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MEDIAÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES

PATRICIA GOMES PADILHA


Graduanda do Curso de Direito na Faculdade Internacional Signorelli

RESUMO

Os conflitos existem na sociedade desde a Antiguidade, dado que os seres


humanos lidam inevitavelmente com conflitos. Apesar disso, muitos adultos não
possuem as habilidades necessárias para efetivamente resolver os atritos com
seus pares. Implementar um projeto institucional de mediação de conflitos é
fundamental para implantar espaços de diálogo sobre a qualidade das relações e
os problemas de convivência e propor maneiras não violentas de resolvê-los. O
presente trabalho foi realizado por meio de busca em diretório, incluindo revisão
de documentos relacionados ao assunto em questão. Esse tipo de pesquisa nos
dá subsídio para conhecimento sobre o tema, e como esse assunto é
representado na literatura científica processada. No decorrer desta pesquisa,
percebemos que no Estado Moderno a resolução de conflitos é delegada ao Poder
Judiciário, prática que acarreta sobrecarga e morosidade do sistema, portanto, as
partes em conflito começaram a buscar alternativas mais ágeis para resolver sua
disputa.
Palavras-chave: Resolução de conflitos. Mediação. Diálogo.

ABSTRACT

Conflicts have existed in society since antiquity, given that human beings inevitably
deal with conflicts. Despite this, many adults do not have the necessary needs to
resolve friction with their peers. Implementing an institutional project for mediation
of conflicts is fundamental for dialogue spaces to implement on the quality of
relationships and the problems of coexistence and proportions of non-violent ways
of resolving them. The present work was carried out through a folder search,
including review of documents related to the subject in question. This type of
research gives us support for knowledge about the topic, and how this topic is
represented in the processed literature. In the course of this research, we realized
that in the Modern State conflict resolution is delegated to the Judiciary, a practice
that causes overload and slowness of the system, therefore, the parties in conflict
originate to seek more agile alternatives to resolve their dispute.
Keywords: Conflict resolution. Mediation. Dialogue.
INTRODUÇÃO
Os conflitos existem na sociedade desde a Antiguidade, dado que os seres
humanos lidam inevitavelmente com conflitos (CUNHA, 2008). Ele surge como
parte integrante de qualquer relação. Apresenta-se assim, transversal a todos os
campos da vida social (CUNHA; LOPES, 2001), nos mais variados níveis, como o
intrapessoal, o interpessoal, o intragrupal, o intergrupal, o nacional, o
internacional, o laboral, o cultural, e o religioso (CUNHA, 2008).
O campo de estudo dos conflitos é multidisciplinar, pois estão envolvidas
diversas áreas, dentre elas o Direito, a Sociologia, a Psicologia, a Criminologia, as
Ciências Políticas, a Antropologia, Relações Internacionais, entre outras. É uma
área complexa, devido ao fato de lidar com todo o tipo de conflitos e diferentes
estádios de evolução (SHAMIR, 2005).
Segundo Moreira Melo (2001),

A consensualidade tornou-se decisiva para as democracias


contemporâneas, pois contribuem para aprimorar a governabilidade
(eficiência); propiciam mais freios contra o abuso (legalidade); garantem a
atenção a todos os interesses (justiça); proporcionam decisão mais sábia
e prudente (legitimidade); desenvolvem a responsabilidade das pessoas
(civismo); e tornam os comandos estatais mais aceitáveis e facilmente
obedecidos (ordem).

Podemos considerar a escola como o primeiro espaço de socialização dos


seres humanos, pois é na escola que começamos a compartilhar experiências, a
empatia, a compreender e respeitar os limites, questões que continuam a ser
praticadas e desenvolvidas na faculdade e por toda a vida.
Apesar disso, muitos adultos não possuem as habilidades necessárias para
efetivamente resolver os atritos com seus pares. Em muitas situações, é comum
que os envolvidos adotem uma postura reativa e fiquem atrelados a respostas
tendenciosas ao atrito, deixando de explorar diversas possibilidades de resolução
de problemas. Implementar um projeto institucional de mediação de conflitos é
fundamental para implantar espaços de diálogo sobre a qualidade das relações e
os problemas de convivência e propor maneiras não violentas de resolvê-los.
Dessa forma, os próprios envolvidos podem chegar a uma solução.
A mediação é uma oportunidade para as partes resolverem seus próprios
conflitos, sem delegá-los a uma terceira pessoa para impor uma decisão. É um
meio consensual flexível que necessita do envolvimento e cooperação das partes,
que são auxiliadas por um mediador independente e imparcial.
Conforme Águida Barbosa (2015, p.17):

A mediação insere-se na busca de redução do distanciamento cada vez


mais crescente entre o Judiciário e o cidadão, na busca do
aperfeiçoamento dos instrumentos de acesso à justiça; porém num
primeiro plano, visa-se buscar meios de desafogar o Judiciário, sem
nenhuma preocupação em eliminar causas do imenso número de
processos que esmagam os tribunais.

METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica, que
consiste na revisão da literatura relacionada à temática abordada. A pesquisa
bibliográfica faz-se necessária para coletar subsídios para o embasamento teórico
do estudo proposto, e tem como característica ser um estudo desenvolvido com
base em material já anteriormente publicado.
Esse tipo de pesquisa nos dá subsídios para o conhecimento sobre o tema,
e como tem sido tratado esse assunto apresentado na literatura científica. De
acordo com Boccato (2006, p. 266), a pesquisa bibliográfica busca a resolução de
um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e
discutindo as várias contribuições científicas.
Foi realizada uma revisão da literatura já existente pertinente ao tema para
a identificação de trabalhos sobre Mediação de Conflitos na área familiar. O
presente estudo tem como objetivo analisar a utilização da prática da mediação
nas resoluções de conflitos familiares.
Para Maria Helena Diniz (p. 338, 2012):

Os conflitos familiares decorrem de uma inadequada comunicação, por


isso a mediação familiar tem por escopo primordial estabelecer uma
comunicação, conducente ao conhecimento do outro e à
intercompreensão, partindo de explicações, buscando informações e
permitindo a intersubjetividade entre os mediandos, para que cada um
possa entender o que o outro diz ou quer.
A mediação tem como objetivo a busca de um consenso entre partes por
meio do diálogo entre elas. Consiste em um processo que, quando realizado de
forma voluntária, oferece a oportunidade para cidadãos que estão em conflito com
qualquer pessoa com quem mantêm relações de proximidade, possam resolver
suas diferenças com auxílio de mediador designado pela justiça.
O mediador atua como um facilitador para uma interação diferente entre as
pessoas em conflito, melhorando a comunicação, acarretando em um diálogo
colaborativo, positivo, com foco nos reais interesses e necessidades das partes,
na busca de reflexões e soluções conjuntas, sendo as próprias partes as
protagonistas da solução. O princípio da imparcialidade do mediador assegura que
o mesmo atue na mediação de forma neutra e imparcial no conflito e se mantenha
“estranho aos interesses dos jogos” (TARTUCE, 2012, p. 24).
De acordo com Grunspun (2000), no processo judicial as emoções
humanas mais intensas são exibidas e procuram envolver os profissionais. Medo,
hostilidade, ódio, vingança, depressão e ansiedade, fazem o elenco das emoções
geralmente experimentadas por pessoas que enfrentam a separação. Acusações,
cobranças, ameaças, ameaças e falsidades são expostas desde o início do
processo. O mediador usa de estratégia e técnica que procuram evitar a
exteriorização dessas emoções entre as partes, fazendo um projeto e um plano
familiar onde os filhos são os centralizadores do processo.
Calmon (2013, p. 117) define o papel do mediador da seguinte forma:

O papel de mediador é o de um facilitador, educador ou comunicador que


ajuda a clarear questões, identificar e manejar sentimentos, gerar opções
e, assim se espera, chegar a um acordo sem a necessidade de uma
batalha adversarial nos tribunais.

A mediação familiar surge para proporcionar aos casais uma separação


menos traumática, e visa uma mudança cultural, mostrando aos indivíduos que
podem decidir e tomar a frente de seus problemas, evitando que um terceiro
decida por eles, além de minimizar ou até mesmo evitar desentendimentos,
afastando a possibilidade de chegar ao conflito extremo.
A classificação e condução dos conflitos pode ser:

Funcionais ou Produtivos

• apoiam o objetivo do grupo e melhoram seu


desempenho.

Disfuncionais ou Destrutivos

• atrapalham o desempenho do grupo.

Os 5 comportamentos mais comuns diante de conflitos

De acordo com pesquisas sobre padrão de comportamento realizadas por


estudiosos da área de recursos humanos, existem cinco estilos de comportamento
que se repetem diante das situações de conflitos. São eles:

a) Competitivo: Reflete a intensidade de pressão e influência que um membro


da equipe usa para impor a sua vontade quando uma ação decisiva precisa
ser tomada rapidamente. O objetivo é ganhar dos demais e fazer valer seu
ponto de vista.
b) Evitação: Geralmente utilizado quando o assunto é trivial, quando não há a
possibilidade de ganhar a discussão com os demais ou quando um
desentendimento pode ser muito oneroso para a pessoa ou para a equipe.
c) Ponderação: Ocorre quando os objetivos dos dois lados são igualmente
importantes e/ou quando os componentes da equipe têm igual poder.
d) Acomodação: Geralmente ocorre quando o assunto é menos importante do
que outros para a equipe ou quando se pretende guardar créditos sociais
para outras situações.
e) Colaboração: Marcado por um alto grau de cooperação e negociação entre
ambas as partes. O objetivo é resolver o conflito para que ambas as partes
se comprometam com a solução e saiam ganhando. O mediador é
imparcial, não dá conselhos, nem impõe decisões. Ele facilita um diálogo e
cria uma atmosfera para que as partes enxerguem seus reais interesses e a
possibilidade de conciliá-los construindo um consenso.

De acordo com Pinho (2011):

Um confronto de cunho eminentemente emocional é passível de solução


mais adequada se for submetido inicialmente a mediação. É necessário
decompor os elementos psicológicos e jurídicos e examinar qual deles
prepondera naquele caso específico, a fim de que se possa utilizar o
“remédio” adequado.

Seguindo o que diz Pinho (2011), destacamos como benefícios


proporcionados pela mediação:

a) Redução do desgaste emocional e do custo financeiro envolvido no


processo.
b) Desenvolvimento de soluções adequadas às reais necessidades e
possibilidades das partes.
c) Maior satisfação das partes envolvidas com a resolução do problema.
d) Mais rapidez e agilidade na resolução de conflitos.
e) Desburocratização na resolução de conflitos.
f) Possibilidade de solução do litígio por profissional escolhido pelos
interessados, de acordo com a natureza da questão e a garantia de
privacidade, confidencialidade e sigilo durante todo o procedimento.
g) Desafogamento do judiciário.

Há habilidades e competências que ajudam as pessoas a gerirem de forma


mais eficaz os diferentes tipos de confrontos e que devem ser estimuladas
constantemente. Entre elas estão:

a) Compreender os valores e crenças próprias;


b) Reconhecer as próprias emoções;
c) Reconhecer as emoções dos outros;
d) Expressar estrategicamente a emoção;
e) Controlar algumas emoções explosivas, como a raiva;
f) Falar sobre a emoção;
g) Usar linguagem e comportamento não ofensivos;
h) Articular a sua visão da situação;
i) Contrastar e comparar dados;
j) Prever e analisar situações;

Técnicas de mediação de conflitos


A escolha da técnica de mediação varia de acordo com cada caso
apresentado, e depende da fase do procedimento. A mediação necessita da
cooperação e integração entre as partes, visando dessa forma facilitar o diálogo
para que cheguem a um consenso a fim de solucionar o conflito.
A mediação atua para melhorar a comunicação entre os envolvidos,
levantar possibilidades e alternativas para auxiliar na resolução do conflito, além
de verificar a viabilidade das opções eleitas entre as partes.
Interpretando o que diz a Cartilha de Mediação da Comissão de Mediação e
Arbitragem da OAB/MG (2009), existem diversas técnicas de mediação de
conflitos que não são exclusivamente da área do Direito, mas adaptam-se em uma
situação de mediação familiar em casos de separação/divórcio.

Técnicas de mediação de conflitos mais eficazes


Escuta ativa: é a combinação de uma série de atitudes durante a
comunicação, cujos traços característicos são manter o foco no relato da parte,
evitando pensamentos paralelos ou interrupções; não se deixar influenciar por
preconceitos, juízos de valor, posicionamentos pessoais etc.; demonstrar que está
ouvindo atentamente, por meio da linguagem corporal; confirmar o conteúdo da
fala, expondo o que foi compreendido para o interlocutor.
Rapport :A mediação se pauta por um vínculo de confiança entre os
mediadores e partes, ao ponto de elas ficarem à vontade para expor pontos de
vista, necessidades, interesses e propostas para solucionar o conflito.
Sessões individuais (caucus) :Consiste em ouvir as partes individualmente.
As sessões individuais ou caucus podem ocorrer nos momentos de formular
propostas de acordo. É de suma importância destacar que essa técnica é utilizada
com um compromisso de confidencialidade, uma vez que apenas as informações
autorizadas por uma parte serão compartilhadas com a outra.
Brainstorming: Essa prática que consiste em conceder liberdade para que
as pessoas forneçam ideias para solucionar um problema, sem firmar
compromissos ou julgar previamente as sugestões. Posteriormente, as propostas
são checadas quanto a sua viabilidade, restringindo-se a exposição aos itens que
podem ser um ponto de partida para solução da disputa.
Parafraseamento: Essa técnica também pode ser chamada de
recontextualização, uma vez que o conteúdo é retirado de circunstâncias
negativas e recolocado em uma linguagem positiva e prospectiva.
Resumo: O mediador resume os dois relatos em uma perspectiva que
favoreça o diálogo. Essa técnica modifica a forma de exposição dos relatos,
embora seja ligeiramente diferente da recontextualização por abordar os pontos
em comum de duas ou mais falas. O resumo é utilizado para construir uma
agenda de mediação, em que constarão os temas a serem discutidos durante o
procedimento.
Cahali (2015), discorre sobre os conflitos que “[...] sempre existiram e se
projetam à eternidade; a seu turno, a maneira de se promover a solução das
controvérsias, passa por diversas modificações ao longo da história, e certamente
ainda muito pode ser inovada”.

Considerações Finais

Para entender melhor sobre mediação de conflitos, foi necessário nos


aprofundarmos desde o entendimento do ser humano como ser primitivo e
racional até a forma com que se comporta diante da sociedade. No decorrer da
pesquisa, verificamos que os conflitos existem desde os primórdios, porém, para
que o ser humano continuasse existindo em uma sociedade, surgiu a necessidade
da resolução desses conflitos.
O conflito é uma realidade presente entre os seres humanos desde sua
criação, uma vez que são sujeitos a desejos e vontades, sentimentos estes que os
estimulam a agir, para satisfazerem-se e alcançarem seus objetivos. Por muitas
vezes, na ânsia da conquista, há enfrentamento com seus pares durante essa
busca ao objetivo.
Os métodos adequados de solução de conflitos são meios pelos quais as
partes podem buscar uma solução fugaz e mais apropriada para seus litígios,
evitando o desgaste e a lentidão impostos pelas formalidades do sistema
judiciário.
A mediação é uma ferramenta bastante utilizada atualmente para que as
partes possam solucionar seus conflitos de uma forma civilizada, onde um dos
principais objetivos é evitar os habituais confrontos, agressividade e desgaste
entre as partes.
É utilizado o diálogo direto entre os envolvidos para entender o conflito e
através de conversa para alcançar o objetivo principal do problema com o intuito
de estabelecer a paz e a solução entre os lados.
A conciliação e a mediação de conflitos são muito importantes para o poder
público de nosso país, pois com utilização desse recurso tem sido possível
diminuir a quantidade de processos, o que possibilita ao Judiciário maior agilidade
a partir do momento em que se diminui a demanda.
De acordo com Marcus Vinicius Furtado Coelho (BRASIL, 2014)
(Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil), as soluções
consensuais são encontradas por meio da subjetividade das partes, e não da
objetividade de um Estado que ainda não demonstrou absoluto sucesso em gerir
os conflitos sociais. Nesse ponto se principia a legitimação popular do Direito,
garantindo a democratização da sociedade e a emancipação político-jurídica do
cidadão que, acompanhado por um advogado bem instruído, alcançará uma
resolução célere, pessoal e justa para os seus conflitos.
Através dessa pesquisa, podemos dizer que a Mediação de conflitos é
realizada por profissional qualificado para tal função, sendo ele uma pessoa
imparcial, que através de uma conversa conciliadora visa filtrar as vontades das
partes envolvidas e estabelecer a harmonia dos assistidos.
A Resolução n. 125 do Conselho Nacional de Justiça que, em novembro de
2010, instituiu a criação de núcleos e centros de solução de conflitos em todos os
tribunais brasileiros, dispôs em seus artigos 9º e 12 sobre o treinamento, a
capacitação e a reciclagem dos envolvidos no processo de implementação dessa
prática, passando a entender a capacitação como critério para a atuação judicial
de mediadores.
Segundo Vezzulla (2001), a mediação exige a participação ativa dos
mediados e deve ter a frente um mediador conhecedor de técnicas que facilitem a
busca de opções para uma melhor solução (VEZZULLA, 2001, p. 24), sendo
essencial que o mediador faça um trabalho de investigação mais aprofundado.
Entendemos ainda, que o ensinamento sobre conciliação e mediação pode
ter início dentro das escolas, o que ajudaria a reforçar laços de amizade e ajudaria
a reduzir a agressividade, bullying e hostilidade, o que refletiria no comportamento
da comunidade em questão.
Precisamos trazer à luz e tornar habitual o fato de que muitos conflitos
podem ser resolvidos através de diálogo, o que provavelmente refletiria na rotina
familiar, bem como se estenderia para a comunidade, reduzindo inclusive a
violência, abrindo um maior espaço para a prática da empatia, compaixão,
temperança e harmonia na sociedade.
Durante esse estudo, percebemos que no Estado Moderno a resolução dos
conflitos ficou a cargo do Poder Judiciário, fato que trouxe sobrecarga e
morosidade ao sistema, o que, em contrapartida fez com que as partes
conflitantes passassem a buscar outros meios alternativos mais ágeis para
solucionar os seus litígios.
Ressaltamos que tal “movimento” não beneficia apenas as partes
envolvidas no conflito, visto que a utilização destes métodos de conciliação e
mediação descongestionam o Poder Judiciário.
Outro fator importante, é que as partes que buscam essas soluções
alternativas conseguem de alguma forma preservar o relacionamento existente
entre elas, e, dessa forma, diminuem a cultura do litígio.

Se não houver mudança de estratégia na solução de conflitos, com


intensa utilização de meios alternativos, previsto o engajamento de
todos os lidadores do Direito, incluídos os servidores da Justiça, e
o treinamento dos estudantes, desde os bancos acadêmicos,
dificilmente se conseguirá alcançar o objetivo de amplo e irrestrito
acesso a uma ordem jurídica justa, que nos encaminhe à mudança
de mentalidade. (LAGRASTA NETO, 2008, p. 11)
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Arbitragem do Brasil, 2001.
ANEXOS

Relação do material anexado


ANEXO 1 – Resolução nº 11/2001-TJ, que dispõe sobre a instituição do Serviço
de Mediação familiar
ANEXO 2 – Formulário de inscrição de um pedido de mediação familiar
ANEXO 3 – Termo de compromisso de mediação familiar
ANEXO 4 – Exemplo de acordo homologado
ANEXO 1
RESOLUÇÃO N. 11/2001–TJ

Dispõe sobre a instituição do Serviço de Mediação Familiar e dá outras


providências.
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no uso de suas
atribuições

CONSIDERANDO a experiência vitoriosa em diversos países com a


utilização de métodos alternativos e não adversariais de resolução de conflitos
interpessoais, entre eles a mediação, inclusive no campo do Direito de Família;
CONSIDERANDO que, não raro, as soluções encontradas por esse meio
mostram-se menos traumatizantes para as partes, pois as posições antagônicas
são harmonizadas, não havendo quem ganhe ou quem perca (Juiz Guilherme de
Loureiro, “A Mediação como forma alternativa de solução de conflitos”, RT
751/94);
CONSIDERANDO que a mediação se revela extremamente útil sobretudo
nos conflitos conjugais, quando esgotada a possibilidade de reconciliação;
CONSIDERANDO a necessidade de equipar os Fóruns, Casas da Cidadania e
Unidades Judiciais instaladas em Universidades, com aparelhamento mínimo que
possibilite a atuação mediadora;
CONSIDERANDO a conveniência de estruturar e divulgar o serviço de
mediação familiar;
CONSIDERANDO a conveniência de incorporar o trabalho dos Assistentes
Sociais do Poder Judiciário na prática das mediações,

RESOLVE:
Art. 1º − Recomendar aos Juízes das Varas de Família a instituição do
Serviço de Mediação Familiar, com a participação efetiva de Assistente Social
integrante do quadro do Poder Judiciário e de instituições, órgãos de comunidade
e outros técnicos (Psicólogos, Pedagogos, Advogados, dentre outros), que se
mostrem interessados em cooperar, de forma gratuita, na implantação e execução
desse serviço.

Parágrafo único – O Serviço de Mediação Familiar poderá ser implantado


nas dependências de Fóruns, nas Casas de Cidadania e, mediante, convênio, nas
Universidades ou outras instituições congêneres.

Art. 2º − Tendo em vista que o mediador cuida das relações emocionais,


psicológicas, sociais, econômicas e jurídicas dos conflitos, convém estruturar a
equipe com caráter interdisciplinar, apta a desenvolver o trabalho sob todos esses
aspectos.

Art. 3º − Envolvendo os conflitos familiares questões complexas, o


mediador deve ser escolhido, preferencialmente, entre portadores de diplomas de
curso superior ou que estejam cursando universidades, especialmente nas áreas
psicossocial e jurídica.

Art. 4º − Para implantação e execução do Serviço de Mediação Familiar, o


Tribunal de Justiça disponibilizará aos interessados, para consulta, o projeto
“Serviço de Mediação Familiar”, de sua Assessoria Psicossocial, o qual poderá ser
adaptado às peculiaridades da Comarca.

Art. 5º − A forma de capacitação dos mediadores familiares será definida


pelo Poder Judiciário, que poderá celebrar, com tal finalidade, os convênios que
julgar necessários.

Art. 6º − Os recursos para instituição do serviço de mediação familiar


poderão advir de convênios firmados com órgãos governamentais e não
governamentais.
Art. 7º − O serviço de mediação familiar manterá banco de dados e
cadastro atualizado dos acordos efetuados.

Art. 8º − O serviço em causa e os acordos que efetuar velarão pela


observância dos princípios da proteção integral da criança e do adolescente nos
termos preconizados pelo respectivo Estatuto.

Art. 9º − Os serviços de mediação serão desenvolvidos e operados em


regime de sigilo, para resguardo do interesse das partes, sendo impedidos de
testemunhar em audiências os que neles tiverem atuação efetiva.

Art. 10 – Os acordos firmados entre as partes pelo Serviço de Mediação


Familiar, serão reduzidos a termo, subscritos por duas testemunhas e submetidos
à homologação judicial.

Art. 11 – Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

Florianópolis, 20 de setembro de 2001.


FRANCISCO XAVIER MEDEIROS VIEIRA Presidente
ANEXO 2
FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO DE MEDIAÇÃO FAMILIAR
Data: / / Protocolo Nº
Secretário:...................................................................................................................
.. Identificação do Requerente:
Nome:.........................................................................................................................
...
Idade.........Profissão:..................................................................................................
... Escolaridade e formação acadêmica:..........................................
Local de trabalho:...........................................Renda mensal:
R$................................ Endereço
residencial: .............................................................................................
Telefone:....... .............................................................................................................
.. Identificação do Cônjuge ou Requerido:
Nome:.........................................................................................................................
...
Idade........Profissão:...................................................................................................
... Escolaridade e formação acadêmica:.............................................
Local de trabalho:.............................Renda mensal:
R$.............................................. Endereço
residencial:..................................................................................................
Telefone:.....................................................................................................................
.. Composição Familiar Número de filhos:........................................
Número de dependentes:............................. História conjugal: Casamento ( )
Data do casamento:................................................................................................
União estável ( ) Tempo de
convivência:.................................................................................................
Data da
separação:....................................................................................................... Mãe
solteira ( ) Pai solteiro ( ) Motivo Separação judicial ( ) Divórcio ( ) Dissolução de
união estável ( ) Alimentos ( ) Pensão alimentícia (entre os conviventes)( )
Regulamentação de visitas ( ) Modificação de guarda ( ) Outros( )
Especificar:...........................................................................................
Informações legais: Existe alguma ação ajuizada? Sim ( )
Especificar:...................................................... Não ( )
Nome do
advogado:...................................................................................................... Data do
1º atendimento de mediação: / / Sala nº .......................................
Nome
mediador:.................................................Horário:..............................................
Observações
gerais..................................................................................................... Datas de
retorno (Controle mediador): ........................................................................ Datas
de retorno (Controle mediador): ........................................................................
CADASTRO DA SESSÃO DE MEDIAÇÃO
Data: / / Protocolo nº ......................................................
Mediador:....................................................................................................................
...
Profissão:....................................................................................................................
.. Composição Familiar Nome dos filhos........................................
Idade:............Ano escolar:......................... Nome dos
filhos:....................................... Idade:............Ano escolar:........................ Nome
dos filhos:...................................... Idade:............Ano escolar:........................ Nome
dos filhos:...................................... Idade:............Ano escolar:........................
Acordo encaminhado para homologação ( )
Natureza da ação: Dissolução de união estável ( ) Separação judicial ( ) Divórcio
( ) Alimentos ( ) Outros: ( ) Especificar:..............................................
Arquivado no setor: Reconciliação ( ) Acordo sem homologação ( ) Abandono e
não comparecimento das partes nas sessões de mediação ( ) Outros ( )
Especificar:..........................................................................
Foi encaminhado para ação judicial litigiosa ( ) Tipo de guarda Paterna ( ) Materna
( ) Compartilhada ( ) Outros ( )
Especificar:.................................................................................................
ANEXO 3

TERMO DE COMPROMISSO DE MEDIAÇÃO FAMILIAR

Por meio deste TERMO DE COMPROMISSO DE MEDIAÇÃO, que entre


nós celebramos, Parte 1 (nome completo, estado civil, profissão, endereço), Parte
2 (nome completo, estado civil, profissão, endereço), doravante denominados
PARTES e MEDIADOR (nome completo, estado civil, profissão, endereço),
acordam e estabelecem as seguintes cláusulas:
1 − (nome das partes), livre e espontaneamente, elegem (nome do
Mediador) para condução do processo de Mediação, a respeito do (assunto),
podendo a qualquer tempo desistir desta prática de resolução de conflito.
2 − Serão suspensos todos os procedimentos judiciais sobre o conflito
durante a fase da Mediação.
3 − O MEDIADOR poderá, a seu critério, a qualquer momento encerrar os
trabalhos, caso constate a impossibilidade de resolver, por meio da Mediação, o
conflito apresentado.
4 − As PARTES e o MEDIADOR estão cientes e de acordo de que tudo o
que for discutido oralmente, bem como todo e qualquer documento que venha a
ser apresentado ou produzido, durante as sessões de MEDIAÇÃO, será mantido
em absoluto e completo sigilo.
5 − As PARTES concordam em não arrolar o MEDIADOR como
testemunha ou informante de qualquer procedimento judicial ou extrajudicial que
verse sobre o conflito mediado.
6 − As sessões serão realizadas na presença das PARTES e do
MEDIADOR, podendo, entretanto, a critério do MEDIADOR, haver sessões em
separado, com duração determinada pelas PARTES, em harmonia com os
horários e disponibilidade do MEDIADOR.
7− Nos casos em que houver sessões em separado, com uma ou ambas
as PARTES, o MEDIADOR só poderá divulgar, no todo ou em parte, o que foi
conversado em separado se houver autorização da parte ou se evidenciado casos
de violência que devem ser denunciados.
8 − O MEDIADOR não atuará, em momento algum, como representante
das PARTES, sendo-lhes aconselhável, se assim o desejarem, que consultem
seus advogados quanto aos seus interesses antes de firmarem qualquer acordo
resultante da presente mediação.
9 − As PARTES comprometem-se a fornecer todas as informações e
documentos necessários para a resolução do conflito.
10 − O Serviço de Mediação, enquanto realizado no âmbito do Poder
Judiciário, é isento de custas.

E, por estarmos justos e acertados, cientes de nossos direitos e obrigações,


firmamos o presente Termo de Acordo de Mediação em três vias, de igual teor e
valor.
Local e Data:

PARTE 1 __________________________________
PARTE 2 __________________________________
MEDIADOR ________________________________
ANEXO 4

EXEMPLO DE ACORDO HOMOLOGADO UNIÃO ESTÁVEL

Nome: Maria de Farinha


Profissão: doméstica
Local de Trabalho: Rua das Uvas, s/nº, Pavuna. Renda: R$ 900,00
Endereço Residencial: Rua da Silva, 000, Saco das Laranjas
Telefone para contato: xxx-xxxx
Nome: José das Couves
Profissão: funcionário público
Local de Trabalho: Prefeitura de Duque de Caxias
Renda: R$ 3580,00
Endereço Residencial: Rua dos Frutos, 1987, Paraíso
Telefone: xxx-xxxx
União estável :
Reconhecem a existência da união informal de fevereiro de 1992 a março de
2000, quando houve sua dissolução de fato.
Informações gerais :
O casal adquiriu um terreno no Paraiso no qual construiu uma pequena casa de
madeira, medindo aproximadamente 50 metros quadrados.
Teve apenas um filho, Luciano Couves, nascida em 12/08/1998.

TERMO DE ACORDO DE DISSOLUÇÃO

Guarda (Residência principal) :


A residência principal do filho será na casa materna. Visitas (Acesso): O acesso
será semanal; o pai pegará o filho na casa da mãe às sextas-feiras à noite, até as
20 horas, e entregará no mesmo local no sábado à tarde, até as 16 horas.
Dia das mães, dia dos pais e aniversário dos pais, com os respectivos
homenageados.
Os feriados serão alternados, começando o próximo com a mãe. O natal será com
a mãe e o ano-novo com o pai.
Poderá ser modificado com autorização prévia.

Alimentos :
O pai pagará, a título de pensão alimentícia, a importância de 25% descontados
de seus vencimentos em folha de pagamento, deduzidos os descontos
obrigatórios.
O valor será depositado em conta bancária do banco tal, agência tal, conta
número tal, até o dia 10 de cada mês.
Pensão Alimentícia (entre os conviventes) ♦ Dispensa ( x ) ♦ Valor equivalente a:

Divisão de Bens :
O Sr. José ficará com um automóvel Fiat, ano 2000, deixando a casa e o terreno
para a Sra. Maria e seu filho.

Data ........................................................
Parte 1
Parte 2
Mediador

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