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11/09/2021

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM TEA


PARA MONITOR/EDUCADOR SOCIAL
Tema: Transtorno do Espectro Autista – TEA

O papel do monitor como facilitador na construção das

relações no ambiente escolar

Emily Christmann Psicopedagoga


Patricia Sanberg Psicóloga

• Art. 205. A educação, direito de todos e dever do

Estado e da família, será promovida e incentivada com

a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.

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• Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado


mediante a garantia de:

• III - atendimento educacional especializado aos portadores


de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

Decreto nº 8.368/2014
§ 2o Caso seja comprovada a necessidade de apoio às atividades de comunicação,
interação social, locomoção, alimentação e cuidados pessoais, a instituição de
ensino em que a pessoa com transtorno do espectro autista ou com outra
deficiência estiver matriculada disponibilizará acompanhante especializado no
contexto escolar, nos termos do parágrafo único do art. 3o da Lei no 12.764, de
2012.

definem funções que vão além do apoio à higiene, locomoção e alimentação, dão
ênfase aos processos de interação social e comunicação, que é característico da
pessoa com TEA.

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No ano de 2015 um novo documento entra em vigor, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência LBI - Lei 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) que visa a inclusão
social e cidadania às pessoas com deficiência.

XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e
locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se
fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e
privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente
estabelecidas;

Em seu artigo 3º, para fins de aplicação da Lei, considera-se entre seus incisos, inciso XIII:
Profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e
locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se
fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e
privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente
estabelecidas

BREVE HISTÓRICO

1911
A palavra "autismo" foi criada por Eugene Bleuler, para descrever

um sintoma da esquizofrenia, que definiu como sendo uma "fuga da

realidade".

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BREVE HISTÓRICO

1943

O psiquiatra austríaco Leo Kanner publica a obra “Distúrbios Autísticos do Contato

Afetivo”, descrevendo 11 casos de crianças com “um isolamento extremo desde o

início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmices”. Ele usa o termo

“autismo infantil precoce”, pois os sintomas já eram evidentes na primeira infância, e

observa que essas crianças apresentavam maneirismos motores e aspectos não

usuais na comunicação, como a inversão de pronomes e a tendência ao eco.

caso 1” do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Donald Tripplet, em 82 anos,

nascido em 1933 e consultou em 1938

Fonte: https:tismoo.us

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1944

Hans Asperger escreve o artigo “A psicopatia autista na infância”,

destacando a ocorrência preferencial em meninos, que apresentam falta

de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral,

foco intenso e movimentos descoordenados. As crianças são chamadas de

pequenos professores, devido à habilidade de discorrer sobre um tema

detalhadamente. Como seu trabalho foi publicado em alemão na época da

guerra, o relato recebeu pouca atenção e, só em 1980, foi reconhecido

como um pioneiro no segmento.

TEA Transtorno do Espectro Autista

Critérios diagnósticos do DSM-5

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 Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos


contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história
prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos):

 Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de


abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa
normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, e
dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.

 Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para


interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal
pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal, ou
déficits na compreensão e uso gestos a ausência total de expressões faciais e
comunicação não verbal.
 Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando,
por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a
contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras
imaginativas, ou em fazer amigos a ausência de interesse por pares.

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 Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme


manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os
exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos):

 Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (por exemplo,


estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases
idiossincráticas).

 Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de


comportamento verbal ou não verbal (como sofrimento extremo em relação a pequenas
mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação,
necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).

 Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (por exemplo,
forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos
ou perseverativos).

 Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos


sensoriais do ambiente (como indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a
sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por
luzes ou movimento).

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Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento,


mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais
excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias
aprendidas mais tarde na vida. Esses sinais causam prejuízo clinicamente significativo
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo no presente, e não são melhor explicados por prejuízos da inteligência ou
por atraso global do desenvolvimento.

Nível de gravidade

Interação/comunicação social:

 Nível 1 (necessita suporte): Prejuízo notado sem suporte; dificuldade em iniciar interações
sociais, respostas atípicas ou não sucedidas para abertura social; interesse diminuído nas
interações sociais; falência na conversação; tentativas de fazer amigos de forma estranha e
mal- sucedida.

 Nível 2 (necessita de suporte substancial): Déficits marcados na conversação; prejuízos


aparentes mesmo com suporte; iniciação limitadas nas interações sociais; resposta
anormal/reduzida a aberturas sociais.

 Nível 3 (necessita de suporte muito substancial): Prejuízos graves no funcionamento;


iniciação de interações sociais muito limitadas; resposta mínima a aberturas sociais

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Autismo e Comorbidades
Quando se fala em diagnóstico de TEA é muito comum o questionamento com
relação a possíveis comorbidades.

Mas o que são comorbidades?

Comorbidade significa presença de uma associação entre condições, em um


mesmo indivíduo simultaneamente.

Ou seja, uma mesma pessoa possuir múltiplos diagnósticos, ou diferentes quadros


clínicos em operação. O autismo pode sim vir acompanhado de comorbidades, ou
até mesmo ser uma comorbidade de outros transtornos neuropsiquiátricos ou do
neurodesenvolvimento. De qualquer forma, essa associação de condições tende a
deixar o transtorno mais severo.

Incluem-se ao quatro de TEA as seguintes comorbidades:


a) psiquiátricas e cognitivas :

 ansiedade,

 depressão,

 TDAH (transtorno de déficit de atenção)

 deficiência intelectual

b) Médicas :

 convulsões,

 distúrbios do sono,

 desregulação/anormalidades gastrointestinais

 epilepsia.

Fonte : https://www.grupoconduzir.com.br/autismo-e-comorbidades

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Papel do Monitor no contexto Escolar

Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência LBI - Lei 13.146/15 (Estatuto da
Pessoa com Deficiência) que visa a inclusão social e cidadania às pessoas com
deficiência. Em seu artigo 3º, para fins de aplicação da Lei, considera-se entre seus
incisos, inciso XIII:
Profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e
locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas
quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições
públicas e privadas.

Realidades diferentes nas escolas: Estaduais


Municipais
Particulares

Importante conhecer as normativas de cada escola e os procedimentos que devem ser


adotados em diferente situações.

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IMPORTANTE
Nos diferentes contextos escolares

A relação entre: Professor de sala de aula Ambos devem atuar para promover

Professor AEE o acesso do aluno a uma

Monitor aprendizagem significativa.

Professor: é o responsável direto pelo processo de ensino e aprendizagem do aluno.


Professor do AEE: tem a função de “identificar, elaborar, produzir e organizar serviços,
recursos pedagógicos e de acessibilidade que atenuem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.

Monitor: é o profissional de apoio que acompanha o professor na sala de aula e o auxilia no


acompanhamento dos alunos de inclusão que necessitem de uma atenção individualizada.

O QUE É APRENDIZAGEM?

Aprendizagem é o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos,


comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de
estudo, experiência, formação, raciocínio e observação. Wikipédia

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PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Jean Piaget (1896-1980) foi um psicólogo


suíço e importante estudioso da psicologia
evolutiva. Revolucionou os conceitos de
inteligência infantil que provocou mudança
nos antigos conceitos de aprendizagem e
educação.

Segundo a Teoria da Aprendizagem de Piaget, a aprendizagem é


um processo que só tem sentido diante de situações de
mudança. Por isso, aprender é, em parte, saber se adaptar a
estas novidades. Esta teoria explica a dinâmica de adaptação por
meio dos processos de assimilação e acomodação.

PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Lev Vygotsky (1896-1934) foi um psicólogo


bielo-russo que realizou diversas pesquisas na
área do desenvolvimento da aprendizagem e do
papel preponderante das relações sociais nesse
processo, o que originou uma corrente de
pensamento denominada Sócio Construtivismo.

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio da


interação social, ou seja, de sua interação com outros indivíduos e com o meio. ...
A aprendizagem é uma experiência social, a qual é mediada pela interação entre
a linguagem e a ação.

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PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962) foi


um psicólogo, filósofo, médico e político francês.
Tornou-se conhecido por seu trabalho científico
sobre a Psicologia do Desenvolvimento.

Para Wallon, o processo de desenvolvimento oscila constantemente entre a


afetividade e a inteligência, de maneira dialética, podendo até mesmo manifestar
regressões. As aquisições adquiridas em cada estágio são irreversíveis — no entanto,
o indivíduo pode retornar a algumas atividades de estágios anteriores.

A SENSIBILIDADE DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

OLHAR

OUVIR

SENTIR

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PARA LEVAR PARA A VIDA ...

... TODO INDIVÍDUO APRENDE!

APRENDA A OLHAR, A OUVIR, A SENTIR E A


RESPEITAR A SUBJETIVIDADE DE CADA UM.

QUEM É ESSE SUJEITO DO APRENDER ?

É alguém como eu e você que deseja aprender, que apresenta características únicas.
Quando não consigo expressar o que desejo ou preciso aprender, preciso do apoio e do
olhar do outro para me ajudar a organizar estes processos.

Preciso conhecer para poder planejar e estabelecer as metas.


O que vale para um aluno, pode não valer para o outro.
O planejamento é dinâmico e precisa ser sempre AVALIADO.

O que esta imagem representa


para você ?

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TODO O COMPORTAMENTO DEVE SER VISTO NA SUA TOTALIDADE


SEMPRE VAMOS TER UM ANTECESSOR E UM SUCESSOR

Os comportamentos precisam ser vistos SEMPRE “os bons e os que não se enquadram no
esperado”.
Quando consigo olhar o meu aluno e os comportamentos que apresentou na sua totalidade
consigo entender o que os motivou e as assim adequar algumas condutas.

PARA SER MONITOR VOCÊ PRECISA:

Gostar de gente;
Saber que cada ser humano é único;
Estar disposto a pesquisar, a conversar, a estudar;
Acreditar nas potencialidades do sujeito e descobrir meios para auxiliá-lo no
desenvolvimento de sua autonomia;
Entender que você faz parte do processo de ensino aprendizagem, mas você não é
o dono dele.

#Juntossomosmaisfortes

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Atividades de apoio desenvolvidas pelo monitor

Locomoção: Acompanhar o aluno no deslocamento pelos espaços escolares


(necessitando de cadeira de rodas ou não).

Atividades de apoio desenvolvidas pelo monitor

Alimentação: Acompanhar o aluno na hora do lanche, alguns alunos precisam


de acompanhamento especializado no momento de se alimentar.

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Atividades de apoio desenvolvidas pelo monitor

Higiene: Acompanhar o aluno para lavar as mãos,


escovar os dentes, ir ao banheiro e nos casos
necessários fazer a troca de fralda.

Atividades de apoio desenvolvidas pelo monitor

Interação social: Auxiliar o aluno na sua interação


com colegas e demais membros escolares.

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Atividades de apoio desenvolvidas pelo monitor

Comunicação: Auxiliar o aluno na sua comunicação com os demais


membros da escola (com o uso de comunicação alternativa ou não).

Importante conhecer para poder acompanhar

Sala de aula e alunos com TEA o que eu preciso saber...

Comunicação

Sensorial

Padrões restritivos de comportamento

Interação Social

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Importante conhecer para poder acompanhar

Comorbidades comuns nas pessoas com TEA

TDAH
Déficit no desenvolvimento intelectual

TOD

Importante conhecer para poder acompanhar

Comorbidades comuns nas pessoas com TEA :

Depressão Ansiedade

TOC

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• 10 coisas que toda

criança com autismo

gostaria que você soubesse

1. Mais importante e antes de tudo, eu sou uma criança.


Meu autismo é apenas um aspecto de toda minha personalidade. Ele não me define

enquanto pessoa. Você é alguém com pensamentos, sentimentos e muitos talentos, ou

alguém gordo (acima do peso), “míope” (usa óculos), ou “desastrado” (sem

coordenação, não tão bom em esportes)? Estas podem ser características que eu

percebo quando lhe vejo pela primeira vez, mas não necessariamente tudo que você é.

Nem eu ou você sabemos ainda do que sou capaz. Definir-me por uma de minhas

características corre o perigo de se ter expectativas muito pequenas. E se eu perceber

que você não acha que “sou capaz”, minha resposta natural será: “Para que tentar?”

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2. Minhas percepções sensoriais estão desorganizadas.


Integração sensorial pode ser um dos aspectos mais difíceis para se entender no autismo, mas é
sem dúvida o mais crítico. Significa que todas as visões, sons, cheiros, gostos e toques do dia a
dia, que talvez você sequer note, podem ser extremamente dolorosos para mim. O próprio
ambiente no qual tenho que viver se mostra frequentemente hostil. Eu posso aparentar estar
ausente ou hostil com você, mas eu realmente estou apenas tentando me defender. Aqui está o
porquê de uma “simples” ida ao mercado parecer um inferno para mim: Minha audição pode ser
hipersensível. Dúzias de pessoas falando ao mesmo tempo. O auto-falante anunciando as ofertas
do dia. O sistema de som toca músicas de fundo. Máquinas fazem ruídos. Caixas registradores
apitam e se abrem. O moedor de café se move com ruídos. Os açougueiros fatiam a carne,
crianças em pranto, carrinhos rangem

Porque sou visualmente orientado (veja mais sobre isto abaixo), este pode ser meu primeiro

sentido a ser super estimulado. A luz fluorescente não apenas é clara demais, como chia e zune. O

estabelecimento parece pulsar e machuca meus olhos. A luz oscilante bagunça e distorce tudo o

que estou vendo – o lugar parece estar mudando constantemente. Há uma claridade na janela,

muitas coisas dificultando meu foco (que eu consigo compensar com uma “visão exclusiva”, como

um túnel), ventiladores de teto ligados, muitos corpos em constante movimento. Tudo isto afeta

meu sistema vestibular e sentidos proprioceptivos, e agora eu nem consigo dizer onde meu corpo

se encontra no espaço.

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3. Por favor, lembre-se de distinguir “não quero” de “não consigo”.


Receptividade, linguagem expressiva e vocabulário podem ser grandes desafios para mim. Não é

que eu não escute as instruções, é que eu não consigo entender você. Quando me chama do

outro lado do quarto, é isto que escuto: “$%$#%#, Billy. %$#%@#$%…”. Em vez disto, fale

diretamente comigo com palavras simples: Por favor, guarde seu livro na prateleira, Billy. É hora

de você lanchar”. Assim você me diz o que fazer e o que acontecerá em seguida. Fica bem mais

fácil para eu cooperar.

4. Eu penso concretamente. Isto significa que eu interpreto

tudo literalmente.

É muito confuso quando você diz “Segura as pontas!” quando o que você quer dizer é

“Espere até eu voltar”. Não diga que algo é “mamão com açúcar” quando não há

nenhuma sobremesa à vista e o que você está realmente falando é “será fácil para você

fazer”. Quando você diz “Jamie realmente queimou a pista”, eu imagino uma criança

brincando com fósforos. Por favor, apenas diga “Jamie correu muito rápido”.

Gírias, trocadilhos, nuanças, duplo-sentidos, inferências, metáforas, alusões e

sarcasmos não fazem sentido para mim.

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5. Por favor, seja paciente com meu vocabulário limitado.


É difícil dizer para você o que preciso quando eu não conheço as palavras para descrever meus
sentimentos. Posso estar com fome, frustrado, amedrontado ou confuso, mas por enquanto estas
palavras estão além da minha habilidade de expressão. Fique atento para minha linguagem corporal,
isolamento, agitação e outros sinais de que algo está errado.

Ou, tem o lado oposto: Posso me expressar como um “pequeno professor” ou estrela de cinema,
despejando palavras ou scripts incomuns para meu nível de desenvolvimento. Estas mensagens eu
memorizei do mundo ao meu redor para compensar meus déficits de linguagem, pois sei que esperam
que eu responda quando falam comigo. Estes elementos podem vir dos livros, TV, fala de outras
pessoas. É conhecido como “ecolalia”. Não necessariamente entendo o contexto ou os termos que estou
usando, apenas sei que isto me tira de alguns incômodos por surgir com uma resposta.

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6. Como linguagem é muito difícil para mim, eu me oriento muito


pela visão.
Por favor, mostre-me como fazer alguma coisa mais do que apenas falar comigo. E, por
favor, também peço que esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições
insistentes me ajudam a aprender.

Uma “agenda visual” é de grande ajuda ao longo do meu dia. Assim como a sua rotina, ela
me salva do stress de precisar lembrar o que vem depois, ajudando-me a transitar mais
suavemente entre as atividades, controlar meu tempo e atingir suas expectativas.

Eu não perco a necessidade de algo assim quando ficar mais velho, mas meu “nível de
representação” pode mudar. Antes de poder ler, eu preciso de orientações visuais com
fotografias ou desenhos simples.

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8. Ajude-me nas interações sociais.


Pode parecer que eu não queira brincar com as outras
crianças no parquinho, mas algumas vezes o caso é que eu
simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar
numa brincadeira. Se você encorajar as outras crianças a me
convidar para brincar de chutar bola, ou basquete, pode ser
que eu fique muito feliz em estar incluído.

Eu participo melhor em atividades estruturadas com começo


e fim claros. Eu não sei como “ler” expressões faciais,
linguagem corporal ou emoções de outros, e seria muito bom
ter auxílio para respostas sociais adequadas. Por exemplo, se
dou risada quando Emily cai no chão, não é porque achei isto
engraçado, mas é que eu não sei a resposta apropriada.
Ensine-me a perguntar “Você está bem?”.

9. Tente identificar o que inicia meus surtos.


Su rtos, ataques, explosões, ou seja lá como você queira chamar, são ainda mais
horríveis para mim do que parecem a você. Eles acontecem porque um ou mais dos
meus sentidos se sobrecarregou. Se você conseguir descobrir o porquê de meus surtos
acontecerem eles podem ser prevenidos. Faça anotações sobre as situações, horários,
pessoas e atividades. Pode surgir um padrão.

Procure se lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação. Ele lhe
mostra, quando minhas palavras não conseguem, como eu percebo algo que está
acontecendo em meu ambiente.

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10. Ama-me incondicionalmente.


Elimine pensamentos como “Se ele ao menos…” e “Por que ela não consegue…”.
Você não conseguiu corresponder a todas expectativas de seus pais e você não
gostaria de ser a todo momento lembrado disto. Não escolhi ter autismo, mas isto
está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda, minhas chances de
sucesso e vida adulta independente são baixas. Com o seu apoio e orientação, as
possibilidades são maiores do que imagina. Eu prometo a você, eu valho a pena.

E por último, três palavras: Paciência, paciência e paciência. Procure enxergar meu autismo mais como

uma habilidade diferente do que uma deficiência. Reveja o que você compreende como limitações e

descubra as qualidades que o autismo me trouxe. É verdade que tenho dificuldade com contato visual

e conversações, mas já percebeu que eu não minto, trapaceio, zombo de meus colegas ou julgo os

outros?

Ellen Notbohm
www.inspiradospeloautismo.com.br

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Emily Christmann

Pedagoga com formação e Educação Especial e Psicopedagoga

5199947 6393 emilychristmann@gmail.com

Patricia Sanberg CRP 07/3761

Neuropsicóloga

51998086447 patriciasanberg@gmail.com

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