Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA: PARASITOLOGIA CLÍNICA

CICLO BIOLOGICO DE PARASITAS ENCONTRADOS COMUNENTE NO


EXAME PARASITOLOGICO DE FEZES (EPF)

ARACAJU, SETEMBRO DE 2021.


Introdução
O exame parasitológico de fezes serve para identificar parasitas responsáveis
por alterações gastrointestinais, podendo ser identificados cistos, trofozoítos,
ovos ou vermes adultos nas fezes, sendo este último mais raro de ser
identificado. Dessa forma, quando a pessoa apresenta sintomas de parasitoses
como dor abdominal, perda do apetite ou barriga inchada, por exemplo, o médico
pode indicar a realização do exame parasitológico de fezes.
Helmintos: são parasitas mais alongados e cuja infecção é normalmente
identificada através da presença de grande quantidade de ovos nas fezes, sendo
identificados com mais frequência ovos de Ascaris lumbricoides, Taenia sp.,
Trichuris trichiura, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenale,

1. Ascaris lumbricoides
1.1 - Ciclo da vida do Ascaris lumbricoides
1. Vermes Ascaris adultos vivem na luz do intestino delgado.
2. Uma fêmea pode produzir cerca de 200.000 ovos por dia; os ovos são
excretados nas fezes. Os ovos não fertilizados podem ser ingeridos, mas não
são infecciosos.
3. No meio ambiente, os ovos fertilizados, dependendo das condições, se
tornam embrionários e infecciosos entre 18 dias e algumas semanas; as
condições ideais são solo úmido, quente e sombreado.
4. Ovos infecciosos são deglutidos.
5. No intestino delgado, os ovos eclodem em larvas.
6. As larvas penetram a parede do intestino delgado e migram via circulação
porta até o fígado, a seguir via circulação sistêmica até os pulmões, onde
amadurecem ainda mais (em 10 a 14 dias).
7. As larvas penetram as paredes alveolares, ascendem a árvore brônquica
até a garganta e são deglutidas. A seguir retornam ao intestino delgado, onde
se transformam em vermes adultos.

2
1.2 – Imagens microscópicas de ovos

3
2. Ancylostoma duodenale.

2.1 Ciclo de vida do ancilóstomo

1. Os ovos são eliminados nas fezes e, se depositados em um solo quente,


úmido e pouco rígido, as larvas eclodem em 1 a 2 dias.

2. Os ovos liberam larvas rabditiformes, que crescem nas fezes ou no solo.

3. Depois de 5 a 10 dias, as larvas se tornam infecciosas.

4. Quando entram em contato com o hospedeiro humano, penetram na pele e


são levadas pelos vasos sanguíneos até o coração e a seguir até o pulmão. As
larvas penetram os alvéolos pulmonares, ascendem a árvore brônquica até a
faringe e são deglutidas.

5. As larvas alcançam o intestino delgado, onde se transformam em adultos.


Vermes adultos residem na luz do intestino delgado. Se ligam à parede intestinal,
se alimentam de sangue (resultando em perda de sangue pelo hospedeiro) e
produzem ovos.

2.2 Ovos de ancilostomídeos

Os ovos de ancilostomídeos são ovais, a casca é fina, transparente e hialina. No


interior, conforme a evolução do ovo, podem-se observar dois, quatro, oito ou
mais blastômeros, terminando pela formação da larva. Os ovos de Ancylostoma
duodenale medem 55-65µm x 36-40µm, enquanto que os de Necator
americanus medem 60-75µm x 36-40µm.

4
5
3. Trichuris trichiura
3.1 Ciclo de vida do Trichuris trichiura

1. Os ovos não embrionados são eliminados nas fezes.

2. No solo, os ovos se transformam no estágio de 2 células.

3. As células continuam a se dividir (estágio avançado de clivagem).

4. Então os ovos se embrionam e se tornam infecciosos em 15 a 30 dias. Os


ovos podem ser ingeridos quando as mãos ou os alimentos estão contaminados
com fezes ou solo contendo fezes.

5. Os ovos eclodem no intestino delgado e liberam larvas.

6. As larvas amadurecem e se transformam em adultos no ceco e no cólon


ascendente.

6
3.2 Ovos de Trichuris trichiura (50-55µm x 20-23µm)

Os ovos de Trichuris trichiura apresentam aspecto típico de bandeja ou de um


pequeno barril, com saliências mucóide e transparente nas duas extremidades;
possuem dupla membrana que envolve a massa de células germinativas.

4. Enterobius vermicularis ou Oxiurus vermicularis

4.1 Ciclo de vida do Enterobius

 1. Os ovos são depositados nas dobras perianais.


 2. Os ovos podem ser ingeridos quando as pessoas tocam a boca depois
de coçar a área perianal (autoinfecção) ou após manusear roupas ou
outros objetos contaminados (p. ex., roupas de cama, cortinas ou
carpetes); o manuseio de objetos contaminados também pode fazer com
que os ovos sejam transportados pelo ar e assim ingeridos.
 3. Depois que os ovos são ingeridos, eles viajam para o intestino delgado,
onde eclodem e liberam as larvas.
 4. Os vermes adultos se estabelecem na luz do ceco.

7
 5. À noite, as fêmeas prenhas migram para fora do ânus e põem ovos à
medida que se andam na pele da área perianal.

4.2 Ovos de Enterobius vermicularis

Os ovos possuem membrana dupla e lisa, são transparentes, com embrião


ou uma larva no seu interior. Apresentam o aspecto de um “D”, pois um
dos lados é sensivelmente achatado e o outro é convexo




8
5. Taenia sp
5.2 Ciclo de vida do Taenia solium

Os seres humanos desenvolvem infecção intestinal com tênias adultas após a


ingestão de carne de porco contaminada, ou podem desenvolver cisticercose
após a ingestão de ovos de T. solium (tornando os seres humanos hospedeiros
intermediários).

 1. Os seres humanos ingerem carne de porco crua ou malcozida contendo


cisticercos (larvas).
 2. Após a ingestão, cistos evertem, ligam-se ao intestino delgado pelo seu
escólex e tornam-se tênias adultas em cerca de 2 meses.
 3. As tênias adultas produzem proglotes, que se tornam prenhes; estas
desprendem-se da tênia e migram para o ânus.
 4. Proglotes soltas e/ou ovos são passados para o hospedeiro definitivo
(ser humano) pelas fezes.
 5. Porcos ou seres humanos tornam-se infectados pela ingestão de ovos
embrionados ou proglotes prenhes (p. ex., na comida contaminada por
fezes). Pode ocorrer autoinfecção nos seres humanos se proglotes
passarem do intestino para o estômago via peristaltismo reverso.
 6. Depois que os ovos são ingeridos, eclodem no intestino e liberam
oncosferas, as quais penetram na parede intestinal.
 7. As oncosferas, através da rede sanguínea, vão para músculos
estriados e para o cérebro, o fígado e outros órgãos, nos quais se
desenvolvem até cisticercos. Pode resultar em cisticercose.

5.3 Ovos de Taenia spp (31-43µm)

Os ovos de Taenia spp são esféricos, possuem uma casca espessa, marrom e
com estrias radiais. No interior dos ovos encontra-se a oncosfera (embrião
hexacanto) com três pares de acúleos ou ganchos. Às vezes os ovos podem
estar envoltos por uma membrana fina e hialina. Ao microscópio os ovos das

9
duas tênias são morfologicamente idênticos, portanto, o encontro deles é
diagnosticado como ovos de Taenia spp.











6.Hymenolepis nana

Os ovos de H. nana já são infetantes quando são eliminados pelas fezes. Os


ovos são ingeridos por artrópodes (insetos, pulgas, caruncho dos cereais) e a
oncosfera dá origem a uma larva cisticercóide. Quando os artrópodes infetados
são ingeridos por roedores ou humanos (o que é mais comum em crianças), a
larva cisticercoide dá origem ao adulto no intestino delgado. Também pode haver
a ingestão de ovos através de alimentos, água ou mãos contaminadas e a

10
oncosfera é libertada e dá origem à larva cisticercóide nas vilosidades intestinais.
Quando há rotura das vilosidades intestinais, a larva cisticercóide volta para o
lúmen intestinal, desinvagina o escoléx e agarra-se à mucosa intestinal,
desenvolvendo-se no adulto (que se encontra no íleo). Os proglótides grávidos
produzem ovos que saem pelo poro genital ou quando proglótides rebentam no
intestino. Os ovos são posteriormente eliminados nas fezes.

6.2 Ovos de Hymenolepis nana (40-50µm)

Os ovos de Hymenolepis nana são quase esféricos, claros e transparentes;


possuem membrana externa delgada e membrana interna envolvendo a
oncosfera com três pares de acúleos; entre as duas membranas há um espaço
claro e largo, ocupado parcialmente por material granuloso. A membrana interna
apresenta duas saliências polares (mamelões), de cada uma das quais saem 4-
8 filamentos longos

11
.

7. Schistosoma masoni
7.1 Ciclo de vida simplificado do Schistosoma

 No hospedeiro humano, os ovos contendo miracídios são eliminados com


as fezes ou a urina na água.
 Na água, os ovos eclodem e liberam os miracídios.
 Os miracídios nadam e penetram em um caramujo (hospedeiro
intermediário).
 Dentro do caramujo, os miracídios progridem através de 2 gerações de
esporocistos para se tornarem cercárias.
 As cercárias nadadoras livres são liberadas do caramujo e penetram na
pele do hospedeiro humano.
 Durante a penetração, as cercárias perdem sua cauda bifurcada,
tornando-se esquistossômulos. Os esquistossômulos são transportados
através da vasculatura até o fígado. Lá, se transformam em vermes
adultos.
 O par (macho e fêmea) de vermes adultos migra (dependendo da espécie)
para as veias intestinais no intestino ou no reto, ou para o plexo venoso
do trato geniturinário, no qual vivem e botam ovos

7.2 Ovos de Schistosoma mansoni (114-175µm x 45-70µm)

12
Os ovos têm um formato oval, sem opérculo, apresentando na parte mais larga
um espículo lateral. O ovo maduro, forma usualmente encontrada nas fezes,
apresenta um miracídio formado no seu interior, visível pela transparência da
casca.

Referência Bibliográfica
https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/multimedia/image/v1013649_pt
https://parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/fotografias/ov
os-alumbricoides/

13

Você também pode gostar