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Sumário
1
da economia e a sustentação da demanda, mesmo com a retomada de algumas me-
didas de distanciamento social em decorrência do aumento do número de novos
casos.
A recente revisão pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) das projeções para a
economia mundial refletiu, relativamente àquelas divulgadas em junho, uma visão
moderadamente mais otimista no curto prazo, ao mesmo tempo que reconhece o
aumento da incerteza em relação ao futuro. De acordo com essas projeções mais
recentes, a queda do PIB mundial em 2020 será menor que a projetada em junho:
-4,4%, ante -5,2% na projeção anterior (tabela 1). Para 2021, as projeções corres-
pondentes são 5,2% e 5,4%, respectivamente.1 A revisão do crescimento de 2020
reflete quedas menores – mas nem por isso menos dramáticas – que as previstas
Carta de Conjuntura
para o segundo trimestre, principalmente nos países avançados, assim como os si-
nais de forte crescimento no terceiro trimestre. O crescimento maior que o previsto
da China no segundo trimestre também contribuiu para a revisão do crescimento
da economia mundial em 2020.
TABELA 1
Economia Mundial – projeções de crescimento do FMI (out./2020)
Diferença das
projeções de
Crescimento real do PIB (%) Junho/2020*
Média Média Média
2016 2017 2018 2019 2020(p) 2021(p) 2020(p) 2021(p)
2000-2008 2009-2011 2012-2014
1. A previsão no relatório Panorama da Economia Mundial (World Economy Outlook – WEO), de junho, foi, na verdade, de uma queda
global de -4,9%, em 2020, mas baseou-se numa composição diferente do produto global em relação à de outubro, que se baseou em novas
estimativas para as taxas de paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês). A previsão para 2021 com base nas PPPs anteriores foi de
um crescimento de 5,4%.
2
ção de crescimento para o Brasil em 2020 passou de -9,1% para -5,8%, enquanto
a da Índia caiu de -4,5% para -10,3%. O crescimento chinês em 2020 deverá al-
cançar 1,9%, ante a previsão de 1,0% feita em junho.
A leve revisão para baixo do crescimento da economia mundial previsto para 2021
decorre da revisão de 2020 (menor efeito rebote) e da percepção de que as medidas
de distanciamento social deverão ser mantidas ainda por certo tempo. Segundo
o FMI, mesmo após o forte crescimento esperado para o próximo ano, quando
comparado à média anual de 3,7% ao ano (a.a.) de 2010 a 2019, o PIB mundial de
2021 será apenas 0,6% maior que o de 2019. De 2022 a 2025, o FMI projeta um
crescimento médio anual de 3,8% a.a.
Carta de Conjuntura
me em 2020 e um crescimento de 8,3%
130
em 2021. O comércio internacional já
125
vinha em trajetória de desaceleração des-
de a segunda metade de 2019, mas desa- 120
bou com a pandemia: queda de 15,5% 115
entre fevereiro e maio (gráfico 1). Desde 110
então, houve recuperação de 16%, o que 105
ainda deixa os fluxos de comércio em 100
2015m01
2015m04
2015m07
2015m10
2016m01
2016m04
2016m07
2016m10
2017m01
2017m04
2017m07
2017m10
2018m01
2018m04
2018m07
2018m10
2019m01
2019m04
2019m07
2019m10
2020m01
2020m04
agosto 2% abaixo dos níveis pré-pande- 2020m07
58
160
48
140 38
120 28
100 18
02/01/2015
02/04/2015
02/07/2015
02/10/2015
02/01/2016
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02/01/2020
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02/07/2020
02/10/2020
Fonte: Bloomberg.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
3
As commodities agrícolas e de minérios GRÁFICO 3
e metais, que, segundo o FMI, cresce- Preços de commodities segundo categorias de produtos
(Índice 2010 = 100)
ram 2,7% e 2,0%, respectivamente, em
175
setembro ante agosto, ainda não senti-
150
ram esse efeito – talvez pela influência
125
da China nesses mercados –, enquanto 100
o preço de commodities ligadas à energia 75
no mesmo período recuou 5,1% (gráfico 50
3). Os preços de commodities relevantes 25
para o Brasil revelam forte recuperação
jul/15
jul/16
jul/17
jul/18
jul/19
jul/20
jan/15
abr/15
out/15
jan/16
abr/16
out/16
jan/17
abr/17
out/17
jan/18
abr/18
out/18
jan/19
abr/19
out/19
jan/20
abr/20
out/20
no caso da soja (aumento de 32% desde Energia Agricultura Metais e Minerais Todas as Commodities
o final de maio) e, no caso do minério de
Fonte: Banco Mundial e FMI.
ferro, recuperação (aumento de 58% de Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
abril a meados de setembro), seguida de
Carta de Conjuntura
queda (de 6% daquele ponto ao final de outubro) – gráfico 4.
GRÁFICO 4
Preços de commodities – soja e minério de ferro
1.200
1.200 135
1.150
1.150 125
1.100
1.100 115
1.050
1.050 105
95
US$/bushel
US$/bushel
1.000
1.000
US$/ton
US$/ton
85
950
950
75
900
900 65
850
850 55
800
800 45
02/12/2016
30/06/2017
02/01/2015
13/03/2015
22/05/2015
31/07/2015
09/10/2015
18/12/2015
26/02/2016
15/07/2016
23/09/2016
10/02/2017
21/04/2017
08/09/2017
17/11/2017
26/01/2018
06/04/2018
15/06/2018
24/08/2018
02/11/2018
11/01/2019
22/03/2019
31/05/2019
09/08/2019
18/10/2019
27/12/2019
06/03/2020
15/05/2020
24/07/2020
02/10/2020
Soja
Soja Minério
Minério de
de Ferro
Ferro (eixo
(eixo direito)
Fonte: Bloomberg.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Um dos argumentos utilizados pelo FMI para rever para melhor suas projeções de
crescimento foi a reação mais forte que a prevista com o relaxamento, ou mesmo
liberação total, das medidas de restrição à mobilidade. Após queda de 31,4% no se-
gundo trimestre, o PIB americano cresceu inéditos 33,1% no terceiro trimestre na
comparação, ajustada sazonalmente e anualizada, com o trimestre anterior – todas
as variações a seguir são variações trimestrais ajustadas sazonalmente e anualizadas.
Apesar da forte recuperação, o nível ainda é 3,5% inferior ao do último trimestre
de 2019.
4
de estoques contribuiu com 6,6 pontos percentuais (p.p.) para o crescimento do
PIB no trimestre, refletindo a recomposição após a contribuição negativa de 3,5
p.p. no trimestre anterior. O setor externo contribuiu negativamente em 3,1 p.p.
com as importações, refletindo o salto da demanda, crescendo 91,1%, enquanto as
exportações aumentaram 59,7% (tabelas 2 e 3).
TABELA 2
Estados Unidos: PIB
(Variações trimestrais ajustadas sazonalmente e anualizadas)
19T1 19T2 19T3 19T4 20T1 20T2 20T3
PIB 2,9 1,5 2,6 2,4 -5,0 -31,4 33,1
Consumo das Famílias 1,8 3,7 2,7 1,6 -6,9 -33,2 40,7
Investimento Privado Bruto 3,9 -5,8 1,8 -3,7 -9,0 -46,6 83,0
Investimento Fixo 2,9 -0,4 2,4 1,0 -1,4 -29,2 28,5
Investimento Não-Residencial 4,2 0,0 1,9 -0,3 -6,7 -27,2 20,3
Estruturas 8,2 1,6 3,6 -5,3 -3,7 -33,6 -14,6
Carta de Conjuntura
Máquinas e Equipamentos 2,0 -3,8 -1,7 -1,7 -15,2 -35,9 70,1
Produtos sujeitos a propriedade intelectual 4,5 4,1 5,3 4,6 2,4 -11,4 -1,0
Investimento Residencial -1,7 -2,1 4,6 5,8 19,0 -35,6 59,3
Variação de Estoques .... .... ... ... ..... ..... .....
Exportação Líquida de Bens e Serviços .... .... ... ... ..... ..... .....
Exportações 1,8 -4,5 0,8 3,4 -9,5 -64,4 59,7
Importações -2,1 1,7 0,5 -7,5 -15,0 -54,1 91,1
Consumo e Investimento do Governo 2,5 5,0 2,1 2,4 1,3 2,5 -4,5
TABELA 3
Fonte: BEA.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Na Área do Euro, a trajetória do PIB foi semelhante à dos Estados Unidos, só que
mais acentuada (gráfico 5). As variações dessazonalizadas do trimestre em relação
ao trimestre imediatamente anterior foram -11,8% e 12,7% no segundo e tercei-
ro trimestres, respectivamente. Em termos anualizados, essas variações seriam de
-39,5% e 61,5%, respectivamente, mais amplas que nos Estados Unidos, especial-
mente o crescimento do terceiro trimestre. A primeira estimativa do PIB trimestral
não faz abertura por setores ou componentes da demanda, mas, como se argumen-
5
tará a seguir, parece refletir com particular intensidade o comportamento do setor
de serviços – em especial, turismo e lazer, que no verão europeu voltaram a operar
em ritmo mais forte que a virtual paralisia durante a fase mais crítica de distancia-
mento o social. A produção industrial no terceiro trimestre registrou crescimento
de 18%.
Carta de Conjuntura
GRÁFICO 5 GRÁFICO 6
Área do Euro – PIB trimestral China – PIB trimestral
(Variação com ajuste sazonal ante o trimestre anterior) (Variações interanuais, em %)
16,7
18,2 10
16,1
12,7
5
8,2
0
0,3 0,3 0,4 0,1 0,1 0,1 0,0 0,4
-0,2 -0,3 -5
-2,0
-3,7
-5,2 -5,3
-6,0
-10
-9,7
-11,8
-13,7
-13,0
-15
2017 T1
2017 T2
2017 T3
2017 T4
2018 T1
2018 T2
2018 T3
2018 T4
2019 T1
2019 T2
2019 T3
2019 T4
2020 T1
2020 T2
2020 T3
-17,8
6
construção civil e um setor de serviços que perde dinamismo após uma recuperação
modesta durante o verão do hemisfério norte. Desde julho, o PMI dos serviços na
Área do Euro já caiu 15,5%, voltando para a faixa de valores abaixo de 50 pontos, o
que indica contração, tendo registrado 46,2 pontos em outubro. Nos Estados Uni-
dos, em contraste, o crescimento tem sido contínuo desde maio. Aos 56,0 pontos
em outubro, já superou em quase 5% o nível pré-pandemia.
Carta de Conjuntura
GRÁFICO 7 GRÁFICO 8
PMI – Serviços PMI – Indústria de Transformação
(50 = neutralidade) (50 = neutralidade)
60
62
50 57
40 52
47
30
42
20 37
10 32
fev/18
set/18
fev/19
set/19
fev/20
set/20
jun/18
jun/19
jun/20
nov/17
abr/18
jul/18
nov/18
abr/19
jul/19
nov/19
abr/20
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out/17
mar/18
dez/17
mai/18
ago/18
out/18
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jun/18
jun/19
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abr/18
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out/19
mar/20
dez/19
mai/20
ago/20
jan/18
jan/19
jan/20
Clima dos Negócios Situação atual Expectativas Indústria Serviços Comércio Construção
7
Por setores, a sondagem revela que a piora das percepções – correntes e em termos
de expectativas – é mais forte entre empresários dos serviços, revertendo uma forte
recuperação desde abril (maior, inclusive, que nos demais setores). Nos serviços, o
saldo entre avaliações positivas e negativas caiu de 6,9 pontos em setembro para 3,9
pontos em outubro. Na indústria, o saldo aumentou de -0,5 ponto para 1,6 ponto;
na construção, caiu de 3,3 para 0,8 ponto; e no varejo, de 0,3 para -0,1 ponto.
Parece ter havido uma convergência entre os setores, com todos aproximando-se
da neutralidade.
Apesar dos sinais de cautela que esses indicadores de sentimento inspiram na Euro-
pa, os dados que medem diretamente a atividade econômica continuam mostran-
do um desempenho favorável devido à defasagem com que são divulgados. Já foi
mencionado, por exemplo, o desempenho da indústria, que de maio a setembro
acumula crescimento de 30%. No comércio, o indicador de vendas no varejo (ex-
Carta de Conjuntura
clusive automóveis) aumentou 4% em agosto ante julho, o que representa nível
recorde para a série. Nos serviços, os últimos dados do Eurostat disponíveis são de
julho, apontando para crescimento no volume de prestações de serviços de 15%
contra a média do segundo trimestre.
GRÁFICO 11 GRÁFICO 12
Área do Euro: produção da indústria Área do Euro: vendas do comércio
(Série dessazonalizada, 2015 = 100) (Série dessazonalizada, 2015 = 100)
104,3 104,3
103,3 103,2 110
101,5 101,5
99,3 99,6
98,8 98,8 98,3
96,7 96,7
96,4
97,0 97,1 97,2 105
83,8
83,2
95
90
74,6
73,4
85
80
jan-20
fev-20
mar-20
mai-20
jun-20
ago-20
abr-20
jul-20
set-20
jan-20
set-19
fev-20
jun-20
jul-19
nov-19
abr-20
jul-20
ago-19
out-19
dez-19
mar-20
mai-20
ago-20
Nos Estados Unidos, os indicadores recentes ainda são bastante positivos, embora
mostrando alguma moderação na ponta. Na indústria, a despeito do comporta-
mento favorável do PMI, a produção total oscilou em agosto e setembro, com que-
da neste último mês, principalmente pelo efeito dos serviços de utilidade pública
e da tendência de queda da indústria extrativa – leia-se petróleo. O segmento de
transformação vem tendo desempenho mais positivo, acumulando crescimento de
17% desde abril, bem maior que nos demais segmentos. A produção industrial nos
Estados Unidos ainda se encontra 5,4% abaixo da média do primeiro trimestre. O
índice do Instituto para a Gestão da Produção (Institute for Supply Management –
ISM), semelhante ao PMI, para a indústria de transformação em outubro registrou
um salto de 7% (depois de ter caído 1% em setembro), atingindo 59,3 pontos, o
maior nível desde setembro de 2018.
8
As vendas do comércio nos Estados Unidos deram um salto em maio e cresceram
em todos os meses subsequentes. Em setembro, a variação ante agosto foi de 1,9%,
acelerando em relação ao 0,2% de crescimento naquele mês. As vendas do comér-
cio encontram-se 8,6% acima da média do primeiro trimestre.
GRÁFICO 13 GRÁFICO 14
Estados Unidos: produção industrial Estados Unidos: vendas no varejo
(Séries dessazonalizadas, 2012 = 100) (Série dessazonalizada, em US$ bilhões)
140 494
484 485
480
130
464 462
460 461 461
120 457
449
110 438
100
90
80
Carta de Conjuntura
383
set/19
fev/20
set/20
jun/20
nov/19
abr/20
jul/20
out/19
mar/20
dez/19
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jan/20
jan-20
set-19
fev-20
set-20
jun-20
nov-19
abr-20
jul-20
out-19
dez-19
mar-20
mai-20
ago-20
Total Manufatura Eletricidade e gás Mineração
Fonte: Federal Reserve Bank of St. Louis Economic Data - FRED. Fonte: FRED.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
GRÁFICO 15
Estados Unidos: vendas e início da construção de novas residências, com ajuste sazonal e anualizado
(Em 1 mil unidades)
1580 950
1480
850
1380
1280 750
1180
650
1080
550
980
880 450
jan-15
jan-16
jan-17
jan-18
jan-19
jan-20
set-15
set-16
set-17
set-18
set-19
set-20
jul-15
nov-15
jul-16
nov-16
jul-17
nov-17
jul-18
nov-18
jul-19
nov-19
jul-20
mar-15
mai-15
mar-16
mai-16
mar-17
mai-17
mar-18
mai-18
mar-19
mai-19
mar-20
mai-20
Fonte: FRED.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
9
A atividade econômica na China parece ter se firmado após uma recuperação relati-
vamente hesitante no segundo trimestre. Os dados mensais de produção industrial,
vendas do comércio e investimentos em ativos fixos registraram em setembro as
taxas anuais de crescimento mais elevadas desde a crise da Covid-19 que afetou o
país principalmente no primeiro trimestre.
Carta de Conjuntura
manda doméstica e, em menor grau, da demanda externa. Como se pode observar
no gráfico 17, que capta as variações anuais da média móvel de três meses, as expor-
tações registraram crescimento de 10,3% em outubro, depois de terem registrado
-12% em março, enquanto as importações registraram variações de -11% em maio
e de 5,3% em setembro.
GRÁFICO 16 GRÁFICO 17
China: produção industrial, vendas do comércio e in- China: exportações e importações – variação anual da
vestimentos em ativos fixo, variação anual média móvel de três meses
(Em %) (Em %)
set/20
jun/20
nov/19
abr/20
jul/20
out/19
mar/20
dez/19
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jan-fev/20
set/20
abr/14
abr/15
abr/16
abr/17
abr/18
abr/19
ago/13
dez/13
ago/14
dez/14
ago/15
dez/15
ago/16
dez/16
ago/17
dez/17
ago/18
dez/18
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dez/19
mai/20
10
A taxa de desemprego caiu de 7,9% em setembro para 6,9% em outubro. A traje-
tória de queda vem desde maio, depois de o desemprego ter alcançado 14,7% em
abril, mas ainda encontra-se bem acima da taxa de fevereiro, de 3,5%. Vale notar,
ainda, que a taxa de participação oscilou em torno de 61,5% nos últimos cinco me-
ses até outubro, maior que o registro de 60,2% em abril, mas ainda 2 p.p. menor
que a taxa de 63,4% do primeiro bimestre.
GRÁFICO 18
Estados Unidos: mercado de trabalho
5000 16
14
0
12
-5000
10
-10000 8
6
-15000
4
Carta de Conjuntura
-20000
2
-25000 0
set/19
fev/20
set/20
jun/20
nov/19
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out/19
mar/20
dez/19
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jan/20
2019M10
2019M11
2019M12
2020M01
2020M02
2020M03
2020M04
2020M05
2020M06
2020M07
2020M08
2020M09
11
GRÁFICO 20 GRÁFICO 21
Inflação – índices de preços ao consumidor Inflação – núcleo dos índices de preços ao consumidor
(Variação anual) (Variação anual)
6 3,0
5 2,5
4
2,0
3
1,5
2
1,0
1
0 0,5
-1 0,0
jan-17
jan-18
jan-19
jan-20
set-17
set-18
set-19
set-20
jul-17
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jul-18
nov-18
jul-19
nov-19
jul-20
mar-17
mai-17
mar-18
mai-18
mar-19
mai-19
mar-20
mai-20
jan-17
jan-18
jan-19
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set-17
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set-20
jul-17
nov-17
jul-18
nov-18
jul-19
nov-19
jul-20
mar-17
mai-17
mar-18
mai-18
mar-19
mai-19
mar-20
mai-20
Carta de Conjuntura
to talvez nos Estados Unidos, onde até a medida de núcleo da inflação acelerou
ligeiramente nos últimos meses, mas ainda se mantém abaixo da meta – permitem
esperar a continuidade das políticas expansionistas atualmente em execução nas
maiores economias do mundo.
20 20
20
20
20 3,2 3,2 3,2 3,2 6,6 5,5 5,0 4,9 4,2 4,2
3,1 3,1 3,2 3,3
19 19,0
19
19 19 19 19 19 19
18,1 11,5 11,5 11,5 11,6 11,6 11,7 11,8 11,5 11,3 11,4 11,5
18,0 10,6 10,9 11,1
17,8
17,6
17,4
16,8
16,7
16,5 16,6 16,6 16,6 16,6 16,6 4,0 4,0 4,0 4,1 4,0 4,1 4,1 4,0 3,8 3,8 3,9 4,0 4,0 4,1
2019M08
2019M09
2019M10
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2019M12
2020M01
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dez/19
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ago/20
jan/20
Renda Pessoal Renda Pessoal Diponível Outras rendas Renda do trabalho Transferências
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Os Estados Unidos correm o risco de enfrentar um abismo fiscal, no sentido de
que o estímulo fiscal – estimado pelo FMI em 11,8% do PIB, apenas em termos de
medidas com impacto orçamentário – foi tão intenso que sua redução tende a criar
forças deflacionárias sobre a economia. A discussão de um novo pacote fiscal, que
poderia ter tamanho semelhante ao de março, da ordem de US$ 2 trilhões, levou
a um impasse no Congresso no período pré-eleições, esperando-se que, passado o
período eleitoral, as medidas voltem a ser discutidas. Mesmo sem essas medidas
adicionais, o deficit fiscal do governo americano deverá superar 16% do PIB em
2020. Espera-se que ele recue nos próximos anos em relação ao nível extraordinário
deste ano, mas isso não impedirá a retomada da trajetória de crescimento prevista
pelo Instituto de Orçamento do Congresso (Congressional Budget Office – CBO)
desde antes da pandemia.2
Carta de Conjuntura
ção, primeira iniciativa de vulto no sentido de promover apoio financeiro a países
da União Europeia financiados por endividamento supranacional no montante de
€ 750 bilhões-€ 390 bilhões sob a forma de transferências e de € 360 bilhões em
empréstimos. O desembolso deve ocorrer no período 2021-2023, sendo 70% do
total no primeiro biênio. O próprio orçamento da União Europeia prevê o uso de
recursos da ordem de € 42 bilhões para incrementar os gastos com saúde.
Tanto nos Estados Unidos quanto na Área do Euro, a política monetária vem sendo
bastante “estimulativa”, com juros de curto prazo próximos de zero no caso ame-
ricano e negativos, pela taxa de depósito no Banco Central Europeu, na Área do
Euro. Além disso, as duas autoridades monetárias, juntamente com o Japão, vêm
implementando amplos programas de compras de ativos. O Federal Reserve anun-
ciou em setembro um novo arcabouço de política monetária que associa a meta de
inflação ao seu comportamento médio por um número não especificado de anos.
Nessa perspectiva, que inclui ainda o reconhecimento de um recente achatamento
da curva de Philips – ou seja, que reduz a estimativa do impacto de uma taxa de
desemprego muito baixa sobre a inflação –, ganharam corpo as expectativas de que
a taxa de juros permanecerá baixa por um período longo. A taxa de juros de longo
prazo, apesar da alta recente nos Estados Unidos, tem se mantido em patamares
historicamente baixos e, no caso da Área do Euro, em terreno negativo.
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Na China, a política fiscal tem sido mo- GRÁFICO 24
bilizada de forma bem mais moderada Rendimento
dez anos
de títulos soberanos com maturidade de
Carta de Conjuntura
construção imobiliária já voltaram a crescer a taxas de dois dígitos, bem maiores
que as do período anterior à Covid-19 no caso da infraestrutura, que vinha sendo
contida diante do alto investimento, e do endividamento dele resultante, de gover-
nos locais no período pós-crise financeira internacional. A perspectiva é que tanto
a política fiscal quanto a monetária se mantenham expansionistas.
3. Fiscal Monitor: database of country fiscal measures in response to the Covid-19 pandemic. Disponível em: <https://www.imf.org/en/Topics/
imf-and-covid19/Fiscal-Policies-Database-in-Response-to-COVID-19>.
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Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac):
Carta de Conjuntura
Sandro Sacchet de Carvalho
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