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CAPÍTULO 6

UMBANDA OU
UMBANDAS?

POR ALEXANDRE CUMINO

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E Cada vez mais ouvimos falar sobre “Umbanda e Um-


B bandas”, cada vez mais pessoas se questionam so-
O
O bre “O que é Umbanda?”, ou , “O que não é Umban-
K da?”.

E
P E é nossa responsabilidade, de todos nós Umbandis-
I tas, falar sobre o assunto e dar o mínimo de orienta-
S
ção a quem procura Umbanda. No passado, fomos
Ó
D muito criticados por cada um fazer o que quis dentro
I e com a Umbanda. Hoje vemos a “bandeira” da “di-
O
versidade na Umbanda” para outros continuarem fa-
0 zendo o que bem entendem em nome da Umbanda.
9

Ninguém pode responder o que é certo ou errado no


trabalho ou na casa do outro, ninguém pode querer
“ensinar” ou “mostrar” o que é Umbanda a quem já

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tenha “ideia formada” (ou engessada), mas todos po-


demos e devemos estudar o mínimo sobre nossa
religião. E pesquisando por meio de fatos históricos
sobre pessoas reais que deram sua vida pela religião
de Umbanda, encontraremos algo em comum que
permeia a maioria dos trabalhadores sérios, dedica-
dos, abnegados e resignados na “causa umbandista”.

A começar por Zélio de Moraes e o Caboclo das


Sete Encruzilhadas definindo Umbanda como “a ma-
nifestação do espírito para a prática da caridade”,
“aprender com quem sabe mais, ensinar a quem sabe
menos”, “Umbanda é Amor e Caridade”, “Umbanda
é fazer o Bem sem olhar a quem”. São conceitos e
palavras fundamentais para entender o que é “A” Um-
banda, independentemente de quantas “Umbandas”

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E existam. Esta é a unidade, este é o fundamento princi-


B pal, a base pela qual todo o resto se desdobra. O ser
O
O humano em si é diverso, o que torna toda diversidade
K natural, temos diversidades cristãs (católico, batista,
metodista, luteranos, anglicano...), diversidades cató-
E
P licas (dominicanos, jesuítas, carmelitas, franciscanos,
I carismáticos...), com a Umbanda não seria diferente.
S
Ó
D Unidade é Umbanda, diversidade são Umbandas.
I Logo, que se tenha um mínimo de base para identifi-
O
car o que seja a unidade, “A” Umbanda. Podemos de-
0 fini-la de forma positiva, afirmando o que é Umbanda,
9 ou, de forma negativa, afirmando o que não é Umban-
da. Quando afirmamos de forma positiva, outros afir-
mam que queremos “codificá-la”, quando afirmamos
de forma negativa, outros se sentem agredidos ou ex-

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cluídos. Pois muito pouco podemos dizer que possa


englobar o todo Umbandista. Mas ainda assim não
podemos abrir mão desta responsabilidade de fa-
lar sobre Umbanda. Cada um fala de seu ponto de
vista e de diferentes pontos de vista, muitas vezes a
mesma Umbanda se revela outra Umbanda, simples-
mente por se mostrar de outro ângulo. Já dizia aquele
que para todos nós é Mestre: “quem tem olhos para
ver, veja. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Falar
sobre Umbanda sempre vai agradar a uns e desagra-
dar a outros, no entanto, esta é uma missão e falar
sobre Umbanda não é para leigos ou deturpadores.
Precisamos nós Umbandistas começar a falar mais e
mais sobre nossa religião, sobre seu encanto e magia,
que Umbanda tem de sobra.

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E Na minha opinião, podemos e devemos falar mais


B sobre “A” Umbanda e menos sobre “AS” Umbandas,
O
O afinal, se há uma unidade, este é o foco do que
K seja Umbanda. Se quando um guia está em terra ele
vem e nos passa uma mensagem do que é “A” Um-
E
P banda é nosso dever repetir suas palavras e levar a
I todos quantos queiram “UMBANDA”. A diversidade é
S
válida desde que não coloque em risco a unidade,
Ó
D mas qual unidade? Quando que a diversidade co-
I loca esta unidade em risco? A unidade é Umbanda
O
e encontramos a mesma partindo de algumas pala-
0 vras aceitas pela grande maioria, como as palavras do
9 Caboclo das Sete Encruzilhadas citadas acima. Em
2008, a maioria de nós Umbandistas comemoramos
100 anos de Religião, logo temos uma história que
deve ser conhecida, no mínimo que se conheça a his-

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tória do primeiro umbandista, Zélio de Moraes. Mas


ainda estamos a pensar o que seja a unidade, o que é
e o que não é Umbanda? Apenas o bom-senso pode
responder. Uma coisa é certa, que falo e repito: “Um-
banda é Religião e portanto só pode praticar o bem”.

Nossas definições para Umbanda são muito mais fi-


losóficas que ritualísticas, pois o que mais importa ao
definir Umbanda é apresentar seu ideal. A Umbanda
é muito Cristã, um espelho da cultura brasileira. Meu
amigo, e sacerdote, Claudinei Rodrigues, afirma que a
melhor definição sobre Umbanda deve ser: “Umban-
da é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próxi-
mo como a si mesmo”. Na minha opinião, é perfeito,
pois revela a “regra de ouro” presente em todas as
religiões, “não fazer ao próximo o que não desejo

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E para mim”. Religião é Fé, é a presença do sagrado,


B
um sentido para a vida, mas é também ética e bom-
O
O -senso para uma vida melhor. Embora esteja tão em
K
falta dentro das próprias religiões seu próprio sentido
E
de ser, podemos e devemos buscar um “caminho do
P
I meio” para a Umbanda que queremos. Com atabaque
S
Ó ou sem atabaque, com palmas ou sem palmas, com
D este ou aquele ritual é de menos importância. Que
I
O seja nas palavras do Caboclo Mirim em seu médium

Benjamim Figueiredo: “Umbanda é coisa séria para


0
9 gente séria”, “Umbanda é a Escola da Vida”. Zélio

de Moraes também afirmava, e seu bisneto Leonardo

Cunha repete: “Umbanda é Amor, Humildade e Ca-

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ridade. Se um centro de Umbanda cobrar, coloque

os dois pés para trás e saia correndo, isso não é

Umbanda!”.

Umbanda Branca, Preta, Negra, Amarela, Vermelha,

Cristã, Afro, Indígena, Mista, Trançada, Esotérica, Ini-

ciática, Cristã??? Não importa, o que importa é “UM-

BANDA”. Importa sua unidade, importa definir ou dar

um norte a quem procura “UMBANDA”. Pai Benedito

de Aruanda por meio de seu médium Rubens Sara-

ceni afirma “Sagrada e Natural é a Umbanda”, todas

as religiões e todas as formas de Umbanda o são, no

entanto, muitas vezes nos esquecemos do principal,

“Umbanda é Sagrada”.

*Esse texto faz parte do livro: A Umbanda e o Umbandista


(Alexandre Cumino - Ed. Madras)

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