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ATIVIDADES LÚDICAS COMO RECURSO METODOLÓGICO DE

APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Evilla Ranna Santos Ribeiro1


Maria Antonieta Pereira Tigre Almeida2

RESUMO: Este artigo apresenta uma pesquisa que teve o intuito de salientar a importância
das atividades lúdicas na Educação Infantil e reflexões sobre a utilização de atividades lúdicas como
recurso metodologico em geral. E propõe-se destacar a importância da atividade lúdica como
facilitador da aprendizagem para alunos (as) da Educação Infantil. A educação infantil é a primeira
etapa de uma longa caminhada educacional, sendo esta uma fase de extrema importância para a
vida de qualquer indivíduo, é na primeira infância que ocorre uma da mais importante fase do
desenvolvimento humano na sua parte física, mental e cognitiva, é a época em que a criança está
mais propícia ao aprendizado, o período em que a vontade de descobrir e de experimentar novas
sensações se faz presente a todo instante, sabe-se ainda que é nesta fase do desenvolvimento que o
cérebro em quase sua totalidade é formado, também a fase em que se desenvolve os meios de lidar
com as questões emocionais que vão surgir ao longo da vida. Há uma gama de conhecimentos
envolvendo o ser criança e como os profissionais da área da educação precisam estar atentos sobre
como irão desempenhar as mediações e as interações que são necessárias para o desenvolvimento
cognitivo desta criança O método para a construção deste artigo foi à pesquisa bibliográfica mediante
o método descritivo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação garante o direito a educação a todos. A
construção deste artigo foi possível salientar que a ludicidade é de extrema revelancia para o
desenvolvimento integral da criança, bem como facilitador da aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Atividade Lúdica. Aprendizagem. Educação Infantil.

ABSTRACT: This article presents a research that aimed to highlight the


importance of play activities in early childhood education and reflections on the use
of play activities as a methodological resource in general. And it is proposed to
highlight the importance of playful activity as a facilitator of learning for students of
kindergarten. Early childhood education is the first stage of a long educational
journey, being an extremely important stage in the life of any individual. It is in early
childhood that one of the most important stages of human development occurs in its
physical, mental and cognitive part. It is the time when the child is most conducive to
learning, the period when the desire to discover and experience new sensations is
present all the time, it is also known that it is at this stage of development that the
brain in almost its entirety It is formed, also the phase in which develops the means

1
Aluna do curso de graduação em pedagogia da NASSAU () E-mail: evillaranna@gmail.com
2
Professor Orientador
to deal with the emotional issues that will arise throughout life. There is a range of
knowledge surrounding being a child and how education professionals need to be
aware of how they will perform the mediations and interactions that are necessary for
the cognitive development of this child. The descriptive method. The Education
Guidelines and Bases Act guarantees the right to education for all. The construction
of this article was possible to point out that playfulness is extremely important for the
integral development of the child, as well as facilitator of learning

KEYWORDS: Play activity. Learning. Child education.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo de conclusão de graduação propõe-se destacar a


importância das atividades lúdicas como recurso metodológico de aprendizagem
para desenvolvimento dos (as) alunos (as) na Educação Infantil.
Houve um tempo em que não existiam crianças no mundo. Segundo Ariés
(1978), as crianças eram consideradas um “adulto em miniatura”. Tinham que se
vestir com trajes de adultos, porém em tamanho reduzido. Foi só no século XVII que
surgiu a ideia de infância: a sociedade começou a perceber que aqueles pequeninos
seres tinham um jeito de pensar, ver e sentir característicos.
Os primeiros anos de vida são marcados por descobertas, experiências e
aprendizagens que se dão, principalmente, por meio da interação.
Ao optar pelos jogos de exercícios e as brincadeiras de faz-de-conta, o
professor estará criando uma atmosfera de motivação que permite aos alunos
participarem ativamente do processo ensino-aprendizagem, assimilando
experiências e informações, e, sobretudo, incorporando atitudes e valores.
O uso do jogo não deve ser considerado um evento ao acaso ou uma atividade
isolada com um fim em si mesmo. Brincadeira deve ser considerada uma atividade
dentro de uma sequência definida de aprendizagem e um meio a ser usado para
alcançar certos objetivos educacionais.
O brincar estar presente em diferentes tempos e lugares e de acordo o
contexto histórico, a criança está inserida com o seu poder de imaginação e criação.
Justifica-se a escolha do tema, devido ao fato que, através das atividades
lúdicas que se busca uma maior interação entre os alunos incluso com o grupo de
crianças no ambiente escolar é, portanto, nas brincadeiras, nos jogos simbólicos,
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musicas, artes que as crianças adquirem experiências e acontecem as trocas de
conhecimentos, que são imprescindíveis ao seu desenvolvimento, e claro,
respeitando e diminuindo as diferenças e limitações de cada um.  
A metodologia utilizada terá como base os autores que estudam a importância
das atividades lúdicas na educação infantil e para esse estudo dialogamos com
Kulhman (2004), Vygotsky (1984), Piaget (2003).
A introdução de atividades lúdicas na pratica pedagógica a partir de
experimentação no processo ensino aprendizagem constitui atividades físicas e
mentais que favorecem tanto o desenvolvimento pessoal como a sociabilidade de
forma integral e harmoniosa.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para melhor compreensão da relevância da pesquisa intitulada “Atividades


Lúdicas Como Recurso Metodológico De Aprendizagem Na Educação Infantil. ”, é
necessário que se conheça sobre diretrizes e a contribuição da metodologia lúdica
para facilitar a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo de crianças da
educação infantil e como as mesmas favorecem o desenvolvimento da criança. Ao
decorrer desse artigo procuraremos remeter as reflexões sobre a importancia das
atividades lúdicas na educação infantil tendo sido possivel desvendarem que a
ludicidade é de extrema revelancia para o desenvolvimento integral da criança.
A brincadeira ocupa lugar de destaque no cotidiano infantil e é vista como um
recurso facilitador da aprendizagem. Na brincadeira a criança revive suas alegrias,
seus medos, seus conflitos, resolvendo os a sua maneira e transformando sua
realidade naquilo que quer, interligando regras de conduta, desenvolvimento valores
que orientarão seu comportamento.
A partir da leitura prévias dos autores Vygotsky (1984), Oliveira
(2011),Kishimoto (1998), Piaget (2003) entre outros, podemos constatar que a
brincadeira é um recurso que a criança usa para se relacionar com o ambiente físico
e social de onde vive, despertando sua curiosidade e ampliando seus
conhecimentos e suas habilidades, sejam elas motoras cognitivas ou linguísticas, e
assim, temos os fundamentos teóricos para deduzirmos a importância que deve ser
dada à experiência pré-escolar da criança.

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2. A TRAJETÓRIA DA INFÂNCIA NA HISTÓRIA

No que se refere às crianças serem vistas como sujeito de direitos há uma


longa caminhada que foi sendo construída à medida que a sociedade foi
desenvolvendo economicamente. Para que possamos compreender a Educação
Infantil nos dias atuais faz-se necessário debruçarmos sob o passado, no qual a
criança e o sentimento de infância inexistiam, ou pelo menos, naquele contexto
social não era possível enxergar a fase infantil como uma etapa de extrema
relevância para a vida de qualquer ser humano.
No século XII a sociedade era predominantemente medieval voltada para o
campo em torno dos castelos e mosteiros nesse contexto social a existência do
sentimento de infância era desconhecida, não havia espaço para um ser tão frágil e
dependente. Com o começo da crise feudal e a expansão do comércio a vida no
campo aos poucos vai perdendo espaço para a urbanização, as pessoas
começaram deixando as dependências dos castelos e do campo para
estabelecerem cidades, devido ao crescimento repentino da população urbana,
juntamente com a mudança social, cultural e política em curso fez nascer grandes e
graves problemas de ordem social, devido à falta de saneamento adequado,
alimentação escassa ou de baixa qualidade o índice de mortalidade aumentou
drasticamente nesse período.
A morte de menores havia se tornado algo banal, natural que mesmo aos
pais notava-se a falta do sentimento de dor ao perder um filho ainda pequeno, esse
desprendimento em relação a morte de um ser ainda tão pequeno é algo muito
distante da realidade contemporânea. Philippe Airés pioneiro em estudar o processo
que a infância se desenrolou e evidencia bem claro a relação ao se lidar com a
morte infantil.

Não se pensava, como normalmente acreditamos hoje, que a criança já


contivesse a personalidade de um homem. Elas morriam em grandes
números. ‘As minhas morreram todas pequenas’, dizia ainda Montaigne.
(…) consta que durante muito tempo se conservou no País Basco o hábito
de enterrar em casa, no jardim, crianças mortas sem batismo. Talvez
houvesse aí uma sobrevivência de ritos muitos antigos, de oferendas
sacrificiais. Ou será que simplesmente as crianças mortas muito cedo eram
enterradas em qualquer lugar, como hoje se enterra um animal doméstico.
Airés, 1978, p.22

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Aos menores que conseguiam sobreviver os primeiros anos de vida e já não
eram dependentes de sua mãe ou amas, logo eram introduzidas totalmente ao
mundo dos adultos para ajudar nas tarefas do cotidianoo, mesmo sendo atividade
braçal ou de grande esforço físico eram encarregados a fazerem, pois para a época
significavam apenas adultos pequenos, ou mais comuns adultos imperfeitos.
Entre crianças e adultos o que lhe diferenciavam era somente o tamanho,
pois suas vestes, gestos, costumes seguiam os mesmos aos dos homens e
mulheres presente em seu contexto social, aos pequenos nada era poupado ou
encoberto mesmo no que diz respeito a fala, não havia pudor em abordar assunto de
qualquer natureza, não eram impedidos de presenciar qualquer cena, sendo está de
violência ou de cunho sexual tudo era naturalmente exposto as crianças ‘(…) Luís
XIII ainda não tem um ano de vida : Ele dá gargalhada quando sua ama lhe sacode
o pênis com a ponta dos dedos. Brincadeira encantadora que a criança não demora
a dominar (...)’ Philippe Ariés 1978.
Com a crescente mudança no comportamento da sociedade, nos séculos
XV, XVI e XVII o desenvolvimento científico faz com que o homem passe agora a
ser o centro e não mais a religião ou Deus, começa também a perceber nas
camadas que detinham maior renda, uma mudança em relação a percepção da
infância, distinguindo suas vestes, preocupando com a educação, não sendo mais
natural as crianças se misturarem aos adultos em assuntos específicos nem se
sentar com eles a mesa.
Ainda distante de como vemos o ser criança hoje, essa nova forma fica
intitulada como ‘paparicação’ a criança passa a ser considerada e vista como um ser
de ingenuidade e delicadeza colocando-as como um ser para divertimento ou
manipulação ideológica dos adultos, este é um sentimento novo para a população
da época ao qual surgiram críticas a este modelo.
Para alguns estudiosos da época está paparicação, que já não era só
praticado pelas famílias abastadas, fazia com que as crianças ficassem mal-
educadas era para muito incompreensível o tempo dedicado a elas. (…). Não posso
conceber essa paixão que faz com que as pessoas beijem as crianças recém-
nascida, que não tem ainda um movimento de alma, nem forma reconhecível no
corpo pela qual se possam tornar amável. (…) Ariés 1978.

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Para Ariés 1978 a sociedade vive agora o dualismo de dois sentimentos de
infância, o primeiro que nasce no seio da família, bem possível vindo das mães e
amas por passarem mais tempo com eles, ‘a paparicação’, o segundo sentimento
nasce no exterior da família, veem contrapor este mimo, pois de acordo com os
eclesiasticísticos, homens moralistas do século XVII que estavam preocupados com
a disciplina a racionalidade e conservação dos costumes, eles se opunham a
enxergar as crianças como meros brinquedos encantadores nas mãos dos adultos,
este segundo sentimento é incorporado a família, trazendo também uma maior
preocupação com a higiene e saúde.

2.1 A CONSTRUÇÃO DA CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA

A obra de Ariés 1978 deixa explicitamente, que além da criança ter sido
negligenciada durante vários séculos havia outra mazela bastante praticada na
sociedade passada, a exploração do trabalho infantil no qual teve seu maior pico
com a revolução industrial no século XIX, os proprietários das fábricas preferiam
contratar menores oriundos de baixa classe social para os trabalhos devido a mão
de obra barata e a falta de controle por parte das autoridades o número de menores
trabalhando aumentava cada vez mais, por vezes morriam nas dependências dos
estabelecimentos devido as condições insalubres a quais eram submetidos.
Estes fatos deram espaço para começar a discussão e formulação de leis
com o intuito de inibir a exploração de crianças e a discussão sobre a escolaridade
obrigatória. A infância começa a ser vista como um período que necessita de
cuidados e preparação para chegar a vida adulta, porém as segregações de classes
continuam a predominar sendo acessível somente para filhos da sociedade elitizada
frequentar as instituições de ensino.
O surgimento da escola a princípio está ligado ao cunho de assistência sem
uma proposta pedagógica definida está era chamada de asilo para estudantes
pobres sendo provido por doadores. Com a mudança do modo de vida da sociedade
este estabelecimento que era pequeno foi se estendendo e tomando corpo de
escola, nasce também de alguns pensadores o interesse em estudar as crianças e
começam a ser abordadas teorias que defende a infância como uma etapa que

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necessita de cuidados diferentes dos adultos, consequentemente essas teorias além
de serem incorporadas as famílias também é difundida nas escolas.
As instituições de ensino perpassam por várias formas de conduzir a
educação de seus alunos, tendo como ponto de partida o contexto em que se vivia,
temos um ensino rígido normalizador que prega castigos físicos aos que não segue
regras, temos em outro lado a escola que manipula os alunos incutindo a eles
ideologias elitizadas onde quaisquer forma de questionamento era impedido com
severo rigor, uma dessa época foi o período da ditadura militar, esse ensino para
manipular as crianças vemos presente também na preferência de os portugueses
quererem catequizar as crianças indígenas a fim de que consequentemente elas
conseguissem passar para seu grupo familiar a ideologia pregada.
A concepção de infância passou e passa por mudanças ao longo da história,
o contexto social em que ela está disposta é o que delimita e estimulam os debates
acerca do tema, entre os séculos XVIII e XIX pensadores começam a elaborar base
para um sistema de ensino centrado mais na criança, entendendo que essa fase
demanda necessidades próprias e características diferenciadas aos dos homens e
mulheres.
Autores como, Comênio, apud Oliveira 2011, usou a palavra ‘jardim de
infância’ como lugar da educação de crianças pequenas, Rousseau, apud Oliveira
2011, defendia que a infância tinha valor em si mesmo, no qual a criança teria de
viver a plenitude desta fase, devendo ser o ensino orientado por um adulto
Pestalozzi, apud Oliveira 2011, considerava que a fonte da educação estaria na
bondade e no amor defendia a educação pautada no desenvolvimento afetivo,
Froebel, apud Oliveira 2011, trazendo uma proposta educacional que incluía
atividade de cooperação e jogos abordando a liberdade da criança a autoeducação.
Com a busca da história da infância no passado podemos observar em
muitos aspectos que estes pequenos seres foram esquecidos a margem da
sociedade ficando à mercê de manipulações, esse percurso histórico tem um rastro
de sangue, desvalorização, morte e abandono, a falta de compreender essa etapa
da vida com especificidades próprias fez que houvesse um grande número de
crianças mortas. A volta ao passado se faz relevante para que possamos visualizar
a necessidade e o surgimento de leis que assegurassem o direito de ser e viver a
infância de forma segura.

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Ficou claro também que desde a antiguidade a utilização da educação como
instrumento de manipulação para difundir e assegurar a vivência da elite nas
sociedades, além do qual, os que eram oriundos de camadas baixas da sociedade
não tinha direito a educação, quando tinham, era uma educação de má qualidade.
Podemos constatar que vários problemas de cunho social presentes a
séculos atrás ultrapassou a barreira do tempo e nos dias atuais deparamos com
estes mesmos problemas.

2.2 BREVE CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

Desde o passado ficou vinculado a família a preocupação com a educação


das crianças, sendo de responsabilidades da mulher este zelo para com os menores
e com todas atividades domésticas, pois os homens eram os mantenedores dos
lares, tendo que trabalhar fora. No Brasil até o século XIX não existia instituições
como creches, porém devido a exploração de mulheres negras e índia pelo senhor
branco fazia com que várias crianças fossem abandonadas em fazendas, nas
cidades havia a ‘roda dos enjeitados’ na qual as mães deixavam suas crianças.
É somente com a chegada e consolidação das fábricas que começa a
nascer aqui às instituições voltadas aos menores, com a expansão urbana e a
revolução industrial as mulheres passam a trabalhar mudado o cenário da sociedade
estritamente patriarcal, com salário inferior aos dos homens e tendo que deixar os
filhos com ‘criadeiras’ para ir ao trabalho ou levá-los junto consigo.
A má condição de higiene, saneamento e desnutrição era presente nesse
ambiente, preocupados que as mulheres deixassem os trabalhos nas fábricas, por
se tratar de mão de obra barata, os donos das fábricas começam a montar
instituições com o intuito que os filhos das funcionárias frequentassem no momento
em que suas mães trabalhavam, as creches se ocupavam da saúde, higiene física e
cuidado desses menores, não havia cunho pedagógico proposto era somente
assistência.
Nessa época surgem os jardins de infância que eram frequentados por
criança economicamente favorecida, no qual havia uma educação com cunho
pedagógico e não somente assistência como o que ocorria nas creches.

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Ainda hoje podemos notar que há na sociedade uma forte corrente de que a
creche é somente para a criança ‘passar o tempo’ que não existe aprendizado, a
uma ligação ao assistencialismo desse setor para com a criança.
Com a Constituição Federal de 1988 fica assegurado em lei o direito a
Educação a todos sendo este dever do Estado e da Família, garantindo direito às
creches tirando delas o caráter somente assistencialismo passando a ter cunho
educacional.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
IV - Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)
anos de idade; (Constituição Federal 1988).

Com a Constituição Federal (1988) percebe se que a criança passa a ter voz
dentro da sociedade não mais é um ser invisível, pelo menos não mais para a lei, ela
se torna sujeito de direitos e deveres, notamos desse modo o avanço no
entendimento desta fase na qual necessita ser protegida e assegurar que as
crianças tenham os meios necessários para gozar da infância. Após a C.F. várias
outras políticas públicas começam a surgir, como o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) lei nº 8.069 de 1990, que dispõe sobre a integridade física da
criança e do adolescente, a Lei e Diretrizes Bases da Educação (LDB) lei nº 9394 de
1996, dentre outras que fez necessário a criação, mas não é objetivo deste trabalho
discorrer sobre todas as leis que abordam a educação, e sim fixarmos no que tange
a Educação Infantil para compreendermos os desafios presentes nos dias atuais.

3. EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESPAÇO RICO PARA O DESENVOLVIMENTO

A educação possui pauta de grandes debates frequentemente, na qual


Políticas Públicas são criadas com o intuito de aprimorar a educação. Tendo em
vista que a LDB traz a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica
dando embasamento legal para a afirmação de que a aprendizagemm ocorre em
todas as idades que compõem a vida, a psicologia também dá este suporte e vai
muito além, para estudiosos da área o desenvolvimento pessoal, emocional está

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diretamente ligada a infância para ser mais exato, a primeira infância, sendo os
primeiros sete anos determinantes para desenvolver a personalidade.
As crianças são seres Histórico-Sociais é a partir das interações realizadas
com o meio e com as pessoas que o cercam que são estabelecido ‘espelhos’ e
internaliza toda experiência vivida, fazendo com que está se torne parâmetros
norteador para o futuro, em alguns momentos irá ser base na definição de certo e
errado, a inteiração com meio é bastante visualizada na relação estabelecida entre
indivíduo e brinquedo o que há neste momento vai muito além do ato em si isto
perpassa pela percepção de mudo que é estabelecida na brincadeira para Lev
Vygotsky, (1999, p.44, apud Rogério et al, 2009, p 51). a percepção está ligada
imediatamente à motricidade, que constitui apenas um dos momentos do processo
sensório motor integral e que, somente paulatinamente, com os anos, começa a
adquirir independência e a libertar-se dessa conexão parcial com a motricidade.
Este pensador aborda o fato de que está intrinsecamente ligada ao
desenvolvimento além do brincar, a memória do indivíduo, para ele a criança ao
fazer uso do imaginário para brincar, ela está na verdade utilizando movimentos e
ações vivenciadas em algum momento que ficou gravada em sua memória, ou seja,
o indivíduo busca mesmo que inconscientemente em suas memorias movimentos
que correspondam ao ato praticado no momento, este fato nos faz perceber como a
criança observa e absorve tudo a sua volta. Vygotsky traz uma fala sobre a
utilização desta capacidade.

Nos primeiros anos de vida, a memória é uma das funções psíquicas


centrais, em torno da qual se organizam todas as outras funções. A análise
mostra que o pensamento da criança de pouca idade é fortemente
determinado por sua memória. Vygotsky, 1999, p.44, apud Rogério et al,
2009, p 51.

É nesta fala do autor que podemos levar em conta que o indivíduo mesmo
com pouca idade tem uma memória ativa que experiência, sejam elas boas ou ruins
ficam consigo guardadas, engana-se quem defende que a criança não fixa ou não
guarda o que vê, as experiências relevantes na qual são expostas ficam em suas
memorias em muitos casos, a depender de quão impactante tenha sido será ela que
conduzirá algumas ações da vida adulta. Entendendo que o processo emocional
está muito ligado ao indivíduo na primeira infância fica salientado que os

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profissionais atuantes nesta área têm um terreno extremamente fértil para se
trabalhar, desde que conheça as ferramentas necessárias para isto.

4. JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI -


Resolução CNE/CEB nº. 05/09, artigo 4º) definem a criança como um sujeito
histórico e de direitos, que brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa,
experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e sobre a
sociedade, produzindo cultura. O reconhecimento desse potencial aponta para o
direito de as crianças terem acesso a processos de apropriação, de renovação e de
articulação de saberes e conhecimentos, como requisito para a formação humana,
para a participação social e para a cidadania, desde seu nascimento até seis anos
de idade. Além disso, em uma ação complementar das instituições educativas com
as famílias, a comunidade e o poder público, é imprescindível assegurar o direito
das crianças à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade,
à cultura, às artes, à brincadeira, à convivência e à interação com outros/as
meninos/as.
A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja
presente na escola desde a educação infantil para que o aluno possa se colocar e
se expressar através de atividades lúdicas considerando-se como lúdicas as
brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades
que mantenham a espontaneidade das crianças.
A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças,
oferecendo-lhes oportunidades, realizar atividades coletivas livremente, além de ter
efeitos positivos para o processo de aprendizagem e, estimular o desenvolvimento
de habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos.
Kuhlmann (2004 p. 193) sinaliza que:

A criança ama apaixonadamente os brinquedos


por quê (...). Este amor se apoia no instinto de
sociabilidade que caracteriza a espécie humana.
Todos nós tememos a solidão(...) todos desejamos
associarmo-nos aos nossos semelhantes.

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Para a criança brincar é importante, pois adentram no mundo do faz-de-conta,
onde pode ser o que quiserem e onde a imaginação permitir ir. Os brinquedos,
juntamente com as brincadeiras lhes permitir um sentimento de felicidade com a
ideia de que não estão sós na sociedade.
O médico e psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971) afirma que: “A
liberdade que o brincar proporciona é fundamental para o desenvolvimento da
criança por leva-la a conciliar o mundo, o objeto e a imaginação”.
As crianças que vivem num ambiente rico em interações, aprendem a
demonstrar desejos, sentimentos e necessidades. Eles precisam de estímulos,
consequentemente virão às respostas.
Segundo Vygotsky (2000), o brinquedo coloca a criança em ação, ou seja, a
criança interfere e é interferida diretamente durante a atividade, e até mesmo o
espaço físico por ser diferente da sala de aula, onde cada criança senta
individualmente em sua carteira, o pátio, na quadra ou no ginásio, esta solidão não
acontece, pois, os trabalhos em grupos, com times, com jogos, enfim, contribuem
para a socialização e o desenvolvimento da aprendizagem destas crianças.
Para Vygotsky (1998), o brinquedo tem intrínseca relação com o
desenvolvimento infantil, especialmente na idade pré-escolar. É por meio do
brinquedo que a criança se apropria do mundo real, domina conhecimentos, se
relaciona e se integra culturalmente. Ao brincar e criar uma situação imaginária, a
criança pode assumir diferentes papéis: ela pode se tornar um adulto, outra criança,
um animal, ou um herói televisivo; ela pode mudar o seu comportamento e agir e se
comportar como se ela fosse mais velha do que realmente é, pois, ao representar o
papel de “mãe”, ela irá seguir as regras de comportamento maternal, porque agora
ela pode ser a “mãe”, e ela procura agir como uma mãe age. É no brinquedo que a
criança consegue ir além do seu comportamento habitual, atuando num nível
superior ao que ela realmente se encontra.
Segundo Vygotsky, é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera
cognitiva que depende de motivações internas. Para uma criança muito pequena os
objetos têm força motivadora, determinando o curso de sua ação, já na situação de
brinquedo os objetos perdem essa força motivadora e a criança, quando vê o objeto,
consegue agir de forma diferente em relação ao que vê, pois ocorre uma
diferenciação entre os campos do significado e da visão, e o pensamento que antes

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era determinado pelos objetos do exterior, passa a ser determinado pelas ideias. A
criança pode, por exemplo, utilizar um palito de madeira como uma seringa, folhas
de árvore como dinheiro, enfim, ela pode utilizar diversos materiais que venham a
representar outra realidade.
A pré-escola, por ser um segmento da sociedade que se organiza e se
estrutura formalmente, deve oportunizar o desenvolvimento da criança de acordo
com suas potencialidades e seu nível de desenvolvimento, pois a criança não inicia
sua aprendizagem somente ao ingressar na escola, ela traz consigo uma gama de
conhecimentos e habilidades adquiridas desde seus primeiros anos de vida em seu
ambiente sociocultural.

4.1 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRA COMO MÉTODO


PEDAGÓGICO

A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja


presente na escola desde a Educação Infantil para que o aluno possa se colocar e
se expressar através de atividades lúdicas.
Sem as brincadeiras lúdicas o processo de ensino-aprendizagem das crianças
e tornaria um tédio. É necessário que a construção se faça a partir do jogo, da
imaginação, do conhecimento do corpo.

Segundo Oliveira (2002):

Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades


nascentes, como as de representar o mundo e de distinguir entre
pessoas, possibilidades especialmente pelos jogos de faz de conta e
os de alternância respectivamente. Ao brincar, a criança passa a
compreender as características dos objetos, seu funcionamento, os
elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo
tempo, ao tomar o papel do outro na brincadeira, começa a perceber
as diferentes perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a
elaboração do diálogo interior característicos de seu pensamento
verbal. (Oliveira. 2002, p. 160).

Ainda segundo Kishimoto, 1998:

[...] A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste


estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo
– da vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá
alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz
com o mundo... a criança que brinca sempre, com determinação auto
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ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente
tornar-se um homem determinado, capaz de auto-sacrificio para a
promoção do seu bem e dos outros... como sempre indicamos o
brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de
profunda significação. (KISHIMOTO, 1998, p. 68).

Brincar é necessário à criança para que a mesma se desenvolva em todos os


aspectos, é no brincar que ela aprende a pensar, melhorando seu raciocínio,
estabelece contatos sociais, compreende o mundo à sua volta, avançam em suas
habilidades, conhecimentos e criatividade, além de muitos outros benefícios que trás
para sua vida.

Sabe-se que a criança possui necessidades e características típicas e a escola


desempenha um importante papel nesse aspecto, que é oferecer um espaço
favorável às brincadeiras associadas a situações de aprendizagem que sejam
significativas, contribuindo para o desenvolvimento de forma agradável e saudável.
O momento da brincadeira possui grande importância, pois contribui para o
desenvolvimento do potencial integral da criança. Sendo também o espaço que
proporciona liberdade criadora, oportunidades de socialização, afetividade e um
encontro com o seu próprio mundo, descobrindo-se de maneira prazerosa.

Para Piaget o desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem em uma relação


evolutiva entre a criança e seu meio, isto é, ela reconstrói suas ações e ideias em
relação às novas experiências ambientais, conforme salienta Pulaski (1983, p. 22):

[...]. No decurso desse contínuo relacionamento com o meio, a criança


exibe, em algumas idades, estruturas ou organizações de ação e
pensamento características, que Piaget classificou de estágios [...]
evolutivos do desenvolvimento intelectual [...]. Contudo, a contribuição maior
de Piaget talvez seja a sua brilhante análise de como o conhecimento
humano se desenvolve lentamente, para além de suas origens biológicas
herdadas, através de um processo de auto regulação baseado na resposta
(feedback) do ambiente que leva a uma reconstrução interna. A habilidade
de adaptar-se a novas situações através do auto regulação é o elo entre
todos os seres vivos e a base da teoria biológica do conhecimento de
Piaget.

Na concepção de Vygotsky (1984) as relações entre desenvolvimento e


aprendizagem, segundo Oliveira (1995, p. 61): “[...] estabelece forte ligação entre o
processo de desenvolvimento e a relação do indivíduo com seu ambiente
sociocultural. ” A autora complementa que:

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[...] Embora Vygotsky enfatize o papel da intervenção do desenvolvimento,
seu objetivo é trabalhar com a importância do meio cultural e das relações
entre indivíduos na definição de um percurso de desenvolvimento da pessoa
humana, e não propor uma pedagogia diretiva, autoritária. [...] trabalha,
explícita e constantemente com a ideia de reconstrução, de reelaboração,
por parte do indivíduo dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo
cultural. [...] A constante recriação da cultura por parte de cada um dos seus
membros é à base do processo histórico, sempre em transformação, das
sociedades humanas. (OLIVEIRA, 1995, p. 63).

Desta forma o que se compreende é que o brincar assume um papel


fundamental na vida da criança, sendo essa atividade a linguagem, que elas utilizam
para se relacionar consigo e com os outros. Portanto não deverá ser algo feito de
qualquer jeito e sem receber a devida importância dos educadores.
As maneiras de brincar das crianças vão proporciona desenvolvimentos
físico, intelectuais e sociais, que vão progredir progressivamente a medida que as
brincadeiras se tornam mais complexas envolvendo símbolos e regras. Sendo
assim, o brincar deixa de ser vista como uma atividade de passar o tempo e passa a
ser privilegiada porque é necessária para o ensino-aprendizagem e o
desenvolvimento da criança.

Segundo Vygotsky (1998, p. 131):

O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos a um “eu” fictício,


ao seu papel no jogo e suas regras. Desta maneira as maiores aquisições
de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro
tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade.

Partindo deste pressuposto, é preciso que nós, adultos e educadores,


possamos reconhecer a criança como um ser diferente de nós e daí termos cuidado
com que é projetado para ela. É preciso que relativizemos nossos conhecimentos e
nossas verdades, procurando enxergar as formas peculiares que têm as crianças de
pensar e de agir sobre o mundo Só assim nossas interações / intervenções poderão
ultrapassar a mera reprodução de modelos que consideramos adequados e
inquestionáveis para o desenvolvimento humano, trazendo, ao contrário,
transformações qualitativas e significativas nas relações, tanto da criança quanto
nossas, com o mundo e com o conhecimento.

15
Portanto, fica claro que os profissionais devem valorizar as brincadeiras, que
apesar de parecerem simples são fontes de estímulos para o desenvolvimento pleno
da criança. Ou seja, desenvolvimento cognitivo, social, emocional e afetivo da
criança.

4.2 O QUE DIZEM OS REFERENCIAIS CURRICULARES SOBRE O TRABALHO


PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Segundo os PCN’s, a educação tem a função de contribuir com as políticas e


programas de educação infantil, socializando informações, discussões e pesquisas,
subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais profissionais da
educação infantil apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais.

A família e os professores precisam estar juntos para acompanhar os


progressos que a criança realiza na construção de sua identidade e progressiva
autonomia pessoal. É importante que os adultos se refiram a cada criança pelo
nome, assegurado que conheçam o nome de todos. Os professores são
profissionais e não membros das famílias das crianças tendo sua identidade diluída
ao serem tratadas como parentes.

O professor precisa promover atividades individuais ou em grupos,


respeitando as diferenças e estimulando a troca entre as crianças. Nas instituições,
os atos cotidianos e as atividades sistematizadas precisam de atenção permanente
à questão da independência e autonomia.

As instituições devem oportunizar em seu cotidiano jogos motores e


brincadeiras que contemplem a progressiva coordenação dos movimentos e o
equilíbrio das crianças.

O professor precisa perceber os diversos significados que pode ter a atividade


motora para as crianças, contribuindo para que elas percebam seus recursos
corporais, suas possibilidades e limitações que estão em constante transformação.

4.3 A LINGUAGEM ORAL E LINGUAGEM ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalhar a oralidade na Educação Infantil favorecerá acriança se comunique


e expresse os seus pensamentos, influenciando outras crianças e estabelecendo
relações umas com as outras. No entanto, as palavras só terão sentido em
16
enunciados e textos que possuem significados ou por situações que fazem parte da
vida cotidiana. É bom que se diga que a linguagem não é apenas o vocabulário, ou
uma lista de palavras ou sentenças soltas, mas sim um meio eficaz para a
comunicação e interação social. É preciso entender que a linguagem é dinâmica e
que se deve falar em determinadas situações comunicativas. Sendo assim, quanto
mais as crianças puderem falar situações diferentes, como contar o que lhes
aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma
informação, mais poderão desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira
significativa.

Vale destacar, que além da fala, a comunicação pode acontecer por gestos,
sinais e até linguagem corporal, que dão significado e apoiam a linguagem oral.
Dessa forma, a criança aprende a verbalizar por meio da apropriação da fala do
outro. Esse processo refere-se à repetição, pela criança, de fragmentos da fala do
adulto ou de outras crianças, utilizados para resolver problemas em função de
diferentes necessidades e contextos nos quais se encontre.

Assim, na sala de aula, o professor deverá criar situações para que a criança
se expressa, dizendo o que gosta e o que não gosta o que quer e o que não quer
fazer. Dessa forma, a fala passará a ocupar um lugar privilegiado como instrumento
de comunicação. Esse desenvolvimento vai ampliando os recursos intelectuais,
porém as falas infantis são, ainda, produto de uma perspectiva muito particular, de
um modo próprio de ver o mundo.

4.4 A MÚSICA PARA AS CRIANÇAS PEQUENAS

Estudos apontam que, para além de momentos prazerosos, o aprendizado de


música contribui para o desenvolvimento cognitivo emocional e social, promovendo
o bem-estar do indivíduo. Os estudos revelam também que ela proporciona
melhorias no convívio social, ajudando na superação de problemas como o uso de
drogas e violência. Favorecendo o desenvolvimento cognitivo e afetivo, o ensino de
música torna-se um excelente instrumento didático-pedagógico, auxiliando o
professor no processo ensino-aprendizagem escolar.

Para melhor compreender os benefícios que a música traz para o indivíduo, é


que foi criada a Lei n° 9394/96, na Lei Nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que trata
da inclusão do ensino da música nas escolas e no Referencial Curricular Nacional
17
para a Educação Infantil (RCNEI) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
procura-se, também, acompanhar o trabalho musical realizado com crianças
destacando a importância da música para o desenvolvimento infantil.

Percebe-se que a música na educação brasileira ainda é vista como


acessório para entretenimento, como um recurso de reposição em momentos em
que não se é possível cumprir o planejado pelo currículo escolar, sem a importância
devida como material didático-pedagógico que possa contribuir para o
desenvolvimento no ensino aprendizado do aluno e a formação do homem. As
escolas tentam enquadrar-se para a inclusão da nova disciplina usando estratégias,
nas maiorias das vezes, inadequadas, reforçando a idéia de que essa atividade,
como conhecimento científico, não apresenta o mesmo valor das outras disciplinas.

Conforme se observa no Referencial Curricular Nacional Para a Educação

Infantil, RCNEI (1998), a música deve ser entendida como linguagem musical com
capacidade de comunicar sensações e sentimentos por meio do som e do silêncio e
está presente em todas as culturas, sendo que na Grécia antiga já era considerada
fundamental na formação dos futuros cidadãos, ao lado da Matemática e da
Filosofia.

Desde quando bebê e em toda a formação do homem, a música é essencial


para integração social. Para se trabalhar com música deve-se considerar que ela é
um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças,
inclusive aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é
excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e
autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.

4.5 TRABALHANDO A ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Embora a oralidade e a escrita tenham recebido grandes atenções por parte


dos teóricos que tratam a Educação Infantil e também por parte dos professores, as
linguagens artísticas sempre estiveram presentes no trabalho com crianças,
principalmente com as crianças pequenas. A essas linguagens foram atribuídos
diferentes significados e intenções no cotidiano da Educação Infantil. Sendo assim,
essas linguagens são instrumentos de comunicação usuais na ação da criança
sobre o mundo e no fazer pedagógico do professor.

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Quando atuam na Educação Infantil, muitos professores, visando atender às
demandas de comunicação das crianças, fazem usos das linguagens artísticas
voltadas para os mais variados objetivos. No entanto, mesmo fazendo parte do dia a
dia as linguagens artísticas são, na maioria dos casos, articuladas pelo professor
intuitivamente ou mesmo inconscientemente como algo já incorporado ao trabalho e
sobre o qual não é necessário refletir.

Os cursos de formação para professores têm contribuído para que as


linguagens artísticas sejam concebidas apenas como instrumentos didáticos, uma
vez que em sua maioria não atribuem a Arte o mesmo tratamento que atribuem às
demais áreas do conhecimento, isto é, não veem na Arte uma área de conhecimento
que possui peculiaridades que poderiam ser o foco das reflexões e articulação de
situações de ensino por professores.

No entanto, nos dias atuais, alguns pesquisadores e educadores têm refletido


sobreo papel da Arte na escola construindo importantes referências que podem
nortear as ações dos professores. Nesse sentido, algumas escolas já vêm pensando
o lugar da Arte no currículo e essas iniciativas foram corroboradas pelos
documentos oficiais de orientação curricular, PCN-arte e RCNEI.

De posse desses pressupostos, se tem buscado trazer a Arte para sala de


aula, por meio de linguagens verbais e não verbais, de tal forma que as linguagens
artísticas ganhem novos significados e desencadeiem discussões. Nesse sentido,
Arte precisa ter dupla significação também na Educação Infantil: por um lado, como
formas de comunicação e expressão para toda e qualquer informação das áreas de
conhecimento e, por outro, uma construção histórica que as institui como uma área
de conhecimento.

É preciso ainda, conceber a Arte como expressão da cultura, o que significa


estar construindo os elementos de significação que nos possibilitam o melhor
entendimento dos atos e obras artísticas. Significa também estar tecendo relações
com aspectos políticos, ideológicos e econômicos, entre outros.

Portanto, a Arte precisa ser entendida como qualquer outra área do


conhecimento humano, com uma história e repertório próprio que podem ser
vivenciados e refletidos pelos alunos mesmo sendo eles ainda muito pequenos.
19
5. CONCLUSÃO

As brincadeiras, que diariamente fazem parte da vida dos alunos, se utilizadas


em conjunto com jogo, poderá contribuir para uma aprendizagem divertida,
prazerosa, enriquecedora e desafiadora, afinal o brincar está presente em diferentes
etapas da vida humana. E para crianças as atividades com jogos, são fundamentais
para seu desenvolvimento, seja ele: cognitivo, social e afetivo.  Para que isto ocorra,
se faz necessário criar no espaço da sala de aula, um ambiente de integração, para
que haja colaboração e socialização com outras crianças.  Durante esta troca, em
um ambiente onde exista ajuda e colaboração influenciará positivamente no
processo de construção da aprendizagem.

O brincar, se faz presente na vida do ser humano desde o nascimento


ocupando uma dimensão mais ampla do que os estudos científicos possam
mensurar e que primam pela lógica, racionalidade e técnica.

Jogar ou brincar são atividades fundamentais na interação do humano com seu


meio e com os demais com quem convive. Fica evidente a eficácia dos processos de
aprendizagem promovidos pelo brincar da criança, caracterizado principalmente
pelos jogos, inclusive nas interações sociais que o homem continua mantendo por
toda a sua vida.

Por ser a atividade lúdica tão importante para o desenvolvimento da criança,


deve ser amplamente utilizada nos espaços escolares. Através de jogos e
brincadeiras a criança desenvolve as habilidades necessárias para o aprendizado e
a convivência com a sociedade em que está inserido.

É extremamente importante que os profissionais da educação, que trabalham


com crianças portadoras de alguma necessidade especial, se interessem e busquem
conhecimento sobre a temática de jogos e brincadeiras, permitindo assim um melhor
direcionamento no seu trabalho pedagógico, e dessa maneira, incentivar a
imaginação e promover desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas da
criança.

Neste artigo buscamos nos remeter às reflexões sobre a importância das


atividades lúdicas na educação infantil, tendo sido possível desvelarem que a
ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois
o brincar para ela é tão importante como o trabalho é para o adulto.
20
Apresentamos aqui contribuições acerca do que acreditamos ser o centro das
ações pedagógicas, um encontro com os sujeitos, alunos e professores.

É preciso que o professor assume o papel de artífice de um currículo que


privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos
seus diversos domínios, afetivo, social, motor e cognitivo.

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