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Leila Cristina Santa Brígida do Nascimento (Centro Cultural Brasil-São Tomé e Príncipe)
Eliane Vitorino de Moura Oliveira (Universidade Federal de Alagoas)
Resumo: Este artigo apresenta, de uma maneira sucinta, a realidade do ensino de Português
como Língua Estrangeira (PLE) em São Tomé e Príncipe (STP), mais especificamente em sua
capital, São Tomé, empreendendo uma discussão acerca de metodologia utilizada no curso
ofertado pelo Centro Cultural Brasil-São Tomé e Príncipe (CCBSTP), que teve início em 2008,
com a inauguração do CCBSTP, órgão integrante da embaixada brasileira naquele país, a fim de
atender a uma demanda regular na região. Partindo de uma visão tradicional em sua gênese, o
curso foi passando por reformulações, com ápice na transformação do CCBSTP a posto
aplicador do exame Celpe-Bras, além da proposta de uma abordagem intercultural e direcionada
para o trabalho com a noção de gêneros discursivos, letramento, variação linguística, ou seja,
com a concepção de língua como prática social. Como resultados, observa-se que o advento do
Celpe-Bras e a abordagem intercultural favoreceram o entendimento do ensino de língua
estrangeira também como um mecanismo de reflexão sobre os usos linguísticos, por meio de
aulas cujas discussões tomavam como norte o enfrentamento de desafios socialmente relevantes
e as necessidades de seu público alvo, nomeadamente diplomatas e suas famílias, funcionários
de embaixadas, consulados, organizações internacionais e bancos, além de integrantes de
missões religiosas. O embasamento teórico reflete as discussões apresentadas por Almeida Filho
(1995, 1997); Cunha e Santos (1999), Furtoso (2005); Oliveira e Furtoso, (2008), Sá (2016)
entre outras.
Iniciando a conversa
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Em 2009, Oliveira e Furtoso explicitam critérios para a seleção do LD a ser adotado nas aulas de PLE. A
referência encontra-se ao final desse capítulo.
meio do qual fosse aferida a capacidade de estrangeiros interagirem cotidianamente por
meio da língua e no qual
Fechando o bate-papo
Fechar essa discussão não é tarefa fácil. Relatar anos de um trabalho produtivo e
prazeroso parece não ter fim.
Entretanto, buscamos expor neste breve relato a união de forças em prol de um
objetivo comum. CCBSTP e Leitorado Brasileiro trabalharam em conjunto, firmando
ainda mais o ensino de PLE em São Tomé e Príncipe.
Foi necessário expor, primeiramente, um pouco da história deste país
arquipelágico, retratando um breve de sua colonização e dos caminhos que o
estabeleceram como Nação, para melhor entender sua caracterização linguístico-
cultural. A coexistência de línguas crioulas, de uma variedade própria são-tomense e da
variedade europeia do Português, esta tida como oficial, perfaz o cenário linguístico
com o qual a professora regente se depara ao trabalhar o ensino de PLE no país.
A essa realidade, juntou-se o advento do Celpe-Bras, trazendo a premência de
mudanças. E acatar mudanças não é algo fácil, por ser trabalhoso e, por vezes,
amedrontador. O CCBSTP, especialmente nas pessoas da diretora e da professora
regente, enfrentou os desafios e acatou o novo, deixando o campo profícuo para o
Leitorado Brasileiro semear. E assim se fez.
Em conjunto, o trabalho foi realizado a contento, e, atualmente, o ensino de PLE
no país se pauta na concepção de língua em uso, interacional, inerente ao indivíduo e,
por isso, à sua cultura. Com tal consciência, as aulas de PLE em STP consideram
relevante o capital cultural único que envolve cada um dos indivíduos interessados em
aprender a variedade do português brasileiro, e, assim, o aprendizado tem se
materializado eficientemente.
Trabalho realizado em prol da língua. Em prol da cultura. Em prol do Brasil.
REFERÊNCIAS
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D.; CAMERON, D. (eds). Globalization and language teaching. London: Routledge.
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espaços para reflexão sobre cultura na aula de língua estrangeira. In: Encontro de
professores de línguas estrangeiras, 9, 2001, Londrina. Anais... Londrina, Betel, pp.
107-114.
O’NEILL, R. (1982). Why use textbooks? ELT Journal, Volume 36, Issue 2, 1 January
1982, pp. 104–111.