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Outra diferença reside no facto de, se eu for condenada numa pena de multa principal

e pagar algumas das prestações, essas prestações pagas são descontadas nos dias de prisão
que tenho que cumprir por não pagar o resto; mas se isto acontecer numa pena de multa
de substituição, a multa já paga não se repercute na prisão que tenho de cumprir.
Também o contrário funciona: em prisão de substituição por falta de pagamento da
multa principal, posso pagar o valor restante da multa para poder sair mais cedo; isto não
é possível quando fui condenada em multa de substituição.
Há outro argumento: se eu não pagar a pena de multa principal, eu tenho de cumprir
prisão subsidiaria; se eu não pagar a pena multa de substituição eu cumpro uma pena de
prisão. E como uma é prisão subsidiária e a outra é uma pena – eu posso cumprir esta
última em casa; na multa principal não é uma pena, é somente prisão subsidiária.
Por causa desta diferença de regime, podemos dizer que, quando na primeira operação
o juiz decide se aplica a pena de prisão ou a pena de multa alternativa (principal), o juiz
faz um critério muito mais genérico – um critério de conveniência. Ele averigua o que é
mais conveniente, no caso concreto, para as finalidades preventivas: aplicar a multa ou a
prisão.
Já na última operação, o critério do juiz é mais fino – ele tem que efetivamente verificar
a necessidade de aplicar pena de prisão.
Por outro lado, a ideia de conveniência tem a ver com uma outra coisa: na primeira
operação só tenho prisão ou multa; se escolher a prisão, no fim, posso ter mais alternativas
a ela; alem da multa posso ter a prestação de trabalho a favor da comunidade, suspensão
de execução ca pena de prisão, etc.
Aliás, muitas vezes, a forma de não aplicar uma pena privativa da liberdade é, na
primeira operação, escolher a pena de prisão – para mais tarde a substituir por uma das
outras (maior quantidade) alternativas.
Quando abrimos o CP na parte especial e vemos que só em 3 casos temos pena de multa
autónoma não é tao mau quanto parece: nos outros casos, em que temos multa e prisão
como alternativas, vamos ter muito mais escolha na terceira opção de determinação da
pena.
Em suma, o critério de escolha da pena funciona quer na primeira operação quer na
terceira com o sentido exposto; a culpa não é critério de escolha da pena – volta a entrar,
sim, na determinação da medida concreta da pena de substituição.
2. Regime geral das penas de substituição
Focamo-nos, agora, na última operação de determinação da pena. Não podemos dar
aqui todas as penas de substituição, portanto vamos chamar a atenção somente para o
regime geral das penas de substituição: aquilo que é comum a todas as penas de
substituição.
2.1. Medida concreta da pena de substituição

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