João F. & Lucas A. - Texto David Waldner

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS (FFC) CAMPUS MARÍLIA

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A METODOLOGIA APLICADA AS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS

DOCENTE: PROF. DR. SÉRGIO LUIZ CRUZ AGUILAR

DICENTES: JOÃO FELIPE RONQUI DE CARVALHO

LUCAS ALEXANDRE COSTA DOS SANTOS

TURMA: XVIII – 1º ANO

TEXTO: WHAT MAKES PROCESS TRACING GOOD? CAUSAL MECHANISMS,


CAUSAL INFERENCE, AND THE COMPLETENESS STANDARD IN
COMPARATIVE POLITICS

AUTOR: DAVID WALDNER


INTRODUÇÃO

O autor avalia a importância do process tracing examinando de perto um pequeno


número de exemplos. Além disso, avalia estudos afirmando que o process tracing
trabalha usando evidências para confirmar explicações e gerar dúvidas quanto à
outras enfatizando que o valor probatório de uma evidência para gerar explicações é
mais importante que o número de evidências.

O autor também destaca a capacidade do método process tracing de ser aplicado


em diversas áreas.

COMO O PROCESS TRACING ATUA

O process tracing produz adequação causal e explicativa na medida que:

1. É baseado em um grafo causal no qual os nós/vértices estão conectados de


maneira que são suficientes para explicar o resultado.
2. É baseado em um mapa histórico de eventos no qual é estabelecida uma
correspondência válida entre eventos e os nós.
3. Afirmações teóricas sobre mecanismos causais ligam os nós no grafo causal,
e o estudo de caso nos permite inferir que os eventos foram gerados por
mecanismo relevantes.
4. Explicações alternativas são eliminadas através do teste da hipótese ou por
não satisfazerem os critérios anteriores.

O conjunto dos critérios acima é chamado de padrão de integridade (completeness


standard).

Esse padrão contribui de três formas para entender como fazemos julgamentos de
causa válidos utilizando o process tracing.

1- Deixa claro o conceito de processo: cria um “critério de continuidade”, que postula


que todos as etapas intermediárias de um caso devem ser previstas por uma
hipótese, ou essa hipótese deve ser alterada. Assim, não é suficiente que uma
hipótese seja consistente, se tiver um número significativo de etapas intermediárias.

2- Diferencia o process tracing de processos repetidos de Hoop ou Smoking-gun


tests – O processo deve acontecer não por passar as hipóteses por um número
arbitrário de testes, mas por demonstrar que no caso estudado, os eventos
constituem cada vértice do grafo causal, e que esse conjunto de eventos é suficiente
para gerar um próximo conjunto, de forma relevante ao processo.

3- Propõe uma regra de parar (stopping rule) para o process tracing: questiona
quanto trabalho adicional é necessário para confirmar alguma hipótese: mais
processo é necessário? Se sim, quanto? O Completeness Standard é o padrão
responsável por dar essa regra de parar ao processo.

Em suma, o Padrão de Integridade busca adicionar um conteúdo importante para os


conceitos de “processo” e “rastreamento”. Indicando um padrão para determinar
quando um processo foi suficientemente traçado para ser uma descrição válida.

Além disso, demarca um padrão para determinar quando um rastreamento de


processo produz adequação causal e explicativa válidas.

CONCEITOS PRELIMINARES

O elemento fundamental de um padrão de integridade é um grafo causal. Ele


representa uma cadeia de relações de causa e efeito, a partir de uma variável
independente (X), passa por variáveis intermediárias (M1 e M2), e por fim conclui em
um resultado variável (Y).

X → M1 → M2 → Y

Os nós representam variáveis aleatórias, que para facilitar o entendimento podem


ser tratadas de forma binária, sendo verdadeiras ou falsas. As setas demonstram
relações de dependência condicional. Portanto, as setas representam mecanismos
causais.

A função de um grafo no padrão de integridade é representar o conjunto de relações


causais que constituem o processo rastreado a partir de evidências.

Essa função pretende auxiliar a avaliação de duas formas. A primeira é nos permitir
entender as características do grafo causal por ele mesmo, e se os nós (variáveis
aleatórias) são suficientes para gerar um resultado. A segunda é que a partir do
grafo causal temos, de forma destacada, a localização de mecanismo causais
relevantes que devem ser identificados e confirmados.

Essas duas funções do grafo causal se referem a adequação causal e a adequação


explicativa, respectivamente.
A adequação causal leva em conta alguns questionamentos, como:

- Cada nó implica no seu sucessor?


- Não faltam nós?
- O conjunto de nós é suficiente para alcançar um resultado?

A partir do momento em que essas perguntas são respondidas de forma afirmativa é


possível sustentar a inferência de que X causa Y.

É possível estabelecer adequação causal sem a existência de adequação


explicativa, ou seja, sem saber quais são os mecanismos causais de um resultado.

Por exemplo, por décadas a humanidade soube do valor terapêutico das cascas de
salgueiro, mas só recentemente foram descobertos os mecanismos pelos quais a
forma sintética de casca de salgueiro (aspirina) reduz febre, dores e inchaço.
Resumidamente os mecanismos causais tornam possível entender o porquê a
aspirina tem propriedades médicas.

Finalmente, como rastrear o processo representado pelo grafo causal? Para cada
grafo causal em um caso de estudo particular, o rastreamento de processo requere
a especificação de um conjunto de eventos que corresponda a cada nó no grafo.
Esse conjunto é chamado de mapa histórico de eventos (event-history map).

REGIME CHANGE IN INTERWAR EUROPE

O autor então inicia a análise de algumas pesquisas que fizeram o uso de process
tracing, iniciando pelo trabalho de Gerard Alexander de 2002, “The sources of
democratic consolidation in twentieth-century Europe.”

O historiador foca nas preferências políticas dos agentes de direita, mostrando com
detalhes como as preferências autoritárias no período entreguerras europeu foi
gradualmente substituído pela aceitação da democracia na Europa pós guerra,
especialmente olhando para a Espanha. Para defender sua tese, ele se esforça para
refutar hipóteses rivais, e seus conceitos de adequação causal e explicativa se
apoiam fortemente no completeness standard já citado.

Alexander postula que o modo de operar dos agentes de direita são baseados em
dois interesses básicos: o bem-estar material e físico. Enquanto interesses, muito
baseados na propriedade privada e lucro, estiverem longe de riscos, os agentes de
direita podem tolerar a democracia, principalmente se os pactos políticos e as
instituições estiverem em seu favor. Quando esse conjunto de proteções não está
presente, e seus interesses são ameaçados, os agentes inclinam-se para o
autoritarismo. A democracia somente é consolidada quando os agentes de direita
acreditam que a oposição demonstra baixo risco.

Para resumir seu raciocínio, Alexander utiliza o grafo causal acima. O autor propõe,
então, que façamos algumas perguntas para julgar a suficiência do grafo causal,
questionando se existe uma externalidade nos critérios utilizados, como as
percepções de risco da direita, ou se partem de uma variável anterior que define a
causalidade. Argumenta, então, que apenas fazer perguntas já preocupa que o grafo
causal não seja suficiente para o resultado.

Alexander então utiliza longos capítulos para a explicação da democracia espanhola


nos anos 30, e a sua transição para a democracia nos anos 70. No início dos anos
30, o Partido Socialista Obrero Español (PSOE) aproveitou grande suporte político.
Mas, apesar de sua plataforma eleitoral relativamente moderada, a direita espanhola
percebeu um perigo de radicalização.

Nesse contexto, o historiador passa a detalhar as percepções da direita sobre uma


esquerda potencialmente radicalizada, baseado em vasta pesquisa em jornais
locais, arquivos partidários e outras fontes mais recentes. Além disso, consegue
demonstrar a conexão entre as preferências da direita e os resultados políticos.

Para o autor, o trabalho de Alexander exemplifica uma coleção cuidadosa de


evidência qualitativa para apoiar as declarações sobre as preferências da direita e
suas consequências. Ambos períodos históricos são cuidadosamente
documentados, e ele consegue demonstrar que os agentes políticos foram capazes
de prever, com alta precisão, quais consequências eram prováveis na transição para
volta da democracia nos anos 70: trata-se de uma execução exemplar de inferência
descritiva de um mapa histórico de eventos para um grafo causal.

Mesmo assim, o autor termina por afirmar que as conexões finais feitas pelo
historiador necessitam de mais explicação teórica e de construção de grafos causais
mais complexos e extensos.

CIVIL WARS AND DEMOCRATIC TRANSITIONS IN EL SALVADOR AND SOUTH


AFRICA

A explicação de Elizabeth Wood para as transições democráticas em El Salvador e


na África do Sul demonstram que é possível internalizar mudanças em preferências
de regime e daí em diante explicar de forma mais adequada a transição da
democracia para a ditadura usando um único grafo causal unificado. O argumento
central em Forging Democracy from Below é que a elite econômica e política calcula
os custos e benefícios da exclusão política e suas preferências de regime derivam
desses cálculos. A característica chave de estados oligárquicos é a confiança na
capacidade repressiva das elites sobre as instituições de trabalho, a necessidade de
controlar o sistema político para disciplinar o trabalhador induz as preferências
autoritárias da elite. Exclusão política, entretanto, motiva ações de insurgência
coletiva. Por si mesma, a ação de insurgência coletiva enfrentará desafios quase
insuperáveis para derrubar o estado oligárquico.

A inovação crítica introduzida por Wood é que a ação de insurgência coletiva


transforma a natureza do sistema econômico. Em El Salvador, a guerra civil
engatilhou a queda do setor de exportação agrícola e um crescimento paralelo no
setor comercial urbano. Transformações econômicas afetaram diretamente os
interesses das elites, tornando-os mais favoráveis a questionar insistências quanto a
regime de exclusão.

Wood resume esse pensamento da seguinte forma:


Insurgency dampens the usual returns for the elite – assets are destroyed, costly
strikes occur, security costs rise, investment is suspended, and taxes increase.
If sustained long enough, expected returns under democracy look attractive in
comparison – if the distributional terms of the transition do not greatly threaten
the status quo distribution of property rights. (Wood 2000: 15) 1

O processo traçado em El Salvador é representado na figura 5.3. Nesse esquema o


estado inicial é baseado em um sistema econômico que explora o trabalhador e que
induz as preferências da elite por meio de um regime de exclusão.

Novos interesses econômicos em curso transformam preferências políticas,


chegando no resultado final de uma transição democrática. Isso enfatiza, no entanto,
que a mudança de paradigma é totalmente interna: o estado oligárquico causa uma
insurgência que resulta em transformação econômica. Wood afirma que não foi a
insurgência por si mesma que levou El Salvador para o caminho democrático, mas a
mudança econômica causada pela insurgência.

Assim, Wood usa o process tracing para diferenciar dois modelos possíveis de
causalidade. No topo da figura 5.4, a mudança econômica é mediadora entre a
insurgência e a democracia, e a insurgência age como um instrumento externo,
permitindo a Wood validar a alegação de que mudanças econômicas causaram a
transição democrática. Mas abaixo na figura 5.4, tanto democracia como mudança
econômica são efeitos da insurgência.
1
Tradução própria: “Insurgências amortecem retornos casuais para a elite, ativos são destruídos, greves
custosas acontecem, custos de segurança aumentam, investimentos são suspensos, e taxas aumentam. Se
durar por tempo suficiente, retornos esperados sob uma democracia parecem atrativos em comparação - se os
termos de distribuição da transição não ameaçarem o status quo dos direitos de propriedade.” (Wood 2000:15)
Na figura 5.3, a cadeia causal inicia-se a partir de sistema agroexportador explorador
que leva a sistema política excludente e consequentemente a uma insurgência,
causando mudanças econômicas e novas preferências de regime, que geram uma
barganha política culminando na transição para a democracia.

A partir de sua pesquisa, Wood está apta a mostrar que as elites econômicas estão
alinhadas a oficiais militares conservadores para minar militares reformistas que
buscaram modernizar a política e a economia sendo tolerantes a práticas como
reforma agrária e políticas liberais. Essa discussão indica evidência indireta da
ligação dos dois primeiros nós. Após isso Wood volta sua atenção para o impasse
político no fim dos anos 70, ela argumenta que a agressividade direitista tanto contra
as elites políticas reformistas quanto contra as mobilizações políticas não elitistas
catalisou a formação de uma frente insurgente, A FMLN (Frente Farabundo Martí
para la Liberácion Nacional). A pesquisa de Wood confirma que muitas pessoas se
juntaram a insurgência (anteriormente considerada inconsequente) por razão “das
ações afrontosas das forças de segurança contra suas famílias e vizinhos... ou em
resposta a morte de padres, particularmente o assassinato do arcebispo Oscar
Romero em 1980” (Wood 2000:47).

O capítulo seguinte entrega dados abundantes sobre como as elites de El Salvador


abandonaram seus interesses agroexportadores que exigiam exploração da mão-de-
obra e controle rígido sobre o estado e passaram a permitir uma disciplina de
trabalho de mercado. Um ponto de transição chave ocorreu quando as elites
perceberam que os militares não eram mais capazes de garantir sua posição
econômica e buscaram novas formas de representação política, resultando na
criação da ARENA, um partido político capaz de dominar o setor eleitoral. Enquanto
esse capítulo convence sobre as significantes mudanças nos interesses econômicos
das elites, mas é menos atencioso as preferências políticas das elites e sua
mudança liberal. Fica claro que a ideologia da ARENA mudou de um anticomunismo
rígido para políticas neoliberais.

O terceiro capítulo traça os passos finais da cadeia causal, das negociações


políticas para a democracia. Existem dois pontos chave para serem demonstrados
nessa parte; o primeiro, que a ARENA se sentiu segura quanto a manutenção dos
seus interesses econômicos sob a democracia, e, o segundo, que houve disposição
da FMLN em renunciar a violência e competir nas vias eleitorais. O segundo ponto
exigiu que a FMLN primeiro abraçasse a democracia e depois construísse
organização política e base econômica para induzir seus aliados a aceitar a paz e a
apoiar o partido nas eleições. Nota-se que o modelo não teoriza explicitamente os
determinantes da aceitação da democracia pela FMLN. Para isso, Wood postula:

“A natureza exclusiva da política em sociedades oligárquicas faz com que a


barganha política nas democracias capitalistas seja aceitável ao invés do discurso
anterior de transformação socialista. Insurgentes valorizam a realização da
democracia, os líderes porque antecipam seus papéis de poder e status na pós-
transição e os outros porque valorizam a participação na democracia.” (Wood
2000:15)

Além disso, Wood entrega uma análise paralela da transição do apartheid na África
do Sul. Em grande parte, o caso sul-africano é consistente com o primeiro grafo
causal, e ainda incorpora a mesma lógica da preferência interna de mudança.
Porém, na África do Sul, a insurgência gerou novas preferências na elite diminuindo
o retorno dos investimentos no sistema econômico existente e conduzindo a uma
mudança em direção a produção mais intensiva de capital. Wood desenvolve um
modelo formal de retorno de investimento para criar uma conexão causal entre os
nós. A lógica econômica do apartheid, de acordo com o modelo, é que “o controle
político do trabalho é mais barato do que seria em condições liberais, na qual os
salários necessários para que os trabalhadores permaneçam aumentam com a taxa
de emprego.” Mas uma vez que os trabalhadores de mobilizam, as vantagens do
apartheid diminuem consideravelmente. Wood verifica essa alegação através de
uma consideração muito cuidadosa das tendências macroeconômicas.

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS TRABALHOS DE WOOD E ALEXANDER

Assim como Alexander, Wood não se intimida em construir confiança em suas


alegações rejeitando explicações alternativas. Por exemplo, para sustentar a
alegação de que a insurgência trabalhista engatilhou o novo comportamento
econômico da elite, ela cuidadosamente considera um modelo liberal alternativo que
enraíza novas condições econômicas de crescimento intensivo de capital na
dinâmica do mercado de trabalho. Em particular, o apartheid se tornou inviável no
final dos anos 60 por conta da escassez de trabalho especializado que limitou o
crescimento e solicitou um desenvolvimento inapropriado de capital. Wood mostra
que esse modelo não é consistente com os dados, e que foi a mobilização política
que minou a lógica econômica do apartheid. Em outras palavras, Alexandre e Wood
usam o hoop test para desacreditar teorias alternativas, e de maneira geral, utilizam
as melhores práticas do process tracing citadas.

Para Wood e Alexander, no entanto, grande parte de suas alegações são baseadas
na articulação meticulosa e na defesa dos grafos causais, um procedimento que
desenvolve, mas ainda vai além das melhores práticas. Existe uma totalidade
relativa nos seus grafos causais, o alto grau de confiança que se pode ter em suas
inferências descritivas de eventos para variáveis, e os esforços em identificar
mecanismos causais que emprestam credibilidade para suas alegações,
demonstrando adequação causal e explicativa. Waldner diz que nenhum dos
trabalhos está sem defeitos, mas ambos demonstram que é possível alcançar
padrões muito altos através do process tracing.

CONCLUSÃO

A partir do trecho estudado, é possível perceber o aprimoramento no modelo de


avaliação da adequação causal e explicativa dos métodos de process tracing.

O padrão de integridade começa com a construção de um grafo causal que


incorpora o processo causal traçado. Após tal feito, o próximo passo é construir
mapas históricos de eventos, nos quais cada evento de um caso de estudo particular
corresponde a um nó do grafo causal.

Uma função central do process tracing é estabelecer uma correspondência de


inferência descritiva entre o mapa histórico de eventos e o grafo causal, mostrando
que os eventos em um caso particular constituem o valor teorizado de uma variável
aleatória como expressado no grafo causal.

O grafo causal e o mapa histórico de eventos trabalham juntos. O grafo causal


apoias a proposição que “se” as variáveis aleatórias assumem seus valores
hipotéticos, então o grafo é suficiente para produzir o resultado. O mapa histórico de
evento estabelece que variáveis aleatórias assumiram seus valores hipotéticos em
casos particulares. Se o grafo causal está completo e suficiente para gerar um
resultado variável, e se inferências descritivas estabelecem correspondência entre o
mapa histórico de eventos e o grafo causal, logo o estudo atingiu a adequação
causal. Isso é, a combinação entre um grafo causal e um mapa histórico de eventos
entrega a validez para alegações causais sobre um resultado. Além disso, se um
grafo causal inclui um inventário completo de mecanismo causais que conecta nós
no grafo, e se a evidência empírica corrobora esses mecanismos, o estudo também
atinge a adequação explicativa.

Dessa forma é possível não só dizer que X causa Y, mas também as razões, através
de um conjunto de mecanismos, que conectam X a Y de maneira relevante.

Nota-se que para a construção de um grafo causal, a exigência primária do padrão


de integridade nem sempre é simples, em alguns casos quase impossível. Ainda
assim, percebe-se que trabalhar com ele dá a oportunidade de pensar
meticulosamente sobre process tracing e sua relação com adequação causal e
explicativa.

Um exemplo de grafo causal insuficientemente determinado é a descrição de


Alexandre sobre a mudança de regime. A conexão entre percepções de risco e
preferências políticas direitistas está empiricamente corroborada, o problema é
passar dessas preferências para os resultados observados. Não é suficiente alegar
que atores relevantes tiveram incentivos para produzir um resultado, deve-se
mostrar que esses atores produziram tais resultados pelas razões hipotéticos e
pelos meios hipotéticos. Logo, o grafo de Alexander é indeterminado porque
demonstra incentivo, mas não capacidade. É possível fazer tal julgamento sobre o
potencial para adequação causal considerando, a priori, sua evidência empírica.

Por fim, fica claro que o padrão de integridade ainda precisa de mais elaboração.
Dessa forma, o capítulo lido e exposto se apresenta como um passo inicial para
chegar mais perto da compreensão de seus elementos relevantes. Na verdade,
afirmar um padrão não é igual operacionalizá-lo.

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