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A Boulenger - Manual de Apologética REFIZ
A Boulenger - Manual de Apologética REFIZ
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APOLO
APOL G É T IICA
OGÉT CA
RESUMIDO E ADAPTADO
DA 7.ª
7 .a EDIÇÃO FRANCESA
POR
P OR
G. P.
1
li,1. SEGUNDA EDIÇÃO
SEGUNDA EDIÇÃO
li
il
PORTO
Ji
Im p rim i ppotes!.
Imprimi o test.
iu n ii 1950.
O lY sip o n e, 13 iunii
Olysipone,
Josephus L e i t e , S. J.
J o s e p h u s Leite, J.
ic e -P ra e p . PProv.
Vice-Praep.
V Lusit.
ro v . Lusit.
P o d e imprimir-se.
Pode im p rim ir-se.
orto, 14 dde
Porto,
P u n h o ddfl
e JJnnho e 1950.
Mons.
!l1011s. Pereira
Pereira Lopes
lopes
Viiuirio Gvrul.
Vigúrio Gemi.
autorizadap p0la
T radução autorizada
Trnduç:ão e la «L(( Livraria Católica
ivraria Católica;
EmmBnuel VViíte
Emmanuel Lião;qque
iite» JJd edeLião,- aliásrereserva
u e aliás s e rv a
lodos os
todos os seus direilos.
seus direitos.
INTRODUÇÃO
NNOÇÕES
O Ç Õ E S GERAIS
GE R A IS
1.0 - “Definição.
— Def
inição.
Justificação
A. A.Justificação da dafé fé católica.
católica. -Motivos
— Motivos
2. 0 -Objecto.
"— Objecto.
r credibilidade.
de credibilidade.
1( B. Defesa
Defesa da
da fé
fé católica.
católica.
í A. Confirmar
Confirmar osos crentes. Converter osos
crentes. Converter
I indiferentes ee os
indiferentes osateus.
ateus.
3.0 -Fim.®— Fim.
1( B.Refutar as objecções
Refutar as objecções dos
dos anticrentes.
anticrentes.
( A. Base da fé.
4. 0 -lmportãncia.
4. °—
tância.
Impor
{ B. necessáriada
Condição necessária dateologia.
teologia.
A P O L O G É T I C A
\a) Deus.
( a) Deus.
5. 0 - Divisão.
°iv—
isãDo .
l
r
A. Parte
A. Partefilosófica.
0J b)
I
O homem.
homem.
filosófica.^ 1 e) SS
u11aas
A
s rrelações.
e la ç õ e s .
A Religião.
ReHtiã~
Demonstração da
1a) Demonstração
a) da
religião cristã.
religião cristã.
Parte histórica.
B. Parte histórica.\ b)
b) Demonstração
Demonstração da da
Católica.
Igreja Católica.
r' (
racionalna
A. racional na parte
partefilosófica.
filosófica.
la)
a) 1.conforme —
conforme oo f 1.-descen-descen
6.° —Métodos.
6. 0 -Métodos.
l B. histórico.
histórico.!
l ponto de
ponto
partida.
2.
de I
— ascen
partida.
dente.
12. - ascen-
1 dente.
dente.
bb) ) conforme a f1. — extrin-
- extrín
n a t ureza
natureza seco.
seco.
dos intrín2. - intrín-
argu-]
2. —argu
seco.
mentos.
mentos. l seco.
7.0 -Histõria.
istória.
f
í A.
l B. Apologética
®— H ! B, Apologética
tradicional.
Apologéticatradicional.
A. Apologética
moderna.
moderna.
\ e. modernista.
Apologéticamodernista.
\ C. Apologética
I(. 1.®
A. 1.ª Parte.
A Parte. Preâmbulos
Preâmbulos da fé. da fé.
8. 0 -Plano
®—P dalan
obra. B. 2.ª
o da {-obra. B. 2.® A
; Parte. verdadeira
Parte. Religião.
A verdadeira Religião.
l il C. 3.ª verdadeira Igreja.
3.® Parte. A verdadeira Igreja.
DESENVOLVIMENTO .,,)·
l.-Apologétiea.
L — A p o lo g ética . D•,finição.
D e fin iç ã o . Obj•,cto.
D lijecto. 1. ':..-t
iJ.f'-,·
~ ,1 '
a) Justificação
justificação da fé católica. Considerando a religião
no seu fundamento (isto é, no ,w facto
fado da revelação cristã, de '
., '
' '
que a Igreja Católica se diz a única depositária fiel), a apolo-
apolo
gética expõe os motivos de credibilidade, que provam a sua
existência. Deve portanto resolver este problema:
problema: havendo 1
·r
neste mundo tantas religiões, qual será a verdadeira? Ora o
apologista católico sustenta que só a sua fé é verdadeira, e
que o é na realidade; deve, pois, provar esta asserção,
asserção. Este
primeiro trabalho constitui a apologética demonstrativa ou
construtiva.
b) Defesa da fé católica. A apologética não só apre- apre
senta os títulos que tornam a Igreja Católica credora da nossa
adesão, mas também enfrenta os adversários, respondendo
aos seus ataques. E como os ataques variam com as épocas
segue-se que deve evolucionar e renovar-se incessantemente,
pondo de parte as objecções antiquadas e apresentando-se no
campo escolhido pelos adversários, para os combates da hora
presente,
presente. Sob este segundo aspecto, a apologética tem um
carácter negativo, e chama-se apologética defensiva.
3. -— Corolário. -— Apologética e apologia. -—NãoNão são
sinónimos. «« Apologética significa propriamente ciên-
termos sinónimos, ciên
cia da apologia, do mesmo modo que dogmática significa
ciência do dogma. A apologética é a defesa científica do
Cristianismo pela exposição das razões em que se apoia.
Uma apologia é uma defesa oposta a um ataque» ((D- 1 ).1
( 11 ) H etungeb,
HETTINGER, I.
Théol. fond. t. I.
FIM E IMPORTÂNCIA DA APOLOGÉTICA 77
O
0 objecto da apologética é, portanto, mais geral. A apo-
apo
logia limita-se a defender um ponto da doutrina católica no
campo do dogma, da moral, ou da discíplina,
disciplina. Prova, por
exemplo, que o mistério da S S.maa Trindade não é absurdo;
SS.m
que acusar de interesseira a moral cristã é injustiça; que
o celibato cristão não é instituição digna de censura, mas
rica em vantagens inestimáveis; e chega até a reabilitar a
memória de um santo. A apologia remonta às primeiras
eras do Cristianismo; a ciência apologética aparece mais
tarde, e está sempre em via de formação ou, pelo menos,
de aperfeiçoamento.
IL-Fim
II, — F im ee importância
im p o rtâ n c ia da
da Apologética.
A p o lo g é tic a .
4. -— Fim. -Do
— Do objecto da Apologética (n.º (n,° 2) deduz-se
claramente o fim que se propõe.
propõe,
A, Enquanto demonstrativa, dirige-se não só ao crente,
A.
mas também ao indiferente e ao ateuateu : -— a) ao crente para o
arraigar nas suas convicções, mostrando-lhe os sólidos funda-
funda
mentos da sua fé, iluminando-lhe a inteligência e fortificando-
vontade; -— b) ao indiferente e ao ateu: ao primeiro,
-lhe a vontade;
para o convencer da importância da questão religiosa e da
sem-razão da indiferença acerca deste assunto; ao segundo,
para o arrancar à incredulidade; a ambos, finalmente, para
os levar à reflexão, ao estudo e à conversão ( 11).).
B.
B, Enquanto defensiva, a apo)ogética
apologética visa só os anti-
crentes e tem por fim fim refutar os seus preconceitos e objec-
ções. Dizemos anticrentes e não incrédulos, porque ordinà-
riamente os incrédulos limitam-se a não crer, ao passo que
os anticrentes têm uma religião especial -— a religião da
ciência, da humanidade, da democracia, da solidariedade, etc,
-— que dirigem contra a religião católica.
5. -— Importância. -A— A impoytância
importância da apologética de- de
motivos: — a) É
duz-se destes dois motivos:- E o preâmbulo da fé. Lem-Lem
bremo-nos, que a fé exige o concurso da inteligência, da1
.bremo-nos,
sem
(1) Ou se dirija aos crentes ou aos incrédulos, a apologética tem sem-
pre.
pre, em vista levar as almas à certeza do facto da revelação.
revela.cão. Ora há muitas
escolas filosóficas que negam ao homem aa capacidade dé atingir aa verdade,
verdade.
Será, pois, conveniente, antes de mais nada, resolver o problema da certeza
(Vid. cap. prel.).
' '
8 ' INTRODUÇÃO .' ;: -~
' INTRODUÇÃO1
DIVISÃO DA APOLOGÉTICA í)
1 •
a fé pelo magistério
m ag istério da Igre,ia
Ig re ja nunca podem ter te r razão suficiente ppara a ra a aban-
a b an
donar, ou pôr p ô r em
em dúvida>,
dúvida». (Const. Dei F'iliu8,
Füius, Can. III e Can. VI). VI), Aos que
· dizem que é preciso fazer primelro
prim eiro tábua
tá b u a rasa
ra sa da fé ppara chegar_ à verdade,
a ra chegar,
responde Leibniz:
Leibniz: ,Quando
.Q uando se trata
tr a ta de dar a razão das coisas, a dúvida ppara a ra
nada
n ada serve ... Que se faça um exame
serve... exam e para
p a ra resolver clúvida ... , passe.
re so lv er a dúvida..., passe, Mas que,
para
p a ra examinar,
exam inar, seja necessário começar
com eçar porp o r duvidar, é isso o que eu nego». nego>,
.....
10 JNTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
devemos distinguir
distinguir:: -— a) o método filosófico ou racional na 11 .•
parte filosófica, onde se trata de comprovar pela razão a exis-
exis '. 1)
tência e a natureza de Deus e da alma humana, e estabelecer 1
'q-.
•
as suas relações;
relações; -b)
— b) o método histórico na segunda parte,
'
~ ,.:..,?~.
(*l)) Const. de Fide}
Ql Fide, o. III. .. .',:'· ..,..,
•
. ~·
'-
,.\ '
OS MÉ1'0DOS
MÉTODOS DA APOLOGÉTICA
APOLOOÉTWA 11
12 IN'fHODIJÇÃO
INTRODUÇÃO
((11)) Postular
P o stu la r =pedir,
= pedir, trazer
tra z e r como consequência, ter te r necessidade de, de.
((22)) A apologética, sobretudosob retu d o quanto
q uanto ao seu método,
m étodo, pode conside-conside
rar-se
ra r-se como uma um a arte. Como o seu ob_jectivo
ob.jectivo é convencer o espírito
esp írito e mover
m over
o coração, é natural n a tu ra l que empregue
em pregue os meios m eios mais
m ais adaptáveis
a d ap táv eis às condições
de tempo
tem po e de pessoas, pessoas. Portanto
P o rta n to a apologética, ainda que imutável
im utável quanto
à substância, é contudo m muito
uito vvariável
ariáv el qquanto
uanto à forma:
form a: o m odo de apresentar
modo ap rese n tar
os mmotivos
otivos de credibilidade, a escolha dos argumentos argum entos e a importfmcia
im p o rtâ n cia que
convém
convém dar d a r a cada um um,, deixam-se
deixam -se ao ta le n to do apologeta,
talento apologeta.
HISTÓFUA DA APOLOGÉTICA
HISTÓRIA 13
13
— Apologética
14. -Apologética integral. - Por—conseguinte,
integral. a apo-a apo
Por conseguinte,
logética integral deve reunir os três métodos: extrínseco,
imanência. -— a) Para chegar com mais segu-
intrínseco e de imanência, segu
rança ao acto de fé, é conveniente preparar a alma pelo pe]o
método intrínseco, ou pelo de imanência. Só no coração
imanência, ««Só
só nas almas de boa vontade e amigas
B lo nd fx , só
livre, diz BLONDFL,
do silêncio, se faz ouvir com utilidade a revelação exteríor.
exterior,
0 sentido das palavras e o brilho dos sinais de nada servi-
O servi
riam, se interiormente não existisse o desejo de aceitar a luz
divina», — b) Concluído este trabalho preliminar, ao método
divina».-bJ
intrínseco e de imanência deve seguir-se o método extrín- extrín
seco, para começar a inquirição histórica e provar o facto da
revelação.
V, — H is tó r ia da
V.-Históda da A p o lo g é tic a .
Apologética.
É da apologética tenham variado com os
E natural que os métodos ·da
maio. Mas entre as di-
tempos e se tenham adaptado às necessidades do meio. di
versas tendências, podem distinguir-se três correntes principais, e portanto
apologética: a tradicional, a moderna e a modernista.
três espécies de apologética:
15, -1.0 Apologética
15. tradicional.
— 1,° A pologética -É aquela
tradicional. que sempre
— lt aquela esteve esteve
que sempre
e está ainda hoje em uso na Igreja e que forma deste modo como uma
caracterizada pela importância que atribui
continuada. É caracteri:r.ada
tradição continnada, ac,s
atribuíaos
critérios externos. Tem em sobretudo a inteligência, mas não se
ém vista sobretndo
desinteressa das disposições morais.
apologistas para nos con-
Basta um rápido exame dos principais apolo)!istas con
vencermos que souberam harmoniosamente combinar o método intrín intrín-
seco e o extrínseco. — - 1. jesus Cristo liga grande importância
L O próprio Jesus
à preparação moral (Parábola do semeador, Marc. IV, 1-20; dos convi convi-
dados às núpcias, Mat. XXII, Luc. XIV). Geralmente não concede sinais
da sua missão divina senão aos que têm fé, confiança e humildade. -—
Apóstolos seguem as pisadas do seu Mestre. -— 3. Mais tarde, na
2. Os Apóstatas
época das perseguições, a apologética é sobretudo defensiva. Acusam
os cristãos de atentarem contra a segurança do Estado, de ateísmo e de
imoralidade. Para os defender destas calúnias, fazem os apologistas um
paralelo entre o paganismo e o Cristianismo. Salientam a transcendên-
transcendên
deste (critérios internos), e invocam depois os milagres de ordem
cia Ileste
moral: a conversão do mundo, a santidade da vida dos cristãos, a sua
moral;
constância heróica nos suplícios e o aumento constante (S. JJusrrno,
ustino, T er
TER·
TULIANO).
tuliano 4. S. T
), -— 4, ToMÁS de A
omás DE quino, o grande apologista da idade média,
AQUINO,
t:xpor os preâmbulos da fé e refutar as objecções dos adversá-
depois de expor adversá
(Sarna contra os gentios) mostra na Suma teol6gica
rios (Suma teológica a harmonia e
ll> coerência entre as verdades cristãs e as aspirações da alma (critérios
intrínsecos), -— 5, É verdade que no século XVII, BossuET
intrínsecos). B ossuet usa exclusi-
exclusi
vamente critérios externos, mas em compensação PASCAL P ascal emprega sobre-
14 INTRODUÇÃO
tudo os crítéríos
critérios internos, a ponto de poder ser considerado como iniciador
do método de imanência, de que (n.°0 12). Começa pelos cdté-
qne falámos (n. crité
ríos
rios internos de ordem subjediva
subjectiva e considera a natureza humana na
sua grandeza e na sua miséria,miséria. Ouer
Q uer assim levar o homem a admi-
admi
tir qne
que precisa da religião para explicar a sua indigência e dar-lhe
remédio. Com efeito, só ela nos faz compreender a nossa miséria., miséria,
mostrando-nos que qne a causa é o pecado original; só ela nos indica o
remédio, que é a Redenção de Jesus Cristo. Deste modo PASCAi. P ascal
Pl'f'para
prepara o coração antes de provar a verdade do Cristianismo pelos cri- cri
térios externos.
16. -— 2.
2.°0 Apologética
A pologética mmoderna.
oderna. -— Distingue-se pela importân-
importân
cia que dá aos critérios internos. Sob pretexto de que as provas histó- histó
ricas e os critérios externos -— milagres e prof~cias
profecias -— carecem de valor
para convencer os espíritos imbuídos de ideias modernas no campo da
filosofia e das ciências, os apologistas atendem sobretudo à preparação
moral. Apresentam·
Apresentam'as as maravilhas do Cristianismo, a harmonia perfeita
que existe entre o culto católico e a estética ((C CHATEAUBRIAND
hateaubriand), o seu
valor e virtude intrínseca ((O ÜLLÉ
llê LAPRUNE, YVES
Laprune, Y le QUERDEC
ves LE Q uerdec), a tram-
trans
cendência (P. DE de BBROGLIE),
roglie), as belezas
beleza5 íntimas e efeitos admiráveis,
como é levar a consolação aos que sofrem ( método intimo Mons. Bou-
íntimo de J\'lons.
GAUD
gaud),). Ou
Ou então consideram a religião e a autoridade da Igreja, como o
fundamento da ordem moral e social ((L LACORDAIRE,
acordaire, BBALFOUR,
alfour, B BRUNE-
rune-
TIERE,
tière , etc.). Este método, de si excelente, ficaria, como já dissemos,
incompleto, se omitisse totalmente os critérios externos: milagres e
(n,°0 13).
profecias (n. 13),
17.'. -— 3.
17 3.°0 Apologética
A pologética modernista. - Foi ,condenada
m od ern ista.—Foi condenada pelo Decreto
lamentabili,
Larnentabili, (3 de Julho de 1907) e pela Enc:íclica
Encíclica Pascendi (8 de Set.
Set,
de 1907). Tem cç,mo como representantes mais notáveis em França, LorsY Loisy
((L'ÉvangUe
L' Evangi[e et l' l'Église, d ’un petit livre), Li;:
Eglise, Autour d'un R oy (Dogme
L e Rov (Dogrne et
Critique); na Inglaterra, TvRREJ.
T yrrei. (De Si/a
(D e S ita a Caribdes);
Coribdes); na Itália, F
FoGAZ•
ogaz-
ZARO 11 Santo). As ideias principais são:
Zaro ((II são;
A. Na parte filosófica. -Pode — Pode considerar-se sob dois aspectos:
negativo. -— a) Sob o aspecto negativo é agnóstica. O moder-
positivo e negativo, moder
nismo, baseado nos sistemas modernos, Cl'mo como são o su bjectivismo de
snbjectivismo
íntuicionismo de H. Bergson,
Kant, o positivismo de A. Comte e o intuicionismo
defende que a razão pura é impotente para sair do círculo da experiên-
experien
cia e dos fenómenos e, portanto, incapaz de demonstrar a existência de
criaturas, -— b) Sob o aspecto positivo, é
Deus, ainda que seja pelas criüuras.
constituida pela doutrina da imanéncia
constituída imanência vital ou religiosa (imanen-
tismo). Segundo P.sta
esta teoria, nada se manifesta ao homem, que nele neie
previamente não esteja contido. •« Deus não é um fenómeno que se
possa observar fora de si, nem uma verdade demonstrável por um racio-racio
cínio lógico. Quem o não sente no coração, jamais o encontrará fora.
O objecto do conhecimento religioso só se revela pelo próprio fenómeno
1). Deste modo não é a razão que demonstra a existê°:cia
religioso» ((!). existência
___________ ‘ 6»
(1) Esquíese d!une
Sabatier , Esquisse
SABATIER, d’une phüosophie ãe la religion,
philosophie de religión, d'apres
d’aprés la psycho•
psycho-
l’histoire.
logie et l'histoi?'e.
PLANO DA Ol3RA
OBRA 15
de Deus, mas a intuição (1) que o descobre (2) no fundo da alma, ou, on,
como eles dizem, nos abismos da subconsciência
subconsciencia onde oC1 encontramos
vivo e activo.
activo,
B. Na parte histórica. -— O 0 historiador modernista, por mais que
o negue, deixa-se sempre influenciar pelos seas seus principios filosóficos,
princípíus filosóficos.
Como agnóstico, pretende que o único ohjecto fenó-
história são os fenó
objecto da historia
menos. Pelo facto de Deus estar acima dos fenómenos, não pode ser
historia, mas da fé. Daí provém a grande diferença que
objecto da história,
historia e o Cristo da fé; o primeiro éé
estabelecem entre o Cristo da história
real, e o segundo, transformado e desfigurado pela fé. Outros dois prin prin-
- o da imanência vital e o da lei
cíp ios—
cípios evolução-explicam
le i da evolução—ex plicam o resto:
a origem da religião nascida de sentimento religioso de Cristo e dos
primeiros cristãos, e a sua transf ormaçãa sucessiva, que se nota no
transformação
desenvolvimento do dogma. Além disso, os Livros Sagrados e, espe espe-
cialmente os Evangelhos, não têm valor algum histórico.
Resumindo, o apologeta modernista, rejeita todas as provas tradi tradi-
parte filosófica, partindo da teoria kantista, segundo a
cionais. Na parle
qual a razão teórica não prova a existência de Deus, substitui as provas
racionais pelas do sentimento. Na parte histórica, negando que Deus
história, suprime os critérios extrínsecos —
possa ser objecto da historia, - milagres
profecias — os grandes sinais da revelação divina. Quanto ao demais,
e profecias-os
julga supérfluo pedir à história o que o testemunho da consciência lhe
descobre. Para que havemos de procurar a Deus fora de nós, se está
em nós, se o sentimos no coração? O 0 dever do apologista limita-se,
recónditos da alma, e a provocar aii
poís, a penetrar nos recônditos
pois, expe-
ali mesmo a expe
riência religiosa. O sentimento religioso, isto é, a consciência indivi indivi-
que nos dá a conhecer que o Cristianismo vive em nós e satisfaz
dual, qu.e
as profundas exigências da natureza, é a única razão da fé, a única
revelação, a fonte de toda a religião.
sumaria para nos persuadirmos que o moder
Basta esta exposição sumária moder-
nismo destrói toda a ideia de verdadeira religião e opõe-se à apologé apologé-
tica católica.
PLANO DA OBRA
,.,_
;!
· intueri, contemplar, ver) é o conhecimento di
(1) Intuição (do latim íntueri,
olvjoctos, sem intermédio e sem raciocínio.
recto dos ohjectos,
di-
((2) Compreender-se-á melhor o que é o modernismo quando se estudar
2) Compi-eender•se-á
espeeial, o sistema intuicionista <le
o capítulo seguinte e, em especial, de Bergson.
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16 INTKODUÇXO
1N1'H0D!JÇÃO
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Cap. prel. —
blem
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DA OBllA
PLANO OA OBKA
razão.
pro-fí Valor da razão,
- O pro-
l Seus limites.
a da certeza. (Seus
17
1,1
!
Cap. /I.. —
- Existência
Existênci a
DeuSi
de Deus.
lf
Art. I/.-Sua
.—Sua d
dade.
II.--Prov
Art. II.
e m o n s ttrabili-
demons
as.
— Provas.
- Ateísmo.
r a b ili-
;,;-~
Art. III. —
,a; Art.I. —- Deus não éé incognos-
Primeira Parte (Parte filosófica). Os P reâm bulos racion ais da Fé.
•.'
/' t.l. cível,
cível.
o:I . ( negativos o tt
...
~ "Q Ar t· II· -----, A t ri- 1 metafísicos,
ti ·;;"' /I.-Natu
Cap. II. reza
— Natureza t~tos de {{li ppositivos
b u to s de
Deus.
o s itiv o s ou 1
Secção I. de Deus. us. 1 morais.
i= D eus. ,,
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DEUS. Art
Art.
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. . . IJ./
• III.· - P. e er
sonalidade
r- -1f Deus,
Deus,
E
do
distinto
distinto
do mundo.
mundo.
do
sonahdad e Erro do pan-
o"' de Deus. \ teísmo.
teísmo i
1
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E r Origem
mundo.
do
O r i g e m do lI'
r.J~i. .<o:I
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(1)
ão de
I. —
ção.
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Cria- J O
- Cria r i g e m d aa
Origem
vida.
Art.
l
' ,,, Cap. III
/ll_-Acç
.—Acção O rigem d
Origem das
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\ o Deus. ( espécies.
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<:! Art. II.
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Noção. .
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r o- Existência.
a Ex~ste~c1a.
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Objeccões.
"'e:, I . — Existência da alma.
ii::., I. _
Cap. /. — Natureza Art. I. -Existên
Natureza {\ Art. II.
li. —
cia
- Natureza da alma. I
i <u
do homem
do hom em .
t: · \AArt.
rt. III.
li/. — - Liberdade da alma.
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é:.._ Secção
Secçllo Il.
II. . j{ da alma.
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HOMEM..
-, - 1:'(1). O HOMEM
Cap. II.
I/_ -
—
Art, I .. --OOrri-
Art.
*■
18 DA OBRA
PLANO DA
PI.ANO OBRA
R esu m o da
Resumo Primeira
d» P Parte.
rim eira P a r te .
— Como
19. - Como se ver
se pode podeneste
ver neste sinóptico,
quadroquadro o apolo-
sinóptico, o apolo
Parte, deve demonstrar que o homem está
gista, na primeira !~arte,
religião natural. Donde
obrigado, pelo menos, a professar a reli[!iâo
se segue que o seu estudo deve recair sobre dois objectos:
Deus e o homem; porque o fundamento da religião natural é
o laço que une o homem, criatura, a Deus, Criador.
A,
A. A apologética demonstrativa deve portanto fixar,
nestes dois objectos, os pontos principais que toda a religião
pressupõe. Com o auxílio da razão, seu único instrumento,
e cujo valor, por conseguinte, convém antes demonstrar, o
apologista deve provar a existência de Deus, de um Deus
pessoal, que criou e governa o mundo, distinto da sua obra,
e que por ela se interessa. Deve depois provar a existência
da alma, duma alma que diferencie o homem do animal,
inconfundível com a matéria, espírito livre e imortal; livre
porque sem a liberdade não teria dever algum perante o
Criador; imortal, porque, doutro modo, o homem não se inte-
Criador; inte
ressaria pelo seu destino.
Provada a existência e a natureza de Deus e da alma
humana, é fácil ao apologista determinar as obrigações, que
para o homem provêm do facto de ser criatura de Deus,
Estas obrigações constituem a religião natural. Tal é a
conclusão, Parte. Depois de
conc1usão, a que deve chegar na primeira Parte,
obter este resultado, deve dar mais um passo.
Conservando-se sempre no campo filosófico, pergunta-se
mesmo:: bastará a religião natural, baseada na razão,
a si mesmo
«para que as verdades, mesmo as naturais, tomadas em con- con
junto e nas actuais condições do género humano, possam ser
facilmente conhecidas e sem mistura de erro»?
de todos fàcilmente
Será possível a hipótese que Deus tenha querido instruir a
revelação 7 Esta revelação será
humanidade por meio da revelação?
possível, e até necessária, no caso de Deus querer manifestar
ao homem verdades que ultrapassam as forças da razão, e
elevá-lo a um fim superior às exigências da natureza? Nesta
hipótese, quais são os sinais, que nos podem atestar a sua
existência ?
l
1,
t.•-
,·
A CERTEZA
SECÇÃO II
DE
D EU
USS
CAP. PRELIMINAR.-0
PR ELIM IN A R.-O PROBLEMA DA CERTEZA.
1.
l.°0 O problema
problem a da certeza. Noção.
N oção. Espécies
Especies e Critério.
Criterio.
a) Cepticismo.
Ceptlcismo.
A CERTEZA
2.° Falsas soluções bbiI
do problema. c)
d)
el)
(
I
1
Criticismo kantista.
Positivismo ou agnosticismo.
Intuicionismo.
Intuicionismo.
ta)
a) Motivos
Motivos em
agnosticismo,
em que se
que se
3.00 Verdadeira so- J( Dogmatismo [! funda.
3. funda,
Jução.
lução. (lj mitigado, b) Estabelece o valor
1111tigado. jlb)
1 limitesrazão.
t e e limites razão.
4.º
4." Certeza
íA De que espécie é.
C e r. t e z a reti~t'AB
r e l i - i A. Dequeespécieé.
F11nçtio da raztio.
g i o s a . | rC. Função razão.
·, giosa. f'unçao
Função da vontade.
I DESENVOLVIMENTO
20.-"-Logo
20.-'-
O probleDJa
problem a da certeza.
certeza .
Logo no começo da apologética, surge um grave
problema, Poderá a inteligência humana conhecer a reali-
problema. reali
dade das coisas e alcançar a certeza objectiva? E, sendo a
razão o principal instrumento do apologista, qual é o seu valor
para chegar à verdade? Podemos confiar nela? Poder-nos-á
conduzir à certeza? Tal é o primeiro problema que se impõe
ao apologista e a que vamos responder sumàriamente. Díze- Dize
mos sumàriamente, porque está fora do nosso plano demons-
demons
trar «ex professo» o valor da razão e a objectividade do
20
20 O
O PROBLEMA DA CERTEZA
PROBLEMA DA CERTEZA
modo; -— e)
tro modo; c) a certeza moral, que se funda no testemunho
dos homens, quando este se apresenta com todas as garantias
verdade, As verdades históricas e, portanto, as religiosas
de verdade.
são objecto da certeza moral.
l
autoridade daquele que a afirma, No primeiro caso, há ciên-
ciên
cia propriamente dita; no segundo, crença ou fé moral, como
acontece nas verdades históricas,
históricas.
,,
distintivo com que se reconhece uma coisa e que nos impede
outra, O critério da verdade é, portanto,
de a confundir com outra.
o sinal pelo qual podemos reconhecer que uma coisa é ver- ver
dadâra
dadeira e dela estar certos. Por conseguinte, o problema da
... certeza reduz-se a saber qual é o sínalsinal por onde podemos
conhecer que estamos em posse da verdade,
-conhecer verdade.
,: (HuET,
Foram propostos vários critérios: a revelação divina
B onald), o consenso universal (LAMENNArs),
de BoNALD),
(H uet, oE (Lamennais), o senso
comum (Rmo, H amilton), o sentimento (JACOBI),
(Reid, HAMILTON), (Jacobi), Nenhum
deles é admissível, porque todos são insuficientes e provêm
duma injustificada desconfiança da razão humana em geral, ou
da razão individual em particular.
O critério ou sinal infalível e universal da verdade e
motivo de toda a certeza é a evidência. Mas que é a evidên-
evidên
cia? O 0 termo evidente, como a etimologia o indica, significa
que a verdade está revestida duma claridade que a faz brilhar
-que
olhos, Deste modo a evidência exerce no espírito
aos nossos olhos.
uma espécie de violência;
violência; coloca-o na impossibilidade de não
ver, Estou certo porque vejo que a coisa é assim, e não
ver.
modo; e vejo que assim é, ou por intuição
pode ser de outro modo;
22
22 O PROBUMA CF.RTF2.A
PROBLEMA DA CERTEZA
Art. II.
II, -— Falsas
F a ls a s soluções
so lu ç õ e s do pproblema
ro b le m a dda
a ccerteza.
e r te z a .
Várias são as escolas filosóficas, que negam a possibilidade de
conhecer a verdade e repousar na certeza,
certeza. Só encaramos o problema
sob o ponto de vista da missão que a inteligencia
inteligência deve desempenhar na
descoberta da verdade.
Os cépticos, criticistas, positivistas e intuicionistas negam ou ou.
deprimem o valor da razão. Examinemos rápidamente
ràpidamente estes sistemas.
sistemas,
23. -1.°
Z3. — 1,° Cepticismo.
C epticism o. -— Defendem os cépticos que o homem éé
incapaz de distinguir o verdadeiro do falso, e portanto que deve. deve
abster-se de julgar. Para prova desta tese, aduzem quatro motivos:
a ignorância, o erro, a contradição e o diadelo. a ) A ignordncia.
diadelo, -— a) ignorância.
É manifesta a ignorância humana acerca de inúmeros assuntos. Demais,
como as coisas estão concatenadas entre eutre si, a ignorância de um aspecto,
aspecto
qualquer de um ser faz que não o possamos conhecer a fundo e tal
como é;é ¡ não sabemos •le«le tout de ríen»,
rien», como diz P PASCAL, erro..
-— b) O erro
ascal, ■
O
0 homem engana-se frequentemente e, o que é pior, quando se engana, engana.
julga possuir a verdade. Como há-de saber então quando alcançou, alcançou.
1—c) A contradição. Os homens raramente estão de acordo.
a verdade ?-e)
A verdade varia: — 1) Com os países. •«Curiosa
varia: -1) Curiosa justiça limitada
por uma serra ou um rio. Verdade do lado de cá dos do~ Pirenéus, erro-
erro.
do lado de lá•!
l á»! disse também P PASCAL:
ascal: — 2 ) Com os tempos. Acções,
- 2) Acções.
que hoje são lícitas, eram outrora proibidas, e reciprocamente;
reciprocamente; -—
3) Com os indivlduos.
individuos. O que um julga bem, outro julga-o mal. Mais
ainda;
ainda; o mesmo indivíduo muda a cada passo o seu modo ~odo de ver e de:
de.
pensar. — d ) O dialelo (1).
pensar.-d) (i ) . É oo arj!umeuto
argumeuto mais especioso do cepti-
cismo.
císmo. Pode formular-se:
formular-se: Para provar o poder da razão não há outro
meio além da própria razão. Ora isto ísto é evidentemente um círculo
vicioso; logo, tanto por este motivo como pelos precedentes, o cepti cepti-
cismo defende com todo o direito que a dúvida é o único estado
legítimo da inteligência.
Z4.
24. -— 2.
2.“0
O criticismo relativismo
criticism o ou relativism - Segundo,
o kantista. — Segundo.
K ant,
KANT, todos os juízos se acomodam às leis da mente,
mente. 0O conhecimento
não é regulado pelos objectos;
objectos; não provém do exterior por iutermédio
intermédio
da experiência. Não podemos conhecer as coisas como são em si. Os. Os
objectos são unicamente o que o espírito quer que sejam: moldam-se,
moldam-se.
por assim dizer, nas formas da inteligência e nos pareceriam outros se
o nosso espírito fosse constituído de outro modo. Por isso, o nosso
conhecimento é inteiramente relativo, e só tem valor relativamenfo
relativamente1
I
1 ) O termo
( 1) O term o dialelo
dialelo (do g re
( do grego di gallélôn, um outro)
um pelo
o ãi allêlôn, pelo outro)
é sinónimo de o de -
é sinónim
círculo vicioso,
vicioso.
O .l:'OSITlVISMO
POSITIVISMO 23
a nós, pois são as nossas faculdades que impõem as suas formas subjec- subjec
conhecidos;; daí os nomes de su
tivas aos objectos conhecidos subjectivismo relati~
b jetivism o e relati-
vismo,
visrno, que por vezes se dão à doutrina de Kant,
Kant. Mas, se apenas atin atin•
gimos as nossas ideias ( 11), critica das nossas
), é conveniente fazer a crítica
faculdades cognoscitivas (razão pura, razfio prdtica e ju
razão prática julzo),
ízo ), para
conhecermus
conhecermos a influência subjectiva que exercem no objecto conhecido.
Daqui provém o nome de criticismo que de ordinário se aplica à teoria
kanlista.
kantista.
Além disso, a nossa mente é forçada a conceber três ideias fun fun-
damentais: a alma, o mundo e Deus. Pensamos que a estas ideias
objectos ou númenos (2),
correspondem três seres, objeclos ( 2), Mas serão porven
porven-
tura três seres reais? Para além dos fenómenos haverá realmente
númenos? Não o podemos afirmar, porque a razão é impotente para
resolver o problema, não pode conhecer o ser em si mesmo, isto é, a
alma, o mundo e Deus. Kant, porém, por meio de uma teoria enge enge-
nhosa, distingue a razão teórica da razão prática
prdtica (3),
( 3), e constrói com
a segunda o que tinha destruído com a primeira. A razão teórica
ignora as coisas em si, mas a razão prática descobre a obrigação moral
no mais íntimo da consciência e deduz a existência das coisas em si,
quer dizer, da lei moral que postula a liberdade, a responsabilidade, a
imortalidade da alma e a existência de Deus necessária para explicar a
existência da leí
lei moral e a possibilidade da sanção.
25. O3,0
2 5 . - 3. 0 — Positivismo. - Oo.positivismo
O P ositivism ( A. CoMTE
— O positivismo (A. Ceomte
L1TTRÉ
e L
1 ittré ,
em França; HAMILTON,
H amilton, SPENC~R
S pencer e STUART-MILL,
S tuart-M ill , na Inglaterra) afirma
que a razão humana pode atingir as verdades de ordem experim experimental
entai
ou positivas, mas que é incapaz de conhecer o que não é objecto de
experimentação. Podemos, pois, compreender os fenómenos, o relativo,
mas não a substância, nem o absoluto ( 41234). ). Por exemplo, a razão pode
verificar os facios
factos e formular-lhes as leis:
le is : é o cognoscível e o objecto da
ciência. Mas, para além dos factos e das leis, estende-se Qo domínio
inacessível das coisas em si e das causas: é o incognoscível. Por isso,
o positivismo chama-se também agnosticismo.
26. -— 4. Intuicionism o. -— O
4.°0 O Intuicionismo. 0 intuicionismo, —
- nome que se
dá às teorias de BERGSON
B ergson acerca do conhecimento, —- provém do relati
relati-
vismo de Kant e do evolucionismo de Spencer.
III, -— Verdadeh·a
Art, III. V e r d a d e ir a solução
so lu ç ã o do problema.
problem a.
O dogmatismo.
d ogm atism o. Valor V alor e limites
lim ite s da razão.
27. -—• 1.
í,° O Dogmatismo. -— Chama-se dogmatismo
0
A,
A. Falsidade dos sistemas opostos.
opostos, -— a) Às objec-
ções dos cépticos responde o dogmatismo que a ignorância
,ções ignorancia
e o erro, acerca de algumas verdades, não provam de modo
algum que a certeza não possa existir acerca de outras.
O facto de algumas vezes reconhecermos que erramos, não
será, pelo contrário, uma prova de que a nossa razão pode
verdade ? A contradição não é também um argu-
conhecer a verdade? argu
mento em favor do cepticismo, porque não é universal; não
se estende a todos os domínios do saber, nem a todas as
28.
28.—-2.º
2.° Valor e limites da razão. -— De tudo o que
conclui-se: -— a) que a inteligência pode chegar à
precede conclui-se:
certeza objectiva em certas matérias, por meio da intuição
ou do raciocínio,
raciocínio. Tendo sido dotados de uma alma feita
1)
( 1) Élém. de philos.
F o n g b e ssiy e Élém.
FONGRESSIVE pililos. T,
T. II,
•
CERTEZA RELIGIOSA 27
conhecimento.
b) Na parte histórica,
Na parte as provas
histórica, do facto
as provas da revelação
do facto da revelação
apoiam-se todas no valor do testemunho, Portanto o motivo
:apoiam-se
da nossa certeza deve apoiar-se em sinais que atestem a sua
existência e credibilidade.
credibilidade, Mas, tanto na parte filosófica
como na histórica, a razão e a vontade têm uni um papel a
<lesem penhar.
desempenhar.
Múnus da razão. -— O múnus da razão é reconhecer a
verdade. Ora, como vímos, evidên-
vimos, o critério da verdade é a evidên
cia e não o sentimento. Não julgamos que uma coisa é ver ver-
dadeira porque desejamos que o seja, mas julgamo-la tal,
porque vemos que é verdadeira. Nem o sentimento nem a
vontade podem substituir a razão; para amar e querer uma
coisa é necessário primeiro conhecê-la. Se chegamos por por-
tanto a alcançar a certeza religiosa, é porque a Revelação se
apresenta revestida dos caracteres de evidência e dos motivos
de
de credibilidade, que forçam o nosso assentimento.
assentimento,
Múnus da vontade. -A — A razão éé insuficiente, se não for
auxiliada pela vontade, que neste caso exerce uma dupla fun- fun
ção : -— a) Antes do juízo, deve dispor a alma para ver a luz.
ção:
De facto é ela que escolhe o objecto do estudo, que dirige
para ele a atenção e nele a fixa. Mais ainda; a fim fim de a
inteligência não ficar exposta aos perigos de errar, deve afas
afas-
tar da alma todas as paixões e preconceitos, -b} — b) No mo mo-
mento de formular o juízo, não é menos necessária a sua
intervenção para determinar a inteligência a aderir à à verdade,
pois esta adesão não se faz sem sacrifícios
sacrifícios;; as verdades
morais, tais como a existência de Deus, dum juiz supremo,
<la
da imortalidade da alma, da lei moral e da vida futura,
impõem deveres difíceis à à natureza e que não raro seríamos
instintivamente tentados a repelir.
Sem exagerar o múnus da vontade, podemos afirmar que
a verdade relígiosa
religiosa não pode penetrar na alma simplesmente
pela força de um silogismo, Deveremos acrescentar, com
B runetière, que «se cremos, não é
BRUNETIERE, é por motivos de ordem
intelectual?» Estas palavras, mal interpretadas, não resisti
resisti-
riam à crítica; mas, na intenção do seu autor, significam
certamente que a fé não nasce da força dos argumentos,
cuidado prévio
se não houver o cu.idado pré~io de dispor a alma por meio
A CERTEZA RID.IUIOSA
REUUIOSA 29
(1 ) Doutr. Cat.,
(1) C a t n.o 282.
30
30 EXISTf:NCIA
EXISTÊNCIA DFJ
DE DEUS
Poder-se-á{,
A. Poder-.~e-á
f
i-rrnQ I a) Materialismo.
demonstrar I Erros.
l
a existência | . ros. b) Agnosticismo.
Agnosticismo.
de Deus? '
1.
l.°0 Dernons-
D em ons-I
trabilidade
( I
' a) Ontologismo e In-
B. Po,
P o r que
vias?
qu,1 Erros. ) b)
tuicionismo.
Fideísmo e Tradi-
cionalismo,
cionalismo.
Tradi
c) Criticismo,
[ e) Criticismo.
1 d) Modernismo.
Exis- f
a) Exis
tência. j J
1. positivis-
l
Uncia.
(Causa . Objec- tas.
tas,
prime!ra} ções
primeira 2. materia
materia-
contin
e con.~111-
gência).
l listas.
A.Mundo
A. M u n d o l,,·
externo.
((Provas
Provas cos-
cos
b) Movi
b) Movi- í Inex
mento
.
f
Inexpli-
, P
li-{
1. hipó_tese
hipótese
[ 1.mecamsta.
mecanista.
. cave1 I - ,
mológicas
mológicas). ). ( primeiro I cável 1ª \ 2.dinamista,
htpotese
hipótese
motor). l{ pe Pela dinamista.
EXISTeN-
EXISTÊN e)
c) Ordem
Ordem 1, (, 1. pelo aca-
CIA I da mundo\
do mundo] Inexpli-
Inexpli-j'( so.
(causas | cável lI 2. pela evo-
DE DEUS. 2.2,°0 Provas ti-
ti finais). 1 ,• 1l. Jucão.
iucão.
radasdo:
radas do:
{I a) Ideia da perfeição. Prov. me-
B.
B, MMu d oo
11 n d taflsica,
tafísica.
interno {I b) Aspirações da alma, Prov,psi-
alma. Prov.
(alma cológica.
cológica.
humana). 1e) c) Lei moral e sanção. Prov. Prov, mo
mo-
1 ral.
a) pelo temor.
C.
C. Consenso
umversal.
D.
D. Conclusão.
f r
C•onsenso J IInexplí
universal. l[ ~~xi (
cável
e
b}
e)
l
b) pela educação,
pela educação,
c) pela ~nfluência
influência dos
legisladores e sa
cerdotes.
- Valor das diversas provas,
C on clu sã o .—
sa-
A. Haverd
Haverá ateus?
a) intelectuais.
33.°
At .
.0 A teísm o.
e1smo.í
rB. Causas. { b)
-f( c)
e)
C. C o nn ssee- l . aa))
l quências
q u ê n c i a s l\ b)
morais.
mo!ajs.
sociais.
para o indivíduo.
para a sociedade.
SUA DEMONSTRABILIDADE
DEMONSTKAUILiDADE 3l
31
DESENVOLVIMENTO
30. -— Divisão do capitulo. -— 0
O problema da existência
de Deus compreende três partes: 11," .° questão preliminar;
preliminar:
demonstrá-la? 2.º
será possível demo11strá-la? 2." exposição dos argumentos
provam, 3.°
que a provam. 3,° questão subsidiária: se a razão prova
peremptoriamente a existência de Deus, como se explica que
ateus ? Quais são as causas do ateísmo e as suas con-
haja ateas? con
sequências ?
Art. I. -— Será
S e r á de1nonsti.·ável
d e m o n str á v e l a existência
e x is tê n c ia de Deus?
D en s?
duas: 1.°
Esta questão subdivide-se em duas: l.° É possível pro
pro-
vá-la? 2.º
2.° Qual o caminho que se há-de seguir?
§ 1 , -— É
§ 1, D eüS ?
É POSSÍVEL DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DE DEUS ?
E rros 00
ERROS Materialismo Ee DO
do MATERIALISMO do A gnosticismo,
AGNOSTICISMO.
31. -Ante
— Ante o problema da existência de Deus, há três
atitudes possíveis:
possíveis; De afirmação, negação, ou propósito de a
não aceitar. Ao primeiro grupo pertencem os teístas ou cren-
cren
segundo, os materialistas ou ateus; ao terceiro, os
tes; ao se~undo,
agnósticos ou ltuliferellfrs.
a[;tuíst/t:os indiferentes.
1. Teísmo.
I." - (do —
" Teísmo. grego
(do theos, Deus),Deus),
grego theos. -Os teístas afir- afir
— Os teístas
mam que é
111a111 c possível demonstrar a existência de Deus.
Deus, Expo-
Expo
remos no artigo seguinte as provas em que baseiam a sua
crença.
2.0 Materialismo. -O ateu,
° Materialismo, — Oseja
ateu,qual
sejafor o nome
qual for o que
nomeseque se
lhe atribua, -materialista, naturalista ou monista (1
atribua,—materialista, ), -afirma
í 1), —afirma
que não se pode provar a existência de Deus, porque Deus
não existe,
existe. Julga que não é preciso recorrer a um criador
((1)
1) Agnóstico ((do do grego
greg o a pprivativo
riv ativ o e gnósis conhecimento).
conhecim ento). -— Segundo
Segundo
a etimologia.
etim ologia, o term termo o agnóstico opõe-se a gnóstico, g n ó stico . O agnóstico diz que
ignora
ig n o ra o que o gnóstico diz que sabe. Esta E sta ppalavra
a la v ra foi divulgada pelo pelo
filósofo inglês H u x l e y , cerca do ano 1869. •A
in g lês HuxLEY, «A maior
m aio r pparte
a rte dos meus
m eus com-
temporâneos,
tem porâneos, disse ele um dia, para p a ra fazer alarde de livre liv re pensamento, julga-
pensam ento, ju lg a
vam ter t e r atingido um umaa certa
c e rta gnose e resolvido o pproblema roblem a da existência.
Quanto
Q uanto a mim, estava inteiramente in te ira m e n te persuadido que nada n ad a sabia acerca do
assunto,
assu n to , e que o problemaproblem a era e ra insolúvel;
in so lú v e l; e como tinha
tin h a do meum eu lado Rume
H um e
e Kant,
K ant, ju julgava
lg a v a que não era presunção
e ra presu n ção defender a minha m inha opinião.
((22)) Éevue
Revue des Deux-Mondes, l•Junho-1865.
l-Junho-1865.
SUA DEMONS'l'RARJT,InADE
DEMONSTRABIUDADE 33
32. -1.º
— 1.° Quais os argumentos
argum entos para dem demonstrar
onstrar a
existência de lJeus? Deus? -— As provas da existência de Deus
1 iram-se da raxúo,
Iiram-se razão, do s,·,dlmento
sentimento e da consciência.
consciéncia. É bom
uolar desde
11olar já qu(~
de.sdc jú que ainda que a razlio
razão não é o único instru
instru-
mento, e;é ccrnludo
1111•.nlo, contudo o essencial.
essencial, Podemos sem dúvida ir até
J1•11s por 11111
Deus
1 ras vias, mas com a condição de não rejeitar
outras
1'.~la,
esta, 11c111
nem a deprimir como um meio defeituoso e impróprio
do pensamento moderno. O Concílio do Vaticano declarou
dn
que "'a «a San
Santala Madre Igreja defende e ensina que Deus,
princípio e fim fim de todas as coisas, pode ser conhecido com
ruteza
certeza pela Laz luz natural da razão humana, mediante os
seres criados. Porque, desde a criação do mundo, a inteli inteli-
~ência
gência humana conhece as suas perfeições invisíveis por
meio dos seres que Ele criou» (Rom. 20 ).
(Rpm. I. 20),
Depois, a Encíclica Pascendi chama de novo a atenção
para a decisão do Concílio do Vaticano, Recentemente o
jaramento antimodernista, prescrito pelo Motu Próprio de
juramento
1 de Setembro de 1910, confirmou e completou o texto do
Concílio: ««E E em primeiro lugar, professo, diz o texto, que
Deus, princípio e fim fim de todos os seres, pode ser conhecido
e, portanto, também demonstrado com certeza pela luz natu-
3
34 EXISTtNCJA
EXISTÊNCIA DE DEUS
1 1
1 1
1 ral da razão, por meio das coisas que foram feitas, isto é,
pelas obras visíveis da criação, como a causa pelos seus
efeitos»,
efeito~».
E
É conveniente notar as duas importantíssimas adições
do juramento antimodernista ao texto do Concílio do Vaticano.
1 1
clararaenle que Deus pode ser conhe-
Este último afirmava claramente conhe
cido; mas, como podia dar lugar a disputas a respeito das
vias que nos levam ao conhecimento, o juramento antimoder-
antimoder
nista precisou o que se devia entender pelas palavras: «Deus
pode ser conhecido e portanto também demonstrado»; logo,
cognoscível e demonstrdvel.
demonstrável. Demonstrável, de que modo?
Pelas luzes naturais da razão, que, partindo dos seres criados,
e apoiando-se no princípio de causalidade, se eleva dos efei-
efei
tos à causa (1
í 1).
).
33. -2.º
— 2.“ Erros. -— Por meio destas decisões a -Igreja
Igreja
condenar:—
tinha em vista condenar: - a) os ontologistas ((M alebranche
MALEBRANCHE
e outros) e os intuicionistas (BERGSON)
(B ergson) que defendem a
indemonstrabilidade da existência de Deus pela razão. É certo
que nos seus sistemas não é necessária esta demonstração,
porque temos ou a ideia inata, ou a intuição directa de
Deus;
D eus;
b) os fideístas ee os tradicionalistas (J. DE Maistre, DE
de MAISTRE, de
L amennais) que, afirmando ou exagerando a incapa-
B onaj.d, LAMENNAIS)
BoNAJ.D, incapa
cidade da razão, pretendem que a existência de Deus não
pode ser demonstrada por meio da raião,
razão, e que somente tive-
tive
mos dela conhecimento pela fé ou pela revelação primitiva,
tradição, Este
transmitida de idade em idade por meio da tradição.
erro foi condenado pelo Concílio do Vaticano (Sess. III,
cap.
cap, II, can. 1) (2);
(12);
(1) Os aditamentos
ad itam en to s feitos pelo ju juramento
ra m e n to antimodernista
an tim o d ern ista ao dogma
dogm a
definido no Concílio
C oncilio do V Vaticano,
aticano, impõero-~e
im põem -se à nossa crença coroo como verdades
som ente como verdades certas,
de fé, ou somente cartas, que estão em conexão com o dogma? dogm a?
No prim eiro caso, é hereje
primeiro h ereje quem as não admitir; a d m itir; no segundo, é sàmente som ente
h eresia, pporque
suspeito de heresia, o rq u e não se pode negar neg ar umuma a verdade em conexão com
o dogma,
dogm a, sem pparecer rejeitar
a re c e r re je ita r o ppróprio dogm a. A
ró p rio dogma. A pprimeira
rim eira hipótese, que
os considera como verdades v erdades de fé, é bastanteb a stan te verosímil,
verosím il, visto que estes adi• adi
ta m e n to s fazem pparte
tamentos a rte duma
dum a profissão de fé, e estão precedidos da ppalavra alavra
«profiteor» professo, que, na linguagem
<profiteon linguagem da Igreja, Ig re ja , designa um aetoÉdeacto de fé.
Ol l é -L a p r u n e disse m
(2) OLLÉ-LA.PRUNE uito bem a pproposito
muito ro p ó sito do fideísmo:
fideísm o: <L'<L’E glise
glise
condamne
condam ne to tout
u t fidéisme.
fidéism e. Elle, E lle, qui sans la foi, ne serait se ra it pas, elle commence
com m ence
ppar rejeter
a r re je te r comme
comm e eontraire
c o n tra ire à la ppure u re essence de la foi, une doctrine do ctrin e qui
réduirait
ré d u ira it tout
to u t à la foi. L'ordre L’ordre de la foi n 'est ’est assuré que si l'ordre l ’ordre de la
raison
ra iso n est maintenu,
m aintenu» (Ce qu'on qu’on va chercher à Rome). Borne).
SUA
SIJA DEMONSTRABILIDADE
DEMONSTRA Bit, IDADE 35
e)
c) os criticistas com KANT,
K ant, que, fazendo distinção
-entre
entre a razão teórica e a razão prática, negam o valor da
primeira e consideram o conhecimento da existência de Deus
como
conto um postulado da lei moral (n.º
(n.° 24);
d) os modernistas, que só admitem a experiência indi-
indi
vidttal, conto única prova da existência de Deus, afirmando
vidual, como
que as demais não têm valor, ou, ao menos, são incompatí-
incompatí
veis com a filosofia contemporânea. Segundo eles, Deus não
se pode demonstrar pela razão, mas pode encontrar-se pelo
coração:
coração: a experiência religiosa basta e resolve o problema
da existência de Deus, a origem da revelação e da religião
<n,° 17).
{n.º
Convém observar que a Igreja não condenou a teoria
modernista da imanência, por usar a prova do sentimento,
mas por causa de reduzir todos os motivos de crer unica-
unica
mente à presença de Deus na alma. De facto a Igreja admite
que Deus pode fazer sentir a sua presença e a sua acção nas
q•u~
al111as
almas de boa vontade e tornar-se, em certo modo, imanente;
111as
mas não pensa que a imanência de Deus seja sempre conhe-
conhe
cida directamente pela consciência e pelo sentimento, Estes
cslados
oslados místicos são raros, são favores que não nos criam
direitos e que não podem, por conseguinte, ser considerados
<;01110 nko meio de chef!armos
como 1íúnico chegarmos ao conhecimento de Deus.
Deus,
Art,
Alt. II.
II, -— P1·ovus
P rovas «la
da existência
e x is tê n c ia de Deus.
D ens.
;H.
34. -Classificação.
— C lassificação. -Há vádos modos de apresentar as provas
— Há vários
da existência de Deus.
1.0 Alguns nao as não
° Alguns classificam
as classificam
e contentam-se com apresentá-las
e contentam-se com apresentá-las
umas após outras. S. T omás distingue cinco provas. Pela observação
TOMÁS
dos seres do mundo chega a cinco atributos que se relacionam com a
existência de Deus. Dizem-nos os sentidos que há seres que são movi movi-
dos, que são causados por outros, que podem existir ou não, que
possuem maior ou menor perfeição, que operam em conformidade com o
seu fim, apesar de não possuírem inteligência. Ora, todo o ser movido
só se explica pela existência de ser imóvel ((argumento
argumento do primeiro
motor); o causado, pela causa primeira ((arg. arg. das causas eficientes, ou
da causa primeira); o contingente, pelo ser necessário (arg. da contin-contin
gência); o imperfeito, pelo ser perfeito ((arg.arg. da gradação dos seres),
seres); o
ordenado, por um ordenador (arg. da ordem do mundo), mundo). Logo é neces-
rio subir até ao primeiro motor, até à causa primeira etc., que cha- cha
mamos Deus.
2. 0 ° Outros
Outrosclassificam
classificamasasprovas emgrupos
provasem gruposdistintos.-aJ
distintos.— a)KANT
K ant
r 1
36 EXISTÊNCIA DE
r>K DEUS
1.ª
l . a Prova
P r o v a tira,la
tira d a da existência
e x is tê n c ia do mundo.
m undo.
rgu m en to da m1u111a
A :t>gumento ca u sa p printefra
rim eira
ou da contingência.
ou c o n tin g ên cia .
36. - Argumento. - Este
— Argumento. —argumento
Este argumento pode apresentar-se
pode apresentar-se
formulá-lo; A existência
de vários modos, Podemos assim formulá-lo:
dum mundo contingente não se explica sem Deus.
B ossuet propõe-no deste modo: «Se
BossuET « Se num momento
existiría», Que é o mesmo
nada existisse, eternamente nada existiria»,
que dizer:
-que dizer: Existe um ser eterno e necessário, Ora o mundo
não é eterno nem necessário,
necessário. Logo existe Deus. Ponhamos
o argumento em forma silogística ( 11):
) :
As causas segundas supõem uma causa primeira, e os
necessário. Ora no mundo só há
seres contingentes, um ser necessário,
causas segundas e seres contingentes, Logo o mundo supõe
ou exige uma causa primeira e um ser necessário, Este ser
é Deus ( 22),
),
A.
A, Prova da maior. -— As causas segundas supõem
mna
uma causa primeira e os seres contingentes, um ser neces
neces-
sário.
sdrto.
Deve segunda a que é causa e efeito, que
D íve entender-se por causa segu11da
,deve
•deve a própría
própria existência a outra causa ((por
por exemplo, o p
paí);
a í); e por ser
■contingente o que não
,COflliflgeflle uão t,em
tem em si a razão de sua existência e que podia
não existir,
existir.
Causa primeira, ao contrário, éé aquela cuja existência não depende
doutra, e ser necessário é o que tem em si a razão de sua existência 12
-doutra,
((1l)) O silogismo
silogism o é um um raciocínio composto
com posto de trê trêss proposições ta is que,
tais
-admitidas
ad m itidas as duas primeiras prim eiras (as premissas), é forçoso aadmitir d m itir a te terceira
rc e ira
( aa conclnsão).
conclusão). A primeira p rim eira premissa cham a-se 1naio,r
prem issa chama-se maior e a segunda, menor.
Para
P a ra maior
m aior clareza, distinguiremos
d istinguirem os a maior m aior e a m menor prová-Ias-emos
enor e prová-las-em os
separadamente.
separadam ente.
((22)) Outros
O utros propõem
propõem o argumentoarg u m en to deste m modo:
odo: o que com começa eça a exexistir
istir
não
nào existe por p o r si, mas
m as supõe um úm Criador.
C riador. Ora o m mundo
undo com começou
eçou a existir.
Logo
L ogo o mundo m undo tevetev e que receber
re ce b er de Deus
D eus a existência. Assim apresentado,
parece
p a rec e defeituoso, porque po rq u e os adversários poderão subsum subsumir ir a mmenor dizendo::
enor dizendo
«m
< mas
as o mundo m undo não nào começou>.
com eçou >. O argumento
arg u m en to nàonão se baseia no facto de o
m undo começar, mas
mundo m as nan a sua contingência, isto é, sob o pponto o n to de vvistaista da suasua
-existência
existência e natureza.
natureza. Que tenha te n h a começado
com eçado ou nào, não, que seja eeterno te rn o oou criado
u criado
no tempo,
tem po, pouco importa; im p o rta ; será sempre
sem pre contingente,
c o n tin g e n te , qquer insuficiente
uer dizer, insuficiente
e portanto
p o rta n to postula
p o stu la um ser se r necessário. PLAT.lo
P la t L o e A ARISTÓTELES, defen-
r ist ó t e l e s , que defen
<liam
d ia m a eternidade
e tern id ad e do mundo
m undo admitiam tam bém a existência de D
adm itiam também Deus; tanto
eu s; ta n to
mais
anais que ninguém ninguém aindaain d a demonstrou
d e m onstrou pela razão que D Deus
eus não pudesse ccriar ria r
-o m undo ab aeterno.
o mundo
1 1
38
38 EXISTÊNCIA DE DEUS
Dos princ1p1os
princípios de causalidade e de razão suficiente:
deduz-se que as causas segundas supõem a causa primeira,
pois ninguém poderá afirmar com verdade que as causas causas.
segundas se explicam umas pelas outras. Com efeito, suba
suba-
mos quanto quisermos pela série das causas segundas, pas pas- "
filho ao pai, do pai ao avô e assim por diante;
sando do filho diante~
suponhamos até uma série infinita ( 11),
), se ela é possível;
possível;:
com isso conseguiremos fazer recuar a dificuldade, mas não a
resolveremos, se não recorrermos à causa primeira. Porque
é evidente que, se cada uma das causas subordinadas é de
si insuficiente para se dar a própria existência a si mesma,
a sua natureza não se mudará aumentando o número das
causas. Suponhamos uma série de dez, vinte, cem ou infi infi-
1
nitos ignorantes e nunca chegaremos a ter um sábio. As
segundas, incompletas e insuficientes por sua natu
causas se~undas, natu-
reza, exigem portanto uma causa primeira distinta delas, que
existência,
lhes tenha dado a existência.
O
0 raciocínio seria o mesmo, se considerássemos os seres
não
uão como causas segundas, mas como seres contingentes.
Pelo facto de não terem em si mesmos a razão da sua exisexis-
1 r
1
tência, exigem um ser necessário que seja a sua razão de ser.
B, Prova da menor. —
B. - Ora o mundo compõe-se de de·
causas segundas e de seres contingentes. Para a demonstrar
consideremos os seres inanimados e os seres viventes.
a) Seres illanimados.-Se
inanimados. — Se examinamos a matéria bruta^
bruta~
( 1) A r is t ó t e l e s , s.
1 ) Segundo ARISTÓTELES, S. T omás , L
TOMÁS, e ib n iz e K
LEIBNIZ infinita.
a n t , a série infinita,
KANT,
de causas
cansas segundas, ou motores m otores segundos, nào não é ccontraditória; não.
o n tra d itó ria ; a razão não-
pode, por p o r exemplo,
exem plo, demonstrar
d em o n strar que a série de gerações geraQões ou de tran sfo rm a
transforma-
ções de energia
e n erg ia teve necessàriamente
necessariam ente começo e não ex existiu
istiu àbab aeterno. O queque.
re p u g n a é que uma
repugna um a série de causas segundas, ou de m otores m
motores ovidos, eexista.
movido•, x is ta
sem umaum a causa primeira,
prim eira, um primeiro
prim eiro m motor imóvel,
o to r im óvel, que seja seja a razão de sser- er
da sua existência.
PROVA TIRADA DA RXlSTÊNCíA
EXISTÊNCIA DO MUNDO 39
f
i
viu sinais de plantas e animais superiores;
superiores; depois, a maiores
profundidades, nos terrenos secundários, restos dos moluscos
que povoavam os mares, e dos grandes répteis que habita-
vam os continentes húmidos:
habita
húmidos; mais abaixo ainda, nas camadas
primárias, a vida revestia as formas mais simples. Final- Final
mente, mais longeJonge ainda, nas rochas cristalinas primitivas,
nenhum vestígio de seres vivos; não porque o tempo lhes
tenha feito desaparecer os rastos, mas, porque de facto,
nenhum ser então existia e porque a crusta terrestre, em
3000°, oferecia condições incompatí-
estado de fusão ígnea, a 3000º, incompatí
veis com a vida,
Portanto o mundo, considerado nos seres animados e
inanimados, não tem em si a razão da sua existência; e,
como não se pôde fazer a si mesmo, exige a intervenção dum
ser soberano, que lhe deu o ser e a vida ((VV.. o valor desta
prova n.º
n,° 60).
37. - Objecções. -1.º —Contra
— Qbjecções. l.° Contra a m -A.
a maior. aio r.— A, Tanto
Tanto
M. KANT principio de
K ant como os positivistas não admitem o princípio
((1)
1) A análise do eu e da sua contingência
c o n tin g ê n cia podia
p odia tratar-se
tra ta r-s e no segundo
segundo
gnipo
g ru p o das provas que se apoiam apoiam nos dados internos.
in te rn o s. Deste
D este m modo
odo constituiria
c o n stitu iria
uma p ro v a à pparte
um a prova a rte e poderia
p o d e ria assim enunciar-se:
e n u n ciar-se: a contingência
co n tin g ê n cia e as imper-
im per
feições do nosso ser se r supõem
supõem a existência duma dum a causa pprimeira
rim e ira necessária e
pperfeita.
e rfe ita .
9
40
40 EXISTJl:NGIA
EXISTÊNCIA DE DEUS
42 EXIST.11:NCJA
EXISTÊNCIA DI'.:
DE DEUS
DEDS
parti-
recorrer à intervenção dum Deus criador, Os seres parti
culares, contidos já em germe na matéria eterna, são como
células deste organismo imenso a que chamamos mundo: se
nos parecem contingentes é porque temos o costume de os
abstrair do todo contínuo ((LLEe RoY)
Roy) e não os consideramos
no seu conjunto.
Em resumo, a eternidade da matéria, a formação
do mundo pela evolução, a aparição dos primeiros seres
vivos por geração espontânea e sua transformação em
espécies, são as três grandes fórmulas com que os matemate-
rialistas pretendem explicar tudo, sem recorrer a um
Criador.
Refutação. —- a) Eternidade da matéria. Notemos que
aduzidos : a indestrutibilidade
os dois primeiros princípios aduzidos: Indestrutibilldade e
a conservação da energia, são apenas hipóteses, autorizadas,
se quiserem, pela experiência, mas nada mais. Estes prin- prin
cípios nem são evidentes por si mesmos, nem susceptíveis
duma demonstração puramente experimental. Mas, ainda
na hipótese de serem absolutamente certos, que prova prova-
riam sòmente que a natureza da matéria é
riam?7 Provariam somente é
indestrutível e dotada de energia inalterável, mas não que
é eterna, O criado a matéria indestru-
0 facto de ter Deus críado indestru
tível não
tlvf'l concluir que existe desde toda a eter-
ntlo nos permite concluír eter
nidade.
O princípio da necessidade das leis nada prova a favor
da eternidade da matéria, porque as a·s leis só exprimem
o seu modo de ser constante, sem nada afirmar da sua
origem,
Mas concedamos que seja eterna, Será também neces- neces
sária?7 Nesse caso deveria provar-se que tem em si a sua
sária
razão de ser, que não pode deixar de existir, nem ser dife- dife
rente do que é. Ora não pode ser ente necessário aquele
que está sujeito ao devir, que se transforma indefinidamente
e que está em contínua evolução criadora. Poderá porven porven-
tura ser necessário o ente que está limitado por dois termos,
o nascimento e a morte? A isto os materialistas respondem
que no seu conceito o mundo só é necessário, conside-
é ser nécessário, conside
rado no seu conjunto, e não nas partes de que é composto.
)1 -i Mas basta um pouco de bom senso para compreender que
'i:
:::; li
.:_; ,:'.· -:i:)i:'f}if~.}s\t~~t?1~/-~~
-; - ----- ....·
44
44 EXISTÊNCIA DE mms
RXISTÊNCIA DEUS
';
; l
· •.~--
' -· •
·-,--:
.: - ·. ·
'#(
,
~
de LAPLACE,
1
L aplace, que atribui princípio e fim fim ao movimento da
matéria e à evolução. Por outro lado, se a evolução deve
:- ....:--·· terminar, já se teria dado· dado esse facto, uma vez que se supõe
ter começado desde toda a eternidade. -— 2. Portanto temos
de admitir a se~unda
segunda alternativa, que estabelece em principio
!,
i/.:'
~- ' que a matéria e a energia, ou pelo menos uma delas ( 2), 2
),
. início..1
tiveram início
'.
i. -.,-.
y,, ..
~- ((11)) Os filósoros
filósofos modernos
m odernos da escola bbergsoniana e rg so n ian a ten ta m sofism
tentam sofismar ar a
! rr:■~~--:.: dificuldade.
dificuldade, dizendo que o co
todas as p'artes,partes, mas a fonte
n ju n to , o G
conjunto,
fo n te donde dim
rande Todo, não é bem
Grande
dimanam,
anam , a su substância
bem a som,a
bstância donde derivam
som.a de
derivam
todos os seres por p o r via
v ia de evolução. B Bergson
ergson fala «dum cen centro,
tro , donde ,ema-em a
nariam
n ariam todos os mundos, m undos, como um «bouquet» «bouquet, de fogo de artifíeio». artifício». V Évoln-
L'Ei•olu-
' tion créatrice p. 270. Mas ainda ain d a que a form ação do m
formação undo se
mundo Ae explicasse ppela e la
. . evolução da matéria, m atéria, sempre ficaria ppor
sem pre fioaria o r explicar a su sua a origem
origem..
w;- .. ( 2) Algnns
A lguns aJ>ologistas,
ap o lo g istas, ppara a ra pprovar
ro v a r que
qu.e a evolução dda. a m até ria tev
matéria teve e
começo, fnndam-se
fundam -se na n a lei da degradação da energia. N otem os pprimeiramente
Notemos rim eiram ente
,que
•que os físicos distinenem
distingnem duas espécies de eenergia n erg ia segundo é m ais ou m
mais enos
menos
-capaz
c ap a z de produzir
pro d u zir trabalho,
trab alh o . Uma superior su p e rio r ((ppor
o r ex.:
e x .: o m o vim ento) e outra
movimento) o u tra
inferior
in fe rio r ((pporo r ex,:
e x .: o calor).
c alo r). A Ainda
inda que a pprimeira
rim eira lei da term o-dinâm ica nos
termo-dinâmica
diz que a soma total to ta l das energias
en erg ias do m undo perm
mundo anece constante,
permanece constan te, contudo
contudo
,a
a segunda aflrma afirm a que a energia
e n erg ia se deprecia
d eprecia em qualidade, isto é, se degrada.
Por
P o r outras
o u tras palavras, ,não «não pode liaver haver dispêndio de energia superior, sem
que alguma
algum a se transforme
transform e em energia e n erg ia inferior, ou calorífica. A bola elástica elástica
ao saltar,
sa lta r, nunca atingea tin g e a altura
a ltu ra donde caiu, po rq u e uma
porque um a pparte
a rte da energia
e n erg ia se
transformou
tra n sfo rm o u em calor.:.calor..'. PorP o r outro
o u tro lado, a energia
e n erg ia inrerior
in fe rio r nunca se trans-tra n s
forma
form a inteiramente
in te iram en te em energiae n e rg ia superior... Donde D onde se conclui que a energia e n erg ia
se degrada
d eg rad a a cada instante.in sta n te . N um a palavra, o uuniverso,
~uma niverso, em em vvirtude
irtu d e das leis
leis
queue o regem, tende para um fim que é, não o aniquilamento, mas o repouso... repouso .. -
8
Orara o que tem fim não pode ser infinito. Se a energia útil fosse infinita em
-~~:::~:·-~;;-S~'!~\~_~/~/ ;;·_i," _.r:
' . - . =
no MUNDO
EXIST:ÊNCIA DO
PROVA TIRADA DA EXISTÊNCIA 45
quanUdado
,p111,11U1h,,to mi ti«» xo
11111wa HO podería OHl(otur... Portanto
po<ior•lu OHgotar... quantidarle de energia
l'ort,1tnl,o se a quantidade
utilizável
111,IIIY.1\.vol Iiil-do
111\-1111 1.0r
l,or fim, não ní\o pode
Jlnlle eor
ROr infinita.
lnllnll,a. Mas MaR supondo que a energia
H
HOo vem dlspemlendo
dlRJ>e111le11,lo o gastando
gast,rndo há hú. um tompo
tempo inilnito, ter-
lnJlnito, e que estes dois ter
mos mio
moH m\o 91\0 «ao contraditórios, jii se
uo11L1'1.1.1lllúrloH, J1\ RII deveria
dovorla ter esgotado. Ora, ainda nao não se
GNgotou, logo
llHgot.on, energia 11110
lol(o a onorgllt nilo remonta infinito». Guibert, Le Conflit des
i•emonta ao infinito,.
Cruiiane.es •1·,·U11im~M!.Y
Cru11arWJ,9 retitpeuses 1Jtet 11,/,,v
des 81:-iM1,1,1w
éteienees ele.
rü, la
/a. nature».
nat.1.it·e•.
D esta lei da dogradaçáo
Desta dograda1,1i\o ,ta da en eo1,oluem esses aapologistas:
erg ia, ooncluem
energia, -
p o lo g ista s: —
1. 0O m
1, nndo tev
mundo teve eome~•o,
e com eço, assim como tilizá v el, vvisto
n erg ia uutilizável,
eomo a eenergia isto que não é
in finita. — 2. P o rta
infinita, - 2, Portanto n to o m ovim
movimento ento do mundo
m undo não pôde vir
v ir da matéria,
m atéria,
pois não possuia
possuía eenergia
n erg ia uutilizável.
tilizável. E ste segundo pponto
Este o n to ppertence prova
e rte n ce à prova
se g u in te 1aryumento
seguinte (aryumento (lo rio primeiro
prime-iro motor).
- (1)
( 1) Mesmo assim assim,, a te o ria da evolução não se ppoderia
teoria o d e ria aaplicar
p lic ar ao
hom
homem,em , pelo
pelo mmenos alma.
u a n to à1t alm
enos qquanto Veremos
a. Verem os depois (n.° segs,) que o
(n. 0 106 e segs.)
hom
homem sim plesm ente um animal
em não é simplesmente mais
anim al m erfeito. Se o corpo não difere
ais pperfeito.
essencialm
essencialmenteente do dos animaisanim ais superiores, a alm a tu re z a e possui
o u tra nnatureza
almaa é ddoutra
faculdades in te le c tu a is e m
intelectuais orais, que a ddistinguem
morais, essencialm ente do bbruto.
istin g u em essencialmente ru to .
46 · ■ EXISTÊNCIA DE mms
EXISTÊNCJ,\ DEUS
2 .a P1·ova
2.ª P ro v a fundada
fu n d ad a 1,0
n o u1ovimento
m o v im en to do mundo.
m u ndo.
41.-
41. — Argumento. -— Este argumento pode apresentar-se
na forma seguinte:
seguinte: O0 movimento que observamos no mundo
não se explica sem Deus,
Desenvolvamos esta prova em forma silogística
silogística:: Tudo o
que se move,
move. todos os motores segundos, supõem um motor
primeiro imóvel. Ora no mundo há movimento. Logo o
movimento do mundo supõe um motor primeiro (1 O).
).
A. Prova da maior. -— Os motores segundos supõem
um motor primeiro imóvel. Os motores segundos são os que
não têm em si a razão de ser do seu movimento.
movimento, mas rece-
estranho. É evidente qÚe
beram-no dum impulso estranho, que tanto os
motores segundos como as causas segundas exigem necessà-
riamente um motor primeiro,
primeiro. Por maior que seja o número
dos motores, ainda que formem uma série infinita, se cada
um recebe o- o movimento doutro, é preciso forçosamente
recorrer a um primeiro motor que seja imóvel. Como não
pode haver efeito sem causa, o movimento não poderá existir,
se não admitimos um motor primeiro, que o comunique sem
receber, Esta maior, como aliás o argumento da contin-
o receber. contin
gência, apoia-se no princípio de causalidade,
( 1)
1) O argumento
arg u m en to do pprimeiro motor
rim e iro m o to r está
e stá em conexão com o da.
da causa.
causa
k pprimeira.,
rim e ira, porque
po rq u e se funda.
fu n d a no mesmo _princípio
princípio e segue o mesmo processo.
f Por
P o r _isso
isso alguns autores
a u to re s a.presentam
ap resen tam simultânea.mente
sim ultáneam ente os dois argum entos.
argumentos.
y-·~.
l<'ONDADA NO MOVIMENTO DO MUNDO
PROVA RONDADA 47
v:lo lançar-se no m
vão ar; no mar há fluxo e refluxo, vagas e
mar;
t,,orrentes
orrentes.,, n.º 60 e 61).
.. , ( V. o valor desta prova n.° 61),
42. —
- Qbjecções.
Objecções. — 1,° Contra a m
-1.° aior,—
maior. Primeiro
-Primeiro
motor imóvel, não serão porventura
111otor porveI1tura termos contraditórios?
Todos ooss motores devem passar da potência ao ado;
Tudos acto; logo
nenhum pode ficar imóvel. Além disso, se começou a mover,
111~11hum
já não Kant.
na.o é imóvel. Esta objecção é a quarta antinomia de Kant,
Kefutação.
Refutação. — - Convém primeiro definir os termos. Potên-
termos, Potên
cia é a capacidade de receber ou adquirir uma qualidade;
l'ia
on 11do
ado (( ') 1) a posse dessa qualidade. Por exemplo, a água
Iria
1 ria está em potência relativamente ao calor; pode tornar-se
quente,
qucnk, mas ainda não está. Quando estiver quente, diz-se
•j'"'
que está csl:'t em acto. Mas, Ma_s1 para :passar
passar de fria a quente, precisa
tlu
, " acção
111'.ç:\o do fogo, que já Ja possui
possm o calor em acto.
Feita
Fdla esta distinção, é fácil ver que os termos motor
lm,'► vcl 11:lo
Imóvel não são contraditórios. Esta contradição aparente
provém
pr11vh11 do falso conceito que dele se forma. Não se deve
confundir
, onl1111dir Imobilidade
lmobllldadf. com Inadividade. inactividade. Quando afirmamos
1l""
qun Deus,l>t,111-1, motor prime,iro,primeiro, cé imóvel,
ímóvcl, não queremos dizer que
e• limcllvn,
l11irllv11, mas 11111N que não passa da potência
qilt'. 11:\0 pornncia ao acto, pois sendo
,111ln puni
octs p11r11 por d11t111i~;"t11, é a 1111'.s111a
p,11 definição, mesma adividade.
aclivklade. Assemelha-se
a um
11 llitt Imo Palm, que,
de-. ,•;d111,
f111 11 de. aquece pelo
q11t\ 1H111cce p1:lo lacto de ser fogo, E se
roda t11~:u 1111
~1111~ togo e ie m o , aquecerá
lm 1·lr1110, aq1w,rcrá elcrnumente.
cl.erna111ente. A dificuldade
«<dA
n11ti\ «vidente
Mld.-11lc•111c11lcmente em 1•.111 compreender
rn111prr.cnder como é que os efeitos
efeítos
uno
11ft11 hão
1.t\11 eternos,
"lim111s, 111as mas se produzem no tempo. Já respon respon-
demos 11u esta
dl\11io1; objecção, a propósito da causa primeira
t'il'lla ohj(:c(,::'l:o,
<n," IH).
(11." IH),
>1.1. - 2," Contra a m
•I.\. enor.—
menor. - Não pretendemos, dizem
os
011 adversários,
ndvcrs:'trios, negar
nc~ar o movimento do mundo, mas podemos
evpllcá
e•,, plldt lo sem Deus, Duas hipóteses podem dar-nos a razão
movimento da matéria: a mecânica e a dinâmica,
do 111ovi111cnlo dinâmica.
A,
A. Hipótese
llipótese mecânica. —- Funda-se na lei da inércia.
Segundo
Sc1!11ndo este princípio, admitido pela ciência, os corpos sãol
le I11) O arto
neto opõe-se à potência.. PPortanto dizemos
quando dizem
o rta n to quando os que D Deus
eus éé
noto 11111·11,
"'''" puro, equivale a afirmar
"'lulvale afirm ar que nnele
ele nnada
ada hhá em estado de ppotência,
á em mas
o tên c ia, m as
qun "o 11nm
•1nn um a roaUdade completa,
rmilldade com sad o t as qualidades,
pleta, isto é, que possui sadot quaU dades.
48 EXISTf:NCIA
EXISTÊNCIA OE
ÜE DRUS
DEUS
31.“ I*rova
:I.ª P1.·ova tir a d a da ordem
tiJ.•ada mundo.
ordem do m undo.
A rg u m en to d
A1•gu1nento as ccansas
das finais.
a u sa s fin a is .
"4·.
44. Argum ento. -— A ordem do mundo não se pode
Ar~umento.
luplicíir
n pllcnr sem Deus, Vol.taire exprimiu este argumento nos
Deus. Voltaire
versos citados:
imitas vezes citados;
vr.nmN hmlas
«• l/u mV,mluirrnw«% ee(t |c
iiiv n rs 111'cm1h11l'rll~Me,
l.'1111ivl'lr• fe nne ~onJ!er
e puis souber
1)11« ,·.,1111
1)11111 liuilo||n 111111'
i'« lln h11rlo1111 1'.l11, dcl 11'all
mnrc.li« d'horlo)ler. »
pninl iPhorlofier.»
ii'all poinl
1'ndemo lo
lªolh\11111 mpor dt'.slc
In c-,1101 Toua a ordem exige
modo: Toda
deste modo; exíge uma
Inteligência onlr.mu.lorn.
1ntvlltt11rh1 oídenudoru, Ora no mundo m111ulo há ordem. Logo há
Il11111lu·111
iiiiiIhmii 1111111 l11tr.ll1!~11da ordenadora.
iiuiti inteligência ordenadora,
Kslti
l•'•h• piova Ifto popular, adu/ida
p111va 1n11 já por S
aduzida jâ SÓCRATES ( Memo-
ócrates (Memo-
tíivfih), Cln.1m
1,11•1/ii), t a iam (1',·
(De u11/11ra
na!ura Deorum), SSÉNECAjíneca (Debeneficiis),
(De beneficiis),
nniphmieulo t',\po~;la
i1111plu111r.11lri e.kposta por FÉNELON l'existence de
F iínelon (Traité de Vexistence
lt,•11)) e
IDieu qual 1(
pela qu,11
r, p11la n t professava certa admiração, é
K aANT é conhe
conhe-
cida lamht;,m
l'lda lamhéin pelo pclo nome de argumento ideológico ( de telos,
teleológico (de
1Hm),
i111 ). ou011 das causas
musas finais.
(Juc súo
<,!111' stio asrts causas finais? — - Para compreender esta
pressão é conveniente saber primeiro o que se entende
,.ei, prnsNlto
po1 fim
por meio. Vim
j/111 ec meio, Fim dum ser é aquilo a que se destina, ou
paru que loi
p11rn foi feito; o fim do relógio é indicar as horas, horas.
Mr/o
Ml'lo c(; aquilo que serve para se obter o fim. A cada fim
podem
podr.111 corresponder meios diversos. Por isso o fim influi
1111 trabalho do artista, é a causa que o move na escolha dos
no
meios, A finalidade ou causa final, isto é, a escolha dos
111dos,
4
50 EXISTÊNCIA JlR
DE .DF.US
.DEUS
k1s
Ir,is a que os corpos invariàvelmente obedecem -— leis da
queda dos corpos, do calor, da propa~ação propagação da luluz; botâ-
- o botâ
z ;—
nico far-nos-á admirar, na flor dos campos, a simetria das
11/ro
parles, a elegânda
pal'lcs, elegância das formas, a riqueza e a variedade das
»ores; tudo nos dirá que é
1'.orns: é obra dum artista consumado,
O /h;M/ogo pode descrever-nos o que há de belo nos órgãos
O JlshUogo ór):!ãos
,do
to ,:orpo
corpo humano e, em especial,_ especial,, da vista e do ouvido, que
nos revelam as belezas do Criador-.
110s Criador,
K se descermos a escala dos seres, encontraremos tam
E tam-
h,•111 maravilhas, É admirável o instinto das abelhas na
bém maravilhas.
c-111!1'.nhosa
engenhosa organização da colmeia, das aranhas em urdir a
leia com tanta perfeição, das avezinhas na impecável con-
IMla
lec.ção do ninho; todos sem excepção empregam meios -aptos
lru,.!lo aptos
pn1a
pma o fim fim que desejam atingir.
atingir,
q*O 0 1111111do
mundo actual,
aclual, podemos concluir com K KANT, ofere-
ant, ofere
ce -nos 11111
1•re-110N um lealro tão Ião vasto de variedade, ordem, finalidade e
lwlr1;1,
beleza, que não n:lo h;i
há língua capaz de traduzir a impressão que
111·111i111os
hi niimos diante de tamanhas lamanhas maravilhas», (V. (V . o valor desta
/lflll'II, 11,
provo, n,"11 S<)),
S9),
ObJecçftcH. · l.º
'IR. OhJccçc'tc11.
•IPI, 1." Contra a maior. -— É sobre-
111du
liiilo 111111111
roultii 11a 11111lor
maior q1w«pie os ah'.11s
aleus diri,!cm
dirigem os seus ataques.
ataques,
H1
Ifecoulu iMU ~r1ul1111·111t·.
1 1·1111lw,i 1•111 gci idmriilc a onl1'.111
ordem q111'.
que reina no mundo, mas
h•nt.1111
Irnliim l'i 111i1 ,iu l,1
cAplii la il1111lfo
duitlro 11111.lo,
modo. Sim, dizem eles, toda a
i'oii 1i11pth,
<h i,.,11
'" impilo 11111 um 111dc11ador;
ordeiiador; mas esse ordenador não é
rivfíf; ,,,,,
d'i•r11: 00,
A, O nnum.
1\, ncimo. ..• Foi boi o acaso>>,
acaso», dizia-se na antiguidade,
• iiudo 1I >.-.111,krilo,
', .• ';111110 l'’,picuro e Lucrécio, o mundo actual é
lemócrilo, l•:picuro
11111;,
uniu dus das 111111111•,ras
Inúmeras combinações por que passou o universo,
(Obedecendo
llwdf'.«'11111111 a lorças
forças cc)!as,
cegas, inconscientes e fatais, os átomos,
.i1 .. ,w.rM1s pelo espaço infinito e animados dum movimento
dispersos
obliquo '\lle
ol1llq110 i|iie os impelia uns contra os outros, entrechoca-
out~os, entrec~oca-
inm .•se
111111 ,,., e jimlaram-se.
p111tara111-se. Estes encontros casuais deram origem
n aaglomerados
11 1110111crados instáveis, de maior ou menor duração. Um dia
porém,
1101 lormou-se uma combinação mais feliz e harmoniosa,
cim, lormou-sc
quri
que se sc perpetuou, porque, em razão da sua ordem e harmo harmo•
nia, o equilíbrio era mais estável, Logo, a ordem não é o
11111,
deito
elcllo duma causa inteligente, mas o resultado do acaso.
•í
1 ·11 52 EXISTÊNCIA IJK
EXlSTJl:NCIA DE DKUS
DEUS
l',... ~l
(
i
Refutação. -— Explicar a.
((11 )} 11,
II. U krqbo n,
HMROBON, L'Évolution Créatrice.
L’Évolution
.. ,.■'_",:·.
54 EXISTÊNCIA DK
DE DEUS
têncía da matéria;
tèncía da matéria; ora já vimos que a matéria não tem em si
a razão da sua existência·.
existência. Apesar de tudo, a evolução pode
pode-
ser urn
um processo de formação como outro qualquer;
qualquer; mas nesse
caso será uma lei, e uão uma causa. Portanto, se a teoria
evolucionista aceita Deus como base para criar os átomos,,
átomos,.
para _lhes dar aa energia e traçar o plano que a matéria deve
seguir no seu desenvolvimento através dos séculos, não a
combatemos. Deus enitão então ocupa o lugar que lhe compete;
nem fica diminuído, por não intervir a todos os instantes, na
incessante organização do·do universo. Se assim é, a evolução
criadora não apouca a grandeza de Deus, porque, como diz
S. ToMÁs,
T omás, ««éé mais glorioso criar causas do que efeitos».
efeitos»,
Pouco importa que a ordem do mundo seja o resultado dum
-- · acto imediato de Deus, ou o fruto das causas segundas e das
leis que estabeleceu desde toda a eternidade ((').
1 ).
Refutação.-Responderemo
Refutação.—Responderemoss a esta objecção quando tra
tra-
tarmos da Providência. Aqui apenas observamos que não se
trata de saber se há males no mundo, se há defeitos e desor-
desor
dens por excepção, mas somente se, em geral, existe um
plano, se há harmonia na natureza e, nesse caso, se éé possí
possí-
vel investigar-lhes a causa,
causa. Portanto a objecção recai sobre
casos excepcionais e isolados, que não diminuem a beleza do
conjunto. Os males do mundo fazem sobressair mais a ordem
geral, como na música as dissonâncias duma sinfonia se
resolvem nos acordes mais harmoniosos. Por isso, ainda que
o ateu se defenda com as desordens parciais do mundo, deve
contudo admitir a existência da ordem.
ordem,1
(1) Exporem
Exporemos
os adiante, m
mab desenvolvidamente,
ais desenvolvidam teoria
ente, a te evolucionista.
o ria evolucionista.
(n,o 89 e seg.),
(n .0 89 seg.l,
PROVA RAS.EADA
BASEADA NA IDEIA Dl!:
DE SER PERFEITO 55
55
§
§ 2,°
2 , ° -— PROVAS
P rovas FUNDADAS NA ALMA
f o n d a d a s na humana.
alma HUMANA,
( 1I ) e< DlsRe
Díase o insensato
Insensato no seu coração:
c o ra ç ã o : não há
h á Deus•·
D eus >.
• 1
5G
56 EXISTÊNCIA DE DEOS
EXISTENCJA
( 1I ) Ksta
l•lsta pprova
ro v a pode apoiar-se nnoutro o u tro fundam ento. Em
fundamento. Em vez do desejo,
i• i>«to fm
'""'" idnr-se nna
lt1111l11r-se a acção humana.
hiimana. As nossas acções nunca deseja-
nnnca são como deseja-
tiiimoH
1·111111ot1 que quo fossem
fossem.. Há sem semprepre desproporção eentren tre o objecto pensamento,
objecto e oo pensam ento,
>nk\t\ o<> it(lto
,.11L1·11 v o n ta d e ; os nossos actoR
apto e a vontade; actos aspiram ineessantemente
aspiram incessantem ente ao
nmllior, e«No
•<1111111,1•, term o da ciência e da curiosidade do eespírito,
No termo sp írito , diz B londel ,
BLONDEL,
no l,ormo
1111 lionno tfo da paixão sincera
sin cera e mortificada,
m ortificada, no termtermo sofrimento
o do sofrim ento e do
•InijftityliO, bhrn1,a
"1illl(tl~lill, ro ta sempre
sem pre a m esm a necessid1<de
mesma necessidade», transcen-
,, a necessidade do transcen-
(ItiMiu.
d.,t1b111. 11A dn D,ius:
D eus: deste m odo D
modo eus é imanente
Deus centro das nossas acções.
im an en te ou centro
V) Não
( li) psicol6gica, fundada nas
c onfundir esta prova psicológica,
NA,o se deve confundir aspirações
na~ aspirações
d* alm a, oom
tlll 11.l1111l., 00111 a que os m chamam
odernistas cham
modernistas Segundo
am a experiência individual. Segundo
ImaiinriliÍHtas, a ex
nN 1111111111111,IMtus,
un p eriência individual m
experiência mostra-nos
ostra-nos Deus, faz que conhe-
que o conhe-
vümoM
•.'llt11011 «llrectam ente nas
<lll'<lCl,iimente nus profundezas da consciência, ao passo que a pprova
passo que ro v a
iiHhA<<tóf^tnuj baseada nos estados de alm
'""'""••l{lnu, alma, existênria de D
a, deduz a existência Deus pelo
eus pelo
,r-r, no o não pela
, .. ·.,1·,,,111 in tu iç ão directa,
p ela intuição directa.
58 EXISTÊNCIA DE DJ<;US
DRUS
■i
3.ª
H.a Prova
Pro va baseada
b asead a na lei
le í mora.J.
in o ra l.
53. -Argumento.
— Argumento. -A— A consciêncía
consciência atesta que existe
uma lei moral, que preceitua o bem e proibe o mal, e que
' urna
essa 1ei
lei se deve apoiar numa sanção. Ora a lei moral e a
,~
~-
'
:t,'" '·~
sanção supõem um legislador e um juiz, que não
1.°-A
l.° — A lei moral.-A.-A
incontestável,
existe,
outros senão Deus, Logo Deus existe.
não. podem ser
( 11)) K
Kant, chamaa « im
ant, cham imperativo categórico•> à lei m
perativo categórico moral.
oral. Ê imperativo
É im p e rativ o
pporque
o rq u e ordena, sem vviolentar;
io le n ta r; é ccategórico,
ategórico, pporque mandamentos
o rq u e os seus m andam entos
são aabsolutos,
b solutos, sem condições.
PROVA BARBADA T.RT MORAL
BASEADA NA r.KT fi#
—A rgum -A
57. -Argumento. ento.— A história
história testifica
testifica que,todos
que, em em todos
º"
ON lt'.111pos
lempos e países, os homens creram na existência de Deus.
Oru, o que todos os homens instintivamente julgam verdadeiro,
Orn,
tllz A
diz ristóteles, é uma verdade natural. Logo Deus existe,
/\ 1osrÓTELES,
Prova da maior. -— Sempre e em toda a parte os homens
creram 11a
tr1'f'1lll na divindade. Não precisa de prova este facto histó
histó-
rico.
rlrn. « « Ninguém viu até hoje um povo sem Deus, sem preces,
nem juramentos, sem ritos religiosos, sem sacrifícios», diz
1mm
lIY utakco. «
'111TA1<co. «Não Cícero, tão rude e
Não há nação alguma, diz CícERO,
62
62 F.XlSTÊNCIA
EXISTÊNCIA DE DEUS
DEÜS
·'i)t.
, 'I ,,.J.
((1
1)) M ax M
MAX uller chega até
MUT,LER a té a afirmar
a firm ar que nem nem a unidade divina era era
-f desconhecida de alguns a lg u n s povos, aparentemente
a p are n te m en te ppoliteístas.
o lite ísta s. <«As
As p rim itiv a s
i .· ;:,
I,
1·aças
sentido,
pagàs, diz ele,
raças pagãs,
isto
isco dizer que adorassem
eie, nàonão eram
eram ppoliteístaR,
adorassem um só Deus,
o lite ísta s, ppropriamente
D eus, m masas pudem
adoravam um Deus uno, isto é, que as suas homenagens,
se n tid o , adoravam
podemos os afirmar
primitivas
ro p riam en te falando. Não quer
afirm ar que, em certo
hom enagens, afinal, eram
certo
eram
prestadas
p re stad a s à divindade, posto que a imaginassem im aginassem sob diversaijdiversas formas
form as pessoais,
que, por p o r uma
um a contradição, velada por p o r símbolo,
sím bolo, recebiam
recebiam sucessivamente
sucessivam ente
homenagens
hom enagens quase exclusivas e soberanas». so b e ra n a s »,
((22)) lllultiplicaram-ae
M ultiplicaram -se as investigações para p a ra descobrir um povo ateu. a te u .
Durante
D u ra n te algum
algum tempo,
tem po, ju lg a ra m ter
julgaram t e r encontrado
e n co n trad o umum 11an a Oceânia,
O ceania, nas
n a s ilhas
iucultas
in c u lta s de Adaman,
Adam an, habitadas
h ab itad as por
p o r uma
um a tribo
trib o de negros tão tã o primitivos,
prim itivos, que
nào sabiam cultivar
cu ltiv ar a terra
te rra nem criar c ria r o 11:ado.
gado. Depois
D epois dum exame exam e mais
m ais pro-
p ro
fundo,
fundo» reconheceu•se
reconheceu se que estes homens hom ens incultos
in cu lto s admitiam
adm itiam um único Deus,
criador
c ria d o r e remunerador.
rem unerador. Igualmente
Ig u a lm en te tiveram
tiveram de reconh!)cer
reconlqecer que os Negritas
N eg ritas
da
d a ppenínsula
e n ín su la de Malaca e das FiHpinas,F ilipinas, os pigm plgmeuseus da Africa,
Á frica, os Hotentotes
H o te n to te s
e os Bochim
Bochimanes
anes praticav
praticavam am a relig ião . (V. M
religião. ons . L
llíONS. LE
e R oy , La Religion
RoY, Beligion des
P rim itifs).).
Priniitifs
PROVA FUNDADA NO CONSENSO UNIVERSAL 63
ItU,
MJ. } "" Ohjccçflo.
OhlcqRo. · A crença universal na divindade
rijillin
1~1illi11 vne !'"'
¡ ui 11111,1
uma da!,das ~;i•.J!ul11lcs
seguintes l:ausas:-a)
causas: — a) pela ignorân-
it i,,
i-i "n 1111·,1,,;
medo, l>) t,) por preconceitos
11rtco1u:âtos de educação; — - c) pela
injhiém ,los lt•g/slador,•s
ia dos
fo.i/11, 111d11 legisladores tie sacerdotes.
Refiilnçflo. -— a) Nem a ignorância nem o medo podem
ltd11f11çfto.
,explicar
, plicar a crença universal em Deus, Quando o homem pri pri-
mitivo
111II Ivo ouviu o rugido da tormenta, .o o ribombar do trovão;
quaiulo
q111111do viu o raio fender as nuvens, ficou apavorado, dizem,
o,
t~, não
uno conhecendo a causa destes fenômenos,
fenómenos, atribuiu-os na1
1) O faoto alegado na
((1) n a objecção o utros que se poderiam
m uitos outros
oftjeoção e muitos poderíam
« lia r, ni\o
<1ltn.r, nAo t8m cara cte riz am as verdades do consenso uni-
re q u isito s que caracterizam
tôm os requisitos u n i
versal. (N.
v1n·,ml, (N, do T,),
T.),
64-
64 EXIST~NCJA DE
EXISTÊNCIA T>E DEUS
conceitos da educação, .É
(011celtos É inegável que a educação desem
desem-
penha um papel importante nas ídeías ideias e nas crenças, mas os
preconceitos variam dum país para outro, de geração para
geração, e não resistem à instrução e ao progresso. Lembre
1t1~ração, Lembre-
mo-nos sobretudo que os preconceitos, contrários às paixões,
1110-nos
desaparecem ràpidamente,
c) Finalmente,
e) Final mente,
não não
pode pode invocar-se
invocar-se a influência
a influência dos dos
legisladores e sacerdotes para explicar a crença universal
/r'J!lsladores
dos povos.
1. Os legisladores poder-se-iam ter servido da crença
l.
1'em
.111 Deus para melhor governar os povos, mas não para a
1( riar.
liar. De facto,íacto, quem ouviu jamais falar no seu inventor?
lO.rlamente
:crlamente que não podia, nem devia ser desconhecido esse
génio, que, através de mil obstáculos, conseguiu impor aos
i!•~nio,
homens um dogma tão contrário às inclinações e aos maus
instintos
in-.t intos do coração humano.
2. Ainda é mais infeliz a explicação da influência frau frau-
dulenta dos sacerdotes, porque se os sacerdotes existem por
i/11l,·11ta
musa da religião, não podem ser anteriores a ela; nem tinham
1·1111sa
irt/íio de ser, se não houvesse já um culto. Logo, considerar
1111.:lo
os 1111cerdotes
or. sacerdotes como inventores da Divindade e fundadores das
iHIglóes é cometer um ,<ridículo
1rll1?l1'ies «ridículo anacronismo», como diz o
1111',pri~, R e in a c h (Orpheus) ( 1
próprio REINACH l ).
Conclusão. -— A crença universal não se explica, pois,
v,,r
por nenhuma das causas de erro, Se tivesse a sua origem
nu
no lt1111or,
temor, educação, influência dos legisladores e sacerdotes,
Iftrln desaparecido com elas. Ora, apesar de todos os obstá
l~l'ln obstá-
culos, continua com a característica da universalidade. Deve
n1los, Deve-
mos porlanlo
rno't portanto admitir que é outra a sua origem: ou deriva
1dLi' .'ffllflmrnto
sentimento religioso infundido por Deus na alma, ou da força
./,• mrlodnio
;í,, raciocínio que deduz a sua existência. Em ambas as
hipúlrscs é idêntica a conclusão; porque a universalidade da
hlp,·,11"ir.s
,i 11• 11,: .1 i.
lenç.i é evidente no caso de Deus se ter manifestado por
meln ,k
lllt'llo de 11111a
uma revelação primitiva, transmitida de geração em
gi-riiçAo, e no caso dos homens, por causa de certas disposi-
ilrn1~·no,
•, ~.,111,
31'.*, ~culirem
sentirem Deus que vive e opera na alma. Mas tambémi
1i 1I 1) 110111C1l,11ram
(loinoi.oi’Am este erro
e rro sobretudo
sob retu d o os ím
ímpios parti-
pios do século XVIII, parti-
1L'U| MHMltn Vol.TAlItK.
• ':::11tt lllt,111,l'l \'Ol.'l'Allllo!.
5
1
66 EXISTÊNCIA DE DEUS
C onclusão g e ra l dos a rg u m en to s
da e x is tê n c ia de D eu s.
(1) E stào com preendidos n e sta categ o ria os filósofos m ate ria lista s.
ATEÍSMO 71
A, Erro do agnosticismo.
B, Deus incompreensível, mas não incognos-
cível.
L° — P o d e
rem os co a) a priori.
n h e c ê -la ? 1 1. Via de negação.
C, Métodos. b) a poste-1
ríori. i 2, Via de eminêu-
( cia.
Noção e Divisão.
a) Unidade. Erro do politieismo.
A. Negativos b) Simplicidade, Deus é espírito.
ou metafí c) Imutabilidade.
sicos. d) Eternidade.
e) Imensidade.
1. no modo de co
2.° — A t r i nhecimento,
b u to s de a) I n t e l i
NATUREZA Deus. g ê n c i a 2. em seu objecto.
perfeita. Presciência
DE DEUS. B. Positivos d i v i n a e liber
ou morais. dade humana.
^ II- omnipotente,
b) Vontade.l 2. liv r e nos actos
l externos.
c) Amor.
A. Deus, pessoa distinta do mundo.
a) Definição.
Panteísmo natu
b) Por mas. P
{ 2'
ralista.
3.°—P erso Panteísmo idea
n a l i d a d e B. Panteís lista.
de Deus. mo. 1. Argumento me
tafísico.
c) R e f u t a 2. Argumento psi
ção. cológico.
3. Argumento mo
ral.
DEUS NÃO É 1NCOGNOSCÍVEL 75
-
DESENVOLVIMENTO
64. — Divisão do capítulo. — 0 estudo da natureza de
Deus pode dividir-se em três artigos: — l.° Problema preli
minar : A razão poderá conhecer a natureza de Deus ? —
2. ° Qual é a natureza de Deus e quais os seus atributos? —
3, ® Poderemos provar com certeza, contra os panteístas,
que Deus é um ser pessoal, distinto do mundo?
80 NATUREZA DK DEUS
I E x p o s i ç ã o do Panteísmo. — Segundo os
fiiifittfita*, Deus uño é uma personalidade transcendente e
dhllntii, nuiN lumia com o mundo uma única realidade; por
unha« piilnviais, é imanente ao mundo ( 2), Apoiam-se prin-
<ipnlitiuiile neste argumento: Deus, dizem eles, é infinito,
foi li do infinito nada pode existir, Logo o mundo éI
W./"’- V
: ' ' ACÇÃO DE DEUS 87
a) Objecto.
J geral.
! 2. Providência
( especial.
C. Modo.
2." Providência. í 1. Leis gerais,
b) Maneira. ] 2. Intervenções
( particulares,
a) da natureza divina.
b) da liberdade humana.
D. Objecções ! . . ... 11. metafísico.
tiradas, i c) da extsten- i 2. físico.
cia do mal. j 3 moraL
88 ACÇÃO DE DEUS
DESENVOLVIMENTO
81, — Divisão do capitulo.— Depois de ter demons
trado a existência de Deus e a sua natureza, vejamos qual a
sua acção, ou quais as suas relações com o mundo. Como
ficou provado, Deus é a causa primeira de tudo o que existe.
Aprofundemos mais este assunto e indaguemos: l.° Se Deus
criou o mundo, ou o formou da sua própria substância;
2,° Como o governa.
Art. I. — 4 cria çã o .
SECÇÃO II
O HOMEM
CAPÍTULO I. - NATUREZA DO HOMEM.
t A. Não existe a alma espiritual e livre.
1.° M ateria | B, 0 homem, animal aperfeiçoado.
lism o. I C. Pensamento, produto do cérebro.
A. E x is tê n a) pela experiência.
cia da alma b) pela consciência.
h u m a n a c) pela intuição.
provada. Objecção materialista.
1. Linguagem
convencional.
B. Diferença 2. Juízo e racio
entre a alma a) Razão. cínio.
hum ana e 3. Progresso.
a a lm a do 4. Moralidade.
bruto. 5. Religiosidade.
b) Liberdade.
1. Natureza das ope
rações da alma.
2. Natureza da von
a) Provas tade.
natureza
3. A alma não enve
1)0 lhece como o corpo.
2 ." Esplritua C. Espiri
HOMEM. lism o. b) Objec- í fundada nas relações
tualidade ç.âo mate I entre o cérebro e o
da alma rialista. J pensamento.
humana.
1. a con
dição.
c) R e fu 0 cérebro 2, n ã o a
tação. A.
cau sa do
pensamen
to.
1. T e s t e m u n h o da
consciência,
a) E x is 2. P ro v a s m o r a is e
tência. sociais.
D. Liber 3. Consentimento uni
dade. versal.
b) Deter- f 1, Definição.
minis- \ 2. Formas.
mo. { 3, Refutação.
110 O HOMJsM
DESENVOLVIMENTO
Natureza de homem. Erro materialista.
Divisão.
(1) O term o abstrair designa a operação pela qual a in te lig ê n cia con
sid e ra um a qualidade se p arad a do objecto que a p o ssu i; p o r exem plo, a
a lv u ra dum a p ared e iso lad a da parede. A b s tr a c to opõe-se a co n creto .
NATUKEZA DA ALMA HUMANA Ü5
lução n ão se
prova.
d) V a lo r des 2. Diferenças en
tre o homem e
tes a r g u
o animal.
mentos. 3. A pré-história
n u n ca encon
trou as formas
de transição.
A. Importância do problema.
B. Definição da imortalidade.
2.“ Fim. r d _____ „ a) Argumento metafísico.
imortaUdãl b> Argumento psicológico.
\c ) Argumento moral.
i de da alma. y^. Consentimento universal.
A. Relaciona-1 ¿0 peca¿0 original.
íogm7 ^ da Redenção.
3. Unidade
da espécie B. O bjecções
humana. f u n d a d a s a) a raça branca.
nas diver b) a raça amarela.
gências en c ) a raça negra.
tre
128 0 HOMEM
DESENVOLVI MENTO
l í 8. — Divisão do capítulo. — Determinada a natureza
do homem, estudemos a sua origem e o seu destino. Estes
dois problemas, sobretudo o segundo, são de sumo interesse
para a moral e para a religião, Há também motivos para
inquirir se todos os homens descendera de um tronco único,
e em que data se deve fixar a aparição do primeiro homem,
Dividiremos a matéria em quatro artigos: 1.“ Origem;
2.° t'im do homem; 3,° Unidade da espécie humana;
4.° Antiguidade do homem.
Art, I, — O rigem d» h om em .
119.— Estado da q u estão .— Já vimos que o homem
se compõe de duas substâncias: uma espiritual, a alma, outra
material, o corpo. Por isso dividiremos este assunto em
duas partes: 1.® a origem da alma; 2.° a origem do corpo.
0 problema, para o materialista, apresenta-se sob outro
aspecto. A questão da origem da alma não tem para ele
razão de ser, uma vez que não admite a sua existência, ao
menos como princípio distinto, Contenta-se com indagar a
origem do corpo, porque o homem, segundo ele, não passa
ORIGEM DA ALMA E DO COKPO 129
(1) Chama-se pré-história a h istó ria dos tem pos de que não existe
docum ento algum escrito. E ssa h istó ria tem de ser feita p o r outros m eios:
Íiola descoberta, p o r exem plo, de ossadas hum anas (fósseis), de objectos (ins-
rum entos, arm as, ornatos), de habitações que serviram p a ra o seu uso.
1 32 0 HOMEM
tes, ângulo facial muito pequeno (v, nota 2, pág, n,° 126),
grande prognatismo dando à face a forma dum focinho, nariz:
largo profundamente enterrado, redução ou até inexistência
do queixo, em suma, um todo que se aproxima da forma
pítecóide (macaco); em compensação, os braços, as pernas
as mãos, e os dedos parecem-se com os do homem nas suas
dimensões.
São estes, dizem os transformistas, os seres interme
diários; e, se não o forem, podemos supor que existiram, e
que os paleontólogos os hão-de encontrar um dia. Nem é
preciso recorrer ao passado, acrescentam, para encontrar os
intermediários entre o homem e o animal. O selvagem
actual é um testemunho vivo do tipo primitivo; parece-se com
ele na estrutura física, e não é muito superior ao animal
tanto na inteligência como na moralidade. Mais ainda; a
criança, na sua lenta evolução, reproduz todas as fases de.
transição, que a inteligência humana deve ter atravessado
antes de sair completamente da animalidade.
123.—B. Crítica dos argumentos materialistas.—
Examinemos os argumentos materialistas e vejamos o seu
valor.
a) A evolução, dizem os materialistas, ou se encontro
em toda a parte, ou em nenhuma. Ora é difícil contestar a
sua existência, ao menos no mundo físico, Deve, portanto,
estender-se a todos os seres, sem exceptuar o homem. — Os
fixístas não têm dificuldade em retorquir este argumento.
Se a evolução é a lei que rege toda a vida vegetal e animal,
deve ser lei geral que se estenda a todos os seres que
habitaram ou habitam o mundo, e abranja todos os tempos e
regiões, Ora, tanto nos tempos actuáis como nos pré-histó
ricos, por mais remotos que sejam, não encontramos vestígio
algum da evolução, nem espécies, géneros ou ordens em
via de formação. Logo, podemos afirmar que as espécies
quaternárias, de que ainda há representantes nos nossos dias,,
não sofreram modificação alguma orgânica, que prove a
transformação do tipo específico (*),
Por outros termos, se a evolução fosse lei geral, apli-1
(1 ) d e N a d a il l a c , L ’homme et le singe.
ORIGEM DO CORPO HUMANO 133
(1 ) A inda que a evolução fosse lei infinitivam ente com provada, não
p o d e ria prescin d ir de Deus. Provám os acim a ( n.» 4 5 ) que seria sem pre
neoessário re c o rre r a um ser om nipotente p a ra c ria r a m atéria e re g u la r o
seu desenvolvim ento segundo a lei da evolução.
( 2 ) «O h o m em , d iz d e L a p p a r e n t , é o ú n ic o m am ífe ro c u ja p o siç ão
n a tu r a l é a b s o lu ta m e n te v e r tic a l e c u ja face e s tá d ir ig id a p a r a o céu, onde
He e n c o n tr a 0 se u d e s tin o . La Proviãence c ré a tr ic e. — O p õ e ta la tin o tin h a d ito :
Art, III, — U n id a d e d a K sp é c ie h u m a n a .
L e p r o b l è m e d e la v ie (M asson), — d e Q u a t r e f a g e s , L 'e s p è c e h u m a in e
( Alcan), — d e L a p p a r e n t , L 'a n c ie n n e té d e l'h o m m e e t l e s s i l e x t a i l l é s
(B loud). — M. B o u l e , L e s h o m m e s f o s s i l e s . É lé m e n t s d e P a lé o n t o l o g ie
h u m a in e . Acerca deste livro veja-se a recensão dos Études (5-20 Março
1921) e a Crónica de Pré-história na R e v . a ’A p . (1 e 15 Abril 1921).—
V ï a l l e t o n , L 'o r ig i n e d e s ê t r e s v iv a n ts , L ’I llu s io n t r a n s f o r m i s t e , Paris,
1929, — V , M ar c oz z i L a v it a e l ’u o m o (Milão) ; O b e r m a i e r e G . B e l l i d o ,
E l h o m b r e p r e h i s t ó r i c o y l o s o r íg e n e s d e l a H u m a n i d a d ( Madrid ) ;
B e r g o u n i o u x , E s q u i s s e d 'u n e h i s t o i r e d e l a v ie (Paris),
148 A RELIGIÃO
SECÇÃO III
R E L A Ç Õ E S E N T R E D E U S E O H O ME M
CAPÍTULO I .-R E L I G I Ã O E R EV EL A Ç Ã O .
1. Dogmas ou crenças.
a) Elementos. 2. Moral.
A. Conceito. 3. Culto.
b) Definição.
c) Objecção.
a) Adversários.
íl. metafísica. A criatura deve ren
der homenagem ao criador.
B, Necessi psicológica. A religião corres
dade. b) Provas. ponde às aspirações da alma.
histórica. A religião é um facto
R ELAÇÕ ES ENTRE D EU S E O HOMEM.
I
C, Necessi
natural.
dade.
DESENVOLVIMENTO
R e la ç õ e s e n tr e D e u s e o h o m e m .
D iv isã o do ca p ítu lo.
132. —Relações entre Deus e o hom em .—É de grande
importância conhecer as relações que existem entre Deus,
Criador e Providência, e o homem, dotado de alma racional,
livre e imortal. É incontestável que a relação de dependên
cia entre a criatura e o criador impõe ao homem deveres para
com Deus, e que o homem, só com o auxílio da razão, pode
conhecer, mais ou menos perfeitamente, o conjunto das obri
gações que constituem a religião.
Mas a capacidade da razão não vai mais longe. A priori
não nos poderá dizer se as relações, que devem existir de
direito, são as que existem de jacto, porque as relações que
se estabelecem entre duas pessoas não dependem sempre e
unicamente da ordem natural das coisas, mas também, e dum
modo particular, da sua vontade livre. Ora só a história
nesta matéria nos pode elucidar. Torna-se pois necessário
consultá-la para sabermos se, além dos laços naturais que
unem a criatura ao criador, aprouve a Deus estabelecer
outras relações com a humanidade, se elevou o homem a um
destino mais alto do que aquele a que tinha direito e, conse
guintemente, se lhe impôs novos deveres.
Como poderemos saber ao certo se esta última hipótese
é verdadeira ? Se Deus falou à humanidade, não há dúvida
que temos obrigação de crer na sua palavra, mas para isto é
necessário que esta intervenção seja acompanhada de sinais
tão claros que não deixem a menor dúvida.
133. — Divisão do capítulo. — A indagação histórica da
verdadeira religião supõe três problemas preliminares: l.° que
é Religião em geral; 2.“ que é a Religião revelada; 3.° quais
são os sinais para reconhecer a Revelação, Trataremos agora
dos dois primeiros, deixando o último para o capítulo se
guinte.
150 A RELIGIÃO
Art. I. — A. H e lig iü o em g e r a l.
134. — Esta parte, que trata da religião em geral, pode
dividir-se em três parágrafos: — 1,° Conceito da religião;
— 2,° Necessidade da religião; — 3.° Origem dá religião..
§ 1," — A Religião em geral. E lementos, D efinição,
Objecção,
r e u g i Ao em g e k a l 153
I
154 A RELIGIÃO
( 1 ) Mélanges philosophiques.
(2 ) Sobrenatural, como aqui o em pregam os, designa o m undo invisível
d istin to do nosso, onde existem seres reais, vivos, pessoais e livres, com os
quais o hom em pode com unicar. — Não se deve c onfundir esta significação
com o sentido re strito da palavra, <pie lhe dão os teólogos católicos, p a ra
. d e sig n ar a revelação p ro p riam en te d ita e a graça, m eio so b re n atu ra l, isto é,
su p e rio r às exigências da n a tu re za , p a ra chegar à visão beatífica.
156 A RELIGIÃO
(1 ) P, de B r o g l ie , P r o U è m e s e t c o n c lu s io n s d e 1’h is to ir e d e s r e lig io n s .
11
162 A RKUUIÃO
CAPÍTULO II.-C R IT É R IO S DA R E V E L A Ç Ã O .
O M ILAGRE E A PR O F E C IA .
ObjecçSes.
c) Caso do fa 1. Crítica do documento.
cto a n tig o 2. C r ític a do testemu
ou histórico. nho.
'i ï
D. Valor pro-í 0 milagre confirma a verdade da dou-
vativo. \ trina.
a) Definição.
I, Previsão certa do fu
cia. dade.
I turo.
DESENVOLVIMENTO
154. — Divisão do capítulo. — Vimos no capítulo pre
cedente que a revelação é moralmmte necessária para
constituir a religião natural, e absolutamente necessária na
hipótese duma religião sobrenatural. Mas, como poderemos
conhecer a existência da revelação? Pela história, certa
mente, Todavia são precisos sinais, para a podermos reco
nhecer, Antes de crer na palavra de Deus, é necessário que
estejamos certos de que Deus realmente falou (>),
O acto de fé só será racional, quando se fundar em
motivos moralmente certos, ou melhor, em motivos tanto
mais certos e mais bem fundados, quanto mais obscura for
a verdade revelada e menos evidência intrínseca (mistérios)
tiver em si. Estudemos agora estes sinais ou critérios em
geral, e o milagre e a profecia em particular. Este capítulo
contém três artigos: i.° Critérios em geral; 2,° o milagre;
3,° a profecia.
Art. I. — C r ité r io s era g e r a l.
155. — 1,° Definição. — Os critérios (greg, «kritêrion»,
que serve para julgar) são os sinais que distinguem a verda
deira das falsas revelações,
156. — 2,° Divisão. — Os critérios são intrínsecos ou
¿xtrínsecos,
(1 ) E sta expressão *Deus falou aos homens» não deve necessariam ente
en tender-se no sentido lite ra l, a não ser que se tr a te do ensinam ento oral de
Je su s C risto, Deus tem m u ito s m eios de in s tru ir os hom ens (representações
im ag in ativ as ou in telectu ais, im pressões visuais ou auditivas) e sabe acom o
dar a form a das suas m ensagens às aptidões daqueles a quem se destinam .
0 que nos in te ressa p o rta n to é que a revelação e steja acom panhada de sinais
que não deixem dúvida algum a da realidade ao facto.
CRITÉRIOS EM GERAE 175
(1 ) P o r esta razão, os p rodígios operados pelos dem ónios não são m ila
g res p ro p riam en te ditos. São sobrenaturais rela tiv a m e n te a nós, m as n a tu ra is
re la tiv a m e n te a eles.
' 178 CRITÉRIOS DA REVELAÇÃO FV
■belccer outras leis, pode também agir acima delas, visto que
lhes é superior ?
164.— B. Da parte de Deus. — O milagre não repugna
nem à imutabilidade, nem à sabedoria de Deus, — a) Não
repugna à sua imutabilidade. 0 milagre não se deve consi
derar como mudança da vontade divina, porque foi decretado
desde toda a eternidade, «Uma coisa, diz S, Tomás, é
mudar a vontade e outra querer a mudança do curso ordiná
rio dos acontecimentos»,
b) 0 milagre também não repugna à sua sabedoria.
Não é verdade, como escreveram V o l t a i r e e A. F r a n c e , que
Deus teve em vista retocar a sua obra. Se assim fosse,
poder-se-ia dizer com S é a i l l e s , que o milagre « é um processo
infantil, indigno duma grande inteligência, à qual não conviria
perturbar as leis por ela estabelecidas»,
0 fim do milagre é outro. Deus faz milagres por moti
vos dignos de si: — 1. Para manifestar o seu poder. Não
quer isto dizer que o poder de Deus não brilhe no governo
do universo, O homem, porém, já se não deixa impressionar
pelas maravilhas que tem constantemente diante dos olhos,
« assueta vilescunt». « Governar todo o mundo, diz S, A gos
tinho ( 1), é certamente milagre maior do que saciar cinco
mil homens com cinco pães; contudo, ninguém admira o pri
meiro, e todos se maravilhara do segundo; não porque seja
maior, mas porque c mais ra ro » ;— 2, Para manifestar a
sua bondade. Haverá meio mais adequado para Deus mos
trar a sua misericórdia e bondade do que conceder a saúde
ao doente que a implora com fé? — 3, E sobretudo para
confirmar a sua doutrina. Sendo a revelação moralmente
necessária, como já vimos, é evidente que o milagre é o
melhor meio para conhecermos a sua existência,
§ 3 ,° — V e r i f i c a ç ã o do m il a g r e ,
l
Ademais, posto que não conheçamos todas as forças
físicas e psíquicas do mundo, sabemos de certo que não há
forças na natureza que dispensem o concurso do tempo para
curar as doenças orgânicas, que supõem a restauração do
tecido lesado, quer pela renovação das células antigas, quer
pela criação de outras novas. As três explicações do facto
de Lourdes, dadas pelos adversários, não podem, portanto,
ser sustentadas sèriamente; e se, apesar de tudo, querem
eliminar a hipótese do sobrenatural, da intervenção divina, é
Ii preciso que encontrem outra melhor f 1).
169. — B. Caso do facto passado relatado pela his
tória. — Quando se trata dum facto antigo, antes de proceder
à crítica do testemunho, é preciso começar pela crítica do
documento, que o contém, Duas coisas se devem estabelecer,
a) Crítica do documento. — Para conhecer o valor
dum documento escrito, — é este que sobretudo nos interessa,
— necessitamos, primeiro, de nos assegurar se o possuímos
na sua integridade; em seguida, devemos indagar o seu
autor, a data da composição ( 12) e as suas fontes; finalmente,
é mister interpretá-lo, procurando certificar-nos do pensa
mento íntimo do autor, do fim que teve em vista, e das
razões que puderam influir no seu modo de pensar. Trata
remos estas questões, quando estudarmos os Livros Sagrados,
b) Crítica do testemunho. — Quando, do estudo do
documento, conhecemos o nome do autor e a data da compo
sição, falta sòmente, para completar a crítica do testemunho,
aplicar as mesmas regras que indicámos a propósito do teste-
II PARTE. IN D AG AÇ Ã O DA V E R D A D E R A RELIGIÃO.
Art. 1. 0 Paganismo.
Secção I. Art. 2. As Religiões da China.
C a p . ú n ic o . —As
AS Art. 3. O Zoroastrismo (Pérsia).
principáis
FA LSAS religiões não Art, 4. 0 Mitracismo,
RELI cristas. Art. 5. As religiões da India.
GIÕES. Art. 6. 0 Islamismo.
Art. 7. O Judaismo actual.
( H i s t ó r i c a ). Indagação da verdadeira Reíigiao.
Art. 1. O P e n ta - I o 1. Integridade,
C a p . / . —Os d o- (
cim ientos da i fe ú c o . ! § 2. Autenticidade.
Revelação, j Art. 2. O s E v a n - j g 3. Veracidade.
g e tf io s .
C a p .I I .— A afir- I Art. 1, Jesus diz-se o M e s s ia s .
m ação de Je--j Art. 2, Jesus diz-se F ilh o d e D e u s .
S e c ç ã o II. su s. ( Art. 3. Valor deste duplo te s te m u n h o .
Art. 1. E x i s t ê n c i a das profecias mes
C a p . I I I . — As (
siânicas.
profecias!
Art. 2, R e a li z a ç ã o em Jesus das pro
m essiânicas.
fecias messiânicas.
§ 1. Predições de
A Jesus,
V ER D A Art, 1. C o m a s § 2 . S ã o verda
DERA s u a s p r o fe c ia s . deiras profecias,
RELI § 3. Para provar
GIÃO. a sua missão.
C a p . I V . — Jesus
§ 1. H is t ó r ic a
provou a sua mente certos.
Art. 2. C o m o s § 2. Verdadeiros
afirm ação.
s e u s m il a g r e s . milagres.
§ 3, Para provar
a sua missão.
Segunda parte.
Art. 3. C om a
§ 1. Facto histo
su a R e ssu rr e i
ricamente certo.
O CRIS § 2, Para provar
ção.
TIANIS a sua missão.
MO.
Art, 1, A religião cristã n ã o é u m a
sín te s e d e d o u tr in a s e s tr a n h a s .
R esum o d a S eg u n d a P a rte .
177. — Na primeira Parte da Apologética foram resol
vidos dois problemas: Primeiramente, demostrámos que o
homem, pelo facto de ser criatura dotada duma alma racional
e livre, está obrigado pelo menos a professar a religião na
tural. Em segundo lugar, provámos que, com toda a proba
bilidade, Deus, Criador e Providência interveio na marcha da
humanidade para guiar o homem na consecução da verdade
religiosa, e talvez até para o elevar a uma dignidade maior e
a um fim mais elevado.
Nesta segunda Parte vamos submeter a exame a última
hipótese. Interrogaremos a historia para ver se de facto nos
dá testemunho duma Revelação divina, Mas como se poderá,
fazer esta indagação religiosa? Se no mundo existisse uma
só religião, não haveria dificuldade alguma; bastaria então
verificar os títulos que lhe davam direito à nossa crença,.
A realidade porém é bem diferente; são muitas as religiões
que no passado e no presente reivindicam para si a origem
divina,
O apologista cristão pode seguir dois caminhos para
demonstrar que a sua religião actualmente é a única religião
revelada. — 1. Pondo de parte todas as outras religiões, pode
começar pelo Cristianismo e aplicar-lhe os critérios de que
falámos (n,° 156), Se neste exame se chegar à conclusão de
que a religião cristã é, sem dúvida alguma, uma religião re
velada, é inútil continuar as indigações; porque, estando em
manifesta oposição com as outras religiões em muitos pontos
do dogma e da moral, e não podendo Deus de modo algum
revelar sucessivamente verdades contraditórias, da verdade da
religião cristã segue-se evidentemente a falsidade de todas as
demais. Neste caso o estudo destas poderia somente servir
de contraprova,
2, O segundo método consiste em seguir a ordem in
versa, O apologista cristão examina primeiro as outras reli
giões, cuja falsidade quer demonstrar. Esta primeira inda
gação seria um caminho demasiado longo, se se tratasse de
expor pormenorizadamente todas as formas religiosas que exis
tiram e existem na terra; mas não é necessário; porque se;
RESUMO DA SEGUNDA PARTE 197
I
J
<
u.
n ts m o .
1«
í
Doutrina. ( 1, Panteísmo.
|2 . Metempsicose.
[ 1. Sua vida.
< 5.° R eligiões
da índia.
C. B u d i s m o . r Fundador. | 2, Maravilhas que s e
1 lhe atribuem.
t
|w Doutrina.
1 1. Ateísmo.
\2. Metempsicose.
(3 . Pessimismo.
D, H i n d u i s - 1 a ) S e m e l h a n ç a s com o cristianismo.
m o. 1 b ) 0 cristianismo não é o plagiário.
Sua vida,
6,° Islam is- í A. F u n d a d o r l aJ .
m o. \ b> Guerra santa.
l B. D o u tr in a .
7.° ju d a fs- í A. Religião p r e p a r a t ó r i a .
m o actual. \ B. Falsa depois da vinda do Messias.
i
INVESTIGAÇÃO ACERCA DAS RELIGIÕES 199
DESENVOLVI MENTO
In v e stig a ç ã o a cerca d as r e lig iõ e s.
178. — Antes de começar esta investigação acerca das
religiões, convém determinar primeiro as condições em que
deve ser feita e as religiões sobre que deve recair,
1, ° Condições. — Há duas espécies de critérios (n,° 156)
pelos quais se pode reconhecer o valor objectivo de uma reli
gião. — a) Uns fundam-se na doutrina (critérios intrínsecos).
Toda a religião, que tem a respeito de Deus e do homem
conceitos opostos às conclusões que a razão por si só estabe
leceu na primeira parte, não pode ser a verdadeira religião.
— b) Outros baseiam-se no fundador (critérios extrínsecos).
Não basta que um homem se apresente como encarregado
duma missão divina; é necessário que o prove e garanta o seu
ensino por meio de sinais autênticos, que sejam como que o
selo de Deus,
Para conhecer o valor de cada religião, submetê-la-emos
à dois exames, Primeiramente, dirigindo-nos ao fundador
pedir-lhe-emos que apresente os seus titulas; depois, exami
naremos a sua doutrina e veremos o que vale,
2, ° Religiões sobre que deve recair a investigação.
A nossa investigação terá por objecto, em primeiro lugar,
as religiões em que não reconhecemos os sinais de origem
divina. Trataremos: — 1,° do paganismo; — 2." das religiões
da China; — 3.° da religião da Pérsia; — 4," do mitracismo;
— 5.° das religiões da índia; — 6,° do islamismo; — !.0 do
judaísmo actual.
Art, I. — O P a g a n ism o .
179. — Sob este título compreendemos as diversas reli
giões que professaram ou professam ainda o politeísmo. Sabe
mos que, desde os tempos mais remotos da história, o paga
nismo foi a religião de todos os povos da antiguidade, à
excepção dos Judeus, Os Caldeus e os Egípcios, os Assírios
200 AS FALSAS RELIGIÕES
( 1 ) L. W ie o e k , R e lig io n s e t d o c tr in e s de la C h in e ( C hristus ).
204 A S FALSAS RELIGIÕES
( 1) P . DE B r o g l ie , ob. c it.
(2 ) Os M a g o s eram sacerdotes do Z oroastrism o e passavam p o r
a stró lo g o s e m ágleos. O E vangelho de S . M a t e u s (II, 1, 7) re le re que, no
n ascim ento de Je su s, uns m agos, guiados p o r um a e strela, dirigiram -se
a Belém e adoraram « o re i dos Ju d e u s >.
A REUGIÀO DA PÉRSIA 205
0 BUDISMO 209
SECÇÃO II
A DI VI NDADE DO CRI S TI ANI S MO
CAPÍTULO I. - OS D O C U M EN TO S DA R EV EL A Ç Ã O .
V ALO R HISTÓRICO DO PE N T A T E U C O
E D O S E V A N G E L H O S.
Divisão do Pentateuco.
l.° Integri-^a) não absoluta
d ade. b) mas substancial.
l.° V alor a) Adversários: racionalistas.
histórico 1. Testemunho do Antigo e do
OS D O C U M EN T O S DA R EV EL A Ç Ã O .
DESENVOLVIMENTO
206. — Divisão do capítulo. — 0 apologista cristão pode
empregar dois métodos para demonstrar a origem, divina do
cristianismo.
1. ° O primeiro é o que seguimos quando tratámos das
falsas religiões. Consiste em dirigir-nos directamente ao
fundador e perguntar-lhe pelos seus títulos ou credenciais.
Se apresentar o testemunho de numerosos milagres, devida
mente comprovados e consignados em documentos autênticos,
cujo valor e autoridade não podem ser contestados, devemos
admitir que é um enviado divino, e que é nosso dever escutar
a sua palavra e aceitar a sua doutrina.
2, ° Embora este primeiro método seja lógico, tem no
entanto o defeito de não ser inteiramente conforme à história,
porque Jesus Cristo, fundador do cristianismo, não se apre
sentou como um simples enviado de Deus, mas como o
Enviado esperado pela nação judaica, isto é, como o Messias
prometido ao povo escolhido e ao qual Deus tinha confiado o
tesoiro da verdadeira religião. A demonstração cristã não
deve, por conseguinte, ser independente; porque de facto
deve fazer-se a demonstração das três revelações, uma vez
que o cristianismo se apresenta como a terceira fase da
Revelação divina, era íntima conexão com a Religião moisaica,
da qual se diz a última perfeição. Para isso é indispensável,
antes de mais nada, criticar os documentos que nos contam o
facto desta tríplice revelação,
É necessário portanto, determinar o valor histórico:
— a) do Pentateuco que contém as duas primeiras reve
lações, a primitiva ( ’ ) e a moisaica ( 12) ; — b) dos Evange
lhos onde se encontra a revelação cristã.
(1) A Revelação 'primitiva ou patriarcal é a que Deus fez aos nossos p ri
m eiros pais e aos p a triarc a s. Tem : — 1. como dogmas p rin c ip a is : a unidade
dv Dms, c ria d o r do céu e da te rra , que tudo fez bem desde o princípio,
dogm a que excluía o politeísm o e o d u a lism o ; a existência da alma humana
e sp iritu a l e livre, a queda original e a promessa de um salvador; — 2. Como
preceitos: a obrigação de p re s ta r culto a Deus, de lhe oferecer sacrifícios e,
m ala ta rd e no tem po de A braão, a circuncisão como sinal da alian ça e n tre
D eus e o povo ju d eu .
(2 ) A Revelação moisaica é a que foi fe ita ao povo ju d e u p o r in te rm é
dio do Moisés e dos p r o f e ta s : tin h a p o r flm in s ta u ra r de novo a religião
222 DIVINDADE DO CBIST1ANISMO
11
lf;
, ceros.— Os Sinópticos não só estavam ao facto do que nar
ravam, mas eram sinceros, como claramente se deduz:
a) da crítica interna dos Evangelhos. As suas narra
tivas dão-nos a impressão de que se trata de pessoas que
referem os factos como se passaram e dizem as coisas como
são em si: pintam-nos um retrato pouco lisonjeiro de si
íf
lí-
. í
í"
JL
■
mesmos; não hesitam em confessar a sua baixa condição;
'{*
VERACIDADE DOS EVANGELHOS 243
250 D IV IN D A D E DO C R IS T IA N IS M O
DESENVOLVIMENTO
229. — Divisão do capítulo. — Para conhecer a origem
e, por conseguinte, o valor de uma religião, é necessário,
antes de mais nada, dirigir-nos ao fundador e perguntar-lhe
quem é, Ninguém, melhor do que ele, o pode saber e dizer,
Se é um Enviado de Deus é ele que no-lo deve manifestar e
provar.
Ora, o apologista cristão quer demonstrar: — 1.° que
DIVINDADE DO CRISTIANISMO 251
( 1 ) R e n a n , V ie d e J é s u s .
( 2 ) L o is y , A u t o u r d ’u n p e t i t liv r e .
JESUS, MESSIAS 259
(1 ) R e n a n , Vie de Jesus.
268 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
1.®Adversários.! §; ^ ™ flWs<aS‘ P r o te s ta n te s
R EALIZAÇÃO EM JESU S DAS P R O FE C IA S M ESSIÂNICAS,
lib e T a is-
A, Existem p r o f e c i a s m e s s i â n i c a s (Maior).
C, Logo J e s u sa )é Definição.
A
a .
M n-
o M essia s.
~ b ) Modo da revelação profética.
i v o ç o e s i j Particularidades da linguagem pro
ferais. ' fética.
d ) Os profetas do Antigo Testamento.
3.® Existência ao r e i n o . Es [ 1. A sua origem.
das profecias \°Kperança mes I 2. A sua natureza.
m e s s iâ n ic a s .
siânica. t3. Missão dos profetas,
( M aior), B, P r o f e - 1
cia s re la 1. Origem,
tiva s. 2. Nascimento.
b ) ao U n g i d o
3. Funções.
ou Messias. 4. Modo como realizará
a sua obra.
í a ) Origem,
A, A P e s s o a I b ) Nascimento.
4.® Realização d e y e s u s.jc ) Funções.
das profecias. | d ) Modo como realizou a sua obra.
(M enor). R A obrai ^Tindou uma II. um reino e s p i r i t u a l .
D' . | religião uni-i 2, não um reino tem-
a e jc s, | versaj, | poral,
f A, As profecias não se explicam pela evo lu çã o do
pen sam en to.
5.® O b jecções.l B. E m q u e s e n t i d o as profecias s e r e a l i z a r a m .
1 C. P o r q u e não quiseram os Judeus r e c o n h e c e r o
Messias.
DESENVOLVIMENTO
O argu m en to p r o fé tic o .
240. — Preliminares. — No capítulo precedente, prová
mos que Jesus se apresentou como o Messias predito pelos
profetas. Ora, por mais digna de fé que seja a palavra
O ARGUMENTO PROFÉTICO 271
( I ) J. RGv ille , Le. prophétisme hébreu, esquisse de son histoire et de ses des-
Wtrtw.
( a l S abatier, Esquisse d’une philosophie de la religion, d’après la psycholo
gie f>( l'h ts lo ir e .
272 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
18
i,■
í:
'■■■? ■ - ' ■ ■
(1) Como o nosso fim é im ieam ente dar a conhecer a m issão dos p ro
fetas n a origem da esp eran ça m essiânica, não é necessário in v estig a r a d a ta
p re cisa em que os seus livros foram com postos. B asta que sejam a n te rio re s-
à v inda de C risto (n.° 251),
J
EXISTÊNCIA DAS PROFECIAS MESSIÂNICAS 279
princípios que «toda a economia da Lei era figurativa da ordem futura e que
UH personagens, as instituições e os costumes daquele tempo eram símbolos,
tipos, sombras do que devia efeetuar-se no porvir... Os apologistas podem,
portanto, considerar as intervenções de Deus no decurso da história judaica
como prelúdio das intervenções futuras; as pessoas mais célebres do Antigo
Testamento, como figuras das do Novo, sobretudo daquela que devia dominar
todas as outras; e os ritos moisaieos como sombra das augustas realidades
da ordem nova» (T ouzakd ),
" 286 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
A P r o f e c i a s í ^ re,ativas a si próprio.
de Ip / ii ? rea. ’ b) relativas aos seus discípulos.
Hyidne i c) relativas à Igreja e aos Judeus.
MEIO DE
DESENVOLVIMENTO
255. — Divisão de capítulo. —Jesus não se limitou a
cumprir em si e na sua obra as profecias do Antigo Testa
mento; quis apoiar a sua palavra com sinais próprios para
autorizar a sua missão e para demonstrar a sua origem divina.
Estes sinais são: l.° as profecias; 2.“ os milagres e 3.” o
grande milagre da sua ressurreição.
Art. I. — J e s u s c o n fir m o u a su a m issã o
com p r o fe c ia s p róp rias.
Três coisas se requerem para que as profecias de Jesus
tenham o valor de um sinal comprovativo da sua afirmação:
— 1,° que as suas predições se tenham cumprido; — 2° que
possuam as condições da verdadeira profecia; — 3,° que
tenham sido feitas em confirmação da sua palavra, isto é, da
verdade da sua missão,
§ 1,° — Jesus fez predições que se cumpriram, |
I
Todos os Evangelistas são unânimes em atribuir a Jesus i
o dom de profecia, a faculdade de conhecer os segredos dos J
corações e de prever o futuro. Afirmam, além disso, que )
Jesus fez profecias relativas: — 1.° a si mesmo; — 2,° aos s
discípulos; — 3.° à Igreja e aos Judeus; — 4,° à ruína de '
Jerusalém e do templo, e ao fim do mundo.
1,° Relativamente a si m esm o,— Jesus predisse a
sua paixão, morte e ressurreição. Um dia em que se dirigia
para Jerusalém com os Apóstolos, «começou a declarar-lhes o
que lhe havia de acontecer. Eis que subimos a Jerusalém, e
o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdo
tes, aos escribas e aos anciãos; condená-lo-ão à morte e en
tregá-lo-ão aos gentios; zombarão dele e lhe cuspirão no
rosto; hão-de açoitá-lo e tirar-lhe-ão a vida, e ao terceiro dia
ressuscitará» (Marc., X, 32, 34), É supérfluo provar, com
o testemunho dos Evangelistas, que estas predições se cum
priram à letra.
1 AS PROFECIAS DE JESUS 291
i
; ’i
( l ) IiO iS Y , Quelques lettres sur des questions actuelles et sur des événements
vrWnts.
( 2) L o is y , Les Évangiles synoptiques.
(3) Quando demonstrámos a historicidade dos escritos do Novo Testa
mento, não tratámos das Epístolas de S. Paulo, cujo testemunho aqui invoca
mos; porque o valor histórico da primeira epístola nâo é contestado pelos
«nltlcos racionalistas.
304 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
( t ) V. L a d e u z e , L a R é s u r r e c tio n d u C h r is t d e v a n t la a n tiq u e c o n te m p o r a in e .
308 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
(1 ) L o is y , Les É m n g i l e s s y n o p ti q u e s .
A RESSURREIÇÃO DE JESUS 309
(1 ) E s ta hip ó tese não pôde re sistir p o r m uito tem po à rép lica dos a p o
logistas cristãos. P o r isso os ju d e u s lançaram c o n tra o h o rtic u lto r do lu g ar
a acusação de te r feito d esap arecer o corpo, p a ra que nas idas e vindas os
v isita n tes piedosos não lhe pisassem as alfaces (cfr. T e r t ü l i a n o , T r . d e S p ec-
Iti r a l i s ).
(2 ) R é v i ix e e L e R o v supuseram que as a u to rid ad es ju d ia s, inim igas
do Je su s, não podendo so frer que lhe tivessem dado um a se p u ltu ra honrosa,
m andaram t ir a r o corpo p a ra lhe d a r o destino que a le i o rdenava aos cadá
veres dos supliciados.
(3 ) ItKNAN, Les Apôtres.
(4 ) H oltzma-n n , A vida de Jesus.
312 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
(1 ) V. L e p in , Christologie.
A RESSURREIÇÃO r>E JESUS 317
DESENVOLVIMENTO
275. — Divisão do capítulo. —Depois de termos com
provado os títulos ou credenciais do fundador do cristianismo
c demonstrado que Jesus é o Messias anunciado pelos pro-
lelas, parece supérfluo examinar a qualidade da doutrina,
porque podemos dizer a priori que é transcendente, visto ser
obra de um enviado de Deus,
Como teremos ocasião de falar da excelência da doutrina
crista no artigo segundo, nada diremos aquí acerca dessa
questão, É impossível, num Manual de Apologética, dar a
esta prova da divindade do Cristianismo (critério interno) o
desenvolvimento que merece, Esse trabalho sería demasiado
extenso e, por conseguinte, remetemos o leitor para o nosso
livro «Doutrina católica».
Colocando-nos unicamente no campo da apologética
defensiva, apenas responderemos à objecção que os raciona
listas vão buscar à história comparada das religiões. Quando
talámos das religiões falsas pusemos de propósito em relevo
as semelhanças que existem entre elas e o cristianismo.
Voltemos de novo ao assunto e respondamos à objecção racio
nalista, que apresenta a doutrina cristã como um plagiato de
outras doutrinas.
Depois examinaremos as circunstâncias históricas do
cristianismo, a saber, a sua rápida difusão pelo mundo e a
sua maravilhosa vitalidade através dos séculos, apesar dos
grandes e numerosos obstáculos que encontrou e, em parti
cular, das violentas perseguições que tentaram sufocá-lo logo
ao nascer. Este último ponto nos levará à questão do martírio.
Este capítulo compreenderá, portanto, três artigos: l.° No
primeiro demonstraremos que a doutrina de Cristo não é um
plagiato. 2,° No segundo, falaremos da sua maravilhosa
propagação. 3." Por fim trataremos do martírio.
Art, I. — A d o u tr i n a c r i s t ã n ã o é u m a s ín te s e
d e d o u tr i n a s e s tr a n h a s .
276. — Objecção racionalista. — Vímos anteriormente
(n,° 142) que os racionalistas, apoiados na doutrina da evo-
320 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
(1 ) P . D E B R O Q U E , op. á t , p . 283.
326 DIVINDADE DO CRISTIANISMO
(1) E x p o m o s a te s e de H a r n a c k , p o r s e r u m a d a s m ais d o c u m e n ta d a s.
BÁPIDA d if u s ã o 335
(1 ) Mons. D u c h e s n e , H i s t o i r e a n c i e n n e d e V E g l i s e .
(2 ) S in c retism o . — E tim o ló g ic a m e n te o n o m e s i n c r e t i s m o (do g re g o
* su n » com e l e e r á n , m is tu r a r ) sig n ific a a r e u n iã o de sis te m a s d iv e rso s e ató
in c o m p a tív e is . O sin c re tis m o d ife re p o is do e c l e e t i s m o (g re g o e k l e g e i n , esco
lh e r). A q u ele c o n s iste n u m a fu sã o m a is ou m e n o s a r b i t r á r i a de o p in iõ es
d i v e r s a s ; o e c le e tis m o é o sis te m a q u e esco llie e n tr e d o u tr in a s d ife re n te s o
q u e h á de v e rd a d e iro em ca d a u m a.
1
RÁPIDA DIFUSÃO 337
(1 ) B o i s s i e r , La fin du vaaanúm e.
(2 ) Ibid.
(3 ) P a s c a l , a rt. XIX, n. 10, ed. Havefc.
b Ap i d a d if u s A o 341
' Íí:
0 MARTÍRIO 843
S u m ário g e ra l da te r c e ir a F a rte.
298. — Esta terceira Parte da Apologética dívíde-se em
três secções,
A, A prim eira Secção compreende dois capítulos
agrupados sob o título geral de «Investigação da verdadeira
Igreja».
Na segunda Parte, chegámos à conclusão que, entre
todas as religiões actuais que reivindicam o nome de religião
revelada, só uma possui os sinais de origem divina: é a reli
gião cristã. Mas não basta; é preciso saber como a podere
mos reconhecer.
Daí duas questões: 1. Terá Jesus Cristo fundado uma
Instituição, uma Igreja, cujos traços essenciais possamos
descobrir na Escritura, e à qual tenha confiado o depósito
exclusivo da sua doutrina ? 2. No caso afirmativo, quais
são as notas pelas quais podemos reconhecer a verdadeira
Igreja, uma vez que há várias que se dizem fundadas por
J. Cristo?
B, Segunda Secção. — Depois de se ter demonstrado
que a Igreja romana é a verdadeira Igreja, pode dizer-se que
o trabalho do apologista terminou, porque as outras duas
secções já não pertencem à apologética construtiva. Contudo
traiamos essas questões para responder às perguntas que
geralmente se fazem nos programas de instrução religiosa e
que são de grande importância.
A segunda secção, que tem por título a « Constituição da
Igreja », compreende dois capítulos: — 1. No primeiro estu-
ila-se a hierarquia e os poderes da Igreja sob o aspecto teo
lógico; — 2, O segundo trata dos direitos da Igreja e das suas
relações com o Estado.
C, Terceira Secção. — A terceira secção destina-se a
defender a Igreja das principais objecções e ataques que
mais frequentemente os seus adversários, mal intencionados
(mi mal informados, lhe opõem, Esta secção terá dois capí
tulos: 1,° A Igreja e a história, e 2,° A Igreja ou a Fé
perante a razão e a ciência.
23
354 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
SECÇÃO I
INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
(Loisy),
A. A Igreja a) Adversários.
fu n d a d a 1. escriturística.
por Cristo b) Provas. (1) Tese racio-
é h ie r á r histórica. < natisla.
q u ic a . (2) Refutação,
B. H ie r a r a) Adversários.
q u ia per escriturística.
manente: i 1' l) Tese racio
A sucessão
apostólica.
b) Provas. | 2 nalista.Í
Art, II. ^2) Refutação.
Jesus í 1- Prova escriturística.
fundou a) P r im a d o ] t
x> „ (1) Tese racio-
uma de Pedro. | ' tórica. Prova/HS-j ' nalista>
Igreja. 2) Refutação,
Caracterís , 0 primado de Pedro era
ticas transmissível.
essenciais. C. A Igreja 1) Estada «
de C r is to martírio do
é m o n á r b) P rim a d o S . Pedro
q u ic a . dos suces . Os s e u s em Roma.
so res de sucessores 2) O prima,
Pedro, são os Bis do dos Bis.
pos de Ro pos de Ro
ma,
ma sempre
reconhecido
, na Igreja,
NOÇÕES PRELIMINARES 355
{ episcopal.
DESENVOLVIMENTO
299. — I. Noções preliminares. — Para evitar confu
sões, é conveniente, antes de mais nada, determinar o sentido
das duas expressões «reino de Deus» e «Igreja», cujo uso
será frequente neste capítulo.
l.° Conceito de reino de Deus. — A expressão « reino
de Deus» aparece ao menos cinquenta vezes nos Evangelhos
de S. Marcos e S, Lucas. S, Mateus, pelo contrário, empre
ga-a raramente (XII, 28; XXI, 31, 43), substituindo-a pelo
liebraísmo «reino dos céus». Mas, pouco importa, porque as
duas expressões têm o mesmo sentido, 0 reino de Deus, ou
reino dos céus era o assunto em que Jesus mais insistia.
Os judeus, fundando-se nos oráculos messiânicos, espe
raram durante alguns séculos o estabelecimento dum grande
Reino, que devia propagar-se pelo mundo, e dum Rei que
lavé havia de enviar para o governar. Portanto, a funda
ção desse reino devia ser a obra do Messias, Mas o reino
que Jesus prega não era semelhante àquele que os Judeus
imaginaram, É a nova religião, a grande sociedade cristã
que J. Cristo vai fundar, e que há-de implantar na terra até
ao dia em que será juiz e rei na sua última vinda, 0 reino
de Deus tem, pois, duas fases: — a) um reino terrestre, no
qual poderão entrar todos os homens do mundo, — b) um
reino celeste e transcendente, um reino escatológico, que
será estabelecido no céu.
300. — 2,° Conceito de Igreja. — Etimològicamente,
a palavra Igreja (do grego «ekklêsia» assembleia) designa
356 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
eram a maneira mais usada por Jesus Cristo para ensinar as verdades
que desejava inculcar. Compara, por exemplo, o reino dos céus ao
campo do pai de família onde nasceram e cresceram juntamente o bom
grão e o joio (Mat. XIII, 24-30), à rede que pesca peixes bons e maus
( Mat. XIII, 47), Ora, estas palavras não fariam sentido na hipótese de
n a reino meramente interior e espiritual.
A d em ais, a expressão reino de Deus seria muito imprópria se
devesse entender-se do reino de Deus na alma individual; porque, nesse
caso, não se trataría‘de um re in o , m a s d e ta n to s reinos quantàs as almas.
Os p a r tid á r io s deste s iste m a , p a r a p r o v a r a sua tese, fundam-se no
texto de S. Lucas (XVII, 20): Ecce regnum Dei intra vos est, que tra
duzem deste modo: «O reino de Deus e s tá em vós», Mas esta passa
gem tem outro sentido e, segundo o contexto, deve traduzir-se: «O reino
de Deus está no meio de vós». Os fariseus interrogam Jesus e pergun
tam-lhe quando virá o reino de Deus. Jesus responde: «o reino de Deus
não virá com mostras algumas exteriores, Não dirão: ei-lo aqui, ou ei-lo
acolá; porque eis aqui está o reino de Deus no meio de vós». Como é
fácil de ver, estas palavras no contexto não só não favorecem, mas pare
cem até ir contra a ideia de um reino meramente espiritual; porque,
dirigindo-se esta resposta aos fariseus, que n ã o criam e que, por conse
guinte, se punham fora do reino, Jesus não lhes p o d ia dizer que o reino
de Deus estava nas suas almas.
Portanto, o pensamento de Jesus é muito diverso daquele que os
nossos adversários lhe atribuem. Conhecendo Jesus as falsas ideias dos
seus contraditores, que julgavam que a vinda do reino e do Messias
seria acompanhada de sinais portentosos, de prodígios extraordinários
no céu, ensina-lkes a maneira como o reino de Deus há-da vir. Diz-lhes
que não virá como uma coisa que impressiona a vista, como um astro,
cujo curso se pode conhecer, porque o reino será principaimenie espiri
tual e por isso não será objecto de observação. Além de que, ajunta
Jesus, é inútil andar a procurá-lo, porque já veio e está no meio de võs.
C onclusão. — Da genuína interpretação do texto de S. Lucas e das
razões que antes demos, pode coligír-se que o reino de Deus não é mera
mente espiritual, mas colectlvo e social e que, por conseguinte, não se
pode afirmar que J. Cristo nunca pensou em fundar uma Igreja visível.
3) I b . A u t o u r cFun p e t i t liv r e .
4) l d . op . e it. p. 17.
362 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
(1) S abatier, op . c it .
378 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
( 1 ) S a b a t ie b , op. cit.
(2) P a ra p ro v a r que a a u to rid ad e deriva da assem bleia dos fiéis e que
não se pode exercer senão com o consen tim en to do povo cristão ( sistem a
cham ado m ultitudinism o ou presMterianismo defendido p o r algum as seitas
p ro te s ta n te s ) os h isto ria d o res rao io n alistas alegam que a n tig a m e n te os his-
p o s eram m u itas vezes ele ito s pelo povo.
Confundem ev id en tem en te a eleição com a colação da jurisdição e a
sagração. —1. Q uanto à eleição, é v erd ad e que os fiéis c oncorreram p o r vezes
p a ra a escolha do candidato. — 2. A eleição, porém , não conferia o p o d e r ao
eleito ; po rq u e só depois da eleição dos fiéis te r sido confirm ada pelos bispos
d a p ro v ín cia eclesiástica, recebiam os e leito s a sagração e a ju risd iç ã o do
m e tro p o lita n o e, p o r co n se g u in te, do Sumo Pontífice. O povo não conferia
a ju risd iç ã o nem sagrava os bispos.
( 3 ) A tose modernista é sensivelm ente a m esm a. De feito, Loisy assim
se exprim e no A utour d’u n petit livre : «Os anciãos ( p re sb íte ro s ) que exer
ciam nas assem bleias cristã s as funções de vig ias ( eçiseopi, donde o nom e
de b isp o s) foram in stitu íd o s p elo s A póstolos p a ra satisfazer a necessidade da
organização das com unidades e não p rò p ria m e n te p a ra p e rp e tu a r a m issão
e os poderes apostólicos. O m in isté rio coexistia eom o do apostolado, ao
q u a l de faeto su b stitu ía , quando e ra necessário. A distinção e n tre sacerdote
e bispo acentuou-se m ais tarde». P o r Outras p a la v ras : ó episcopado não é
de origem divina e os bispos não receberam dos A póstolos a m issão nem
os poderes.
(A) E sta distinção e n tre as duas classes referid as j á tin h a sido m en
cionada p o r S. P au lo n a Epístola aos Efe'sios. Na p rim e ira classe inolui.
JESUS CRISTO FUNDOU UMA HIERARQUIA PERMANENTE 379
(1) O nom e de papa ( gr. pappas, p a i ), actu alm en te reservado aos Bis
pos de Rom a, era a n tig a m e n te comum aos o u tro s bispos. N a m ente daque
les que o em pregavam significava resp eito e deferência. Uma inscrição do
tem po do p a p a M arcelino ( t 304) é o p rim e iro docum ento da aplicação deBto
nom e ao Bispo de Rom a.
A PERMANÊNCIA E A MORTE DE S. PEDRO EM ROMA 391
( 1) Mona, D uchesne , H i s t o i r e a n c i e n n e d e l ’É g l i s e I.
394 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
(1 ) J a l a g u i e r . Be VÊglise.
(2 ) Regra de fé é o m eio p rá tic o de conhecer a d o u trin a de J . Cristo.
REFUTAÇÃO DA TEORIA PROTESTANTE 401
( 1 ) J á dizia S. A go stin h o que não a cre d ita ria nos E vangelhos se não
uroKse a n te s n a Ig re ja .
( 2 ) P a r a q u e se rv e , diz S a b a t ie b , p o s tu la r a in s p ira ç ã o d iv in a d u m
liv ro o u te x to a n tig o e a s u a in fa lib ilid a d e a t é a o ú ltim o io ta , se esse te x to ,
liil ta n to te m p o e s c rito n u m a lín g u a m o r ta , p r e s e n te m e n te só p o d e se r com
p re e n d id o p o r a lg u n s filó lo g o s, e se o p o v o c ris tã o se d ev e c o n te n ta r com
u* tra d u ç õ e s em v e r n á c u lo q u e n ã o sã o in fa lív e is n e m p e r fe ita s ?
26
402 INVRSTJGa ÇÂO da v e r d a d e ir a ig r e j a
com muitos milagres {Act., II, 43; III, 1, 8; V, 15; IX, 34):
prova evidente de que eram intérpretes infalíveis da doutrina
de Cristo, de outro modo Deus não a confirmaria com o
seu poder;
c) na crença da antiguidade cristã. Concedem o
nossos adversários que a crença na existência dum magistério
vivo e infalível existia já no século III, Basta, portanto,
aduzir testemunhos anteriores:
1, Na primeira metade do século III, Orígenes, aos
herejes que alegam as Escrituras, responde que é necessário
atender à tradição eclesiástica e crer no que foi transmitido
pela sucessão da Igreja de Deus. T ertuliano, no tratado
«D a prescrição», opõe aos herejes o argumento da pres
crição í 1) e afirma que a regra de fé é a doutrina que a
Igreja recebeu dos Apóstolos,
2, Nos fins do século II, S. Ireneu, na carta a Florim*
e no Tratado contra as heresias, apresenta a Tradição
apostólica como a sã doutrina, como uma tradição que não é
meramente humana. Donde se segue que não há motivo
para discutir com os herejes (*) e que estão condenados
pelo facto de discordarem desta tradição.
Pelo ano 160, H egesipo apresenta, como critério da fé
ortodoxa, a conformidade com a doutrina dos Apóstolos
transmitida por meio dos Bispos, e por esse motivo redige
a lista dos Bispos. Na primeira metade do século II, Poli-
carpo e P apias apresentam a doutrina dos Apóstolos como
a única verdadeira, como uma regra segura de fé. Nos12
DESENVOLVIMENTO
O prob lem a das notas da vordadefra Ig re ja .
Divisão do capítulo.
( 1 ) C h a m a -s e Igreja dissidente t o d o o a g r u p a m e n to q u e se d iz c r is tã o ,
m a s q u e e s tá s e p a ra d o d a ig r e ja u n iv e r s a l p e lo c is m a , o u p e la h e re s ia .
414 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
(1 ) A doutrina católica adm ite tam bém que uns são predestinados e
o u tro s não. «Porque, os que (D eus) conheoeu n a sua presciência tam bém os
p re d estin o u p a ra serem conform es à im agem de seu P ilho, p a ra que seja o
p rim o g é n ito e n tre m u ito s irm ãos. E os que p re d estin o u a esses tam bém
cham ou; e os que cham ou tam bém os ju stific o u , e os que ju stific o u tam bém
Os glorificou». (Rom., VIII, 29-30).
O dogm a oatóiico afirm a que o hom em é dotado de liv re a rb ítrio e que
o pred estin ad o alcança a salvação, não som ente p o rq u e D eus o q u e r e lhe dà
a g raça, m as po rq u e ele p ró p rio assim o quer, trab a lh a n d o com D eus n a sua
salvação, correspondendo à g raça e ju n ta n d o à fé ás boas obras,
( 2 ) Convém a d v e rtir que depois de C alvino o «consistório» compõe-se
apenas de eclesiásticos e depende da au to rid ad e civil.
O ANGIJCANISMO 429
que sacode a sociedade até aos fundamentos, não nos permitem fazer
prognósticos acerca do futuro religioso daquelas vastas regiões. Pode ser
<1 ue a prova, por que estão passando, seja o caminho qne a Providência
escolheu para conduzir as ovelhas tresmalhadas ao redil da ortodoxia,
( 1 ) O m o v im e n t o d a s c o n v e rs õ e s a o c a t o lic is m o c o m e ç o u a a c e n tu a r-s e
q u a n d o , d e p o is d a g u e r r a d a M a n d c h ú r ia , o c z a r N icox.au I I p u b lic o u u m
« u ca s se >, e m q u e se c o n c e d ia a o s ru s s o s lic e n ç a d e « p a s s a r d a r e lig iã o
o r t o d o x a a o u tr a s c o n fis s õ e s c r is tã s » .
444 INVESTIGAÇÃO OA VERDADEIRA IGREJA
( 1 ) V e m a q u i a p r o p ó s it o r e le m b r a r a f ó r m u la c o r r e n t e e n tr e os c a tó
lic o s : In necessariis imitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas, u n id a d e n a s
v e rd a d e s n e c e s s á ria s ( a r t ig o s d a fé ), lib e r d a d e n a s q u e s tõ e s n ã o d e fin id a s ,
c a rid a d e e m t u d o .
( 2 ) O o n fo rm e as e s ta tís tic a s m a is re c e n te s o n ú m e ro a p r o x im a d o d o s
m e m b ro s d a s t r ê s m a io r e s I g r e ja s c r is tã s é c o m o s e g u e : — 1.» C a t ó lic o s : 450
m ilh õ e s ; — 2.» P r o t e s t a n t e s : 210 m ilh õ e s ; — 3 ." C is m á t ic o s ; 150 m ilh õ e s .
448 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA IGREJA
( 1 ) B a in v e l , H o r s d e l’É g lis e p a s d e s a lu t.
452 INVESTIGAÇÃO DA VERDADEIRA JGREJA
• V
454 CONSTITUIÇÃO DA IGREJA
SECÇÃO II
CONSTITUIÇÃO DA IGREJA
I f A. D e fin iç ã o .
l.° Hierar
quia. Ir / a ) Hierarquia de Ordem.
I ' EsPêcles-\ ¡j) Hierarquia de jurisdição,
A. P o d e r de
e n s in a r . b ) Modo de;. 1. magistério extraordinário,
2.° Poderes exercer o í 2, magistério ordinário.
da Igreja
em geral. [ a ) Existên-; í. Adversários.
B, P o d e r d e \ cia. 12. Provas.
g o v e r n a r . \ b) Objecto,
( c ) Modo de o exercer.
CONSTITUIÇÃO DA IGREJA.
a ) Objecto.
1. e x tr a o r d in á r io . Defini
ções «excatedra». Objecto
e condições da ínfalibill-
A. P oder dei dade.
e n s in a r . &) Modo de
o exercer. 1) Pelo pré-
.3,° Poderes prio Papa.
do Papa. 2, o r d in á r io . 2) Pela Con
gregação do
Santo Ofício.
a ) Objecto.
B. P o d e r de 0 Sacro Colégio.
g o v e r n a r. b ) Modo de} \ Consistórios.
t o.
o exercer, I í' Congregações romanas.
in d iv i d u a lÁ ^ Poder doutririal-
m e n te b) Poder de ¿°™mar.
4.» P oderes öL Disper' i InfaIibilidade-
dos Bis-
pos. B. T o m a d o s 1. Condições de ecumenicl* -
c o l e c t i v a b ) R e u n i dade.
m e n te . d o s em 2, Autoridade dos concílio»,
concílio. 3. Sua utilidade,
4, Série cronológica.
1
HIERARQUIA DA IGREJA 455
DESENVOLVIMENTO
385.— Divisão do capítulo. — Para reconhecer a ver
dadeira Igreja, determinámos, no começo da secção prece
dente, as características essenciais da sociedade fundada por
Jesus Cristo. Por conseguinte, já conhecemos, ao menos nas
suas linhas gerais, a constituição da Igreja Romana, visto
que só ela é a verdadeira Igreja.
Mas é conveniente voltar ao assunto; porque, embora a
constituição actual da Igreja dependa em certo modo da
vontade e instituição de Jesus, todavia é incontestável que se
desenvolveu e se adaptou às circunstâncias do meio em que
se encontrava. É que a Igreja, apesar da sua origem divina,
é uma sociedade humana e, por conseguinte, susceptível de
progresso e modificações em tudo o que não for essencial à
sua constituição.
Estudemos pois a sua constituição actual nestes dois
capítulos da segunda secção. No primeiro descreveremos:
l,°í a hierarquia da Igreja; 2.° os poderes da Igreja em
gerçil; 3,° os poderes do Papa; e 4.“ os poderes dos
Rispos. No capítulo segundo trataremos dos direitos da
Igrfja e das suas relações com o Estado.
Att. I. — H ie r a rq u ia da Ig re ja .
. 386. — Vímos (n.os 309 e segs.) que J. Cristo fundou
uma Igreja hierárquica, que nessa Igreja os membros não
são todos iguais, mas estão divididos em duas classes dis
tintas: Igreja docente e Igreja discente. Como a segunda
se compõe somente de leigos, que não possuem autoridade
eclesiástica, falaremos só da Igreja docente.
l.° Definição, — Segundo a etimologia (n.° 308 «),
hierarquia significa poder sagrado, e emprega-se aqui para
designar os diversos graus de categoria e de poder, que
distinguem os ministros da Igreja docente,
387. — 2.° Espécies. — Na Igreja há duas hierarquias,
uina de ordem e outra de jurisdição. — a) A hierarquia de
456 CONSTITUIÇÃO DA IGREJA
L*
OS PODERES DA IGREJA 457
(1) C onclave (lat. cum, oom e clavis, chave). E ste term o d e sig n a : —
a) o local rig o ro sam en te fechado à chave onde se reunem os cardeais p a ra a
eleição do novo P a p a ; — b) a p ró p ria assembleia. As re g ra s p rin cip ais e sta
belecidas p o r G r e g o r i o X, no segundo conoílio ecum énico de L ião (1274)
p a ra a eleição do P apa, s ã o :
1. Os cardeais devem reu n ir-se, d e n tro dos dez dias que se seguem à
m o rte do P apa. num local de ta l m an eira foehado que ninguém possa e n tra r
nem sair. P io X I (1922) au m en to u este tem po a té 15 ou 18 d ia s .— 2. N inguém
de fora pode com unicar com eles nem do viva voz, nem p o r escrito, sob
p e n a de excom unhão ipso fado. —3. O conclave deve reu n ir-se no p alácio
que h a b ita v a o p o n tífice defunto ou (se m o rre r fo ra d a cidade onde re si
dia com a sua corte), n a cidade de quo depende o te rritó rio onde m o rreu
o Papa.
Q uanto ao modo de escrutínio, a eleição pode fa ze r-se : — 1. p o r escrutí
nio secreto, com a m aioria de dois terç o s dos v o to s ; — 2. p o r compromisso,
se, p o r m otivo de graves divergências e n tre os cardeais q u an to à p essoa que
se deve eleger, delegarem n alg u n s d e n tre eles p a ra fazerem a escolha.
D este m odo foi e le ito G r e g o r i o X depois de trê s anos de sede v a c a n te ; —
3. p o r aclamação. E stes dois últim os m odos a ctu alm en te só existem em
te o ria . D epois de cada e scru tín io queim am -se ¡m ediatam ente as listas.
O direito de veto ou de exdusão. T rês g ra n d e s nações c a tó lic a s: a E sp a
nha, a F ra n ç a e a Á ustria, reivindicaram p o r m u ito tem po o cham ado d ireito
de veto ou de exclusão. E is aqui a sua origem e c a ra c te rís tic a s : os so b era
nos lig a ram sem pre g ra n d e im p o rtâ n cia à eleição do P a p a e p ro cu raram que
fosse nom eado o seu candidato. Como era difícil, dado o g ra n d e núm ero de
cardeais, arrogaram -se o direito de excluir os que não desejavam que fossem
eleitos. E ste p re te n so direito, porém , nunca te v e v a lo r ju ríd ic o , e os c ar
deais, sujeitan d o -se a ele, tin h am sim plesm ente em v ista dar provas de
condescendência p a ra com os soberanos, a fim de c a p ta r a sua benevolência.
Como o exclusivo só se p odia p ro n u n c ia r um a vez em cada conclave e c o n tra
um só indivíduo, n u n ca podia hav er m ais de trê s elim inados.
D u ra n te o séoulo XIX a Á ustria u sou do d ireito do veto em to d as as
eleições pontifícias, m as não pôde im pedir as eleições de Pio IX e de Leão
X III; aquela p o r dem ora de quem devia p ro n u n c ia r o veto, e esta p o rq u e se
fez com gran d e rapidez. E sabido que Pio X, eleito depois do veto au stríaco
dado c o n tra o cardeal R am polla que fora o m ais votado, aboliu este d ireito
p e la con stituição «Commissum nobis» (20 de J a n , de 1904).
474 CONSTITUIÇÃO DA IGREJA
a) Direito de (1 1. viço
Clérigos. Isenção do ser-
militar.
A, Derivados ensinar. (2 , Leigos,
do seu po
der de en b) Direito de 1. Origem do índex.
sinar. c o n d e n a r 2. Regras gerais.
as más dou 3. Objecção.
trinas.
1.® Direi
to s da í 1' Quanío aos ministros.
Igreja.
B. Derivados b) Direito de fundar Ordens religiosas.
do seu po c) Direito de propriedade. Poder temporal
der de go do Papa,
vernar. d) Direito de; 1. Fazer leis.
CONSTITUIÇÃO DA IGREJA.
DESENVOLVIMENTO
420. Divisão do capítulo. — A Igreja é sociedade per
feita de ordem espiritual, por sua natureza e por sua origem:
tal foi a conclusão a que chegámos no capítulo precedente
(n.° 419). Resta ainda estabelecer dois pontos: 1." os direi
tos da Igreja; e 2,° as relações entre a Igreja e o Estado.
Art. I, — Os direitos da Igreja.
Como sociedade perfeita, a Igreja deve ser independente
na sua existência e no exercício dos seus poderes; daí dedu
zem-se todos os seus direitos. Mas, como determinar esses
direitos? Basta recordar que todo o poder legítimo exige,
como consequência, direitos correspondentes. Ora, a Igreja
recebeu do seu divino fundador a tríplice missão de ensinar,
santificar e governar. Logo, possui os direitos correspon
dentes,
O poder de ministério compreende o direito de adminis
trar os sacramentos. Como a Igreja recebeu de J, Cristo a
missão e o poder de santificar, o Estado tem estrita obrigação
de lhe dar toda a liberdade na administração dos sacramentos
e no exercício do culto, segundo as regras da liturgia. Visto
que ninguém lhe contesta esse direito, também não nos demo
raremos a estudá-lo, Limitar-nos-emos, por conseguinte, a
tratar, em dois parágrafos, dos direitos da Igreja relacionados
com os poderes de ensinar e governar,
§ 1 ,° — D ir e it o s da Ig r e ia d e r iv a d o s do po der
d e e n s in a r ,
§ 2.° — D i r e it o s d a I g r e j a d e r iv a d o s
DO PODER DE GOVERNAR,
de Jesus Cristo, quando afirmou que o seu reino não era deste mundo
{ João, XVIII, 36). Donde concluem que Pio IX, censurando no Syllabus
os adversários do poder temporal, cometen um verdadeiro abuso de auto
ridade ( i ) . Estes ataques são injustificados. E certo que a soberanía
temporal do Papa não é um dogma , Não é de instituição divina, e tam
bém não se pode afirmar que seja de absoluta necessidade, pois não
existiu sempre. Mas, não têm razão, quando dizem que é ilegítimo,
inútil e até prejudicial ao poder espiritual da Igreja.
1. Longe de ser ilegítimo, o poder temporal dos Papas baseia-se
nos títulos mais autênticos. Foram os povos que investiram os Papas na
soberania temporal. Alguns atribuíram a origem do poder temporal a
uma doação de Constantino, quando este imperador, já cristão, abando
nou Roma ao Papa e fundou Constantinopla. Esta opinião, porém, já
não merece crédito. 0 que parece mais verdadeiro é que, a partir desse
momento, os imperadores não estiveram à altura do seu cargo.
No momento em que os bárbaros invadiram a Itália e a punham a
saque e a sangue, não se apresentaram a defender o povo. Uma só
figura se ergueu majestosa diante da onda da barbárie, e a Itália, que
os imperadores de Bizâncio não podiam defender, voltou-se instintiva
mente para os Papas como para seus protectores natos. «A desgraça
dos tempos, diz o protestante G ibbon, aumentou pouco a pouco o poder
temporal dos Papas», Foram os povos, que os forçaram a reinar.
Quando Pepino o Breve e Carlos Magno cederam ao Papado os primei
ros elementos do Patrimonio de S. Pedro, não fizeram senão sancionar
por meio dum acto solene a soberania que os povos, já de há muito,
tinham reconhecido aos Papas (2).
2. Fundamentado como está nos mais legítimos títulos, não é
incompatível com o poder espiritual. Pelo contrário, é de grande uti
lidade, pois constitui a sua melhor garantia. K evidente que se o Papa
não possuí um território onde seja soberano temporal, se está sujeito à
jurisdição doutra potência, é sempre de recear que não tenha liberdade
na administração do mundo católico, que as suas decisões sejam tomadas
sob a influência de uma força externa e superior e que, desta forma, os
interesses da Igreja pareçam enfeudados aos interesses da nação de que
for súbdito.
É certo que a lei de 13 de Maio de 1871, promulgada pelo governo
italiano e conhecida sob o nome de lei das garantias, proclamava que a
pessoa do Papa era sagrada e inviolável, reconhecia-lhe o direito às
honras de soberano e subtraía os palácios, que lhe estavam reservados,1
(1 ) A cerca dos d elitos íulm inados com a p ena de excom unhão, con
sulte-se o Código de D ire ito C anónico (Can. 2314 e segs.).
.-D
SECÇÃO III
APOLOGIA DA IGREJA
I a)
Exposição dos factos.
A. As Cruza Acusação.
I b)
das. \ c ) Resposta,
B. As Cruzadas dos Albigenses e a Inquisição.
I.0 P rincipais C, As Guerras de religião e a Matança de S, Bar-
acusações tolomeu.
 IGREJA E À HISTÓRIA.
2." Serviços
prestados
pela a) Serviços prestados na ordem
Igreja. material.
r
C.
V<
a
A socie
Ò (/ C ív
b)
'
Serviços
. , I I
prestados
I
na ordem
lU L C lw V i L U d l i
dade.
c) Serviços prestados na ordem
moral.
Objecção.
DESENVOLVIMENTO
444. — Divisão do capítulo. — A Igreja, posto que seja
divina pela sua origem e constituição, é sociedade composta
de elementos humanos. Seria, portanto, de estranhar que
durante os longos séculos da sua existência não tivesse tido
alguma fraqueza. 0 governo da Igreja, como o de outra
qualquer sociedade que emprega meios humanos, pode ter
518 APOLOGIA DA IGREJA
í
h
( 1 ) E b o m n o t a r o q u e a c o n te c ia n a I n g la t e r r a , n o s re in a d o s d.e H e n -
kiqtje V I I I e de I s a b e l : as p e rs e g u iç õ e s e v io lê n c ia s le g a is c o n t r a os c a tó
lic o s ; as le is q n e p r o ib ia m a e le iç ã o d e s te s p a r a o s c a rg o s p ú b li c o s ; a p e rd a
d o d ir e it o d e s u c e s s ã o ; o p r o t e s t a n t e q u e se c o n v e r te s s e a o c a t o lic is m o , t id o
c o m o r é u de a lt a t r a iç ã o ; a e n tr a d a n o r e in o p r o ib id a , so b p e n a d e m o r te , a
to d o s os s a c e rd o te s c a tó lic o s ...
532 APOLOGIA DA IGREJA
o numero das conversões que se operavam e este era tal que dentro em
pouco o rei imaginou que já não havia protestantes em França, que a
união religiosa era um fa c to . Debaixo desta impressão revogou o Edito
de Nantes (1.6 de O u tu b r o d e 1.685), Os p a r tid á r io s da Reforma viram-se,
p o r ta n to , o b r ig a d o s a o p ta r p e la c o n v e rsã o fin g id a ou pelo exílio.
§ 5 .° — O PROCESSO DE GALILEU.
nome de Saero Império romano. Por esse motivo, os reis de França, da Ger-
mânia e de Itália eram imperadores por direito pontifício, em virtude da
coroação feita pelo Papa, coroação que lhes conferia, não soberania espeoial,
mas digpidade suplementar, mais moral que material e lhes concedia o título
de protectores da Igreja. Em virtude destes actos, o Papa era uma espécie
de suserano a quem as leis da Idade Média reconheciam o direito de punir a
ifelonia do vassalo que faltasse às suas obrigações, de retomar o seu feudo ©
de conferir a investidura a outro.
O SYLLABTJS E A CONDENAÇÃO DAS LIBERDADES MODERNAS 541
(1 ) Gh o u p in , op. cit.
5 -1 2 APOLOGIA OA IGREJA
§ 2 ° — A I greja e a família,
DESENVOLVIMENTO
478. — Divisão do capítulo. — Por mais sólidos e con
cludentes que sejam os motivos de credibilidade propostos
pela Apologética, é evidente que perderíam todo o valor se
os adversários conseguissem demonstrar que a Igreja católica
ensina dogmas absurdos, Os racionalistas, julgando encon
trar aqui campo propício para atacar a íé, afirmam, em nome
da razão e da ciência, que há antagonismo entre estas e a
fé e que os dois modos de conhecimento — pela fé e pela
razão — são opostos ou, pelo menos, independentes entre si.
Veremos quanto se enganam, determinando 1,°: as relações
entre a fé e a razão, e 2,° as relações entre a f é e a ciência.
Art, I, — A fé e a m ã o .
(1 ) D e B r o s l ie , L a C ro ycm ce r e lig ie u s e e t la R a is o n .
556 A P O L O G IA D A IG R E JA
Art. II. — A f é e a c i ê n c i a .
O n ú m e r o c o l o c a d o d e p o i s d e c a d a p a l a v r a i n d i c a o mímero m a r g i n a l ;
a le t r a n r e f e r e - s e à n o t a d o n ú m e r o i n d i c a d o .
H/
A B
Abuso (Apelação ab), 429 (n). Bartolomeu (Matança de S.), 453,
Acaso (objecção contra a ordem do 456.
mundo), 45, ( Beatificação, 391.
Acto puro, 42 (n), Bispos (Poderes dos), 410 e segs.
Actos (dos Apóstolos), 311 (n). Blondel, 14, 52 (rí).
Acusações (As principais) contra a Bonifacio VIII, 463,
Igreja, 445 e segs. Bramanismo, 193.
Agnosticismo, 31, 31 (n), 65, Breve pontificio. 401.
Albígenses (Cruzada dos), 446 e seg. Budismo, 194-197.
Alma (da Igreja), 384.
Alma humana, e x i s t ê n c ia , 104; C
objecção, 105; natureza; a alma
humana e a alma dos animais, Cabido, 388.
106, 107; espiritualidade da Calvinismo: origem, 358: doutrina,
alma humana, 108; objecção 359; estado actual, 360.
materialista, 109, Canonização, 391 (n).
Anabaptismo, 362 (n). Cardeais, (O Sacro colégio dos), 404,
Anglicanismo: origem 361; dou Carismas, 311 e seg.
trina 362; estado actual, 363, Catolicidade, 350.
Animismo, 138, 142. Causa primeira (Argumento da),
Apócrifos (Evangelhos), 214 (n). 36; objecções, 37 e seg.
Apologética: definição, 1; objecto, Causas finais, 44; objecções, 45,46.
2; fim, 4; importância, 5; divi Censuras (doutrinais), 391 («).
são, 6; métodos, 10; historia, 15. Cepticismo, 23, 27,
Apologia, 3. Cérebro (O —e o pensamento), 109.
Apostolicidade, 351. Cesarismo (Erro do), 434,
Apóstolos, 317, 318 (n). China (Religiões da), 182 e seg.
Artigos (fundamentais), 345, 346. Cisma grego, 370 e seg.
Ateísmo, 61; causas, 62; conse Comissão bíblica, 407.
quências, 63. Concilios: ecumenicidade, 414; au
Atributos (de Deus): noção, 68; toridade, 415, 416; utilidade,
espécies. 69; negativos, 69, 70; 417; o seu número, 418.
morais, 71, 75. Conclave, 404 (n).
Auto-de-fé, 450. Conclusões (teológicas), 391.
•mmsv
564 ÍNDICE ALFABÉTICO DAS MATÉRIAS
V
R
Vedismo, 192,
Racional ('Moral), 54. Velhos (Cristãos), 373 (a).
Ramadão (Jejum do), 202. Veto, 404 (n).
Reforma, 353 e seg. Vida (Origem da), 84.
Relações entre a Igreja e o Estado, Visnuísmo, 198. 199, 200.
433 e seg.
Religião, 135 e seg. Z
Ressurreição: adversários, 267; pro
vas, 268 e seg. Zend Avesta, 188,
Revelação, 144 e seg.; primitiva, Zoroastrismo, 187 e seg.
ÍNDICE DAS MATÉRIAS
Pág.
I ntrodução, — Noções gerais .................................... .............................. 5
SECÇÃO I: DEUS