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BENEFÍCIOS PROGRAMÁVEIS

Esses benefícios que derivam de fatos absolutamente previsíveis (idade e tempo de


contribuição) e que permitem um razoável planejamento por parte do segurado, que
conhece os requisitos para concessão e para o cálculo do benefício.
Até a edição da EC 103/19 (reforma da previdência), tínhamos três benefícios
programáveis: a) aposentadoria por idade, b) aposentadoria por tempo de contribuição, e
c) aposentadoria especial.
Atualmente temos apenas duas espécies de benefícios programáveis: a) a aposentadoria
por idade e tempo de contribuição, e b) a aposentadoria especial.
A EC 103/19 também estabelece regras de transição para proteger as expectativas de
quem estava perto de obter uma aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição.

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

1) ANTES DA REFORMA

A aposentadoria por tempo de contribuição é a mais comum entre as aposentadorias. A


vantagem da por tempo de contribuição é que ela não precisa de idade mínima. Completou
o tempo de contribuição, já pode se aposentar.
Mas a regra do fator previdenciário pode reduzir o valor desta aposentadoria. Quanto mais
novo o segurado for, menor o seu valor.
Requisitos: homem 35 anos de contribuição; mulher 30 anos de contribuição.
Valor da aposentadoria por tempo de contribuição antes da reforma: média de 80% dos
maiores salários após 1994 até o mês anterior à aposentadoria; com fator
previdenciário.

2) APÓS A REFORMA

Após a reforma da previdência, a aposentadoria por tempo de contribuição deixou de


existir.

3) NORMAS DE TRANSIÇÃO (já contribuía antes da reforma da previdência, mas


no momento da reforma ainda faltam mais de 02 anos para se aposentar).
Requisitos: mulher 30 anos de contribuição; 56 anos de idade mais 06 meses por ano,
a partir de 2020, até atingir 62 anos. homem 35 anos de contribuição; 61 anos de
idade mais seis meses por ano a partir de 2020 até atingir 65 anos.
Valor da aposentadoria. média aritmética de todos os salários; novo redutor de 60%
+ 2% para cada ano de contribuição acima de 20 anos de contribuição para homem
e + 2% para cada ano de contribuição acima de 15 anos de contribuição para a
mulher, até o limite de 100%.

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO POR PONTOS

1) ANTES DA REFORMA
Esta espécie na verdade é a aposentadoria por tempo de contribuição com uma regra
adicional que retira o fator previdenciário.
Requisitos: homem 35 anos de contribuição + 96 pontos (pontos é a somatória do
tempo de contribuição e sua idade, em anos, meses e dias); mulher 30 anos de
contribuição + 86 pontos (pontos é a somatória do tempo de contribuição e sua idade,
em anos, meses e dias).
Valor da aposentadoria por pontos antes da reforma: média dos 80% dos maiores
salários após 1994 até o mês anterior à aposentadoria; sem o fator previdenciário.

2) APÓS A REFORMA

Após a reforma, os pontos viraram uma regra de transição. Para se aposentar vão
aumentar a cada ano e o valor da aposentadoria será reduzido quanto menor for seu tempo
de contribuição.

APOSENTADORIA POR IDADE URBANA

ANTES DA REFORMA

Antes da EC 103/19, a aposentadoria por idade era deferida de acordo com o art. 48 da
lei n.8.213/91:
Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência
exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
60(sessenta), se mulher.
Este benefício tinha apenas dois requisitos: a) a carência de 180 meses e b) a idade
mínima 65 anos homem e 60 anos mulher.
Valor da aposentadoria por idade antes da reforma: média dos 80* dos maiores salários
de contribuição após 1994 até o mês anterior à aposentadoria; alíquota da aposentadoria
por idade.
A renda mensal correspondia a 70% do salário-de-benefício, acrescida de mais 1% a cada
grupo completo de 12 contribuições. Dessa forma, para alcançar os 100% do salário-de-
benefício, o indivíduo precisaria ter 30 anos de trabalho registrado. Não era possível
ultrapassar os 100%.
O fator previdenciário somente entrava na conta se resultasse em valor mais favorável ao
segurado (art. 7º da lei n. 9.876/99). No caput e nos parágrafos do art. 48, encontrávamos
três modalidades de aposentadoria por idade:

Aposentadoria por idade urbana.


• Idade mínima: 65 (homens) ou 60 (mulheres);
• Carência comprovada com o efetivo recolhimento de contribuições
(empregado/domésticos/avulsos se beneficiam da presunção de recolhimento pelo
tomador).
Aposentadoria por idade rural.
• Redução de 05 anos na idade (todas as classes de trabalhador rural).
• Segurado especial: carência comprovada com o exercício de atividade rurícola
(período imediatamente anterior ao requerimento).

Aposentadoria por idade híbrida.


• Soma tempo urbano com rural.

DEPOIS DA REFORMA

A idade mínima vai aumentar para a mulher e o tempo de carência vai aumentar para o
homem. O valor também será menor para quem se aposentar por idade. Esses requisitos
são válidos somente para quem começou a contribuir para o INSS depois da reforma.
Requisitos homem: 65 anos de idade + 20 anos de contribuição; mulher 62 anos de
idade + 15 anos de contribuição.
Valor do benefício: média aritmética de todos os salários; novo redutor de 60% + 2%
para cada ano de contribuição acima de 20 anos de contribuição para o homem e
+2% para cada ano de contribuição se for mulher, até o limite de 100%.
Para o homem se aposentar com 100% da média precisa ter no mínimo 40 anos de
tempo de contribuição e a mulher de 35 anos de tempo de contribuição.

APOSENTADORIA POR IDADE E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.

O art. 201, §7º, da CF/88 passa a ter a seguinte redação: Art. 201 (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se
mulher, observado tempo mínimo de contribuição; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019).
Se antes tínhamos uma aposentadoria por idade e outra por tempo de contribuição, agora
temos um único benefício que exige tanto o requisito etário quanto o contributivo.
A aposentadoria meramente por idade (art. 201, §7º, II), que era facultada a todos os
segurados, hoje subsiste apenas para os segurados especiais!
EC 103/19
Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se refere o inciso I do
§ 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado filiado ao Regime Geral de
Previdência Social após a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional será
aposentado aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de contribuição, se mulher, e 20
(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.
Aposentadoria voluntária (ingresso após a EC 103/19)
Requisitos: idade 65 anos/homem, 62 anos/mulher; 20 anos de tempo de contribuição
homem/15 anos de tempo de contribuição mulher; 180 de carência.
Valor do benefício: Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime próprio de
previdência social da União e do Regime Geral de Previdência Social, será utilizada a
média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como
base para contribuições a regime próprio de previdência social e ao Regime Geral de
Previdência Social, ou como base para contribuições decorrentes das atividades militares
de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, atualizados monetariamente,
correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde a competência
julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência.
§ 1º A média a que se refere o caput será limitada ao valor máximo do salário de
contribuição do Regime Geral de Previdência Social para os segurados desse regime e
para o servidor que ingressou no serviço público em cargo efetivo após a implantação do
regime de previdência complementar.
A comprovação do tempo de serviço e contribuição, inclusive mediante justificação
administrativa ou judicial, só produzirá efeitos quando baseada em início de prova
material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo força maior e caso
fortuito.
Para o professor de ensino básico, garantiu-se apenas a redução em 5 anos de idade.
(HOMEM 60 ANOS/MULHER 57 ANOS)

TRABALHADORES RURAIS E SEGURADOS ESPECIAIS

A CF/88 estabelece tratamento diferenciado para os trabalhadores rurais e para os


segurados especiais, no que tange à aposentadoria voluntária.
Para a aposentadoria rural, garimpeiros e pescadores artesanais, somente será exigida a
idade mínima e o período de carência, não havendo exigência de tempo de contribuição.
Art. 201 (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições: (Redação da EC n. 20, de 1998)
(...)
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se
mulher, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
(Redação da EC n. 103, de 2019).
A CF/88 e a EC 103/19 não mencionam outros requisitos para a aposentadoria dos
rurícolas. Nada obstante, permanecem em vigor os dispositivos da lei n. 8.213/91 que
exigem a carência de 180 contribuições mensais ou tempo equivalente de labor na
condição de segurado especial.
O valor base da aposentadoria é de 70% do salário de benefício , limitado a 100% na
hipótese de 30 anos ou mais de recolhimentos.
A carência dos segurados especiais é comprovada pelo exercício de atividade rurícola.
Essa regra é permanente e tem base constitucional. As outras categorias de trabalhadores
rurais (empregado rural e contribuinte individual) devem efetivamente contribuir para ter
direito à proteção previdenciária.
Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício
de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior
ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima”.
Conforme fixado pelo STJ no Tema 642 dos recursos repetitivos, “o segurado especial
tem que estar laborando no campo, quando completar a idade mínima para se aposentar
por idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício.
A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para
efeito da obtenção de benefício previdenciário” (Súmula n. 149 do STJ).
Na prática previdenciária, o mais comum é a certidão de casamento em que conste a
profissão de lavrador; atestado de frequência escolar em que conste a profissão e o
endereço rural; a declaração do Tribunal Regional Federal; declaração do ITR; contrato
de comodato etc.

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