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Universidade Federal da Paraíba

Programa de Pós-Graduação em Comunicação


Mestrado em Comunicação
Disciplina: Comunicação e Teorias do Cotidiano.
Professor: Wellington Pereira.
Aula do Primeiro de abril de 2011.
Temática: Epistemologias do Cotidiano.
Tema: Da arte de ler o mundo da vida.

1.Primeira Parte: Da arte de ler.

- A arte de ler o mundo é construída s na vida sob os auspícios de


várias culturas e se perde nas temporalidades sociais.
-Uma das formas de ler o mundo na antiguidade era usar os mitos
como recursos narrativos para legitimar os imaginários de cada
povo.
- Ler é sempre uma atitude entre sujeitos, objetos- e identificar as
ferramentas que se interpõem nesta relação.
-A Idade Média é o espaço histórico-social no qual as primeiras
técnicas de leitura como apreensão do significado dos sujeitos e
das coisas no mundo vão ser codificadas dentro de uma tradição
Escolástica.
- A nossa preocupação nesta aula é demonstrar como Arte de ler
passa a ser sistematiza no século 12, a partir da Escola de São
Vítor- na Paris Medieval, e um dos seus principais filósofos Hugo.
-Hugo nasceu em 1095 e chegou a Paris em 1115 e morreu em
1141.
-Da arte de ler é escrita em 1127- com o objetivo de se tornar um
currículo.
- Algumas questões inerentes à Arte de ler a partir da Escola de
São Vítor:
-Estudar lendo significa conhecer a sapiência.
-O reconhecimento de uma Ratio Divina que poderia ser dividida
em a Ratio da Arte de Ler e a Ratio Lógica- de alguém que é outro
independente da mente humana. P.13.
- A Ratio Divina forma o mundo tende a mente humana com a
mesma estrutura do universo.
Os estudos nas faculdades de Arte eram organizados
considerando o Trívio: gramática, dialética e retórica.
- Na Arte de ler, de acordo com a tradição da Escola de São Vítor,
o mundo aparece como um conjunto de coisas. Portanto a de
início a divisão da ciência em 4(ciências mecânicas):
1)teoria;2)prática;3mecânica;4)lógica. P.17.

Teoria-Teologia, matemática, física.


Prática- ética , privada e pública.
Lógica-gramática, ratio disserendi,arte de argumentar.
Os problemas da razão na Arte de Ler:
A razão aparece como instância congnitiva que se estende à
natureza. P.20.
A leitura como ócio:
-O termo otium em latim significa inação, repouso, tempo livre em
oposição a negócio-a negação do ócio- mas também significa
dedicação aos estudos e à expressão da consciência humana.
Hugo de São Vítor considera o ator de ler como a quietude do
mundo exterior.
Poderíamos pensar que a leitura serve para interligar o mundo
cognitivo dos indivíduos com a significação da materialidade dos
objetos.
No exercício da leitura, Hugo de São Vítor vai privilegiar o método:
“O método é tão importante que sem ele qualquer tempo
dedicado aos estudos(otium) é torpe e todo trabalho inútil”. P.33.
Ler é Viver.
-Ler para Hugo de São Vítor é um mondo de viver(p.34).Portanto a
leitura estará na mesma categoria do afeto, da amizade- ou como
um ato moral e social.
Um dos problemas que dizem respeito à leitura nos mundos
modernos e pós-modernos é o caráter da leitura informativa. Essa
leitura precisa de imediato ser seguida pela reflexão para
alcançar o discernimento crítico. P.35.
As regras para uma boa leitura, de acordo com Hugo de São Vítor:
1) saber o que se deve ler;2) em que ordem se deve ler;3) como
se deve ler. P.45.
As concepções de leitura de Hugo de São Vítor vão obedecer à
organização das quatro ciências: 1)Teórica-investigação das
éverdades; 2) Práticas-estudos das disciplinas dos costumes; 3)
Mecânica- que ordena as ações dessa vida; 4) Lógica-que ensina a
falar corretamente e a disputar agudamente. P.79.

Como vimos a leitura do mundo pressupõe a organização de


instrumentos capazes de reduzir a distância entre o sujeito e o
objeto(preocupação da ciência do séc. XIX).
Portanto, ler é realizar um mapeamento cognitivo dos elementos
que atravessam os campos sociais e suas formas de construir
realidades em um exercício que denominamos construção dos
saberes.

Construindo saberes :
-A principal função do saber é conhecer o funcionamento das
coisas(A construção do Saber p.17)
A construção do saber perpassa a explicação do mundo através
dos mitos, as formas de percepção imediata da realidade- como a
intuição-que será objeto de estudo nesta disciplina.
A produção de saberes que vão geram métodos de leitura do
mundo não pode prescindir da tradição- pois ela conserva uma
forma de saber importante: o senso comum, que não se baseia na
experiência racionalizada.
“Mas é no século XIX que a ciência triunfa. No domínio das
ciências da natureza, o ritmo e o número das descobertas
abundam. Mas saem dos laboratórios para ter aplicações práticas:
ciência e tecnologia se encontram”. P.25(A construção do saber).
Tipos de Pesquisa:
A pesquisa fundamental- cujo objetivo é conhecer pelo próprio
conhecimento.
A pesquisa aplicada- visa resolver problemas concretos.

O mundo cotidiano e o mundo da vida:


“Os conceitos de mundo cotidiano e mundo da vida, tal como
emergiram dos debates filosóficos do início do século XX eram
semanticamente similares àquilo que Bergson circunscrevera com
esfera intermediária da realidade(Modernização dos
sentidos,p.168).
“O mundo da vida cotidiana significará o mundo intersubjetivo
que existia muito muito antes do nosso nascimento, experenciado
e experimentado por outros, nossos predecessores, como um
mundo organizado. Agora ele é dado à nossa experiência e
interpretação. Toda interpretação deste mundo está baseada
num cabedal de experiências prévias e daquelas que nos foram
transmitidas pelos nossos pais e professores, que, na forma de
conhecimento à, funcionam como esquema de referência”.
(Modernização dos sentidos,p.174).

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