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uma forma de energia em trânsito. Calor e trabalho são transitórios e não devem
ser confundidos com a energia intrínseca que o sistema possui.
Parede
Diatérmica ou Transferência
Adiabática de Calor
Parede
Permeável ou Parede
Impermeável Móvel ou
Rígida
Transferência
de Massa Transferência
de Trabalho
Sistema
Parede
Reativa ou
Inerte
Sistema
Fronteiras
Identificáveis
Turbina
Fronteiras deveriam
envolver apenas o fluido
A figura abaixo (Fig. II.2) ilustra três formas de se alterar a energia intrínseca de um
sistema. Podemos identificar trabalho mecânico de compressão que como premissa é
realizável somente se o sistema possui uma parede móvel. Adição de calor por pelo
menos uma parede diatérmica e trabalho de fricção por alteração do momento do
fluido (forças viscosas). Nos três casos se verifica aumento da energia intrínseca do
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sistema, se as paredes forem adiabáticas, exceto para o caso de transferência de calor
que exige que parte da parede seja diatérmica.
Sistema
Transferência
Transferência Sistema de Trabalho
Sistema de Calor
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T ( C)
100
V- pc
0
V
V-pv
-273
p p 1 T
1 p 1
p 2 p 2
p 2 p
p
v T s
2 2
v v
Reversível Irreversível
(hipotético) (real)
Sistema
p
2
(p+dp)A
dF
p 1
dv v
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tal que V2 < V1. Isto implica em que dV é negativo. Portanto, no cálculo do trabalho
devemos trocar o sinal para que a nossa convenção não seja violada. Portanto,
dW mpdv
Sendo o processo reversível, os estados 1 e 2 podem ser unidos por uma linha no
diagrama de propriedades p – v.
O trabalho realizado no fluido pode então ser quantificado pela área sobre a curva do
processo no diagrama p v, conforme ilustrado na Fig. II-6. Assim,
2 1
W=m
W m pdv m pdv
1 2
Exemplo II-1:
Uma unidade de massa de fluido a 3 bar, com volume específico de 0.18 m3 / kg,
contida num sistema cilindro pistão, sofre expansão até 0.6 bar. O processo de
expansão segue a lei p = c / v2 onde c é uma constante. Calcule o trabalho
desenvolvido no processo.
Sabemos que
2
W m pdv
1
v v
2
dv 1
2
W m 2 cm
v1 v v v1
20
c p1v12 3 0.18 2 0.0972 bar (m 3 / kg) 2 .
c 0.0972
Com v2 dado por, v 2 (m 3 / kg) , portanto,
p2 0.6
1 1
W 0.0972 10 5 N m / kg
0.18 0.402
W 29840 N m / kg .
p [N/m2]
3105 1
p =c/v2
2
0.6105
v [m3/kg]
Como o trabalho é negativo significa que foi realizado pelo sistema e tem valor
numericamente igual a 29840 N m / kg.
21
3 3
p p
4 4
2 2
1 1
v v
1
p
B C D
A
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Quando um sistema realiza um ciclo termodinâmico a energia intrínseca do sistema é
a mesma no início e no final do ciclo. Sabemos que o sistema interage com o meio na
forma de calor (adicionado ou rejeitado) e trabalho (realizado pelo ou no sistema); o
o símbolo
O
representa a soma num ciclo completo.
Matematicamente,
Q W 0 .
O O
Exemplo II-2:
Numa planta a vapor, a turbina desenvolve 1000 kW. O calor transferido para o vapor,
na caldeira, é de 2800 kJ / kg, e, no condensador, rejeitado a 2100 kJ / kg. Sabendo
que a trabalho de bombeamento requerido para transferir o condensado de volta para a
caldeira é de 5 kW, calcule o fluxo mássico de vapor. O diagrama do ciclo com as
fronteiras devidamente identificadas pode ser visto na Fig. II-9:
Q W 0 .
O O
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Substituindo-se as parcelas, 700m
995 0 . Portanto, m
= 995/700 = 1.421 kg/s.
Qin Qout
Caldeira Turbina
Wout
Bomba Condensador
Win
Ganho ou Perda de
energia intrínseca = calor + trabalho transferidos (líquido)
Quando um fluido não está em movimento, sua energia intrínseca por unidade de
massa é conhecida como energia interna específica u do fluido (kJ / kg), ou U (kJ)
para uma certa quantidade de massa m.
A energia específica interna de um fluido depende de sua pressão e temperatura, duas
propriedades e por conseguinte também é uma propriedade. Sendo uma propriedade, a
diferença de energia interna de uma dada massa m na mudança de estado de 1 para 2 é
dada por U2- U1.
Portanto a primeira lei pode ser escrita na forma mais geral
2 2
U 2 U 1 dQ dW .
1 1
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Esta equação é válida para um processo ou uma série de processos entre o estado 1 e
2, desde que não exista fluxo de massa na fronteira do sistema (paredes
impermeáveis).
Para qualquer processo onde não ocorra fluxo de massa, verifica-se que calor ou é
transferido para o sistema ou rejeitado mas nunca transferido e rejeitado
simultaneamente. O mesmo ocorre com o trabalho, ou é executado no sistema ou pelo
sistema, nunca os dois. Consequentemente,
du dQ dW .
Exemplo II-3:
Em um cilindro, o ar comprimido tem uma energia interna específica de 420 kJ / kg
no início de um processo de expansão e 200 kJ / kg após a expansão. Calcule o calor
transferido quando o trabalho executado pelo ar no interior do cilindro durante a
expansão é de 100 kJ / kg.
Q W u 2 u1 ,.
2
W m pdv
1
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ou, na forma diferencial,
dW mpdv .
Desta forma, para qualquer processo reversível, sem fluxo de massa, a primeira lei
pode ser escrita como
dQ du pdv
2
Q (u 2 u1 ) pdv .
1
Esta duas últimas expressões podem ser usadas apenas em processos IDEAIS, isto é,
reversíveis. A formulação é específica para processos sem fluxo de massa.
26
Entrada1 +
Q
F
ronteira
Z1 S
aída2
W
Z2
Entrada 1 Fronteira
p1
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Desta forma, a energia requerida por unidade de massa é p1 v1 onde v1 é o volume
específico do fluido na seção 1. De maneira similar, a energia envolvida no processo
de retirada de uma massa unitária de fluido para fora da fronteira é p 2 v 2 onde v2 é o
volume específico do fluido na seção 2.
C2
m u1 1 Z 1 g mais a parcela de energia m
p1 v1 e
2
C2
m u 2 2 Z 2 g mais a parcela de energia m
p2 v2 .
2
C2 C2
m u1 1 Z 1 g p1v1 Q W m u 2 2 Z 2 g p 2 v 2 .
2 2
h u pv .
A entalpia específica de um fluido é uma propriedade uma vez que consiste da soma
de duas propriedades e como tal pode ser utilizada em qualquer problema, seja ele
com escoamento ou sistema fechado. A equação da energia para regime permanente
pode ser escrita como
C2 C2
m h1 1 Z 1 g Q W m h2 2 Z 2 g .
2 2
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Em regime permanente, o escoamento mássico por unidade de tempo numa dada
seção será a mesma para qualquer outra na superfície de controle. O fluxo mássico
numa dada seção A, onde a velocidade do fluido é C, portanto, a taxa volumétrica
atravessando a seção é CA. Esta taxa volumétrica dividida pelo volume específico nos
fornece o fluxo mássico,
CA
m
CA kg / s
v
C1 A1 C 2 A2
m
.
v1 v2
Exemplo II-4:
Uma turbina a gás fornece 14000 kW com um fluxo mássico de 17 kg / s. A entalpia
específica dos gases na entrada e saída são1200 kJ / kg e 360 kJ / kg, respectivamente.
A velocidade dos gases na entrada é de 60 m / s e na saída de 150 m / s. Calcule a taxa
em que calor é rejeitado pela turbina. Determine a área da seção de entrada da turbina
sabendo que o volume específico neste ponto é 0.5 m3 / kg.
Diagrama
1 Superfície de controle
-W
-Q 2
C2 C2
m h1 1 Q W m h2 2 .
2 2
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C1 60 2
Cinética em 1 1.8 kJ/kg
2 2
C 22 150 2
Cinética em 2 11 .25 kJ/kg
2 2
W 14000 kW.
Então, 119 .3
Q kW.
C1 A1
m
v1
m
v1 17 0.5
Isolando-se a área temos A1 0.142 m2.
C1 60
Exemplo II-5:
Ar é admitido em regime permanente em um compressor com fluxo mássico igual a
0.4 kg / s a 6.0 m / s e 1 bar com volume específico de 0.85 m3 / kg.
O ar é liberado pelo compressor a 4.5 m / s e 6.9 bar. O volume específico é igual a
0.16 m3 / kg. A energia interna específica do ar de saída é 88 kJ / kg maior que a do ar
de entrada.
Água de resfriamento absorve calor do ar comprimido na taxa de 59 kW. Determine a
potência necessária para a compressão e a área transversal dos tubos de entrada e
saída.
Como nos dados de entrada aparece energia interna e desprezando as variações de
energia potencial, é mais adequado utilizar-se a primeira lei na forma,
C2 C2
m u1 1 p1v1 Q W m u 2 2 p 2 v 2 .
2 2
W
Q
Águ
a Água
(s
aíd
a) (e
ntra
da)
C 1 6. 0 2
Cinética em 1 0.018 kJ / kg.
2 2
C 22 4.5 2
Cinética em 2 0.0101 kJ / kg.
2 2
Calor rejeitado 59
Q kW.
Substituindo-se,
C 2 C 2
Q W m u 2 u1 p 2 v 2 p1 v1 2 1
2 2
W 104.4 kW.
Sabendo-se que
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C1 A1
m
v1
0.4 0.85
A1 0.057 m2
6
C 2 A2
m
v2
0.4 0.16
A1 0.014 m2
.5
Comentários:
Notar como a mudança de energia cinética entre a entrada e a saída é desprezível
comparada com os outros termos. Neste exemplo, o fato do processo de compressão
ser efetuado em etapas distintas, isto é, admissão, compressão num cilindro fechado e,
finalmente, descarga, a hipótese de regime permanente pode ser aplicada uma vez que
o processo como um todo acontece com inúmeras repetições por minuto do ciclo o
que, na média, minimiza os efeitos transientes.
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