Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DISCIPLINA PRODUÇÃO, MEDIAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO.
PROFESSOR: DR. ANDREW B. FINGER

Aluno: Isaac Roberto Ferreira

APRECIAÇÃO CRÍTICA

(SAYÃO, Luís Fernando. Modelos teóricos em ciência da informação – abstração e


método científico).

O artigo inicia tratando da necessidade do ser humano em recorrer a


abstrações para poder compreender o universo a sua volta e suas
complexidades, pois as sensações e manifestações imediatas não
representariam a totalidade dessa capacidade. Por isso, a importância dos
modelos nesse processo de busca pela aquisição de conhecimento. Cada
modelo expressa e justifica um método de abordagem de uma realidade física.
Um modelo que se revela eficaz em várias aplicações, em diferentes situações
e dados diferentes e que tem amplo poder de explanação, pode ser definido
como um paradigma. O autor expõe então a natureza dos modelos, suas
características, funções e tipos. Por ser uma representação de um recorte da
realidade, os modelos são muito utilizados em áreas do conhecimento ligados
a informação, como a comunicação (Shannon e Weaver), a informática e a
ciência da informação, no caso desta última pela sua natureza ampla e
interdisciplinar, para mapear sua realidade e complexidade. Os modelos são
utilizados na abstração dos sistemas de informação e de seus usuários, e o
autor indica os tipos: cognitivo, conceitual, de usuário e o semântico de dados
(generalização, agregação, classificação e associação). Por fim, o autor expõe
a necessidade de mais pesquisas sobre o posicionamento das pessoas diante
da informação, para que sistemas de informação mais eficazes possam ser
desenvolvidos com foco nas necessidades dos usuários.

(Brian Detlor, Information management)

O artigo trata diretamente, como o nome já indica, do gerenciamento da


informação. Ele conceitua e mostra várias interpretações dadas ao termo e a
confusão ao confundi-la com a gestão de recursos para a informação ou a
gestão da tecnologia da informação. O artigo reconhece três perspectivas de
gestão para a Information Management (IM): organizacional, de biblioteca e
pessoal. A organizacional é tomada como a mais predominante. O artigo
também sinaliza os processos de informação no gerenciamento: criação,
aquisição, organização, armazenamento, distribuição e uso. Sobre a
perspectiva organizacional, o autor apresenta a informação sob três lentes: a
informação como recurso (seu valor potencial e de vantagem), o
gerenciamento dos processos de informação passando por todo o ciclo de vida
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DISCIPLINA PRODUÇÃO, MEDIAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO.
PROFESSOR: DR. ANDREW B. FINGER

da informação e o papel da tecnologia da informação. Neste momento, ele


diferencia bem a IM da Tecnologia da Informação, reforçando o papel
importantíssimo desta última no processo. Na perspectiva da biblioteca, o autor
expande o conceito biblioteca para além do que conhecemos, para outras
fontes de informação, como por exemplo, banco de dados eletrônicos, visto
que também são consultados por usuários e necessitam da IM. Frisa que
bibliotecas realizam a gestão, mas não são as criadoras nem usuárias da
informação. Derruba o uso do termo “organização do conhecimento”, quando o
preferível seria Gestão da Informação. Trouxe por último a perspectiva pessoal,
de como os indivíduos realizam os processo da IM para proveito e fins
individuais, desde os mais simples, como diários, aos documentos eletrônicos.
Conclui como Gestão da Informação é menos sobre como resolver problemas
técnicos e mais sobre abordar o lado humano da gestão da informação.

Os pontos fortes do texto do Sayão são a solidez dos argumentos (talvez pela
quantidade de referências) e o embasamento do conceito de modelo e
abstração para finalmente, após nos explicar o básico sobre, aplicá-los para as
áreas ligadas à informação, que poderão empregar tais modelos no auxilio á
compreensão dos seus conceitos. Porém, ao mesmo tempo o aprofundamento
no conceito de modelo talvez tenha prejudicado os desdobramentos seguintes
sobre ciência da informação, que ficou menor.

O ponto forte do artigo do Detlor é a objetividade e clareza com que o autor se


debruça logo ao cerne do assunto do artigo, que desenvolve de maneira
dinâmica e palatável. Porém, senti pouco aprofundamento em relação a alguns
conceitos que poderiam ter sido mais bem desenvolvidos, como por exemplo,
na perspectiva organizacional, ter se aprofundado no item sobre a tecnologia
da informação e suas complexidades.

Sobre as divergências e convergências: ao nos apresentar o esquema de


modelo, o texto de Sayão já nos introduz a abstração como essencial ao
desenvolvimento do conhecimento, o que pouco se vê ao longo do artigo do
Detlor, que nos apresenta esquemas mais enxutos. Como se Sayão nos
apresentasse a importância do modelo para o conhecimento e abstração do
saber científico, e Detlor nos desse a oportunidade de trabalhá-los estudando
sobre a IM. Sayão nos traz ainda estudos sobre as dimensões da modelagem
de usuário, que podem ser aplicadas nas três perspectivas de IM apresentadas
por Detlor: organizacional, de biblioteca e de pessoas. Na verdade, os tipos de
modelos em sistemas de informação podem ser desenvolvidos a cada uma das
perspectivas de gestão da informação apresentada por Detlor.

Você também pode gostar