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( H T Pd
) e J o h nB u c k
Marta Ceciliade VilhenaMoraesSilva
ORICENS
E FUNDAMENTOS
TEORICOS
A técnicapÍoietiva da Casa-Árvore-Pessoa (HTP),deJohn Buck (1948),consistena siste-
matizaçãode váriosprocedimentosenvoÌvendoa expressão gráficaque, a partir dasdécadas
de 192Oe 1930, foram impulsionadospela substituiçãoda expressãoverbal pelo desenho
livre como instrumental para associações livres no tratamentode crianças(Anzieu,1986).
Já no final de 1926,FlorenceGoodenoughdesenvoÌvia,nos EstadosUnidos, o testeda
figura humana (DFH) para avaliaçãodo desenvolvimentointelectual de crianças.Karen
Machover,identificando o potencial para o estudo da personalidadeda técnica de
Goodenough,cria o Desenhode uma pessoa(DAP,Draw a Person), uma técnicapuramente
projetiva.
Em 1928,partindo de uma baseexclusivamente intuitiva, o suíçoEmil Juckerutilizavao
desenhoda árvorepara identificar possíveisdificuldadesdos clientesque o procuravamem
buscade orientaçãoeducacionale vocacionaì.A escolhada árvore como tema, segundo
Jucker,baseou-se no estudoda históriada culturae dos mitos, nos quaisa árvoretem simbo-
lismo privilegiado(Van Kolck, 1984;Hammer,1991).Em 1934,Schliebe,na Alemanha,com
o obietivo de investigaros afetos,solicitavavários desenhosde áNores, nesta seqüência:
uma árvorequalquer,depoisgeÌada,alegre,pedindo ajuda,sofrendoe, por fim, morta. Dis-
cípulo de Juckeç Karl Koch criou o Testeda Arvore a partir de estudosexperimentaiscom
desenhosdessetema em situaçõesde hipnose,reflexõesfenomenológicassobreos possíveis
significadosde cadatraço da produçãográficae aplicaçãode tratamentoestatísticoao mate-
ÍiaÌ coletado(Van Kolck, 1984; Hammer, 1991).Posteriormente,RenéeStora,na França,
adaptoue modificou a técnica, tornando-amais didgida (Anzieu,1980),mas seutrabalho
tevepoucarepercussão no Brasil.
John Buck (1948)sistematizouosdadosdastécnicasdesenvolvidas por Koch e Machover
e acrescentouo desenhoda casa.PosterioÌmente,Emmanuel Hammer introduziu o HTP
cromáticono procedimento,visando a investigara personalidadeem um nível mais pro-
fundo do que o possibilitadopela produçãoacromática(Hammer,1991).
A tarefadedesenharostrêstemaspodeserconsiderada comoum tipo de testesituacional
no qual o sujeitoenfrentanão só o problemade desenharo tema indicado, como também
com o de orientar-se,adaptar-see compoÌtar-senuma situaçãoespecífica.Paraisso,eÌemos-
tÌará um comportamentoverbal,expressivoe motor. Essescomportamentos,assimcomoo
próprio desenho,fornecemos dadosparaa análisepsicológica(Lery, 1991).
T É c N r c ÀcsR À F t c À s
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PRINCIPIOS
DEINTERPRETAÇÃO
!' A produçãopode ser analisadasob três perspectivas: adaptativa,expressivae projetiva
r (vanKolck,1984).A diferenciaçãoem três perspectivas é puramentedidática,uma vez que
i' osÍês aspectos sãoinseparáveis.Da mesmaforrna,os váriosdesenhosdevemseranalisados
emconiunto,procurando-sepadrõescaracterísticos da produçãodo suieito.
A perspectivaadaptativaavaliaa adequaçãodo sujeitoà tarefa,considerandoa qualida-
dedaproduçãotanto em termosformaisde correspondência ao grupo etárioe sociocultural
aoqualo indivíduo pertence,quanto à compatibilidadeentre o que foi solicitadoe o quefoi
produzido. De modo geral,os problemasde adaptaçãosedevema recuÍsosintelectuaisinsu-
ficientes,
problemasorgânicos,patologiasmais gravesou problernasemocionaisintensos.
A perspectiva expressivaanalisao estilo próprio do suieito.Como destacaHammer
(1991), nossosmúsculosnão mentem;a análisevolta-separaa expressão psicomotorado
indivíduo,levandoem conta tambémoscomportamentosnão-verbaisapresentados durante
arealizaçãoda tarefa.Considerandoque a folha em brancorepresentao ambientedelimitado
impostoao sujeito (Van KoÌck, 1984),o modo como o indivíduo o utiliza revelarásua
orientação geraÌ em reìaçãoao mundo e a si próprio. Os aspectosexpressivos revelam
características
estáveisdo indivíduo, como asatitudesbásicasem relaçãoa si e ao ambiente,
o graude energiade que dispõee como a investe,o controle na expressãodosimpulsose os
Ìecursoscognitivos potenciaise efetivamenteusadospara dar conta das tarefaspropostas
(Hammer,1991).
A perspectivaproietivaconcentÍa-se no modo como o tema é tratadoe avaliaa atri-
buiçãode qualidadesàssituaçõese obietosrepresentados, o que permiteidentificaráreas
deconfÌitomais significativas(VanKolck, 1984).Aqui a atençãosevolta paraasdiferen-
tespartesrepresentadas e a análisese fundamentano aspectosimbólicodos elementos
analisados.
ASPECTOS
SIMBOLICOS
DA TRIADECASA-ARVORE-PESSOA
A experiência tem demonstrado que os temas árvoÌe, casa e pessoa são os preferidos
pelas crianças quando são solicitados desenhos livres. Em pesquisa realizadana Inglaterra,
Griffiths, citado poÌ Hammer (1991), constatou que a figura humana é objeto mais desenha-
do espontaneamentepelas crianças pequenas, seguida da casae depois da árvore.
O HTP parte do pressupostode que existe, no homem, uma tendência a ver o mundo de
modo antropomórfico. Assim, eÌe tende a atribuir a sua visão a outros habitantes do mundo,
o que permite identificar-se com eles e não apenascom seuspares humanos. Nessesentido,
a casa,a árvore e a pessoadesenhadasno HTP não deixam de ser representaçõesda imagem
que o indivíduo tem de si.
A Casa suscita associaçõesà vida familiar e doméstica, tanto para criançasquanto para
adultos. O clima geral (ou atmosfera) do desenho é bastante indicativo de como o indivíduo
sente o seu ambiente. Segundo Hammer (L99L), a casa Ìepresenta mais freqüentemente o
auto'Íetrato com elementos de fantasia,ego,contato com a realidade,acessibilidadee também
a percepçãoda situação doméstica. Para a avaliação da integridade do ego, especialatenção
deve ser dada à solidez das paredes;o grau de uso da fantasia e da ideaçãopode ser indicado
pela proporção entre a área do corpo da casa e a do telhado. As aberturaspara o mundo,
repÌesentadaspelas portas e janelas, são boas indicações da disponibilidade do indivíduo
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do usodo espaço
fupectossimbólicos
considerandoque a folha em brancorepresenta o ambientedelimitadoimpostoao
sujeito,a anáÌisedo modo como o indivíduo o utiliza revelasuaolientaçãogeralem reÌação
aomundoeasipróprio,ouseia,oseuespaçoexistencial'Osimbolismodoespaçoapresen-
do
tado por Max pulvei fundamentaváriasinterpretaçõesdo uso do papel, como é o caso
(Anzieu,
HTRãu de outrassuperfícies,como a tampa da caixado testeda Aldeia,de Arthus
1986;Augras1980).
SegundoPulver,emseusestudosparafundamentaraanálisepsicológicadaescrita,o
a altística,
simboúmo espaciaÌprecedeo simbolismoverbal, e a expressãográfica,como
(1980):"o
revelasistema;anímicosde organizaçãodo mundo. Nas palavrasde Augras
espaçoaparececomo um srstemade Ìinhasconvergentes cujo ponto de encontroé o ho-
mem" (p.244).
ParaPulver,esseespaço,queeStádentrodecadapessoa,.,foÌneceumaordemprimord
em
que é simbólica,isto é, intuiìiva e ainda não intelectual" (Pulver,1953, mencionado
qual integraa
Áugras,1980).O autor usaum esquemaem cruz pararepresentaro espaço'no
cruz,o lado esquer-
diriensãotemporai (direção)à dimensãoespacial.No eixo horizontal da
doestáassociadoàorigem,aocomeçodetudoe,porextensão,aopassado'àintroversã
Mãe;o Ìado direito, por suavez,assócia-se à evoiução,à extroversãoe' por extensão'à reali
intermediária(que
zaçãono ambiente,ao futuro, ao Pai. No eixo vertical, há uma Ìinha
corlespondeàpauta,naescrita)querepÌesentaarealidadeexteÌnaperceptível,ondetudo
- teÍmos concretos
pode acontecer;esseplano equiváleà esferaempíricado ego o que em
nossos a atéum pouco
pés
equìvaleriaao espaçoque periebemosda superfíciede apoio dos
as supeliores"'
acimado plano visualhorizontaÌ.Acima,a áreaconsciente,envolve "funções
a denominaçãodo autor'
associadaiaospÌocessosde pensamento,imaginaçãoou, segundo
paracima quando-nosesforça-
da InteÌectualidade- bastaábraruu,como tendemosa olhar
a áreado não-
mos em concentrara atençãonos nossospensamentos'Abaixo encontra-se
visível,da materiaÌidade,do inconsciente
obietose expenen-
O simboÌismodo espaçopermeiaváriasformasem queconfiguramos
no mundo da lua" ou "Você
ciasda nossavida diária. 1'or'exemplo,ao dizermos"Joié está
precisadarasasàimaginação,,,referimo-nosaosplocessosideacionais,entendidoscomo
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Iii
"acima",assimcomo a concepÇão habitualde céu;por outÍo lado,dizemosque "É preciso
mergulharnos conteúdosdo inconsciente",aquilo que estáabaixo,oculto sob a terra firme
em que pisamos,assimcomo a concepçãohabitual de inferno. Entendemostambém que
nossossentimentosvêm "de baixo", e precisamsercontroladospela cabeça:"me subiu uma
raiva e perdi a cabeça".Tambémas metasa alcançarsão repÌesentadas como escaladas no
eixo vertical: "ele quer subir na vida", "ela tem metas muito altas", "ele é uma alpinista
social".
O eixo hoÍizontaÌ indica progressão e a dimensãotemporal,o que pode serconstatado
em expressões como "ele paÌeceque não avança,não saido Ìugar" (permanecerno ponto de
origem,à esquerda)ou em "não coloqueos bois à frente do carro" (a açãoprecipitada,para
a direita)ou ainda em "é precisoenxergarmais longe" (ter uma visão do futuro).
Essesimbolismo,apresentadoaqui de modo extremamenteconciso,apÌica-setambém
aostrêstemasdo HTR o que permitecompará-los: uma áreainferior, de base,que constituio
apoio do objeto na realidade prática,representada mais claramentepelospés da figura hu-
mana e pelasraízesda árvore ou áreade apoio da árvore e da casasobreo solo; uma área
intermediária,de estruturasólida, que assegutaa sustentaçãodo objeto e que representa
característicasmais estáveisdo objeto (paredesda casa,corpo da pessoa,tronco da árvore);
uma áreasuperior,menos estávei,mais móvel ou fluida (telhado da casa,copa da árvore,
cabeçae feiçõesda figura humana). Considerandoo simboÌismodo espaçopÍoposto por
Pulver,essastrêsáreascorresponderiam, respectivamente, à (1) áreacorporal,do inconscien-
te, da matéria;(2) a âreado ego,que assegura a integridadedo indivíduo, e de suasrelações
tanto com aspulsõescomo com asdemandasdo ambiente,do qual sediferencia;(3) a área
dosprocessos de ideação,do pensamento,da imaginação.Nos desenhos,a harmonia dessas
trêsáreas,suaafticulaçãoe proporçõesadequadas indicam uma personalidadeintegÌadaque
faz pleno uso de seusrecursosinternos,Mais preocupantes são as produçõesem que iusta-
mente a parte r/estrutuÌaÌ"
dos desenhosse mostra comprometida(paredesem ruÍnasou a
ponto de desabar,delimitaçãoincertaou irregulardo corpo da pessoaou do tronco da árvo"
re). Os aspectosde integridadee harmonia sãoparticularmenteimportantesna análisedas
defesasdesenvolvidapor GÌassano(1994,1996),abordadaa seguiÍ.
Usodasdefesasnastécnicasgráficas
ElsaGrassano(1996),apoiadana teoria kleiniana,propõeindicadorespara o diagnósti-
i co dasdefesascom baseno desenvolvimentoevolutivo dos processosdefensivosidentifica-
li dosna produçãográfica:dos mecanismosesquizóides paraosmecanismosmaníacose obses-
sivosda etapadepressiva para a emergênciade mecanismos neuróticose mais avançados. O
fracassona primeira ou na segundaetapaspermitirá o diagnÓsticodo tipo de organização
neurótica,psicóticaou psicopáticada personalidade. A autoradestacaque não bastasomen'
te ÌotuÌar as defesas;é necessáriocompreendero plocessodinâmico de que fazemparte,o
que envolveidentificara modalidadedefensiva,por que o ego optou por e1a,com quefina-
lidadeoptou por ela,a que nível evolutivo correspondea modalidadedefensivae que caÍac-
terísticastem essaconfiguraçãodefensiva(plasticidade,rigidezetc).A partir dos indicadores
levantados,Grassanocaracterizaas produçõesneuróticas,psicóticase psicopáticas.
A análiseconcentra-se na integraçãodo aparatopsíquicoe no desenvolvimentodefun-
çõesde discriminação,por um lado,e no desenvoivimentode funçõessimbolizantes(pensa-
mento lógico-abstrato, repaÌaçãoe subÌimação),poÍ outro.
T É c N r c Á sc R Á Ê t c a s
PESQUISAS
COM O HTP
O HTP,e particulaÌmenteo desenhoda figura humana,tem sido bastanteutilizado em
pesquisasque procuramavaliarauto-estima,imagemcorporale diferentesaspectospslcoló-
gicosde gruposcÌínicosdiversos.A aplicaçãodastécnicasgráficassofrepequenasalterações,
dependendodo tempo disponível,do contextoem que sedá a avaliaçãoe dasespecificidades
-
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I A Ì u a L t z a ç ó E s E M M É Ì o D o s p R o J É Í r v o sp A R A a v a L t a C Ã o p s t c o t ó c t c Á
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Estudos
associados
à obesidade
Santos,Perese Benez(2002) utilizaram o desenhoda figura humana para delinearo
perfil psicoiógicode 10 adultosobesosmórbidossubmetidosa um programamultidisciplinar
de reeducação alimentar.Parao estudoforam seiecionados pacientescom idadeacimade 21
anos,Índicede MassaCorporaÌcompatívelcom obesidademórbidae que não apresentavam
problemaspsiquiátricosou de saúdeque impedissemo retorno ambulatorial.A aplicaçào,
individuai,seguiuo procedimentosugeridopor Machover:dois desenhosde figura humana,
um de cadasexo,com lápis preto no 2 e folhasde papeltamanho Oficio.
Paraa análisedo material coletadofoi elaboradoum protocolo de avaliação,compos-
to por 41 indicadoresenvolvendoaspectosgerais,formais e de conteúdo.Entretanto,para
a interpretaçãopriorizou-sea análisequalitativa,consideradamais profunda e reveladora
do que a avaÌiaçãoquantitativa. As observações coletadasdurante o contato de aproxima-
damente90 dias com os participantes,por ocasiãoda intervençãomultidisciplinar, tam-
bém foram articuladascom a elaboraçãodas hipótesesinterpretativas.
Em linhas gerais,os desenhosindicaram,no grupo estudado,caÍacterísticas psicológi-
cascoerentescom as encontradasna liteÍatura sobreobesos:dificuldades de contenção de
impulsos;tendência à imaturidade,passividade,dependênciae insegurança;busca de sa-
tisfaçãono plano da fantasia;imagemcorporalpermeadapor sentimentosde inadequação,
inferioridade,descontentamento, baixa auto-estimae inibição. Segundoos autores,os
dadosobtidospor meio dos desenhosserviramde subsídiopara o direcionamentodo aten-
dimento psicológico,visando à maior conscientização dos problemasemocionais
vivenciados,o que pode ter contribuído para a adesãodos sujeitosao tratamento.
AÌmeida,Loureiro e Santos(2002) usaramo desenhoda figura humana e uma entreüsta
complementarpara avaliara auto-imagemde 30 mulherescom obesidademórbida e compará-
lascom a auto-imagemde 30 mulheresnão obesas. Como no estudoacima,a apÌicaçãoseguiu
o procedimentosugeridopor Machover.A avaliaçãodos resultadosfoi feita quantitaüvamente,
a partiÍ de itens cujossignificados,segundoa literahÍa, estãomais associados à imagemcor-
poral,sendo10 de aspectosgeÍaise 15 de tamanhoe propoÌcionalidade da configuraçãogìo-
bal e departesespecíficas (comocabeça, olhos,ombrose outras)de cadadesenho.A codificação
foi feita por quatro psicólogos,divididos em duasduplas.Cadaprotocolo foi avaliadode modo
independentepor dois psicólogos.Em casode discordância, um terceiropsicóÌogo,da outra
dupla, avaliou o item em questão.O nível de concordânciaentre avaliadoresatingiu a média
de 0,83 no grupo de obesase variou de O,7Oa O,92no grupo de não-obesas. A descriçãodo
perfiIgeralde cadagrupobaseou-se na freqüênciae na porcentagemdos índices predominan-
tes.A comparaçãoentre os dois gruposutilizou o Têste+2ou o Têstede intervalo de confiança
entreproporções, dependendodo númerode índicesenvolvidoem cadaitem.
Os resultadosmostraramque a produçãoda maioria dos itens não apresentoudiferen-
ças significativasentre os dois grupos. EntÌetanto, os itens que apÌesentaramdiferenças
significativas,segundoos autores,são os que se supõesejamos mais relevantesquantoà
questãoda imagemcorporal:desenhorealizadono 4" quadrante;cabeçagrandeou muito
grande;olhos pequenos;tronco representadode forma distorcida; mãos grandes,muito
grandesou omitidas;pernaslongas e finas. Quanto às características geraisda produçã0,
foi observadamaior freqüênciano gÍupo de obesas:Ìinhas finas; traçado de avançose
i
recuosldesenhoslocalizadosna parte superior da folha; linhas gtossas;traços trêmuÌos;
desenhoslocalizadosno 4oquadrante;ausênciade temáticaespecífica.A forma como essas
il
ÌÉcNrcascRÁFlcAs
Estudo
de validade
com avaliação
da auto-estima
Silvae Villemor-Amaral(2o06) rcalizanm um estudocom o obietivo de evidenciara
validadeconconenteentre as categoriasde indicadoresde auto-estimado GAT-Ae do HTp.
Paratanto, foi calculadaa correlaçãoentre os indicadoresde auto-estimados dois rnstru-
mentose também com os resultadosno EMAE- FormaA, um instrumento de auto-ÌeÌato
(Gobittae Guzzo,2004, citadosem Silva e Villemor-Amaral).Do estudopaÌticip arjam32
cÌianças,com idadesentre 7 e L0 anos,de ambosos sexos,freqüentandoda 2". à 4". séries
do ensinofundamentalde uma escolada redepública do interior do Estadode são paulo.
Apenasa fase acromáticado HTP foi aplicada.os dadosmostraramcorreÌaçãopositiva e
moderadaquanto à auto-estimaentÍe o HTp e o CAT-A(0,525).Em relaçãoao EMAE,a
correlaçãocom o CAT-A foi positiva e baixa (0,381), ao passoque com o HTp não foi
encontradacorreÌaçãosignificativa.
Emboraas cÍiançasda amostraem sua maioria tenham apresentadoauto-estimaeleva-
da nos três instrumentos,os resultadosno EMAEmostramuma concentraçãode 93,9olo da
amostracom auto-estimaelevada,em oposiçãoa 78,Io/ono CAT-Ae 87,So/o no HTp.Segundo
asautoras,os dadosdemonstraÌamque os índicesde correlaçãoentÌe os instrumentosper-
mitiram encontrarevidênciade vaÌidadepara o cAr-A e o HTp.As autorasconcluemainda
queas diferençasobservadas entre os diferentesinstrumentospodem deconerdo fato de o
HTPavaÌiara auto-estimaimplícita e o EMAE,por apoiar-semais nas funçõescognitivas,
avaÌiara auto-estimaexplícita.o GAT-Aavaliariaosdoistipos de auto-estima,
por serproÍetivo
mastambémpor se apoiarnas funçõescognitivas,devido ao seu caráterverbal.
Estudos
de identificação
de abusosexual
SegundoDeffenbaugh(2003),à medida que os testesproietivosse popularizaram,au-
mentouo númerode estudosvisandoà identificaçãode elementosquepemitissema detecção
de problemasemocionaisespecíficos.
Essatendênciapode serparticularmenteobservada na
buscade indicadoresde abusosexualpor meio do HTPe do desenhoda figurahumana.
A autora aponta aÌgunsesforçosnessesentido.Já na décadade L94O,Laura Bender,
que trabalhavacom criançasvítimas de abusosexual,identificou casaspintadasou con-
totnadasem vermelho e chaminése árvoresfálicascomo elementosbastantefreqüentes
na produçãodessascrianças. Essesdadosforam confirmadosposteriormentepor Cohen e
Phelps,quarentaanosdepois.
P R O ì t Í t v o s P A n a A V A L I A ç Ã oP s l c o L ó c Ì c Á
A Ì u  L r z  ç ó É 5Ê M M É Ì O O O s
Deffenbaugh(2003)Ievantaváriascríticasaousodosdesenhos,comoasjáconheci
dasalegaçõesdesubjetividadedainterpletaçãoefaltadefidedignidadeevalidadedoins-
que a maioÌ exposiçãodas criançasà sexualida-
trumento. Levantatambém a hipótesede
a adequaçãode manuais escritosno passado'
de, nos dias de hoie, coloque em dúvida
?rimeiro' é um instrumen-
R;;;h..., porém que o HTP apÌesenta"benefícioslogísticos"'
e é de baixo custo;pode serreaplicadodurante
to que demandapouco tt*po d" aplicação
e' nessesentido' consisteem "anota-
o períodode terapia,para avaliaçãodo tratamento (1984), para
lriu.rçu. A autora concordacom Allan e clatk
,uãr-"ìr*o" oa evoluçaoou como os
ser usado apenasno início da relaçãopaciente-terapeuta;
irr"* o HTP não deve € sentimentosda criança' o teÍapeuta
desenhosfavoÍecema expressãodãs pensamentos particuÌar; no mesmo
pãlïrãìrã-i., puru .orrúdá-lu u .*florur partes de 'm desenho
à produção constituemlma-valiosa fonte
sentido,as verbalizaçõe,oultiuttçu às'otiaàus
a principal vantagema9 UlP é favorecer
de informaçÕespara o teraPeuta'Paraa autora'
que lhe permiiirá falar a respeitode seusproble-
uma relaçãode confiançacom o terapeuta ao instrumento baseia-
de^Deffenbaugh
mas de modo mais aberto' Boaparte'dasreitrições
(2000)'
," .ru p"rqrriru feita por Palmere colaboradores
de 47 criançascom histórico confitmado
Palmer(2000)avaliou ãs desenhosdo HTP
deabusosexual,arquivadosnoNewarkBethlsraelMedicalCenter'emNewJersey'nos
EstadosUnidos,comaproduçãodeumgrupocompostoporcriançasdeduasigreiaslocaÍs' foi
das criançasdo primeiro grupo' A avaliação
além dos iÌmãos, sem historico de abuso'
meio de quatro es;las desenvorvidas por van Hutton (1994,citado por Palmere
feita poÌ AH
conceitosreÌevantesem teÌmos sexuais);
colaboÌadores):SRC (preocupaçãocom (vi-
e hostilidade); ivGA (retraimento. e acessibiiidaderesguardada)e ADST
(agressividade
e falta de confiança)'As escalasde Van Hutton
gilânciaquanto ao perigo,uíi"'at At 'u'ptita que avaliam'
agrupadossegundoo aspectocomum
consistemem um conlunto de itens
ênfaseno dormitório' cabeloenfatizadoou
Por exemplo, a escalaSRcinclui itens"coÀo:
figura do sexo opostoao da criança'pescoço
eiaborado,indefiniçãodo 'e"o da figura'
pïesençade dentes,ênfaseno quelxo, dedos
comprido. A escalaAH contém itens como pesquisa'
Emborareconheçamaslimitaçõesda
semmãos,maior pressãona linha da boca' parao
concluem que o HTP não contribui
os autores,com base,ro, ."r.riiuoor obtidos, quó nao sejausado para identifical
processode avaliaçãoo" uU'"o sexuale recomendam re-
u o.onct'tiu ãl'su pástiUifiaaae' os probÈmasmetodológicosdo estudo
ou confirmar
sobrevariáveisculturaise raciais'nível
conhecidospelosautores'aotfutiu de informações de
anterioÌ; registrosdos abusos,sexuais
de escolaridadedos pais e treinamento aÌtístico avaÌíação ade-
qualidadeirregular uies; composiçãodo grupo de controle sem
" "'i"ito'-u terem' também eles' sido vítimas de abuso
ãuadada possibilidadede os irmãos incluídos inferior à médiado
ï.#'ï#;;ã,ìãatt do grupo de comparaçãoeÌa L ano e meio 17
grupo vitimizado era de 4 anos e 6 mesesa
grupo clínico; a amplitude de"idàes no -l]tt u
comparação.aamplitude era de 5 anos'e2
anose 5 meses,enquantono grupo de controle adequadodasvariáveis':
.
d;;;;;i;sda idaàe, não houvè
13 anose 9 meses;
"1é-
g ê n e r o e n í v e l s o c i a l . E m n e n . h u m m o m e n t o o s a u t o r e s l e vEm
a muma
e m c sala
o n t ade
o faula'
a t o dIe o H T P
de forma coletiva nas crianças, nas próprias igrejas.
sido aplicado infor- '
fornecidas quarro folhas de papel às crianças,ápósuma bÌeve apresentação
foram
m a n d o q u e a p e s q u i s a V i s a v a a c o m p r " e ' ' d " r m e l h osolicitados'
r o s d e s e nNão
h o shá
d ecomo
c a s aasse
,áIVoIeepê
há daOos sobre como os desenhos foram
dascrianças. Nao â
desenhare o envolvimento emocionalcom
guÌar que a motivaçãooã"ui ttlu"çut para
tarefateÍIhamsidoosmesmo'aog"'poclínico'submetidoaaplicaçõesindividuaisem
)
T É c N r c A sc R Á F t c Á s 257
\
,e
possl-
A segunda criança de fato estava sofrendo abuso sexual por paÌte de seu irmão e
velho.
velmentó da mãe - que tinha histórico de abuso sexual em relação ao filho mais
fálicos, apre-
como apontam as autoras, os desenhos dessa menina, a1ém dos folmatos
casa' o irmão
sentavam auto-retratos sem feições e sem braços; ao desenhar a familia na
A Ì u Á L r z Á ç Õ a sÊ M M É Ì o o o s p R o J E Ì t v o sp Á R A a v A L t A c à o p s t c o L ó c t c Â
Avaliação
de intervenção
Gomes(s.d.)apÌesentaparte dos resultadosde um estudosobrea formaçãodo sintoma
na criança,que envoÌveo atendimentodos pais. como parte do procedimento,é felto o
psicodiagnóstico da criança,com basenos modelosde ocampo e Trinca,usandoo HTp e, no
casode criançasmenores,também a hora lúdica. Após o psicodiagnóstico,é propostoo
atendimentodos casaisem 8 sessões de psicoteÌapiabrevecom enfoquepsicanalítico.Após
o enceÌramentoda intervençãoterapêutica,as criançassãoreavaliadas.
o estudomostra 6 casose demonstraa utiÌidade do HTp nessecontexto.Segundoa
autora,o instrumentopermitiu identificar os recursosegóicospresentese traçosda persona-
IidadedascÌianças.As árvoresmostÌaram-seadequadas àsfaixasetáriasdossujeitos;ascasas
revelarammais claramenteas dificuldadesda dinâmica conjugalou familiar, o que funda-
mentou o deslocamentodo foco do atendimento,dascriançasparaos pais;asfigurashuma-
naspeÍmitiram observara construçãoda identidade,o contato interpessoale dadosreferen-
tes à autonomia e à independência.os desenhosno retesteevidenciarama evoluçãodas
crianças:mostÌaram-semaiselaboradose com uso de coresmaisadequado;revelaramque as
criançasestavammais segurase aÌiviadasdo peso das questõesfamiliares,mais abertasa
interessescompatíveiscom a idade,mais independentese desenvolvidassocialmente,com
remissãodasqueixasde condutainiciais.Paraa autoÌa,"o uso de algumastécnicasproietivas
peÌmite ao cÌínico maior clarezana atÌibuição das hipótesesdiagnósticase, conseqüente-
mente, na escolhado melhor tipo de interuençãoterapêuticapara o caso"(p.10).
Um estudoemblemático
Meyer,Brown e Levine(1955)realizaramum estudocom pacientesinternadosno Mount
SinaiHospital,na cidadede Nova York,paraa realizaçãode ciÌurgiasinvasivase mutiladoras.
Retomareiaqui esteestudo,apesardeter sidorealizadohá maisde 30 anos,por considerá-
ìo um exemplode pesquisaadequadaàs técnicasproietivasgráficassob váriosaspectos:
- A coÌetade dadossedeu em um contextoreal de práticaciínica.
- O testefoi aplicadoem sessões individuais.
- Há dadosobietivossobÌea situaçãode vida atual dos participantes.
- Há dadosde anamnesee de entrevistapsiquiátricarealizadascom os participantes.
- Os desenhosforam feitos em duassituaçõesdistintas,antese apósos pÌocedimentos
ciúrgicos.
- As inteÌpÌetaçõesprocuramapreendero sentidogÌobaÌde cadaprodução,semdeixar
de mencionardetalhesrelevantesem termosde significado.
- As interpÌetaçõessão articuìadascom os dadosdo histórico de cadapacientee com
uma teoria,no caso,a psicanáìise.
T É c N r c a sc R Á Ê t c Á s
r llustração
de loão teìpudoê traduçãodos versosdisponíveis
em http://vw\r.angelalago.com.br/1
HoÍfmann.html
''i
ÌÉcNlcas cRÁFrcas
FINAIS
coNSTDERAÇÕES
Nâ prática clínica, os desenhos,como iá mencionadováriasvezesnos capítuÌossobre
técnicasprotetivasgráficas,não devemservistoscomo mera somatóriade sinaisou caracte-
rísticasde produçãoque se prestam,ou não, a exercíciosmatemáticos.Se,por um Ìado, a
identificaç-o de característicasprópriasde gruposclínicosespecíficoscontribui com dados
importantespara a compreensáoda dinâmica ou da patologiasubiacente,por outrô nada
dizem sobreãs especificidades dos casos,como fica clato nos estudosbaseadosem itens
nos
isolados.Eventoscomo abusosexual,possibilidadede mutilaçàoou presençade doença
genitaisnão,,cria" características elesterão impacto na personalidadeúnica so-
específicas;
o
úre a qual se abatem,que mobilizará,à suamaneira,os recursospossíveispara enfrentar
índices
traumãou a ameaça.Essaconfiguraçãosingularde forçasescapacompletamenteaos_
numéricos,aositens isoladosou àscategoriasamplase abstratas.Quem esperaa elaboração
de escalasde itens isoÌadosque Ìesultemem um valor numérico e asseguÍem o diagnóstico
certamentesefrustrará.Apenasa consideração da produçãográficacomo um todo e na sua
singularidadepoderá revelarde modo dramáticoas conseqüências desseseventossoble a
personalidadeglobal.
que excedeo que as
Os desenhospodem expÌessaro sofrimentocom uma intensidade
gráfica
palavras,e muito menos os-números,podem dar conta. Parao cliente,a expressão
dos conteúdos
favorecea elaboraçãodos conflitos ou, pelo menos,a maior conscientização
dolorosose estimuÌaverbalizaçÕes Parao clínico, eÌespermitemapÌoúmaÌ-sedo
associadas.
mundo interno dessaspessoas, de suasansiedades e principaistemoÍes'assimcomo dos re-
e o acolhimentode
cursosde que dispõempaÍa supoÌtálos,a fim de fornecerlheso apoio
quenecessltam-oquenemsempreéexplicitadonasentrevistas'Porém'essesdadosnãose
e o lastro pes-
dão a conhecerem teÌmos absolutos.Caúeao profissionaÌusara experiência
soalpara relacioná-losem articulações mais complexas,de acordocom o método clínico' A
utilidadedastécnicasploletivasgráficas,quandosubordinadasaométodoclínico,éinesti-
a quem atende'
mávelparao profissionalque traúalhacom asquestõesda vida realdaqueles
264 A Ì U A L I Z A ç Õ E 5 E M M É Ì O D O 5 PR O J E Ì t V o 5 p Á R A
A V A L I A ç Ã O p S t c o L ó c t c Â
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