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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Rio Grande do Sul
3ª Vara Federal de Caxias do Sul
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SENTENÇA
Sentença nº 1063/2018
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custos e despesas suportados pela empresa, equivale ao desvirtuamento da base de cálculo das
contribuições ora in foco, e ao esvaziamento da responsabilidade social destas empresas para
com a seguridade social, em flagrante afronta aos ditames constitucionais e legais” (fls. 2-3).
Impugnou o pedido de incidência de correção monetária e requereu, em sendo concedida a
segurança, que fossem aplicadas as disposições do art. 74 da Lei nº 9.430/96 no tocante à
compensação. Requereu, ao final, a improcedência da ação.
É o relatório.
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Como se verifica do aqui exposto, o método previsto no chamado regime não-
cumulativo da contribuição ao PIS e COFINS apresenta contornos distintos daquele aplicável
aos impostos, já que o fato gerador destas contribuições é a obtenção de receita pelo
contribuinte, independentemente das operações anteriores. Com efeito, seria impraticável
perquirir-se de eventual creditamento de valores destacados nas operações anteriores,
justamente em face da amplitude da base de cálculo prevista para as referidas contribuições.
Deste modo, a denominada não-cumulatividade destas contribuições constitui-se em um
método no qual determinados custos operacionais são descontados da base de cálculo ou do
valor devido do tributo.
Em relação ao PIS, a Lei nº 10.637/02, em seu art. 3º, apresenta rol detalhado de
quais elementos geram créditos ao contribuinte, in verbis:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos
calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos)
(Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento)
I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos:
(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)
a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008).
(Produção de efeitos)
b) nos §§ 1o e 1o-A do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº
9.718, de 1998)
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III - (VETADO)
VIII - bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês
ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei.
IX - energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos
estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos
calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010)
(Regulamento)
I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos:
(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)
a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)
(Produção de efeitos)
b) nos §§ 1o e 1o-A do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº
9.718, de 1998)
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III - energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos
estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)
VIII - bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou
de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei;
IX - armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II,
quando o ônus for suportado pelo vendedor.
(...)”
“(...)
II - dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; (Redação dada
pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003)
III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI
do caput, incorridos no mês; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)
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Desse modo, objetivando regulamentar as citadas leis, a Secretaria da Receita
Federal elaborou as Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04, nos termos a seguir transcritos
(grifos acrescidos):
“Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não-cumulativo com a alíquota prevista no
art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os
valores:
(...)
III - dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a: ( Redação dada
pela IN SRF 358, de 09/09/2003 )
b) outros bens incorporados ao ativo imobilizado; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003)
(...)”
“Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º , a pessoa jurídica pode descontar créditos,
determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores:
(...)
(...)”
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depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros
bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos no País para utilização na produção de
bens destinados à venda, ou na prestação de serviços, dos valores devidos a título de PIS e de
COFINS. Trata-se, assim, de norma desonerativa, devendo ser interpretada de forma restritiva,
nos termos do art. 111 do CTN.
Da leitura do art. 3º, § 1º, das Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (COFINS),
resta claro que:
“(...)
(...)
III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI
do caput, incorridos no mês
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1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição
restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF,
efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei
10.833/2003, que contém rol exemplificativo.
2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância,
vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem
ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte.
4. Sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentam-se as
seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da
SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não-
cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e
10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou
relevância, ou seja, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de terminado item -
bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo
Contribuinte.
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contábil 5.02.19.01.01.19), depreciação de móveis e utensílios vida útil (conta contábil
5.02.19.02.01.01), depreciação de ferramentas vida útil (conta contábil 5.02.19.02.01.04),
depreciação de hardware vida útil (conta contábil 5.02.19.02.01.06), amortização de software
vida útil (conta contábil 5.02.19.02.01.07), depreciação de móveis e utensílios vida útil art. 169
IN1515 (conta contábil 5.02.19.02.01.10), depreciação de hardware §5º do art. 68 IN1515
(conta contábil 5.02.19.02.01.11), amortização de software §5º do art. 68 IN1515 (conta
contábil 5.02.19.02.01.12), depreciação de hardware vida útil art. 169 IN1515 (conta contábil
5.02.19.02.01.15), amortização de software vida útil art. 169 IN1515 (conta contábil
5.02.19.02.01.16), independentemente da data de sua aquisição, aí considerando a
inconstitucionalidade do art. 31 da Lei nº 10.865/2004;”
Verifica-se que o objeto social da parte autora não envolve fabricação, produção
de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. A empresa impetrante atua no
comércio varejista, sendo que o fato de disponibilizar o serviço de entrega da mercadoria (frete)
não configura, por si só, atividade fim e imprescindível ao funcionamento da empresa, sendo,
portanto, atividade acessória e, muitas vezes, cobrada do próprio cliente ou incluído no preço da
mercadoria comercializada.
Ademais, deve ser afastada a restrição temporal imposta no artigo 31, "caput", da
Lei 10.865/2003, que foi declarado inconstitucional pelo Órgão Especial do TRF 4ª Região, no
julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade na AMS Nº 2005.70.00.000594-0/PR (Relator
Desembargador Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, j. em 14-07-2008), nos termos da
ementa a seguir transcrita:
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TRIBUTÁRIO. INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SISTEMÁTICA
NÃO CUMULATIVA DO PIS E DA COFINS. CREDITAMENTO REFERENTE À
DEPRECIAÇÃO DE BENS INCORPORADOS AO ATIVO IMOBILIZADO. ART. 31, CAPUT, DA
LEI 10.865/2004. LIMITAÇÃO TEMPORAL. OFENSA AO DIREITO ADQUIRIDO E À
IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA.
INCONSTITUCIONALIDADE.
2- As deduções elencadas no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 não figuram na ordem
tributária como benesse fiscal, mas como pressupostos da não-cumulatividade, uma
contrapartida ao aumento das alíquotas de PIS e COFINS. Outra não pode ser a interpretação,
pois, pretendendo a lei criar um sistema não-cumulativo, deve estabelecer as hipóteses em que o
contribuinte terá direito a créditos compensáveis, como uma decorrência da regra da não-
cumulatividade.
3- A ocorrência de qualquer das hipóteses mencionadas no caput do art. 3º das Leis 10.637/2002
e 10.833/2003 é por si suficiente para fazer surgir o direito de crédito em favor do contribuinte,
que se incorpora ao patrimônio da empresa.
4- O art. 31, caput, da Lei 10.865/2004 limitou temporalmente o aproveitamento dos créditos
decorrentes das aquisições de bens para o ativo imobilizado realizadas até 30 de abril de 2004.
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II - O aspecto temporal da hipótese de incidência dos créditos escriturais do PIS e da COFINS,
previstos, respectivamente, nos arts. 3º, VI, da Leis n.s 10.637/02 e 10.833/03, ocorre no
momento em que são apurados os encargos de depreciação e amortização, sendo irrelevante a
data de aquisição dos bens. Precedentes.
III - O reconhecimento de repercussão geral não enseja o sobrestamento dos recursos que
tramitam no STJ, salvo se determinação expressa da Suprema Corte, o que não é o caso dos
autos. Precedentes. IV - A Agravante não apresenta argumentos suficientes para desconstituir a
decisão recorrida. V - Em regra, descabe a imposição da multa, prevista no art. 1.021, § 4º, do
Código de Processo Civil de 2015, em razão do mero desprovimento do Agravo Interno em
votação unânime, sendo necessária a configuração da manifesta inadmissibilidade ou
improcedência do recurso a autorizar sua aplicação, o que não ocorreu no caso. VI - Agravo
Interno improvido. (AgInt no REsp 1203314/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 19-09-2017, DJe 27-09-2017)
Desse modo, e considerando o teor do art. 3º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03,
bem como o objetivo social da empresa impetrante, é caso de concessão parcial da segurança,
restando reconhecido o seu direito a computar créditos de PIS e COFINS não cumulativos
relativamente aos encargos de depreciação e amortização das edificações e benfeitorias em
imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa, incorridos no mês,
durante os últimos cinco anos, a contar da data da propositura da ação (18-07-2018) – item “B”
do requerimento, restando ainda afastada a restrição temporal imposta no artigo 31, "caput", da
Lei 10.865/2003.
Custas legais.
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Espécie sujeita a reexame necessário (art. 14, § 1º, da Lei nº 12.016/2009).
Documento eletrônico assinado por ADRIANE BATTISTI, Juíza Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419,
de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do
documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o
preenchimento do código verificador 710007194016v13 e do código CRC 801d93df.
https://eproc.jfrs.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=04875cc1afff781d63e408c5… 12/12