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A Promessa da Política > De Hegel a Marx
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como história. Para Marx, política revolucionár é
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história coincidir com a lei fundamental da mudança histórica.
Isto torna supérilua a “astúcia da razão” de Hegel (o termo de
Kantera ardil da natureza”), cujo papel fora conferir à ação polí-
tica uma racionalidade política retrospectiva, isto é, torná-la
compreensível. Hegel e Kant tiveram de recorrer a esse compor-
tamento estranhamente sutil da Providência, porque, por um' '
lado, eles supunham — conforme a tradição — que a ação política
como tal tem menos a ver com a verdade do que qualquer outra
atividade humana e, por outro, estavam confrontados com o pro-
blema moderno de uma história que — apesar das ações contradi-
tórias dos homens, que no conjunto sempre resultam em algo
diferente do pretendido por cada um — é uniformemente com-
preensível e, portanto, aparentemente “racional”. Como os
homens não detêm o controle das ações que iniciaram e nunca
podem realizar plenamente suas intenções originais, a história
tem necessidade de “astúcia”, algo que nada tem a ver com
“esperteza” e que, de acordo com Hegel, consiste no “grande
mecanismo que obriga os outros a serem o que são em e para si
mesmos” (Jenenser Realphilosophie, edição Meiner, vol. xx, p.
199). Marx, embora ainda se considerando ligado ao impulso da a E ss + A —
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transformá-lo. Foi também por isso que pôde levar a sua política
revolucionária, ou melhor, a sua visão revolucionária da política,
a completar-se com a imagem de uma "sociedade sem classes” —
uma imagem nitidamente orientada pelos ideais de lazer e tempo
livre da pólis grega. Mas sua conclusão não foi, é claro, essa fugaz
mirada retrospectiva sobre uma utopia passada, mas a reavalia-
ção da política como tal.
Com o antecipado desaparecimento do poder e da dominação
na sociedade sem classes de Marx, “liberdade” se torna uma
palavra sem sentido a menos que concebida em um sentido com-
pletamente novo. Dado que Marx, aqui como em outras partes,
não se deu ao trabalho de redefinir seus termos, atendo-se assim
ao marco conceitual da tradição, Lenin não estava tão errado em
concluir que, se aquele que domina outros não pode ser livre,
então a liberdade é um preconceito ou uma ideologia — mesmo
que assim despojasse a obra de Marx de um de seus impulsos
mais importantes. O ater-se à tradição é também a razão de um
erro ainda mais fatal de Marx, e de Lenin também — o de que a
mera administração, por oposição ao governo, é a forma adequa-
da da convivência humana em condições de igualdade radical e
universal. Eles supunham que administração era não- governo,
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burocracia ninguém ocupa a cadeira de governante, não
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ção de contas e não era responsável perante quem quer que fosse.
O mesmo vale para o regime burocrático de ninguém, ainda que
por umaarazão totalmente diferente. Em uma burocracia há mui-
tas pessoas que podem exigir prestação de contas, mas não há
ninguém para fazê-lo, porque “ninguém” não pode responsabi-
lizar-se. Em lugar das decisões arbitrárias do tirano, encontra-
mos resultados fortuitos de procedimentos universais, destituí-
dos de malícia e de arbitrariedade porque não têm uma vontade
atrás de si, mas pelos quais também não se tem interesse. Do lado
dos governados, a rede de parâmetros a que estão sujeitos é muito
mais perigosa e mortal do que a arbitrariedade tirânica. Mas não
se deve confundir burocracia com dominação totalitária. Se a
Revolução de Outubro pudesse ter seguido o curso prescrito por
Marx e Lenin,oque não foi o caso, teria provavelmente resultado
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Por trás da teoria marxiana do interesse está a convicção de
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uma criatura laboriosa. Sob essa definição, ele subsume tudo que
a tradição transmitiu como traço distintivo da humanidade: o
Jabor é o princípio da racionalidade, e suas leis, que no desenvol-
vimento das forças produtivas determinam a história, tornam a
história compreensível à razão. O labor é o princípio daproduti-
vidade; é ele que produz o mundo verdadeiramente humano
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