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Então, nestas situações, temos várias hipóteses.

(1) Pessoa é julgada e condenada pela prática de um crime, e está a cumprir essa pena.
Um segundo tribunal vai julgar e condenar o agente pela prática de outro crime.
Antigamente, este segundo tribunal determinava a pena única do concurso.
Por força das alterações de 2007, este segundo tribunal julga e condena o agente, a
condenação transita em julgado e, depois, um terceiro tribunal é que determina a pena
única do concurso daqueles dois crimes.
Este sistema é, para nós, censurável – mas ainda assim é o que vigora.
Então, se o agente foi julgado e condenado numa pena que está a cumprir e, depois, é
julgado e condenado por um segundo tribunal – as coisas são relativamente simples: o juiz
do terceiro tribunal tem as duas penas concretas já determinadas; constrói a moldura
penal do concurso; determina a pena única do concurso de acordo com o art. 77º; e, depois,
desconta na pena única o tempo de prisão que o agente já cumpriu (parte final do art. 78º).
Agente é condenado a 10 anos, e já cumpriu 8 desses. Agora, é condenado a uma segunda
condenação de 12 anos. O juiz determina uma pena única de (12 a 22 anos) 20 anos, é óbvio que o
agente não vou cumprir mais 20 anos de pena de prisão – apenas cumpre 20-8, cumpre 12.
O juiz anula a condenação anterior e determina uma nova pena única.
(2) Pode acontecer que já a pena anterior seja uma pena única conjunta
Também aqui nada há de especial: o tribunal anula a pena única conjunta anterior, e
junta a pena, formando uma nova pena única.
Aliás, podemos até concluir que a nova pena é inferior, desde que respeite a devida
moldura – há uma nova valoração dos factos e da personalidade do agente.
(3) Penas de substituição
Fui julgada e condenada por tráfico de menor gravidade (para consumo) – sou traficanteconsumidora. O
tribunal condena-me em pena de suspensão de execução da pena de prisão com a
obrigação de eu tratar da minha situação de toxicodependência.
Estou a cumprir a suspensão da execução da pena de prisão, quando se descobre que,
anteriormente à condenação pelo primeiro crime, eu tinha feito um assalto para obter dinheiro para
comprar a droga que habitualmente consumia.
O que fazemos a esta pena não privativa da liberdade? O DR. NUNO BRANDÃO entende
que quando estivermos perante esta situação, se a pena anterior for de substituição, essa
pena de substituição deve acabar a sua execução – não se determina uma pena única de
concurso.
No nosso entendimento, não há razão nenhuma para diferenciar estas situações das
situações regra: no caso de concurso de crimes, a questão da substituição da pena colocase, não em
relação às penas parcelares, mas sim à pena única conjunta. Portanto, neste
caso, o que faríamos era anular a suspensão da execução da pena de prisão; considerar a

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