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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

MISSÃO: FORMAR PROFISSIONAIS CAPACITADOS, SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS E APTOS A PROMOVEREM AS


TRANSFORMAÇÕES FUTURAS

ATIVIDADES 19/05
Aula Dia: 19/05/2020 Disciplina: DIREITO e EDUCAÇÃO AMBIENTAL
DIR 10 A Prof. Me Edinaldo Beserra

ALUNO: MARCUS VINICIUS GAIEVSKI BOM

INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento urbano, comercial e industrial, tão crescente nos dias atuais, é
necessário um eficiente sistema de controle e fiscalização dos reflexos ambientais desse
crescimento como, por exemplo, o impacto ambiental. Na caracterização do atual sistema
político representativo brasileiro, esta responsabilidade impõe-se ao Poder Público, que deve
atuar em prol de um meio ambiente ecologicamente equilibrado e saudável. Dessas
atribuições, um dos mecanismos de controle disponíveis à Administração Pública, é o
Licenciamento Ambiental. Tal instituto consiste no procedimento através do qual a
Administração estabelece condições e limites para o exercício de atividades potencialmente
causadoras de impactos ambientais. Dessa forma, a efetivação de tais atividades, como
exploração de petróleo, hidrelétricas, mineradoras e siderúrgicas, só poderá ocorrer se o Poder
Público conceder ao particular interessado a licença ou autorização específica, após o devido
procedimento legal, que inclui o estudo de impacto ambiental - EIA e a elaboração do
respectivo Relatório de Impactos ao Meio Ambiente - RIMA. Assim se dá por necessário o
estudo em caráter discricionário do ato administrativo que concede as referidas licenças e
analisar suas possíveis consequências fatuais e jurídicas no meio ambiente.

DESENVOLVIMENTO

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O sistema licenciamento ambiental é uma ação típica e indelegável do Poder Executivo,
sendo um importante instrumento de gestão ambiental, uma vez que, por meio dele, a
Administração Pública exerce o controle das ações humanas que interferem no Meio Ambiente,
compatibilizando o desenvolvimento econômico com a preservação ecológica e assim
resguardando o interesse coletivo.

Tal sistema prevê a necessidade dos empreendimentos terem seus projetos submetidos
à avaliação do Estado, desde a sua concepção até a entrada em operação, e continuamente
após essa etapa. Assim, o licenciamento ambiental é um instrumento de política e gestão
ambientais que se pauta pelos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81),
com destaque para a compatibilização do crescimento econômico com a manutenção da
qualidade ambiental. Trata-se de um instrumento de tomada de decisão, fundamentada pela
aplicação de outros instrumentos conforme o caso, como a avaliação de impacto ambiental, os
parâmetros de qualidade ambiental e outros instrumentos e requisitos legais.

O Impacto ambiental é uma mudança no meio ambiente causada pela atividade do ser
humano. Os impactos ambientais podem ser dos tipos positivo ou negativo, sendo que o
negativo representa uma quebra no equilíbrio ecológico, que provoca graves prejuízos no meio
ambiente, como está disposto na Resolução Conama: Artigo 1º: “Para efeito desta Resolução,
considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: A saúde, a segurança e o bem-estar
da população; As atividades sociais e econômicas; A biota; As condições estéticas e sanitárias
do meio ambiente; A qualidade dos recursos ambientais.”

A Resolução Conama n° 237/97 define licença ambiental como sendo: "ato


administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física
ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades
utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental".

Já, o licenciamento ambiental, é o procedimento administrativo destinado a licenciar


atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Assim, o
licenciamento ambiental ele vai ser exigido para licença de atividades ou empreendimentos que
utilizem recursos ambientais e que efetivamente ou potencialmente são poluidores ou causam
danos ao meio ambiente.

Então, licenciamento ambiental é o procedimento administrativo e a licença ambiental é


um ato administrativo. Assim, o licenciamento ambiental é a sucessão de vários atos
administrativos, que tem no seu final um ato administrativo principal que é a licença ambiental.

O art. 3° da Resolução Conama n° 237/97 traz o rol das atividades que estão sujeitas ao
licenciamento ambiental, porém não vincula o licenciamento à realização do EIA/RIMA.
Portanto, verifica-se que uma atividade que passará pelo procedimento de licenciamento
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ambiental poderá ou não ter o respaldo do EIA/RIMA, tendo em vista que o referido dispositivo
não estabelece para as atividades elencadas qualquer presunção de potencialidade de
causarem significativa degradação ambiental.
O EIA é um estudo científico, com linguagem técnica, elaborado por uma equipe
multidisciplinar (profissionais legalmente habilitados – art. 11 da Resolução Conama n°
237/97), que deve conter uma análise dos impactos ambientais que o empreendimento irá
causar, bem como as medidas mitigadoras desses impactos.
RIMA é um relatório de impacto ambiental que tem por finalidade tornar compreensível o
conteúdo do EIA, por meio de uma linguagem clara, simples e objetiva, para que o público
tenha acesso.
O art. 4º, 5º e 6º da Resolução Conama n° 237/97 retrata a competência para o
licenciamento ambiental:
I - O IBAMA é competente para licenciar os empreendimentos e atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional:
1. localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar
territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em
unidades de conservação do domínio da União;
2. localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
3. cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de
um ou mais Estados;
4. destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor
material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
5. bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação
específica.
II - O órgão ambiental estadual é competente para licenciar empreendimentos e
atividades:
1. localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
2. localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural
de preservação permanente relacionadas no artigo 3º da Lei nº 12.651/12, e em todas as que
assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;
3. cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais
Municípios;
4. delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou
convênio.
III - O órgão ambiental municipal é competente para licenciar empreendimentos e
atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.

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O IBAMA deverá levar em consideração, no processo de licenciamento, o exame técnico
procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade
ou empreendimento e os Estados deverão considerar o exame técnico procedido pelos órgãos
ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento.
Portanto, se a obra causar uma grande degradação ambiental, é necessário que o
empreendedor elabore o EIA/RIMA, que será submetido a apreciação do órgão público
licenciador e com base neste estudo irá julgar se concede ou não a licença ambiental.
Caso o EIA/RIMA seja favorável, os doutrinadores entendem que isso condiciona a
autoridade a conceder a licença ambiental, tendo o empreendedor o direito de desenvolver sua
atividade econômica. Este é o único caso de licença ambiental vinculada.
Sendo o EIA/RIMA desfavorável, totalmente ou em parte, caberá a Administração
Pública, segundo critérios de conveniência e oportunidade, avaliar a concessão ou não da
licença ambiental. Caso conceda a licença, a decisão deverá ser fundamentada, atacando
cada ponto que se mostra impactante.
A concessão de licença, em caso de EIA/RIMA desfavorável, se fundamenta no princípio
do desenvolvimento econômico sustentável, que permite um equilíbrio entre a proteção do
meio ambiente e o desenvolvimento econômico.
Há também a opção da realização ou dispensa da audiência pública, que é uma forma
de participação popular que tem por finalidade recolher críticas e sugestões da população com
relação à instalação da atividade local e que irá ajudar o órgão licenciador a formar seu
convencimento da aprovação ou não do projeto submetido ao licenciamento. A audiência
pública não é obrigatória. Haverá audiência pública nos seguintes casos:
a) quando o órgão competente para concessão da licença julgar necessário;
b) requerimento por 50 ou mais cidadãos;
c) solicitação pelo Ministério Público.
Não havendo audiência pública, o órgão ambiental competente irá julgar direto o
EIA/RIMA após sua entrega. Havendo audiência pública, o EIA/RIMA será julgado após sua
realização.
Uma vez aprovado o EIA/RIMA, o órgão licenciador competente, a requerimento do
empreendedor, estará autorizado a outorgar as demais licenças (prévia, de instalação e de
operação – art. 8° da Resolução Conama n° 237/97).
Contudo, é facultado ao órgão licenciador solicitar, em qualquer fase do licenciamento, a
realização de estudos ambientais complementares quando julgar necessários.
O EIA/RIMA e a audiência pública são pressupostos para a outorga das licenças
ambientais naqueles empreendimentos ou atividades que podem causar significativa
degradação ambiental. O licenciamento ambiental propriamente dito se inicia com a outorga da
licença prévia e, posteriormente, a de instalação e de operação, por isso, podemos considerar
que existem 3 etapas:
Licença prévia (LP)
É concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
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requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação.
Seu prazo de validade não pode ser superior a 5 (cinco) anos (art. 18, I, da Resolução
Conama n° 237/97).

Licença de instalação (LI)


Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.
Seu prazo de validade não pode ser superior a 6 (seis) anos (art. 18, II, da Resolução
Conama n. 237/97).

Licença de operação (LO)


Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo
cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Seu prazo de validade será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos
(art. 18, III, da Resolução Conama n. 237/97).
Por fim, para que haja a concessão das licenças é necessário o efetivo cumprimento do
que consta das licenças anteriores, ou seja, para se conceder a LI é necessário que se tenha
cumprido tudo o que determina a LP e assim sucessivamente.

BIBLIOGRAFIA

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FIORILLO. Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 7ª Edição.
Editora Saraiva, 2006.
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente doutrina – jurisprudência - glossário. Editora Revista
dos Tribunais. 4ª edição – 2005.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. Editora Malheiros. 9ª
edição – 2001.
FERREIRA, Maria Augusta Soares de Oliveira. Direito Ambiental Brasileiro – princípio da
participação. 2ª ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: Forum, 2010.
CUREAU, Sandra. Palestra proferida no Seminário "A repartição de competências no
Licenciamento Ambiental ",realizado no dia 20 de outubro de 2004, no Rio de Janeiro.

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