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O autor inicia o excerto contando que, a princípio, a arte afro-brasileira era, em suas
próprias palavras, “religiosa, funcional e utilitária”. Isso ocorreu porque os africanos
escravizados eram política e ideologicamente reprimidos - a única cultura permitida a ser
expressada era a dos invasores cristãos. Assim, essa forma de arte religiosa só conseguiu vigorar
pois encontrou uma simbologia correspondente no cristianismo, se misturando a ele. Além
disso, as práticas da religião eram muito ligadas à natureza no continente africano, que é
semelhante à brasileira.
Por muito tempo, essa expressão artística passou despercebida, existindo apenas no
espectro da clandestinidade. Porém, a partir das décadas de 30 e 40 isso mudou. Os artistas
passam a ser conhecidos e “...alguns deles começam a trabalhar dentro do conceito das
chamadas artes "popular" e "primitiva", encorajados pelo movimento modernista e pela busca
do nacionalismo. ” (MUNANGA, 2019, p. 14).
A partir dessa contextualização, Munanga nos convida a refletir sobre como seria viável
classificar o que seria a arte afro-brasileira afinal. Apesar de sugerir diversos sistemas para tal,
procurando uma visão não arbitrária, biológica, étnica ou politizada, ele acaba chegando à
conclusão de que não é possível fazer uma categorização desse jeito, “É o preço que devemos
pagar ao aceitar a (...) curadoria de um módulo que representa a produção artística de um dos
segmentos étnicos mais excluídos da vida nacional brasileira. ” (MUNANGA, 2019, p. 21).