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São micronutrientes de origem orgânica necessários em pequenas quantidades para manter o metabolismo. Em
geral, são adquiridas de fontes alimentares exógenas, pela incapacidade do organismo humano de sintetizá-las, sendo a
vitamina D uma exceção, pois o organismo é capaz de sintetizá-la adequadamente, desde que exposto de forma regular
à luz solar.
São classificadas em dois grupos, de acordo com a solubilidade. São lipossolúveis as vitaminas A, D, E e K,
armazenadas principalmente no fígado, e essa reserva hepática é capaz de suprir as necessidades fisiológicas por meses;
sua absorção é melhorada com a ingesta de gordura, enquanto que a baixa ingesta de lipídeos ou problemas no TGI em
absorver lipídios também reduzem a absorção dessas vitaminas. Já as vitaminas hidrossolúveis (complexo B e vitamina
C) praticamente não têm reserva no organismo, por isso precisam ser ingeridas diariamente em quantidades
adequadas, pois em poucas semanas podem levar a sérias doenças pelo seu déficit.
COMPLEXO DE VITAMINAS B
As principais vitaminas que compõem o complexo vitamínico B são 8: B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12. São
encontradas especialmente em alimentos de origem animal, especialmente vísceras. Também podem ser encontradas
no leite, ovos, farinhas integrais, levedura de cerveja, derivados do trigo, folhas verdes como alface, brócolos, espinafre,
couve, amendoim, batata, banana, aveia.
Os déficits de dificilmente ocorrem de forma isolada, estando habitualmente associados à desnutrição
energético-proteica e ao uso prolongado de dietas com muita restrição de produtos de origem animal.
Vitamina B1 – tiamina
A B1 é uma vitamina termossensível que atua como uma coenzima em diversos sistemas enzimáticos.
As necessidades diárias de vitamina B1 variam de 0,2 a 0,6 mg em lactentes e crianças e de 0,9 a 1,4 mg em
adolescentes e adultos.
A deficiência isolada de vitamina B1, muito rara nos dias atuais, resulta no quadro clínico denominado beribéri.
Anorexia, perda de peso, fadiga fácil, irritação, e até mesmo insuficiência cardíaca são sintomas frequentemente
observados. A toxicidade é rara, pode ocorrer choque, distúrbio respiratório, náusea, dor abdominal.
B2 – riboflavina
A B2 é uma vitamina fotossensível. Atua principalmente dos processos de óxido-redução celular e de liberação
de energia dentro da célula.
As necessidades diárias de vitamina B2 variam de 0,3 a 0,6 mg em lactentes e crianças e de 0,9 a 1,6 mg em
adolescentes e adultos.
A deficiência de vitamina B2 pode ser uma condição frequente em países do terceiro mundo, nos quais o
consumo de alimentos de origem animal é escasso. Os achados clínicos mais frequentes da carência de riboflavina são:
queilose, queilite angular, estomatite, glossite, palidez de mucosas e manifestações oculares, como sensibilidade à luz.
Vitamina B3 – niacina
Está relacionada glicólise, formação de piruvato, fermentação, ciclo de Krebs, beta oxidação.
As necessidades diárias de vitamina B3 variam de 2 a 8 mg em lactentes e crianças e de 12 a 20 mg em
adolescentes e adultos.
A deficiência de niacina provoca um quadro grave, denominado pelagra, que se caracteriza por dermatite
(fotossensibilidade, causa queimaduras em regiões fotoexpostas), diarreia e depressão, habitualmente associadas a
glossite e anemia. Frequente em alcoólatras ou usuários de isoniazida (diminui a biodisponibilidade da vitamina).
Toxicidade: sensação de prurido, insuficiência hepática.
Vitamina B6 – piridoxina
Participa do processo de transaminação de aminoácidos, síntese de neurotransmissores e síntese da
hemoglobina.
As necessidades diárias de vitamina B6 variam de 0,1 a 0,6 mg em lactentes e crianças e de 1 a 2 mg em
adolescentes e adultos.
A deficiência de vitamina B6 não produz quadro clínico típico, podendo ocorrer dermatite periocular, anemia
microcítica hipocrômica com ferro sérico aumentado, linfopenia, fraqueza muscular e até mesmo quadros convulsivos
em lactentes são sintomas descritos.
Os estados de carência podem resultar do uso de antagonistas (isoniazida, cloranfenicol, hidralazina, cafeína).
VITAMINA D
Vitamina D é um termo genérico para diferentes compostos, sendo os principais a vitamina D2 (ergocalciferol,
possui origem vegetal e é ingerida por seres humanos principalmente por meio de alimentos fortificados com ela) e a
vitamina D3 (colecalciferol, derivada de seu precursor presente na pele mediante exposição aos raios ultravioleta e de
alimentos enriquecidos com vitamina D3).
A formação da vitamina D inicia na pele, com a conversão do 7-dehidrocolesterol em vitamina D3 (colecalciferol)
pela radiação ultravioleta. Na sequência, sofre nova hidroxilação, sendo transformada em 25-OH-D (calcidiol) no fígado
e, por último, em 1,25OHD3 (calcitriol) no rim mediante ação da enzima 25-OH-D-1- α-hidroxilase (cuja transcrição é
ativada pelo paratormônio – PTH –, produzida em resposta diminuição dos níveis séricos de cálcio ou baixos níveis
séricos de fosfato).
O calcitriol estimula a absorção intestinal de cálcio e fosfatos, e em conjunto com o PTH estimula a produção e
secreção do RANKL, que exerce papel fundamental na osteoclastogênese e ativação dos osteoclastos gigantes que
induzem a reabsorção óssea. O PTH e o calcitriol também são responsáveis pela indução da reabsorção de cálcio nos
túbulos distais do rim.
Além de influir no metabolismo de cálcio, o calcitriol é um regulador transcripcional de vários genes, sendo sua
ação dependente da ligação com o receptor nuclear da vitamina D.
Os resultados de vitamina D total são interpretados:
> 100 ng/mL – intoxicação.
≥ 30 ng/mL – adequado;
29 a 10 ng/mL – insuficiência;
< 10 ng/mL – deficiência.
A apresentação clássica da deficiência da vitamina D em lactentes e crianças maiores é o raquitismo (vamos
apenas comentar porque o outro grupo irá falar sobre esse assunto). O raquitismo é caracterizado por mineralização
óssea inadequada, ossos frágeis e deformidade esquelética, pois a hipovotaminose D causa balanço negativo de cálcio e
fósforo, o que durante o crescimento ocasiona alteração da mineralização da matriz óssea e cartilaginosa; já nos
adultos, causa a osteomalácia.
A redução da vitamina D reduz a absorção e os níveis séricos do cálcio, o que causa estímulo para produção de
PTH, causando hiperparatireoidismo secundário. Este, por sua vez, aumente a mobilização de cálcio ósseo e a absorção
tubular renal, além de causar hiperfosfatúria e hiperaminoacidúria.
Clinicamente, o paciente também pode apresentar: Crescimento ponderoestatural diminuído, desenvolvimento
neuropsicomotor atrasado, palidez, irritabilidade, sudorese, músculos hipotônicos. Atraso no fechamento das
fontanelas, atraso e irregularidades na erupção dentária e diversas outras alterações osteocondrais, observáveis
inclusive à radiografia.
A deficiência de vitamina D também causa doenças cardiovasculares (como HAS, alteração do metabolismo de
lipídios), menor diferenciação cerebral (podendo causar esquizofrenia, autismo), menor força muscular, em gestantes,
favorece pré eclampsia e diabete gestacional
Fatores de riscos para afecções relacionadas à mineralização óssea incluem: prematuridade, baixo peso,
obesidade, dietas deficientes em vitamina D, hábitos de vida inadequados, alergia à proteína do leite de vaca,
intolerância à lactose, doenças intestinais crônicas, fibrose cística, hepatopatias, uso de corticosteroides e
vegetarianismo puro.
A deficiência de vitamina D pode ocorrer em virtude de:
a) ingestão usual abaixo dos níveis recomendados (o que pode levar ao raquitismo nutricional ou carencial, mais
comum abaixo de 2 anos, principalmente nos menores de 1 ano ou, ainda, mais tarde, a osteopenia ou osteoporose);
b) exposição solar limitada;
c) deficiência da conversão renal da vitamina D para sua forma ativa ou por má-absorção;
d) induzida por medicamentos: descrita em usuários de fenobarbital e hidantoína.
Na maioria das situações, a exposição solar por aproximadamente 17 minutos diários dos braços e da face pode
prover a necessidade diária da vitamina D.
Prevenção: deve-se garantir a ingestão da necessidade diária de vitamina D (400 UI para menores de 1 ano e
600 UI para crianças com idade superior a 1 ano), bem como o tratamento dos casos de insuficiência e deficiência.
Muitos tem suplementado vitamina D sem a real indicação, especialmente durante a pandemia do COVID,
acreditando aumentar a imunidade. Devido a isso, tem aumentado os casos de intoxicação por vitamina D, o qual
clinicamente pode se caracterizar como Náuseas e vômitos, astenia, constipação, desidratação, nefrolitíase,
hipercalcemia grave, confusão mental (confusão, psicose, estupor ou coma), alterações gastrointestinais (dor
abdominal, vômito, polidipsia, anorexia, constipação, pancreatite), alterações cardiovasculares (hipertensão,
complicações com o intervalo QT, elevação do segmento ST, bradiarritmias, bloqueio cardíaco de primeiro grau),
alterações renais (hipercalciúria, lesão renal aguda, desidratação e nefrocalcinose).
O principal objetivo do tratamento da toxicidade por vitamina D é a reanimação de um paciente instável e a
correção da hipercalcemia, sendo que esta pode persistir por semanas após o evento. S´
VITAMINA E
A vitamina E pertence a um grupo de oito compostos denominados tocoferois e tocotrienois, sintetizada pelas
plantas. Sua ação é de antioxidante, promovendo redução da taxa de radicais livres e protegendo a integridade das
estruturas enzimáticas celulares.
Suas necessidades diárias de vitamina E variam de 4 a 7 mg em lactentes e crianças, e de 11 a 15 mg em
adolescentes e adultos.
As principais fontes de vitamina E são as gorduras, como azeite de oliva, óleo de milho, de soja, de girassol e de
algodão, manteiga, ovos, fígado, folhas verdes e legumes.
A deficiência é rara no ser humano, pode ocorrer por anormalidades genéticas ou devido à má absorção
intestinal de gordura. As manifestações clínicas da carência ocorrem em recém-nascidos prematuros, cujas reservas são
inadequadas, e constam de anemia hemolítica, trombocitose, edema de pálpebras, de membros inferiores e de genitais.
Nas crianças maiores que apresentam má absorção intestinal, podem ocorrer quadros de neuropatia periférica,
oftalmoplegia, retinite pigmentosa e ataxia, que pode ser irreversível se não for corrigida precocemente.
Na profilaxia dos recém-nascidos prematuros, alimentados artificialmente, utilizam-se 25 UI/dia da vitamina,
por via oral. Para crianças prematuras, mesmo as que se alimentam com leite humano, alguns especialistas
recomendam a suplementação diária de 5 mg dessa vitamina. Nos casos de ingestão de quantidade elevadas de ácidos
graxos poli-insaturados, considera-se necessário 0,4 a 0,5 mg de vitamina E/g ácido graxo poli-insaturado na dieta.
No tratamento da deficiência, utilizam-se doses por via oral de 50 a 200 mg/dia de vitamina E/dia. Em casos de
má absorção, preconizam-se doses proporcionalmente maiores, medicamentosas e dietéticas.
VITAMINA K
A vitamina K pertence aos compostos lipossolúveis das naftoquinonas, que compreende as vitaminas K1
principalmente (filoquinona, provem da dieta é a mais biodisponível), além de K2 (menoquinona, produzida por
bactérias intestinais dos animais, é a principal forma de armazenamento hepático e a mais importante para recém
nascidos e lactentes) e K3 (menadiona).
A vitamina K funciona como cofator para algumas enzimas, sendo um importante micronutriente para a
produção de alguns dos fatores da via da coagulação K-dependentes (II, VII, IX, X, proteína C e S) e osteocalcina.
As melhores fontes alimentares são os de origem animal, como fígado, fontes de K2; já as fontes de K1 são os
vegetais de folhas verdes (couve, espinafre) e alguns legumes e óleos vegetais (soja, canola e oliva).
A transferência placentária durante a gestação de vitamina K da gestante para o feto é limitada. O leite humano
é pobre em vitamina K, contendo de 1 a 4 μg/L, com grande variabilidade intra e interindividual. As fórmulas infantis são
fortificadas e contêm ≥ 50 μg/L.
A deficiência de vitamina K pode ser causada por restrição dietética da vitamina (o aumento da ingestão de
alimentos processados resultou na queda do consumo de alimentos ricos de vitamina K), modificação da microbiota
intestinal (uso prolongado de antibióticos, diarreia persistente), má absorção de lipídios e nas doenças hepáticas
colestáticas e avançadas, entre outras.
Como altera a produção de osteocalcina, é alterado o metabolismo ósseo. Pode favorecer osteoporose e
calcificação vascular a longo prazo.
A deficiência de vitamina K causa fenômenos hemorrágicos espontâneos ou provocados de diversos graus de
gravidade. O diagnóstico é sugerido por RNI (International Normalized Ratio) ≥ 4 ou tempo de protrombina ≥ 4 do valor
de controle, com nível de fibrinogênio e contagem plaquetária normais, e confirmado pela normalização rápida (dentro
de duas horas) dos testes de coagulação após administração parenteral de 1 mg de vitamina K e/ou presença de PIVKA
no plasma, um marcador precoce subclínico da deficiência de vitamina D.
A transferência placentária de vitamina K é limitada e os níveis dela no sangue do cordão são muito baixos,
aproximadamente 1/30 dos níveis plasmáticos maternos encontrados. Como consequência das reservas limitadas ao
nascimento, e como ao nascer ainda não tem uma flora bacteriana capaz de produzir a vitamina, o recém-nascido está
particularmente propenso a desenvolver deficiência de vitamina K se quantidades suficientes não forem providenciadas.
No período neonatal, a carência de vitamina K leva à doença hemorrágica do recém-nascido (DHRN), com suas
formas:
Precoce, que se instala no primeiro dia de vida;
Clássica, que surge entre 24 horas e o 7º dia de vida;
tardia, que ocorre da 2ª semana de vida até 12 semanas.
A forma precoce relaciona-se 1) mais com o uso materno de medicamentos que inibem a vitamina K – fenitoína,
barbitúricos, carbamazepina, isoniazida, rifampicina, cefalosporinas e antagonistas da vitamina K (cumarínicos,
warfarina) – 2) ou com alguma coagulopatia congênita. A apresentação clínica é frequentemente grave, com
cefaloematoma, hematoma intracraniano ou hemorragia intra-abdominal. A incidência no grupo de recém-nascidos de
risco (prematuros, filhos de mães usuárias de drogas que interferem na vitamina K, que tiveram parto cirúrgico) que não
receberam suplementação de vitamina K é de 6 a 12%.
A forma clássica, resultante da diminuição dos fatores da coagulação, está associada ao atraso na oferta ou
aceitação insuficiente da alimentação. As manifestações clínicas são mais leves, com equimose, perda de sangue
gastrintestinal ou sangramento dos locais de venopunção ou do coto umbilical, raramente com perda de sangue
significativa, como hemorragia intracraniana. Tais sintomas podem ser evitados pela administração profilática da
vitamina K, logo após o nascimento. A forma tardia pode ser primária, em virtude da ausência da profilaxia neonatal e
da baixa ingestão da vitamina K. A secundária relaciona-se às causas de hipoprotrombinemia por avitaminose K, entre as
quais a colestase neonatal. Nessa forma, a apresentação é mais grave, ocorre hemorragia intracraniana em até 50% dos
casos, com taxa de mortalidade podendo chegar a 20%, e o dano neurológico persistente é frequente nos
sobreviventes. O tratamento da deficiência constitui-se na administração da vitamina K intramuscular ou venosa, e nos
casos graves, de urgência, utiliza-se o plasma fresco ou o sangue total fresco. A dose utilizada é de 5 mg de vitamina K1,
em dose única.
No recém-nascido, utiliza-se a dose profilática de 0,5 a 1 mg de vitamina K por via intramuscular ou venosa, ou a
dose oral de 1 a 2 mg, logo após o nascimento. Nos recém-nascidos, utiliza-se a vitamina K1 por causa do risco de
hemólise e kernicterus quando são usadas outras formas da vitamina K.