Você está na página 1de 3

1

___________________________________________________________________________
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 2
DOCENTE: PAULO HENRIQUE BLAIR
DISCENTE: LARISSA MILENA ARAUJO TEIXEIRA– MATRÍCULA: 202029353

Resenha sobre o texto:

HABERMAS, Jürgen. Três modelos normativos de democracia. In: A inclusão do


outro. São Paulo, Brasil: Edições Loyola, 2002. Cap. 9.

Jürgen Habermas nasceu em 1923 na Alemanha, vivenciou inúmeros


acontecimentos que marcaram a história, como: revoluções e guerras, sendo assim
foi capaz de contribuir significativamente para os estudos da sociologia e filosofia, e
principalmente para a discussão do conceito e uso da palavra democracia. Na obra
“Os três modelos de democracia deliberativa de Habermas”, de início é discutido dois
conceitos de democracia, sendo eles: liberal e republicana. Logo após é elaborada a
formulação de um terceiro conceito titulado como“modelo da concepção
procedimental da política deliberativa”, ou teoria do discurso.Todas as análises de
democracia são também implementadas análises a respeito do cidadão, o de direito e
o processo político dentro de cada uma destas.

O autor introduz o texto abordando e analisando o entendimento a respeito da


concepção do liberalismo na democracia, a perspectiva é de que este tipo de
democracia é algo em que existe um distanciamento entre o Estado e a sociedade
civil, é importante ressaltar que o entendimento de Habermas a respeito de
“sociedade civil” é como um espaço de troca de bens e favores em busca do
interesse individual. As decisões políticas são legitimadas por processos eleitorais e
os direitos fundamentais em uma sociedade como esta são direitos negativos, ou
seja, direitos que preservam o individual do cidadão perante o poder público, sendo
assim, os cidadãos são empurrados para agirem em busca de maiores influências,
provando uma luta por posições de poder por meio do voto, para que assim seus
representantes operem em prol do seu interesse.
2

___________________________________________________________________________
Já no modelo rebuplicano, a política não gira em torno dos interesses privados.
Os cidadãos possuem um direito a maior participação na esfera política, sendo
perceptível menos rigidez na relação entre sociedade civil e o Estado, para o autor,
na democracia republicana existe uma comunicação maior entre as interfaces , sendo
assim, os direitos são direitos da vontade política dos cidadãos, existe também um
projeto de felicidade para o bem coletivo. As leis seriam subordinadas à vontade
política dos cidadãos, o que daria mais sentido à palavra “ representantes”, uma vez
que estes realmente representam suas vontades. A política é compreendida como
uma reflexão de um complexo de vida ético. O modelo republicano é uma espécie de
utopia pois não possui apenas vantagens, na obra é citado algo ineficiência deste.

“Como desvantagens, entendo o fato de ele ser bastante idealista e tornar o


processo democrático dependente das virtudes de cidadãos voltados ao bem
comum. Pois a política não se constitui apenas —e nem sequer em primeira
linha — de questões relativas ao acordo mútuo de caráter ético”
(HABERMAS, 2002, p.276)

É indiscutível a existência da grande diferença entre os dois modelos citados


pelo autor, enquanto a liberal é um processo democrático que tem como prática
marcante uma sociedade que luta por posições de poder individual, a republicana
atua com uma comunicação pública voltada para o entendimento. A partir desta
análise ,Habermas elabora um novo método, com a finalidade de resolver o problema
da autonomia privada liberal e da autonomia pública republicana. O novo modelo,
titulado como deliberativo, é perceptível a importância que o autor dá para a
comunicação, dando palco para teoria do discurso, onde o diálogo é a base para a
construção de uma sociedade melhor arquitetada. Na democracia deliberativa a
sociedade é instrumento essencial das opiniões públicas, desse modo o Estado toma
as decisões baseando-se nas opiniões sociais. As ações tomadas influenciadas pela
opinião pública necessita beneficiar a maioria dos envolvidos, para isto é preciso que
na democracia deliberativa existam diferentes opiniões para reforçar o pensamento
coletivo, o autor afirma:

“O conceito de uma política deliberativa só ganha referência empírica quando


fazemos jus à diversidade das formas comunicativas na qual se constitui a
vontade comum. Não apenas por um alto entendimento mútuo de caráter
étnico, mas também pela busca de equilíbrio entre interesses divergentes e
do estabelecimento de acordos, da chegarem da coerência jurídica de uma
3

___________________________________________________________________________
escolha instrumento racional e voltada ao fim específico e por meio, enfim de
uma fundamentação moral” (HABERMAS, 2002, p.277)

Em síntese, o autor entende que a democracia liberal é a busca por uma


felicidade e bem estar individual.Já a democracia republicana é entendida como uma
espécie de utopia, uma vez que é uma idealização do bem estar coletivo, existindo
uma busca pelo melhor para a comunidade por meio de projetos que satisfaçam todo
o grupo, um exemplo é o SUS, um sistema que tem como objetivo a saúde universal
para todos no Brasil. A democracia deliberativa foi elaborada para auxiliar nas desvantagens
dos dois modelos anteriores, sendo assim um modelo extremamente importante, pois existe o
espaço para argumentos pessoais e também para argumentos de moralidade, neste modelo o
cidadão tem autonomia para buscar pela preservação de seus direitos fundamentais, não como
um egoísmo e individualismo, mas sim como condição necessária para a existência do
discurso, de suma importância, pois este é elemento fundamental para a existência da
democracia.

Você também pode gostar