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LUMINOTÉCNICA

LUMINOTÉCNICA

1. Conceitos básicos de Luminotécnica.

2. O que é Luz?

Uma fonte de radiação emite ondas eletromagnéticas. Elas possuem diferentes comprimentos, e o
olho humano é sensível a somente alguns. Luz é, portanto, a radiação eletromagnética capaz de
produzir uma sensação visual (Figura 1).

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3 – Luz e Cores.

A aparência de um objeto é resultado da iluminação incidente sobre o mesmo.

A luz é composta por três cores primárias.

A combinação das cores vermelho, verde e azul permite obtermos o branco.

A combinação de duas cores primárias produz as cores secundárias - margenta, amarelo e cyan.
As três cores primárias dosadas em diferentes quantidades permite obtermos outras cores de luz.

Da mesma forma que surgem diferenças na visualização das cores ao longo do dia (diferenças da
luz do sol ao meio-dia e no crepúsculo), as fontes de luz artificiais também apresentam diferentes
resultados. As lâmpadas incandescentes, por exemplo, tendem a reproduzir com maior fidelidade
as cores vermelha e amarela do que as cores verde e azul, aparentando ter uma luz mais “quente”.

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4 – Grandezas e conceitos.

Fluxo Luminoso:

Fluxo Luminoso
Símbolo: 
Unidade: lúmen (lm)

Fluxo Luminoso é a radiação total da fonte luminosa, entre os limites de comprimento de onda
mencionados (380 e 780nm).(Figura1)

O fluxo luminoso é a quantidade de luz emitida por uma fonte, medida em lúmens, na tensão
nominal de funcionamento.

Intensidade Luminosa:

Intensidade Luminosa
Símbolo: I
Unidade: candela (cd)

Se a fonte luminosa irradiasse a luz uniformemente em todas as direções, o Fluxo Luminoso se distribuiria
na forma de uma esfera. Tal fato, porém, é quase impossível de acontecer, razão pela qual é necessário
medir o valor dos lúmens emitidos em cada direção. Essa direção é representada por vetores, cujo
comprimento indica a Intensidade Luminosa. (Figura 5)
Portanto é o Fluxo Luminoso irradiado na direção de um determinado ponto.

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Iluminância:

Iluminância (Iluminamento)
Símbolo: E
Unidade: lux (lx)

E também a relação entre intensidade luminosa e o quadrado da distância (l/d²).


Na prática, é a quantidade de luz dentro de um ambiente, e pode ser medida com o auxílio de um
luxímetro. Como o fluxo luminoso não é distribuído uniformemente, a Iluminância não será a mesma em
todos os pontos da área em questão. Considerasse por isso a Iluminância média (Em). Existem normas
especificando o valor mínimo de Em, para ambientes diferenciados pela atividade exercida relacionados
ao conforto visual.

Luminância:

Luminância
Símbolo: L
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Unidade: cd/m²

Onde:
 = Refletância ou Coeficiente de Reflexão
E = Iluminância sobre essa superfície

Como os objetos refletem a luz diferentemente uns dos outros, fica explicado porque a mesma
Iluminância pode dar origem a Luminâncias diferentes. Vale lembrar que o Coeficiente de
Reflexão é a relação entre o Fluxo Luminoso refletido e o Fluxo Luminoso incidente em uma
superfície. Esse coeficiente é geralmente dado em tabelas, cujos valores são função das cores e
dos materiais utilizados.

5 – Características das lâmpadas e acessórios.

Eficiência Energética
Unidade: lm / W (lúmen / watt)

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As lâmpadas se diferenciam entre si não só pelos diferentes Fluxos Luminosos que elas irradiam,
mas também pelas diferentes potências que consomem.
Para poder compará-las, é necessário que se saiba quantos lúmens são gerados por watt absorvido.
A essa grandeza dá-se o nome de Eficiência Energética (antigo “Rendimento Luminoso”). (Figura
10)

Temperatura de cor
Símbolo: T
Unidade: K (Kelvin)

Para a sensação de Tonalidade de Cor de diversas lâmpadas, foi definido o critério Temperatura de Cor
(Kelvin) para classificar a luz. Assim como um corpo metálico que, em seu aquecimento, passa desde o
vermelho até, quanto mais claro o branco (semelhante à luz diurna ao meio-dia), maior é a Temperatura
de Cor(aproximadamente 6500K).

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A luz amarelada, como de uma lâmpada incandescente, está em torno de 2700 K. É importante destacar
que a cor da luz em nada interfere na Eficiência Energética da lâmpada, não sendo válida a impressão
de que quanto mais clara, mais potente é a lâmpada.

Convém ressaltar que, do ponto de vista psicológico, quando dizemos que um sistema de iluminação
apresenta luz “quente” não significa que a luz apresenta uma maior temperatura de cor, mas sim que a luz
apresenta uma tonalidade mais amarelada. Um exemplo deste tipo de iluminação é a utilizada em salas
de estar, quartos ou locais onde se deseja tornar um ambiente mais aconchegante. Da mesma forma,
quanto mais alta for a temperatura de cor, mais “fria” será a luz. Um exemplo deste tipo de iluminação é a
utilizada em escritórios, cozinhas ou locais em que se deseja estimular ou realizar alguma. Esta
característica é muito importante de ser observada na escolha de uma lâmpada, pois dependendo do tipo
de ambiente há uma temperatura de cor mais adequada para esta aplicação.

Índice de reprodução de cores


Símbolo: IRC ou Ra
Unidade: R

Objetos iluminados podem nos parecer diferentes, mesmo se as fontes de luz tiverem idêntica
tonalidade. As variações de cor dos objetos iluminados sob fontes de luz diferentes podem ser
identificadas através de um outro conceito, Reprodução de Cores, e de sua escala qualitativa Índice
de Reprodução de Cores (Ra ou IRC). O mesmo metal sólido, quando aquecido até irradiar luz,
foi utilizado como referência para se estabelecer níveis de Reprodução de Cor. Define-se que o
IRC neste caso seria um número ideal = 100.

Sua função é como dar uma nota (de 1 a 100) para o desempenho de outras fontes de luz em relação
a este padrão.

A lâmpada incandescente iluminando a cena da esquerda da figura 13, apresenta um IRC de 100.
Já a fluorescente tubular FO32/31 3000K iluminando a cena da direita apresenta um IRC de 85.
(As fotos foram ajustadas para compensar variações no filme e na impressão). Portanto, quanto
maior a diferença na aparência de cor do objeto iluminado em relação ao padrão (sob a radiação
do metal sólido) menor é seu IRC. Com isso, explica-se o fato de lâmpadas de mesma Temperatura
de Cor possuírem Índice de Reprodução de Cores diferentes.

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Fator de fluxo luminoso
Símbolo: BF
Unidade: %

A maioria das lâmpadas de descarga opera em conjunto com reatores. Neste caso, observamos que
o fluxo luminoso total obtido neste caso depende do desempenho deste reator. Este desempenho é
chamado de fator de fluxo luminoso (Ballast Factor) e pode ser obtido de acordo com a equação:

BF = fluxo luminoso obtido / fluxo luminoso nominal

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Eficiência Luminosa

6 – Métodos de cálculo luminotécnico.

Para a elaboração de projeto luminotécnico, é importante a utilização de algum método de cálculo


para definição da quantidade de luminárias e equipamentos necessários para que um determinado
ambiente tenha a Iluminância adequada.
Os métodos de cálculo mais usuais são o método dos lúmens, definido pela Comissão Internacional
de Iluminação (CIE) e o método ponto a ponto, que se baseia na Lei de Lambert, que define que a
Iluminância é inversamente proporcional ao quadrado da distância do ponto iluminado ao foco
luminoso.

Método dos lúmens


O método dos lúmens é o método mais simples de cálculo e fornece um resultado numérico único
da Iluminância a ser obtida no ambiente em função dos equipamentos especificados e das
características do ambiente ou da quantidade necessária de equipamentos em função da
Iluminância desejada. Para início dos cálculos é necessário o levantamento das características da
instalação:

• Características construtivas da instalação, dimensões dos ambientes e classificação de acordo


com uso para determinação da Iluminância requerida conforme a norma ABNT NBR ISO 8995-
1.
• Refletâncias das superfícies – teto, paredes, piso.
• Frequência de manutenção e condições de limpeza do ambiente – para estimar o fator de
manutenção (FM) ou fator de perdas luminosas (FPL).

Etapa 1 – Cálculo do Índice do local (K)

O Índice do local (K) é uma relação definida entre as dimensões (em metros) do local. É definida
pelas fórmulas:

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Figura 1 – Definição das alturas para cálculo do K.

Iluminação direta

Iluminação Indireta

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c = comprimento do ambiente
l = largura do ambiente
h = altura de montagem
h = distância do teto ao plano de trabalho
pd = pé-direito
hs = altura de suspensão da luminária
ht = altura do plano de trabalho

Etapa 2 – Definição dos equipamentos para cálculo

A definição dos equipamentos deve levar em consideração as características fotométricas das


luminárias, o desempenho das lâmpadas e as características elétricas dos equipamentos auxiliares.
As principais características a serem consideradas são:

• Luminárias – curva de distribuição de intensidade luminosa, rendimento, controle de


ofuscamento;
• Lâmpadas – eficiência luminosa (lm/W), fluxo luminoso, vida útil, depreciação luminosa;
• Equipamentos – potência consumida, fator de potência, fator de fluxo luminoso, distorção
harmônica.

É recomendado, sempre que possível, o emprego de equipamentos mais eficientes e adequados às


atividades desenvolvidas, pois quanto mais eficiente for o conjunto luminária-lâmpada
equipamento auxiliar maior será a economia de energia obtida no sistema de iluminação proposto.

Etapa 3 – Determinação do Fator de Utilização (U)

O Fator de Utilização (U) é dado em tabelas fornecidas pelos fabricantes de luminárias e indica o
desempenho da luminária no ambiente considerado no cálculo. Para determinar o Fator de
Utilização, basta cruzar o valor do Índice do Local (K) calculado anteriormente (dado na
horizontal) com os dados de refletância das superfícies do teto, da parede e do piso (dado na
vertical). Cada luminária possui uma tabela de fator de utilização distinta, que dependerá do tipo
de material empregado na fabricação e no desempenho fotométrico do produto. Assim, este dado
deve ser solicitado ao fabricante de luminárias.

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Figura 02 – determinação do fator de utilização da luminária

Etapa 4 – Determinar o fator de manutenção

A iluminância diminui progressivamente durante o uso do sistema de iluminação devido às


depreciações por acúmulo de poeira nas lâmpadas e nas luminárias, à depreciação dos materiais
da luminária, ao decréscimo do fluxo luminoso das lâmpadas e à depreciação das refletâncias das
paredes.
O dimensionamento dos sistemas de iluminação deve considerar um fator de manutenção (FM) ou
fator de perdas luminosas em função do tipo de ambiente e de atividade desenvolvida, do tipo de
luminária e da lâmpada utilizada e da frequência de manutenção dos sistemas.
A Tabela 1 sugere valores de fatores de manutenção conforme período de manutenção e condições
do ambiente.
Valores mais precisos, conforme tipo de luminária e lâmpadas, podem ser obtidos em publicações
da CIE e/ou por fabricantes de luminárias.

Para reduzir a depreciação da luminária, deve-se adotar uma manutenção periódica dos sistemas:
limpeza de lâmpadas e de luminárias e substituição programada de lâmpadas.

Etapa 5 – Dimensionamento

O cálculo do número de luminárias necessário para um determinado ambiente obedece a seguinte


fórmula:
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𝐸𝑚𝑒𝑑 ∗ 𝐴
𝑁=
𝑛 ∗ ∅𝑛 ∗ 𝑈 ∗ 𝐹𝑀 ∗ 𝐹𝐹𝐿
Onde:
N: número necessário de luminárias
𝐸𝑚𝑒𝑑 : iluminância média (lux)
A: área do ambiente (m2)
𝑛: número de lâmpadas em cada luminária
∅𝑛 : fluxo luminoso de cada lâmpada (lm)
U: fator de utilização
FM: fator de manutenção
FFL: fator de fluxo luminoso do reator

Etapa 6 – Distribuição das luminárias

Definida a quantidade total de luminárias necessárias para atender aos níveis de iluminância e as
condições requeridas de projeto, a distribuição das luminárias deve:

Buscar uma distribuição uniforme no recinto;


Procurar obter valores próximos de “a” e “b”, sendo a > b, desde que respeitando a curva de
distribuição luminosa da luminária;
Recomenda-se que as distâncias “a” e “b” entre luminárias sejam o dobro da distância entre estas
e as paredes laterais;
Recomenda-se sempre o acréscimo de luminárias quando a quantidade resultante do cálculo não
for compatível com a distribuição desejada.

Exemplo de aplicação do método dos lúmens

Considerando um ambiente de escritório com as seguintes características:

• Comprimento: 12,0 m; Largura: 8,0 m; Pé-direito: 2,75 m; Altura do plano de trabalho: 0,75 m;
• Teto de gesso pintado na cor branca; paredes na cor amarela clara e piso cinza escuro;
• Condições do ambiente limpo, manutenção periódica a cada dois anos, com uso do ambiente de
10 horas/dia, em dias úteis;
• Necessita-se de uma iluminação eficiente e com controle de ofuscamento para uso com telas de
computador.
Dimensione a quantidade de luminárias adequadas e faça sua distribuição.

Etapa 1 – Cálculo do índice do local (K)

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Dadas as dimensões, calcula-se o K pela fórmula:

𝑐∗𝑙
𝐾=
ℎ(𝑐 + 𝑙)

Figura 3 – Recomendação quanto à distribuição de luminárias.

Etapa 2 – Definição dos componentes

A escolha dos equipamentos tem como premissa alto desempenho energético e atendimento às
características de uso de escritório. Assim, escolheu-se uma luminária de embutir com alto
rendimento para lâmpadas fluorescentes T5 com elevado controle de ofuscamento. A seguir é
mostrada a luminária escolhida e seus dados fotométricos.

Foram escolhidas lâmpadas T5 de 14 W, com 1.350 lm por lâmpada, e reatores eletrônicos com
alto fator de potência, baixo THD e fator de fluxo luminoso igual a 1,0.

Etapa 3 – Determinação do Fator de Utilização (U)


Para determinação do fator de utilização (U), devem ser interpolados os valores da tabela de
fator de utilização para as refletâncias, conforme cores do ambiente
Teto 70%,
Paredes 50%
Piso 10%

U = 0,67

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Figura 4 – Luminária escolhida par a o método dos lúmens e seusrespectivos dados
fotométricos.

Etapa 4 – Determinar o Fator de Manutenção (FM)


Considerando o ambiente normal e manutenção periódica a cada dois anos, com uso do ambiente
de 10 horas/dia, em dias úteis, obtém-se um intervalo de manutenção de aproximadamente 5.000
horas. Pela Tabela 1, pode-se considerar um fator de manutenção igual a 0,85.

Etapa 5 – Determinar o fator de fluxo luminoso


O fator de fluxo luminoso considerado é igual a 1,0, em função de se escolher um reator
eletrônico com essa característica.

Etapa 6 – Dimensionamento
Para determinação da quantidade de luminárias, utiliza-se a fórmula:

𝐸𝑚𝑒𝑑 ∗ 𝐴
𝑁=
𝑛 ∗ ∅𝑛 ∗ 𝑈 ∗ 𝐹𝑀 ∗ 𝐹𝐹𝐿
Em que:
N: número necessário de luminárias
𝐸𝑚𝑒𝑑 = 500 lux (seguindo recomendação de iluminância da ABNT Isso 8995-1)
A =12x8 = 96m2
n = 4 (a luminária utiliza 4 lâmpadas de 14 W)
∅𝑛 = 1350 lm (fluxo luminoso de cada lâmpada)
U = 0,67 (fator de utilização definido na Etapa 3)
FM = 0,85 (definido na Etapa 4)
FFL = 1,0 (definido na Etapa 5)

Calculando-se N pela fórmula, obtém-se que são necessárias 15,6 luminárias para que o
ambiente considerado tenha um nível médio de 500 lux.

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Dessa forma, distribuindo-se 16 luminárias, o nível médio do ambiente pela fórmula a seguir é
de 512 lux.
𝑁 ∗ 𝑛 ∗ ∅𝑛 ∗ 𝑈 ∗ 𝐹𝑀 ∗ 𝐹𝐹𝐿
𝐸𝑚𝑒𝑑 =
𝐴
Etapa 7 – Distribuição das luminárias

Embora as 16 luminárias atendam às condições de projeto para a sala considerada, para melhor
distribuição espacial foi considerada a instalação de 18 luminárias no ambiente. Assim, o nível
de iluminância resultante é de 576 lux e obtém-se uma melhor distribuição das luminárias e das
luminâncias.

Figura 5 – Distribuição de 16 luminárias.

Figura 6 – Distribuição de 18 luminárias.

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