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Revista Pesquisa e Ação. 2015, vol.1, n.

PROCESSO PIRÓLISE PARA DECOMPOSIÇÃO DO LIXO


URBANO1
Luana Cristina Rodrigues de Moraes
Alex Leandro Carvalho dos Santos
Anderson Mendes Ferreira
Denis Luís da Silva Ramos
Felipe Silvério Ribas
Gleisson Augusto de Carvalho França
João de Brito Junior
Tamiris Camargo dos Santos2

SUMÁRIO

1 Introdução; 2 Processos da Pirólise; 2.1 Resultados; 2.2 Vantagens; 2.3


Desvantagens; 3 Apreciação Crítica; 4 Análise de Investimento; 5 Conclusão;
Referências.
RESUMO

O trabalho baseia-se no processo da pirólise para destinação final do lixo urbano, onde as
matérias orgânicas são decompostas, após serem submetidas em condições de altas
temperaturas e ambientes sem ou com pouca oxigenação. É considerado
autossustentável, pois não necessita energia externa e produz mais energia que
consome.
Através dos resíduos compostos de gases, líquidos (óleos vegetais) e sólidos (carvão
vegetal) que sobram no final do processo, pode ser utilizado na geração de energia
elétrica e com gás metano produzir biocombustível.

Palavras-chave: Pirólise, sustentabilidade, decomposição.

ABSTRACT

The work is based on the pyrolysis process for disposal of urban waste and, where organic
materials are decomposed after being subjected to conditions of high temperatures and
environments with little or no oxygen. It is considered self-sustaining, as it needs no
external power and produces more energy it consumes.
Through the compounds waste gases, liquids (vegetable oils) and solid (charcoal) left over
at the end of the process, can be used to generate electricity and methane gas to produce
biofuel.
Keywords: Pyrolysis , sustainability, decomposition.

1 INTRODUÇÃO

1 Trabalho apresentado junto à disciplina Projeto Integrador, sob orientação do Prof.


Antonio Sérgio Azevedo Damy.
2 Discentes do Curso de Engenharia de Produção (1º semestre/2015) da Universidade
Braz Cubas.
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O aumento populacional e a crescente industrialização, entre outros fatores,


tem agravado o problema da alta demanda de produção de resíduos sólidos
urbanos.

O manejo inadequado desses resíduos contribui significativamente para a


degradação da qualidade ambiental, poluindo o solo, a água, o ar e oferecendo
riscos á saúde pública. Nessa circunstância, torna-se urgente a busca de
alternativas para a minimização de lixo urbano no mundo e, sobretudo, sem afetar
as pessoas e o meio ambiente.

Um dos principais problemas enfrentados atualmente está relacionado ao lixo,


fenômeno puramente humano, pois tudo que há de natural agrega elementos de
renovação e reconstrução do mesmo. Segundo (GUSMÃO, 2002) “Em todo o
mundo, cada pessoa produz em média 1 kg de lixo por dia. No Brasil, a produção
per capita de lixo varia de 450 a 700 gramas por habitante/dia nas cidades até 200
mil habitantes; de 800 gramas a 1,2 kg em cidades acima deste. Mais de 228 mil
toneladas diárias são coletadas no país”.

Portanto, há o processo pirólise que é viável para a redução de volume de


lixos urbano, diminuindo os aterros sanitários e incineração, pois é um método
sustentável que utiliza altas temperaturas em um ambiente desprovido de oxigênio
ou quase nada para a degradação do lixo.

2 Processos da pirólise

É uma reação de decomposição térmica, que ocorre por meio da exposição a


altas temperaturas e ambiente desprovido de oxigênio ou com uma pequena
quantidade.

Para que o processo funcione, é necessário que os resíduos provenientes do


lixo domésticos, industriais e do processamento de plásticos passem pelo processo
seleção e trituração. Depois o material segue ao reator pirolítico, onde ocorre uma
reação endotérmica.
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“O reator é todo revestido com resistências elétricas, permitindo desta forma


manter a isotermicidade e o controle adequado de temperatura” (YANG, J;
MIRANDA, R.; ROY, C. 2006 apud STINGHEN, A.O).

O reator pirolítico possui três zonas:

Figura 1 – Etapas do reator pirolítico

Fonte: Página Info Escola

De acordo com a figura 1.

- zona de secagem: onde os resíduos que irão alimentar o reator passam por
duas etapas a pré-secagem e a secagem, nesta zona as temperaturas variam
de 100º a 200ºC (vale a pena ressaltar que esta etapa é de suma importância,
pois a umidade pode interagir negativamente no resultado final do processo);

- zona de pirólise: onde ocorrerão as reações endotérmicas, sendo elas a


volatização, oxidação e a fusão, as temperaturas nesta fase variam de 300º a
1600º C, é onde são coletados os produtos (alcoóis, óleo combustível, alcatrão,
etc),
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- zona de resfriamento: nesta fase os resíduos gerados pelo processo são


coletados no final do processo como cinzas e bio-óleo.

A zona de resfriamento é o final do processo, e onde é possível desfrutar dos


resultados.

2.1 Resultados

Através da pirólise a matéria orgânica pode ser convertida em diversos


subprodutos. Segundo M. da S. Pinto, o material pirolisado pode ser dividido em três
grupos:

• Gases, compostos por hidrogênio, metano e monóxido de carbono;


• Combustível líquido, composto por hidrocarbonetos, álcoois e ácidos
orgânicos de elevada densidade e baixo teor de enxofre;
• Um resíduo sólido, constituído, por carbono quase puro (char) e ainda, por
vidros, metais e outros materiais inertes (escória).

Segunda a pesquisa desenvolvida por W. S. Sanner em 1970, demostra que


uma tonelada de lixo pode ser convertida em diversos subprodutos, conforme
mostra o diagrama seguinte:

• 10,88 kg sulfato de amônia


• 131 kg char
• 12,3L alcatrão
• 9,46L óleo combustível
• 435L álcoois
• 331 Nm³ gases combustíveis

2.2 Vantagens

A pirólise é um processo que leva vantagem sobre todos os outros


conhecidos métodos para destinação do lixo ou desenvolvidos pelo homem até hoje
como os lixões, aterro controlado, aterro sanitário, incineração, compostagem,
reciclagem.

“A pirólise é uma opção de transformação energética de materiais plásticos


que envolve a decomposição térmica parcial, originando óleo combustível
bruto, o qual pode ser utilizado como fonte de energia, via combustão, ou
transformado em outros produtos ou materiais. Como vantagens relativas do
processo em relação à combustão podem ser destacadas: (a) a
possibilidade de armazenamento, transporte e utilização como óleo bruto;
(b) a viabilidade de refino do óleo bruto para a obtenção de monômeros
para síntese de outros produtos plásticos; (c) a transformação do óleo bruto
para composição de materiais com aplicação na construção civil (isolante,
impermeabilizante, etc.) e como componente de material asfáltico na
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construção de rodovias”. (Forlin, F. S.; Faria, J. A. F., Pág. 07,


2002.)

O processo de incineração é bastante confundido em relação o de pirólise,


pelo fato de ambos serem endotérmicos, porém estes dois métodos são distintos.

“É preciso ressaltar a diferença entre a incineração e o aquecimento em


ambiente sem oxigênio, que é o caso da pirólise. A queima direta dos
resíduos em câmara de combustão produz poluentes, inclusive
cancerígenos como dioxinas e furanos. Produz cinzas volantes, que são
perigosas e têm alto custo de disposição. E os gases de combustão são
altamente agressivos. No caso da pirólise, o processo transforma o lixo em
um gás combustível limpo, similar ao gás natural, que pode substituir outros
combustíveis sem qualquer risco ambiental ou à saúde pública. A tecnologia
pode produzir também biochar a partir de biomassa, que pode ser usado
inclusive na agricultura para o combate à desertificação e à perda de carga
orgânica”. (Reichert. F.2015)

De acordo com o estudo apresentado por Raquel Dias Aires e outros, no III
Fórum de Estudos Contábeis 2003, “Os produtos vitrificados são similares a um
mineral de alta dureza; Reduções de volume extremamente elevadas, podendo ser
superiores 99%”. Outro beneficio desta tecnologia é o fato que o combustível
produzido (Bio-óleo) é sensivelmente mais rico que o obtido através de processos de
gaseificação, visto que não utilizam nenhuma forma de oxidação. Estas
características tornam o processo ainda mais versátil e adequado para o
aproveitamento energético.

2.3 Desvantagens

De acordo com os apontamentos apresentados pelo Centro Científico


Independente – CCI, é uma técnica dedicada, exigindo um avultado investimento,
até porque só pode ser rentabilizada quando acoplada a uma central termoeléctrica.

3 Apreciação Crítica

A pirólise um processo que leva vantagem dos demais métodos de destinação


final do lixo, porém o acesso a esta tecnologia é bastante custoso, por isso que
somente países subdesenvolvidos e desenvolvidos aderem este método. Segundo A
empresa INNOVA Energias Renováveis, na Europa e no Japão a pirólise é utilizada
para tratar os resíduos hospitalares, medicamentos vencidos, lodos de esgoto e
industriais, tratamento de solo contaminado, biomassa residual, resíduos industriais,
etc.
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No Brasil há poucas usinas de pirólise, as empresas de tratamento do lixo não


têm muito interesse no investimento, pelo fato do custo elevado. De acordo com a
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB - 1989, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - e editada em 1991, a disposição final
de lixo nos municípios brasileiros assim se divide:

 76% em lixões;
 13% em aterros controlados e 10% em aterros sanitários;
 1% passa por tratamento (compostagem, reciclagem, incineração e pirólise).

Entretanto a construção de aterros sanitários no Brasil também são altos,


custa cerca de R$ 525,8 milhões para um de grande porte (2 mil toneladas/dia de
lixo) segundo dados da ABETRE (Associação Brasileira de Tratamento de
Resíduos). Além do mais, os aterros sanitários causam sérios problemas sociais e
ambientais como:

 Construção que exige grandes extensões de terras;

 Impactos ambientais: poluição do meio ambiente como vazamentos de


líquidos e gases; contaminação dos lençóis freáticos e aquíferos, riscos aos
animais selvagens;

 Limite de quantidade de camadas de lixo;

 Presença de ratos e moscas e a transmissão de doenças;

 Alto custo econômico na implantação e na manutenção.

Analisando o impacto ambiental ocasionado através dos aterros é mais


propício o investimento em um processo sustentável como a pirólise.

Se ela for reaproveitada de maneira correta como a extração dos subprodutos


como bio-óleo e biomassa, que podem ser utilizados para geração de energia e
combustível, e consequentemente comercializada e com isso gerar rentabilidade e
lucro. Tornando este processo que é uma tecnologia de alto custa em economia para
o país.
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Segundo a Revista Furnas (2009) “A geração de energia a partir do lixo


urbano já é comum nos países desenvolvidos que não dispõem de áreas físicas
para depósitos. Há 600 plantas de geração de eletricidade a partir de resíduos em
35 países. Na Europa, 400 dessas unidades produzem energia para quase 30
milhões de pessoas. Cada mil toneladas de lixo podem gerar 30 MW”.

4 Analise Investimento

Segundo avaliação econômica realizada no início dos anos 90, uma planta de
pirólise ablativa com capacidade de 907 toneladas de biomassa/dia poderia produzir
680 toneladas de bio-óleo bruto por dia, a um custo de 100 dólares a tonelada. Essa
estimativa corresponde a uma taxa de juros de 20% ao ano, e a biomassa a um
preço de 44 dólares a tonelada. O custo total seria de 58,7 dólares por tonelada de
biomassa seca (53% do custo total). A estimativa de custo do equipamento é de 11
milhões de dólares e o investimento total a ser feito de 44,5 milhões de dólares. Para
uma planta menor, com capacidade de 227 toneladas de biomassa por dia, o custo
do bio-óleo seria de 158 dólares por tonelada, indicando um importante efeito de
escala.( GÓMEZ, E. O)

5 Conclusão

A Pirólise é um dos processos de destinação final de resíduos sólidos que


leva vantagens dos demais métodos de tratamento do lixo inventados até hoje,
porém o processo é custoso no que tange à sua manutenção, necessita de maior
aprimoramento tecnológico no Brasil. Porém é possível investir em reatores
pirolíticos para o tratamento da maior parte dos lixos urbanos que produzimos
no país, extinguindo os lixões a céu aberto e diminuindo os aterros sanitários e
incineração, pois causam grandes impactos ambientais.
Um dos principais aspectos relacionados a este processo está voltado à
geração de energia e combustíveis que proporcionam viabilidade econômico-
financeira, porque os subprodutos como bio-óleo que são extraídos deste método
apresentam aspectos dinâmicos distintos dos até então considerados, visando
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atender necessidades socioambientais e políticas de satisfazer o mercado e gerar


lucro para o produtor e para o país.
REFERÊNCIAS

FORLIN, F. S.; FARIA, J. A. F. Reciclagem de embalagens plásticas.


Departamento de Tecnologia de Alimentos. UNICAMP, Ciência e Tecnologia, vol.
12, nº 1, p. 07, 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/po/v12n1/9876>
Acessado em 20 de abril de 2015.

GÓMEZ, E. O; Professor e Pesquisador Associado ao Núcleo Interdisciplinar de


Planejamento Energético-NIPE. A Tecnologia de Pirólise no Contexto da
Produção Moderna de Biocombustíveis: Uma Visão Perspectiva. Universidade
Estadual de Campinas-UNICAMP. Disponível em
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/artigos_energia/a_tecnologia_de_pi
rolise_no_contexto_da_producao_moderna_de_biocombustivies
%3A_uma_visao_perspectiva.html>

GUSMÃO, A.C. Sítio Ambiental. Disponível em: <www.sitioambientalhp.cjb.net>


Acessado em 06 de abril de 2015.

REICHERT. F. INNOVA Energias Renováveis investe R$ 4 milhões no Parque


Científico e Tecnológico da Unicamp. Fevereiro de 2015. Disponível em:
<http://www.inova.unicamp.br/parquecientifico/2015/02/376/>

Revista FURNAS - Ano XXXV – pag.26, Nº 365 - Junho


2009.<http://www.furnas.com.br/arqtrab/ddppg/revistaonline/linhadireta/
RF365_energia.pdf>

YANG, J; MIRANDA, R.; ROY, C. (2000) apud STINGHEN, A.O. O Caso estudo:
Resíduos PP, ABS, Borra Tinta. Universidade Regional de Blumenau, Centro de
Ciências Tecnológicas, Dezembro de 2006. Disponível em:
<http://ecen.com/eee61/eee61p/tratamento_rediduos_tinta.htm> Acessado em 14 de
abril de 2015.

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