprirá a pena de impedimento de


modo que ficará no recinto da unidade depois de terminado o expediente.

1.2.1 Menagem
O instituto da “Menagem”, medida cautelar não privativa de liberdade, comporta
dois tipos:
(i) “menagem” em quartel, em navio, prisão – cumprida na unidade militar; e

3
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

(ii) “menagem” liberdade, em cidade, em residência – cumprida em casa. O sujeito


poderá se deslocar dentro da cidade, sede do juízo, recolhendo-se em residência.
Exemplo1: militar reside no Rio de Janeiro e recebe uma menagem em residência da
sede do juízo do Rio de Janeiro. Trata-se de menagem em residência, cumprida na localidade
onde o militar reside.
Exemplo2: militar reside em São Paulo e comete crime militar no Rio de janeiro. Tal
militar cumprirá menagem em cidade, na localidade da sede do juízo, Rio de Janeiro.
Ademais, a menagem em cidade aplica-se ao civil na esfera federal.
O artigo 464, CPPM, disciplina o procedimento da insubmissão:
Art. 464. O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel
por menagem e será submetido à inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do
processo e da inclusão. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)

Se o insubmisso é capaz, ele será incluído e submetido a procedimento de duração


máxima de 60 dias.

1.3 PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU


FUNÇÃO
Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função
consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do
condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento
regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer
efeito, o do cumprimento da pena.
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na
reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em
pena de detenção, de três meses a um ano.

O posto é inerente ao oficial. A graduação é inerente à praça. O cargo ou a função é


inerente ao civil.
A pena de suspensão consiste na agregação*, no afastamento ou no licenciamento
temporário do condenado, conforme artigo 64, CPM.
*agregação significa que o militar estável fica excluído da hierarquia, ou seja, perde
promoções no período de agregação.
Exemplos de crimes com pena de suspensão:

4
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

- crimes de ordem arbitrária de invasão (artigo 170, CPM), trata-se de modalidade de


abuso de poder previsto no CPM.
Ordem arbitrária de invasão
Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o comandante de força, navio, aeronave ou
engenho de guerra motomecanizado a entrada de comandados seus em águas ou
território estrangeiro, ou sobrevoá-los:
Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos, ou reforma.

- exercício de comércio por oficial (artigo 204, CPM).


Praça que exerce comércio pratica falta disciplinar. Já o oficial que exerce comércio
comete crime militar, conforme artigo 204 do CPM:
Exercício de comércio por oficial
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência
de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista
em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:
Pena - suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma.

Alguns doutrinadores criticam o artigo 204 do CPM, entendendo que ele não possui
aplicação, por conta da desatualização de sua redação. A redação do aludido artigo contém
uma norma penal em branco e, por conta da reforma da lei civil, restaria desatualizado.
Ressalta-se que o período de suspensão não é computado como tempo de serviço,
ainda que o militar seja obrigado a comparecer periodicamente perante a autoridade militar.
O parágrafo único do artigo 64, CPM, prevê a conversão de pena de suspensão em
detenção se o condenando estiver na inatividade, o que o professor entende
inconstitucional, uma vez que o agente não pode ser punido por exercer o direito da
inatividade.
Na prática, à luz da Lei de Execuções Penais, o militar inativo cumprirá pena na esfera
comum, sendo que a pena convertida em privativa de liberdade, conforme parágrafo único
do artigo 64, CPM, será objeto de nova conversão.

1.4 PENA DE REFORMA


Pena de reforma
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não
podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem
receber importância superior à do soldo.

A pena de reforma tem natureza de pena restritiva de direitos.

5
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

A pena de reforma aplica-se ao militar estável*, condenado à situação de inatividade


compulsória, com proventos proporcionais ao tempo de serviço, não podendo perceber
mais de 1/25 (um vinte e cinco avos) do soldo, por ano de serviço, nem perceber
importância superior à do soldo (artigo 65, CPM).
*estável, pois reformar um militar sem estabilidade é dar um prêmio ao criminoso:
“cometa um crime e ganhe um prêmio da aposentadoria, ainda que parcial”. Destarte, o
militar que não tem estabilidade não tem a reforma como prêmio.
Destaca-se que o militar reformado não pode voltar ao serviço.
Exemplos de crimes com pena de reforma:
- ordem arbitrária de invasão (artigo 170, CPM)
Ordem arbitrária de invasão
Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o comandante de força, navio, aeronave ou
engenho de guerra motomecanizado a entrada de comandados seus em águas ou
território estrangeiro, ou sobrevoá-los:
Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos, ou reforma.

- exercício de comércio por oficial (artigo 204, CPM)


Exercício de comércio por oficial
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência
de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista
em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:
Pena - suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma.

Observação1: o soldo não é a remuneração total do militar, mas sim uma parcela
fundamental/básica. Um militar paraquedista, por exemplo, possui um plus ao soldo que
compensa seu desgaste orgânico.
Observação2: professor questiona que a CF/88 prevê que nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, ressalvadas o confisco (efeito da condenação ou pena) e a reparação
do dano (efeitos da condenação). No direito penal militar, o confisco pode ser medida de
segurança ou efeito da condenação. Nesse sentido, o professor entende que a família não
poderia ser atingida com a condenação do militar, devendo ser preservada a parcela da
família referente a pensão militar.

2. PENAS ACESSÓRIAS
Penas Acessórias
Art. 98. São penas acessórias:

6
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

I - a perda de posto e patente;


II - a indignidade para o oficialato;
III - a incompatibilidade com o oficialato;
IV - a exclusão das forças armadas;
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
VIII - a suspensão dos direitos políticos.
Função pública equiparada
Parágrafo único. Equipara-se à função pública a que é exercida em empresa pública,
autarquia, sociedade de economia mista, ou sociedade de que participe a União, o
Estado ou o Município como acionista majoritário.

As penas acessórias são cumuladas com as penas principais. O CPM não passou pela
reforma de 84, pelo que a aplicação da pena acessória pressupõe a pena principal.
Em outras palavras, as penas acessórias não são penas alternativas aplicadas em
substituição às penas privativas de liberdade.
O artigo 98 do CPM regra um rol taxativo de penas acessórias, quais sejam:
 para oficiais: (i) perda de posto e patente, (ii) indignidade para o oficialato e (iii)
incompatibilidade com o oficialato.
 para praças: exclusão das forças armadas.
 para civis: (i) perda da função pública e (ii) inabilitação para o exercício de função
pública (incluem-se os militares inativos, reformado e da reserva, que prestam tarefa por
tempo certo, tratados como civil)
 suspensão: (i) poder familiar, tutela ou curatela (no direito penal comum é um
efeito específico da condenação) e (ii) direitos políticos (no direito penal comum é efeito da
condenação).
Observação: o rol de penas acessórias, no direito penal comum, seriam efeitos da
condenação.

2.1 PENAS ACESSÓRIAS PARA OS OFICIAIS


2.1.1 PERDA DE POSTO E PATENTE
Perda de posto e patente
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de
liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações.

7
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Nos termos do artigo 99 do Código Penal Militar, a perda de posto e patente do


oficial resulta da condenação em pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos
e importa a perda das condecorações.
Ou seja, o oficial condenado:
 até dois anos: terá a reclusão e a detenção convertida em prisão ou em Sursis
(suspensão condicional da pena).
 por tempo superior a dois anos: terá a perda de posto e patente e perda das
condecorações.
O oficial condenado por tempo superior a dois anos perde o posto (grau hierárquico)
e a patente (título de oficial).
O artigo 107, CPM, disciplina as hipóteses de penas acessórias, que devem ou não
contar expressamente na sentença. Algumas penas acessórias não precisam contar
expressamente na sentença, é o caso da imposição da perda de posto e patente, que
decorre de condenação superior a dois anos.
Imposição de pena acessória
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição da pena acessória
deve constar expressamente da sentença.

Entretanto, segundo parte da doutrina, essa pena acessória não tem aplicação
imediata e automática com o trânsito em julgado porque os oficiais das forças armadas são
vitalícios e só podem perder o posto e a patente por decisão do Superior Tribunal Militar
(artigo 142, §3°, VI, CR/88).
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e
destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes,
além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com
ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;(Incluído pela Emenda Constitucional
nº 18, de 1998)

O inciso VI é um caminho administrativo, que regra que os oficiais das forças armadas
só perdem o posto e patente com decisão do Superior Tribunal Militar (STM). O julgamento
administrativo do oficial é realizado pelo conselho de justificação, que pode condená-lo e
8
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

declarar sua indignidade ou incompatibilidade, remetendo a decisão ao STM. É o STM que


deve declarar a perda de posto e patente do oficial.
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade
superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento
previsto no inciso anterior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

O inciso VII do §3° do artigo 142 da CF/88 submete ao julgamento administrativo o


oficial condenado, por sentença transitada em julgado, a pena privativa de liberdade
superior a dois anos.
Exemplo: oficial condenado a pena superior a dois anos, com trânsito em julgado. O
Procurador da Justiça Militar faz representação ao STM para que haja a declaração da perda
do posto e patente do oficial.
Pelo exposto, tem-se que a doutrina tem razão ao ensinar que a perda do posto e
patente não é automática, porquanto é o STM que deve declará-la.
Por outro lado, o artigo 125, §4°, CR/88 disciplina que o Tribunal de Justiça do Estado
ou a Justiça Militar do Estado deve declarar a perda do posto e patente do oficial e a perda
da graduação da praça:
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

2.1.2 DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO


Indignidade para o oficialato
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar
condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia*,
ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303,
304, 311 e 312.

* crimes de tempo de guerra


O artigo 100, CPM, disciplina a pena acessória de declaração de indignidade vinculada
a determinados crimes.
Trata-se de rol taxativo que vincula a aplicação da pena acessória de declaração de
indignidade para o oficialato.

9
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

É o STM que declara a indignidade, após o trânsito em julgado da sentença relativa


aos crimes aludidos no artigo 100, CPM.
Exemplo: o oficial condenado por estupro não será indigno do oficialato. Porém, se
condenado por ato libidinoso (artigo 235, CPM), o oficial será indigno do oficialato. Crítica:
lei completamente desproporcional.
Pederastia ou outro ato de libidinagem
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso,
homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano.

2.1.3 INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO


Incompatibilidade com o oficialato
Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar
condenado nos crimes dos arts. 141 e 142.

A pena de declaração de incompatibilidade com o oficialato aplica-se ao militar


condenado nos crimes dos artigos 141 e 142, CPM, que são crimes contra a segurança
externa do país:
Entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil
Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele
existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e
qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
Resultado mais grave
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas:
Pena - reclusão, de seis a dezoito anos.
§ 2º Se resulta guerra:
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.
Tentativa contra a soberania do Brasil
Art. 142. Tentar:
I - submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro;
II - desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o
território nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a
sua soberania;
III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos, para
os demais agentes.

10
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

 MP 2010 ES:
A indignidade para o oficialato é sanção administrativa disciplinar e sua aplicação
ocorre no âmbito administrativo disciplinar. A incompatibilidade para o oficialato é sanção
penal acessória e somente poderá ser aplicada pelo Poder Judiciário, mediante
procedimento próprio. (ERRADA, pois a incompatibilidade com o oficialato e a indignidade
podem ser declaradas administrativamente (142, §3°, inciso VI) e são sanções penais de
natureza acessória.)

2.2 PENAS ACESSÓRIAS PARA PRAÇAS – PENA DE EXCLUSÃO DAS FORÇAS


ARMADAS
Exclusão das forças armadas
Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior a
dois anos, importa sua exclusão das forças armadas.

O artigo 102, CPM, disciplina que a condenação da praça a pena privativa de


liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das Forças Armadas.
Já a CF/88 exige que a exclusão da praça da PM ou do CBM Estaduais se dê por
decisão do Tribunal competente (artigo 125, §4°, CR/88).
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Ou seja, na esfera estadual, a exclusão da praça da PM ou do CBM deve ocorrer pela


via judicial. Na esfera federal, a exclusão da praça pode decorrer da aplicação do artigo 102
supratranscrito.
Destaca-se que, nos termos do artigo 107 do CPM, a imposição de pena acessória de
exclusão das forças armadas deve constar expressamente da sentença.
Imposição de pena acessória
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição da pena acessória
deve constar expressamente da sentença.

Observação1: em nome da isonomia, parte da doutrina sustenta que deve haver


procedimento específico para a exclusão da praça das forças armadas, passando pelo crivo
do STM, nos termos do artigo 142, §3°, VII, CR/88:

11
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade


superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento
previsto no inciso anterior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Observação2: de acordo com a jurisprudência mais recente do STJ (HC 29575), a


pena de exclusão na esfera estadual deve ser requerida pelo Ministério Público Militar e
constar expressamente na sentença, não bastando a condenação.
PENAL PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME MILITAR. 1. NECESSIDADE DE
EXCLUSÃO MEDIANTE PROCESSO ESPECÍFICO. DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL. 2.
ORDEM CONCEDIDA. 1. O artigo 125, § 4º, parte final, da Constituição da República
subordina a perda de graduação dos praças das policias militares à decisão do Tribunal
competente, mediante procedimento específico. 2. Ordem concedida para excluir da
condenação a exclusão do paciente das Forças Armadas, que apenas poderá ser
imposta, se for o caso, em processo específico (STJ , Relator: Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 26/05/2008, T6 - SEXTA TURMA)

De maneira diversa, a exclusão do oficial não precisa constar expressamente em


sentença.
Observação3: o militar condenado por crime comum em pena superior a 4 anos
perde o cargo público:
Em caso de CRIME COMUM, a perda do cargo público constitui EFEITO DA
CONDENAÇÃO, quando a pena privativa de liberdade é superior a 04 (quatro) anos de
reclusão, sendo decidida tal questão na própria sentença condenatória, sem a
necessidade de instauração de procedimento específico para esse fim perante o Tribunal
Militar. (ARE 742879 AgR, Relator(a): Min. Luiz Fux, Primeira Turma, PUBLIC 22-10-2013)

Assim, conforme estudado, tem-se que o oficial das forças armadas, condenado por
crime comum ou militar, perde posto e patente por decisão do STM, caso haja condenação
acima de 2 anos.
Na esfera estadual, aplica-se o artigo 125, §4°, CF/88, em caso de crime militar, em
que a declaração de perda de posto e patente e graduação é realizada pelo tribunal de
justiça competente, TJ ou TJM.
Já o militar condenado por crime comum em pena superior a 4 anos submete-se aos
efeitos específicos do artigo 92, parágrafo único, do CP, não se aplicando o artigo 125, §4°,
CR/88, por se tratar de crime comum praticado por oficial dos estados:
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)

12
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um


ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro)
anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo
ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Observação4:
A perda do cargo, função ou emprego público - que configura efeito extrapenal
secundário - constitui consequência necessária que resulta, automaticamente, de pleno
direito, da condenação penal imposta ao agente público pela prática do crime de
tortura, ainda que se cuide de integrante da Polícia Militar, não se lhe aplicando, a
despeito de tratar-se de Oficial da Corporação, a cláusula inscrita no art. 125, § 4º, da
Constituição da República.
(STF - AI: 769637 MG , Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 25/06/2013,
Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 15-10-
2013 PUBLIC 16-10-2013)

A condenação no crime de tortura, previsto na lei 9455/97, tem como efeito


automático a perda do cargo.
Aqui não se aplica o artigo 125, §4°, CR/88, porquanto o crime de tortura é crime
comum.

2.3 PENAS ACESSÓRIAS PARA CIVIS


2.3.1 PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA (artigo 103, CPM)
Perda da função pública
Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil:
I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder
ou violação de dever inerente à função pública;
II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais de dois anos.
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, ou reformado,
se estiver no exercício de função pública de qualquer natureza.

13
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

De acordo com o artigo 103 do CPM, incorre na perda da função público o civil
condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder ou
violação de dever inerente à função pública ou condenado por qualquer outro crime a pena
privativa de liberdade superior a dois anos.
A perda da função pública aplica-se na hipótese do funcionário público condenado
em qualquer pena por crime impropriamente militar, com abuso de poder ou violação de
dever. Aplica-se também ao militar condenado a pena superior a dois anos, qualquer que
seja o crime praticado.
Na esfera comum, abuso de poder ou violação de dever geram a perda do cargo
quando há condenação a pena mínima superior a 1 ano.
Nos termos do artigo 107 do CPM, a imposição dessa pena acessória não precisa
constar expressamente da sentença.

2.3.2 INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA (artigo 104, CPM)


Inabilitação para o exercício de função pública
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de
dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de
crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função
pública.
Termo inicial
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função pública começa
ao termo da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança
imposta em substituição, ou da data em que se extingue a referida pena.

A pena de inabilitação para o exercício de função pública aplica-se ao condenado à


pena privativa de liberdade de reclusão superior a quatro anos, em virtude de crime
praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública.
O prazo da inabilitação para o cargo de função pública varia de dois a vinte anos e
começa ao termo de execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança
imposta em substituição, ou data em que se extingue a referida pena.
Computa-se no prazo das inabilitações temporárias o tempo de liberdade resultante
da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, se não sobrevém revogação
(artigo 108, CPM).
A reabilitação na esfera militar é causa de extinção da punibilidade da pena acessória
de inabilitação.

14
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

A inabilitação aplica-se ao civil e ao militar, incluindo-se os militares da reserva e


reformados que prestam tarefas por tempo certo (equiparados a civis).
No direito penal comum, reabilita-se com dois anos após o cumprimento da pena
(artigo 94, CP):
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período
de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde
que o condenado: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

No direito penal militar, a reabilitação pode ocorrer após cinco anos do


cumprimento da pena.
Reabilitação
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva.
§ 1º A reabilitação poderá ser requerida decorridos cinco anos do dia em que fôr
extinta, de qualquer modo, a pena principal ou terminar a execução desta ou da medida
de segurança aplicada em substituição (art. 113), ou do dia em que terminar o prazo da
suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, desde que o condenado:
a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima referido;
b) tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre absoluta
impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.
§ 2º A reabilitação não pode ser concedida:
a) em favor dos que foram reconhecidos perigosos, salvo prova cabal em contrário;
b) em relação aos atingidos pelas penas acessórias do art. 98, inciso VII, se o crime
fôr de natureza sexual em detrimento de filho, tutelado ou curatelado.
Prazo para renovação do pedido
§ 3º Negada a reabilitação, não pode ser novamente requerida senão após o
decurso de dois anos.
§ 4º Os prazos para o pedido de reabilitação serão contados em dôbro no caso de
criminoso habitual ou por tendência.
Revogação
§ 5º A reabilitação será revogada de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
se a pessoa reabilitada for condenada, por decisão definitiva, ao cumprimento de pena
privativa da liberdade.

Exemplo: sujeito condenado à inabilitação de 10 anos. Após cinco anos do


cumprimento da pena privativa, o sujeito, uma vez cumprido os requisitos, pode ser
considerado reabilitado.

15
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

2.4 SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR, TUTELA E CURATELA (artigo 105, CPM)


Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja qual
for o crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela,
enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segurança imposta em substituição
(art. 113).
Suspensão provisória
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a suspensão provisória do
exercício do pátrio poder, tutela ou curatela.

O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja qual for o
crime praticado, fica suspenso do exercício do poder familiar, tutela ou curatela, enquanto
durar a execução da pena ou da medida de segurança imposta em substituição.
Caso necessário, o juiz pode decretar a suspensão provisória do exercício do poder
familiar, tutela ou curatela ainda durante o processo.

2.5 SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (artigo 106, CPM)


Suspensão dos direitos políticos
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de
segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função
pública, o condenado não pode votar, nem ser votado.

No direito penal militar, a suspensão dos direitos políticos é uma pena acessória; na
esfera comum, é efeito da condenação.
Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança
imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função pública, o
condenado não pode votar, nem ser votado.
Nos termos do artigo 107 do CPM, a imposição dessa pena acessória não precisa
constar expressamente da sentença.

 Questão
De acordo com a legislação penal militar, a condenação da praça e do civil em pena
privativa de liberdade superior a dois anos implicam respectivamente a exclusão do militar
das forças armadas e a perda da função pública do civil. (CERTO)

16
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

 DPU 2007
A pena acessória de exclusão das Forças Armadas prevista no CPM será
obrigatoriamente aplicada à praça cuja condenação à pena privativa de liberdade for
superior a dois anos. (CERTO, artigo 102 do CPM)

3. MEDIDAS DE SEGURANÇA
Espécies de medidas de segurança
Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira
espécie subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a internação
em manicômio judiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao
manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de
outro. As não detentivas são a cassação de licença para direção de veículos motorizados,
o exílio local e a proibição de frequentar determinados lugares. As patrimoniais são a
interdição de estabelecimento ou sede de sociedade ou associação, e o confisco.

O artigo 110 do Código Penal Militar apresenta um rol de medidas de segurança mais
amplo do que aquele previsto no Código Penal comum.
Na esfera castrense, as medidas de segurança dividem-se em pessoais e patrimoniais.
 Pessoais: (i) detentivas – internação em manicômio judiciário e (ii) não detentivas
– cassação de licença para direção de veículos, exílio local e proibição de frequentar
determinados lugares.
 Patrimoniais: (i) interdição de estabelecimento e (ii) confisco.
As medidas de segurança pessoais se dividem em detentivas (internação) e não-
detentivas (restritivas de direitos).
Enquanto a pena tem caráter punitivo (punição e retribuição), a medida de segurança
tem finalidade preventiva.
Na reforma de 84, o CP converteu as medidas de segurança em penas restritivas ou
em efeitos da condenação. Já o CPM mantém o rol de medidas de segurança.

3.1 PESSOAS SUJEITAS ÀS MEDIDAS DE SEGURANÇA


Artigo 111, CPM:
Pessoas sujeitas às medidas de segurança
Art. 111. As medidas de segurança somente podem ser impostas:

17
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

I - aos civis;
II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena privativa de liberdade por
tempo superior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdido função, posto e
patente, ou hajam sido excluídos das forças armadas;
III - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 48;
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 115, com aplicação dos seus §§
1º, 2º e 3º.

Em regra, as medidas de segurança não se aplicam aos militares.


Aos militares somente aplica-se a medida de segurança de internação, no caso de
inimputabilidade por doença mental (ou substituição de pena do artigo 113), e a de cassação
de licença para direção de veículos motorizados.
Substituição da pena por internação
Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do art. 48 e
necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio
judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro.

O civil condenado na esfera militar deve ter sua pena executada na esfera comum,
através da LEP.
A medida de segurança é imposta em sentença, que estabelecerá as condições, nos
termos da lei penal militar (artigo 120, CPM). A propósito, o estrangeiro não precisa cumprir
a pena para ser expulso.
Imposição da medida de segurança
Art. 120. A medida de segurança é imposta em sentença, que lhe estabelecerá as
condições, nos termos da lei penal militar.
Parágrafo único. A imposição da medida de segurança não impede a expulsão do
estrangeiro.

3.2 MEDIDA DE SEGURANÇA PESSOAL DETENTIVA - INTERNAÇÃO EM MANICÔMIO


JUDICIÁRIO
Manicômio judiciário
Art. 112. Quando o agente é inimputável (art. 48), mas suas condições pessoais e o
fato praticado revelam que ele oferece perigo à incolumidade alheia, o juiz determina
sua internação em manicômio judiciário.
Prazo de internação

18
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

§ 1º A internação, cujo mínimo deve ser fixado de entre um a três anos, é por tempo
indeterminado, perdurando enquanto não fôr averiguada, mediante perícia médica, a
cessação da periculosidade do internado.
Perícia médica
§ 2º Salvo determinação da instância superior, a perícia médica é realizada ao
término do prazo mínimo fixado à internação e, não sendo esta revogada, deve aquela
ser repetida de ano em ano.
Desinternação condicional
§ 3º A desinternação é sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação
anterior, se o indivíduo, antes do decurso de um ano, vem a praticar fato indicativo de
persistência de sua periculosidade.
§ 4º Durante o período de prova, aplica-se o disposto no art. 92.

Aplica-se ao militar.
O artigo 112 do Código Penal Militar determina a internação em manicômio judiciário
do agente inimputável por alienação mental que oferece perigo à incolumidade alheia em
razão de suas condições pessoais e do fato praticado.
Neste ponto, a lei penal castrense adota o sistema vicariante que, em oposição ao
sistema do duplo binário, rejeita a possibilidade de aplicação cumulativa ou sucessiva de
pena e medida de segurança de internação.
Assim, aplica-se medida de segurança em lugar de pena, caso o autor do fato típico
ou ilícito seja inimputável e perigoso.
Aplica-se também quando houver semi-imputabilidade, nos termos do artigo 113:
Substituição da pena por internação
Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do art. 48 e
necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio
judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro.
Superveniência de cura
§ 1º Sobrevindo a cura, pode o internado ser transferido para o estabelecimento
penal, não ficando excluído o seu direito a livramento condicional.
Persistência do estado mórbido
§ 2º Se, ao término do prazo, persistir o mórbido estado psíquico do internado,
condicionante de periculosidade atual, a internação passa a ser por tempo
indeterminado, aplicando-se o disposto nos §§ 1º a 4º do artigo anterior.
Ébrios habituais ou toxicômanos
§ 3º À idêntica internação para fim curativo, sob as mesmas normas, ficam sujeitos
os condenados reconhecidos como ébrios habituais ou toxicômanos.

19
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

O artigo 112, CPM, regra que o tempo mínimo de internação é de 1 a 3 anos, sendo
que o tempo máximo de internação não pode superar a pena máxima abstratamente
cominada, conforme súmula recente do STJ, 527, que se aplica na esfera militar por questão
de isonomia:
Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o
limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/05/2015.

De outro lado, o STF entende que não há tempo máximo de internação, pelo que
aceita o limite de 30 anos.
O Código Penal Militar não prevê expressamente medida de segurança de
tratamento ambulatorial para o inimputável.
Nesse contexto, a doutrina sugere aplicação subsidiária do Código Penal comum,
sempre que a providência for benéfica ao acusado, nos casos de delitos sem violência, sem
gravidade, etc., com a aplicação da medida de tratamento ambulatorial.
No código penal comum há duas medidas de segurança: internação e tratamento
ambulatorial.
Exemplo: juiz reduz 2/3 da pena de 6 anos de sujeito condenado, por conta de sua
semi-imputabilidade. Porém, o juiz percebe a necessidade de tratamento, pelo que
substituiu a pena pela medida de segurança. Assim, o sujeito não pode ficar mais de 2 anos
internado, pois ele ficaria no máximo 2 anos cumprindo pena.
Observação1:
 Inimputável -> pode ficar internado conforme o máximo da pena abstratamente
cominada.
 Semi-inimputável -> internado conforme pena fixada na sentença que foi
substituída.
Observação2: a medida de segurança pessoal detentiva equivale aos artigos 96, 97,
98 do CP:
Espécies de medidas de segurança
Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

20
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem


subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Imposição da medida de segurança para inimputável
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se,
todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a
tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Prazo
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Perícia médica
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser
repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da
execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Desinternação ou liberação condicional
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica
fato indicativo de persistência de sua periculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a
internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a
3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Direitos do internado
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características
hospitalares e será submetido a tratamento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

 Questão CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - Específicos


Considere que decisão do conselho de justiça substitua a pena privativa de liberdade
imposta na sentença condenatória por tratamento ambulatorial, não obstante o réu ter
permanecido preso por sessenta dias e cumprido integralmente a pena anteriormente
fixada. Nessa situação, é incabível a decisão do conselho de justiça, mesmo diante de

21
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

incontestável demonstração da periculosidade do réu. (Questão CORRETA: hipótese de


semi-imputabilidade, em que há substituição privativa de liberdade por medida de
segurança de tratamento ambulatorial - sem previsão no CPM, mas que doutrina entende
cabível. A medida de segurança não pode ser imposta quando já extinta a punibilidade).
 Questão Cespe
91. As medidas de segurança pessoal são não‐ detentivas e detentivas, sendo estas
fixadas na mesma quantidade das penas privativas de liberdade cominadas abstratamente
nos tipos penais. (GABARITO: Errado, pois não há prazo máximo para medida de segurança.
Há prazo mínimo de 1 a 3 anos.)

3.3 MEDIDAS DE SEGURANÇAS PESSOAIS NÃO DETENTIVAS


3.3.1 CASSAÇÃO DE LICENÇA PARA DIRIGIR VEÍCULOS MOTORIZADOS
Aplica-se ao militar.
Artigo 115 do CPM:
Cassação de licença para dirigir veículos motorizados
Art. 115. Ao condenado por crime cometido na direção ou relacionadamente à
direção de veículos motorizados, deve ser cassada a licença para tal fim, pelo prazo
mínimo de um ano, se as circunstâncias do caso e os antecedentes do condenado
revelam a sua inaptidão para essa atividade e consequente perigo para a incolumidade
alheia*.
§ 1º O prazo da interdição se conta do dia em que termina a execução da pena
privativa de liberdade ou da medida de segurança detentiva, ou da data da suspensão
condicional da pena ou da concessão do livramento ou desinternação condicionais.
§ 2º Se, antes de expirado o prazo estabelecido, é averiguada a cessação do perigo
condicionante da interdição, esta é revogada; mas, se o perigo persiste ao termo do
prazo, prorroga-se este enquanto não cessa aquele.
§ 3º A cassação da licença deve ser determinada ainda no caso de absolvição do réu
em razão de inimputabilidade.

*Medida de segurança tem caráter preventivo.

3.3.2 EXÍLIO LOCAL


Exílio local
Art. 116. O exílio local, aplicável quando o juiz o considera necessário como medida
preventiva, a bem da ordem pública ou do próprio condenado, consiste na proibição de

22
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

que este resida ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na localidade, município ou
comarca em que o crime foi praticado.
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa
condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.

Aplica-se ao civil.
O exílio local consiste na proibição de que condenado resida ou permaneça, durante
um ano, pelo menos, na localidade, município ou comarca em que o crime foi praticado, em
face da necessidade de garantia da ordem pública ou para o bem do próprio condenado
(artigo 116, CPM).
O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a
execução da pena privativa de liberdade.
Observação: na lei de abuso de autoridade tem uma situação semelhante, que veda
o exercício de atividade policial em determinado distrito, conforme §5°, artigo 4º, da lei
4.898/65
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de
qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o
acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo
de um a cinco anos.

3.3.3 PROIBIÇÃO DE FREQUENTAR DETERMINADOS LUGARES


Proibição de frequentar determinados lugares
Art. 117. A proibição de frequentar determinados lugares consiste em privar o
condenado, durante um ano, pelo menos, da faculdade de acesso a lugares que
favoreçam, por qualquer motivo, seu retorno à atividade criminosa.
Parágrafo único. Para o cumprimento da proibição, aplica-se o disposto no
parágrafo único do artigo anterior.

Aplica-se para o civil ou para o militar que perdeu essa condição.


A proibição de frequentar determinados lugares tem natureza preventiva e consiste
em privar o condenado, durante um ano, pelo menos, da faculdade de acesso a lugares que
favoreçam, por qualquer motivo, seu retorno à atividade criminosa.
O cumprimento da proibição inicia-se logo que cessa ou é suspensa
condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.
Observação: no direito penal comum a proibição de frequentar determinados lugares
é uma pena restritiva de direitos.

23
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

3.4 MEDIDAS DE SEGURANÇA PATRIMONIAIS


3.4.1 INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO, SOCIEDADE OU ASSOCIAÇÃO
Para o professor é flagrantemente inconstitucional sancionar pessoa jurídica por
conta de uma reunião clandestina.
O artigo 118 do CPM dispõe:
Interdição de estabelecimento, sociedade ou associação
Art. 118. A interdição de estabelecimento comercial ou industrial, ou de sociedade
ou associação, pode ser decretada por tempo não inferior a quinze dias, nem superior a
seis meses, se o estabelecimento, sociedade ou associação serve de meio ou pretexto
para a prática de infração penal.
§ 1º A interdição consiste na proibição de exercer no local o mesmo comércio ou
indústria, ou a atividade social.
§ 2º A sociedade ou associação, cuja sede é interditada, não pode exercer em outro
local as suas atividades.

Exemplo: estabelecimento da marinha utilizado para reunião ilícita. Tal fato constitui
crime militar de insubordinação, pelo que o estabelecimento pode ser interditado, nos
termos do artigo 118, CPM.

3.4.2 CONFISCO
A medida de segurança patrimonial de confisco está prevista no artigo 119, CPM:
Confisco
Art. 119. O juiz, embora não apurada a autoria, ou ainda quando o agente é
inimputável, ou não punível, deve ordenar o confisco dos instrumentos e produtos do
crime, desde que consistam em coisas:
I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitui fato ilícito;
II - que, pertencendo às forças armadas ou sendo de uso exclusivo de militares,
estejam em poder ou em uso do agente, ou de pessoa não devidamente autorizada;
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
Parágrafo único. É ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, nos casos
dos ns. I e III.

Situação em que há material militar identificado no curso de inquérito policial militar


e ação penal, em relação aos quais a alienação, o porte e o uso são atos ilícitos.
No CPM, o confisco é medida de segurança.
Já no CP, o artigo 91 prevê o confisco como efeito automático da condenação:
Efeitos genéricos e específicos
24
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido
pelo agente com a prática do fato criminoso.

4. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO


O artigo 109 do CPM repete a redação do artigo 91 do CP elencando os efeitos
genéricos da condenação:
Obrigação de reparar o dano
Art. 109. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime;
Perda em favor da Fazenda Nacional
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional**, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido
pelo agente com a sua prática.

**hipótese semelhante ao do artigo 119, CPM. Assim, o confisco pode ser efeito da
condenação ou hipótese de mandado de segurança.
Os efeitos da condenação são genéricos e dependem do trânsito em julgado da
sentença condenatória, em que a sentença torna certa a obrigação de indenizar e gera o
confisco do instrumento e do produto do crime.
O sistema sancionatório do direito penal militar abrange penas principais, penas
acessórias, medidas de segurança e efeitos da condenação, sendo possível a cumulação
dessas sanções.

5. APLICAÇÃO DA PENA NA ESFERA MILITAR


5.1 PRIMEIRA FASE
Artigo 69 do CPM (aproxima-se do artigo 59, CP):

25
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

DA APLICAÇÃO DA PENA
Fixação da pena privativa de liberdade
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do
crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo
ou grau da culpa*, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios
empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de
tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou
arrependimento após o crime.
Determinação da pena
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve determinar qual delas é
aplicável.
Limites legais da pena
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos limites legais a quantidade da
pena aplicável.

O artigo 69 do CPM adota o critério trifásico para aplicação da pena privativa de


liberdade.
*“intensidade do dolo ou grau de culpa” = trata da visão psicológica-normativa, visão
ultrapassada por considerar a análise do dolo e da culpa na culpabilidade. O “dolus malus”
do critério psicológico-normativo era uma dolo valorado. Hoje não se aplica essa valoração,
uma vez que o dolo é vontade e consciência de realizar o tipo penal, é natural.
No artigo 59 do CP há 8 (oito) circunstâncias judiciais:
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Para aplicação da pena base há que se fazer um paralelo entre o artigo 69 do CPM e o
artigo 59 do CP, em que a insensibilidade prevista no CPM equivale à personalidade do CP, e
assim por diante.
A 1ª fase é a aplicação da pena base, com a orientação das circunstâncias judiciais.
26
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Nesse ponto, o CPM guarda semelhança com o CP para aplicação da pena.


Ademais, o artigo 58, CPM, regra os limites genéricos da penas privativas de
liberdade:
Mínimos e máximos genéricos
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o
mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

A pena base será fixada respeitando os limites específicos do tipo penal, que devem
respeitar os limites genéricos.

5.2 SEGUNDA FASE


Na 2ª fase analisa-se as agravantes e atenuantes para determinação da pena
intermediária.
5.2.1 AGRAVANTES
As agravantes estão previstas nos artigos 70 (rol taxativo) e 53 (sobre o concurso de
pessoas):
Circunstâncias agravantes
Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes ou
qualificativas do crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;

- fútil: motivo flagrantemente desproporcional


- torpe: crime mercenário
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;

- conexão finalista
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano
ou força maior;

- a embriaguez sempre agrava a pena para o militar (combina com o parágrafo único).
Para o civil, agrava a pena apenas se a embriaguez for preordenada.
d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou mediante outro recurso insidioso que
dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima;

27
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro


meio dissimulado ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

- companheiro(a) não entra nesse rol, em respeito ao princípio da legalidade não se


pode realizar analogia em in malam partem no direito penal.
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;

- artigo 61, inciso II, alínea g, do CP: com abuso de poder ou violação de dever
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.
h) contra criança, velho ou enfermo;

- “velho” é uma terminologia inadequada, o ideal seria utilizar idoso. Observa-se que
não há adolescente nesse rol, motivo pelo qual não se pode agravar a pena em crime
cometido contra o adolescente.
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;

- sujeito que aproveita de tragédia e realiza saques, etc.


l) estando de serviço;

- estar de serviço = agente que está na escalada de serviço e comete crime com nexo
causal com o serviço, é uma violação mais grave do que o crime cometido em serviço.
Militar de serviço difere da situação do militar em serviço. Neste, o crime se torna
militar por estar o agente em serviço, em função inerente a atividade militar.
Exemplo: o abandono de posto ocorre quando o militar está de serviço, pelo que se
aplica essa agravante.
 Questão - DPU
Considere que um tenente, estando em serviço, em área fora da administração
militar, tenha constrangido uma mulher à prática de conjunção carnal, mediante grave
ameaça, e por isso tenha sido preso em flagrante e denunciado pela prática do crime
previsto no art. 232 do CPM (estupro). Considere ainda que, durante o processo, tenha sido
juntada aos autos certidão de casamento do referido tenente com a vítima, fato ocorrido
após o dia do delito. Em face dessas considerações e com base no CPM, julgue o item que se
segue. Eventual pena será agravada pelo fato de o crime ter sido praticado durante o
serviço. (ERRADO, o militar está em serviço, fora de local sujeito a administração militar,

28
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

nessa situação o artigo 9º determina que trata-se de um crime militar. Se o militar estivesse
de serviço, sua pena seria agravada).
m) com emprego de arma, material ou instrumento de serviço, para esse fim
procurado;

- agente que procura material para o fim de cometer o crime.


Exemplo: sujeito vai ao paiol de armamento e pede uma pistola, induzindo a erro o
responsável, com o fim de cometer crime militar. Situação essa que difere do crime
cometido pelo militar que está em guarda que, utilizando de armamento do serviço, comete
um crime militar.
n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua administração;

- justiça militar é Poder Judiciário, local não sujeito a administração militar.


O inciso “n” deve seguir o raciocínio do parágrafo único deste artigo, pois civil que
comete crime no auditório da Justiça Militar não comete crime militar, não há
enquadramento no artigo 9°, III, CPM (“ III - os crimes praticados por militar da reserva, ou
reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os
compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos”).
A agravante se aplica ao militar, apesar da não previsão no parágrafo único.
o) em país estrangeiro.
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo no caso de embriaguez
preordenada, l , m e o , só agravam o crime quando praticado por militar.

- agravantes que se aplicam apenas aos militares:


“c” = ao militar, em qualquer caso, aplica-se a agravante de embriaguez. Ao civil,
aplica-se apenas na embriaguez preordenada.
“l” = de serviço.
“m” = com material militar.
“o” = no estrangeiro.
A alínea “n”, por interpretação lógica, também só pode ser aplicada ao militar.
Reincidência
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por
crime anterior.
Temporariedade da reincidência

29
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

§ 1º Não se toma em conta, para efeito da reincidência, a condenação anterior, se,


entre a data do cumprimento ou extinção da pena e o crime posterior, decorreu período
de tempo superior a cinco anos*.
Crimes não considerados para efeito da reincidência
§ 2º Para efeito da reincidência, não se consideram os crimes anistiados**.

*período de depuração que afasta a reincidência.


**anistia é causa de extinção de punibilidade. Em regra, a anistia é para crime
militares e crimes políticos. Excepcionalmente pode-se anistiar crimes comuns. Os crimes
anistiados não serão computados para efeito de reincidência.
Observação1: Em 2014, o STF decidiu que se as condenações anteriores não servem
para reincidência, também não servem para maus antecedentes (este possui caráter
residual), conforme HC 119200:
Ementa: Habeas corpus. Tráfico de entorpecentes. Dosimetria. Fixação da pena-base
acima do mínimo legal em decorrência de maus antecedentes. Condenações extintas há
mais de cinco anos. Pretensão à aplicação do disposto no inciso I do art. 64 do Código
Penal. Admissibilidade. Precedente. Writ extinto. Ordem concedida de ofício. 1.
Impetração dirigida contra decisão singular não submetida ao crivo do colegiado
competente por intermédio de agravo regimental, o que configura o não exaurimento da
instância antecedente, impossibilitando o conhecimento do writ. Precedentes. 2. Quando
o paciente não pode ser considerado reincidente, diante do transcurso de lapso temporal
superior a cinco anos, conforme previsto no art. 64, I, do Código Penal, a existência de
condenações anteriores não caracteriza maus antecedentes. Precedentes. 3. Writ
extinto. Ordem concedida de ofício. (STF - HC: 119200 PR , Relator: Min. DIAS TOFFOLI,
Data de Julgamento: 11/02/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-048 DIVULG
11-03-2014 PUBLIC 12-03-2014)

Os maus antecedentes são condenações anteriores transitadas em julgado que não


servem para reincidência.
Exemplo: agente com três condenações nos últimos 5 anos - uma condenação é
reincidência, as outras são maus antecedentes.
Ademais, o enunciado 444 do STJ regra que:
Súmula 444/STJ. Pena. Fixação da pena. Pena-base. Inquéritos policial. Ação penal em
curso. Agravação da pena-base. Inadmissibilidade. CP, art. 59.
«É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a
pena-base.»

30
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

5.2.2 ATENUANTES
As atenuantes estão previstas nos artigos 72:
Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
Circunstância atenuantes
I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos;

- O CP regra que que o agente deve ser menor de 21 na data do fato e maior de 70 na
data da sentença. Já no Direito Penal Militar o agente deve ser maior de 21 e menor que 70
anos na data do fato.
A doutrina sugere uma interpretação benéfica, pois se o CPM não regra o assunto,
poder-se-ia aplicar a regra do CP.
Entretanto, uma interpretação sistemática do CPM, por meio do seu artigo 129,
sugere que se deve considerar a data do fato: “Redução, art. 129. São reduzidos de metade
os prazos da prescrição, quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um
anos ou maior de setenta.”
II - ser meritório seu comportamento anterior;

- não tem correspondência no CP.


Exemplo: cabo Valdívia salva mulher na Baía de Guanabara e ganha uma medalha.
Após, o cabo comete um crime, mas como ele tem medalha pelo seu comportamento
anterior, sua pena poderá ser atenuada.
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

- correspondência no artigo 65, III, CP.


b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;

- correspondência no artigo 65, CP.


No direito penal militar não existe o arrependimento posterior.
O CPM prevê a reparação de danos nos crimes patrimoniais não violentos na parte
especial, denominando-os de crimes atenuados.
c) cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto
da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime,
ignorada ou imputada a outrem;

31
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

- confissão espontânea no CPM exige que a autoria seja ignorada ou atribuída a


outrem. Se a autoria do crime já era conhecia, o CPM não atenua a pena do agente.
Recentemente, o STF decidiu que se a confissão foi utilizada para lastrear a
condenação, ela tem que atenuar a pena.
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei.

- sem correspondência no CP, é uma atenuante exclusiva dos militares.


Exemplo: militar pratica delito contra o superior, que usa de rigor excessivo não
previsto em lei.
Não atendimento de atenuantes
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, ao juiz é
facultado atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo.

- quando o juiz aplica a pena no grau mínimo, com pena de reclusão de 30 anos (no
lugar de pena de morte), a pena não será atenuada.

5.2.3 Quantum da agravação ou atenuação


Quantum da agravação ou atenuação
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar
o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena
cominada ao crime.

Se a pena é de 1 a 5 anos e o juiz aplica a pena no mínimo de 1 ano, tal pena não
pode ser atenuada, pois não pode ficar abaixo do mínimo legal.
Se ocorrer o agravamento da pena, o quantum também não pode passar do máximo
da pena prevista em lei.
Com efeito, no direito penal militar não é necessária a aplicação da Súmula 231 STJ,
pois a regra está expressa no artigo 73, CP.
Enunciado 231, STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal.

O professor é contra a súmula do 231, STJ, pois entende que ela fere o princípio da
individualização da pena e não há previsão sobre o assunto no Código Penal.
Observação: no direito penal comum a lei não regra o quantum de agravação ou
atenuação.

32
www.cursoenfase.com.br
Direito Penal Militar
207.04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

5.2.4 Mais de uma agravante ou atenuante


Artigo 74, CPM:
Mais de uma agravante ou atenuante
Art. 74. Quando ocorre mais de uma agravante ou mais de uma atenuante, o juiz
poderá limitar-se a uma só agravação ou a uma só atenuação.

Não tem correspondência no CP.

5.2.5 Preponderantes
Concurso de agravantes e atenuantes
Art. 75. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do
limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente, e da
reincidência. Se há equivalência entre umas e outras, é como se não tivessem ocorrido.

Preponderantes são reincidência, personalidade e motivos determinantes, conforme


artigo 67, CP:
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do
limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

As preponderantes vencem as agravantes genéricas.

5.3 TECEIRA FASE


Na 3ª fase, aplica-se o artigo 76, CPM, que são as majorantes e minorantes, podendo
a pena ficar acima do máximo ou aquém do mínimo:
Majorantes e minorantes
Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais de aumento ou diminuição da pena, não
fica o juiz adstrito aos limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos da espécie
de pena aplicável (art. 58).
Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se a um só
aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou
diminua.

33
www.cursoenfase.com.br

Você também pode gostar