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Didlogo e Psiccterapia: correlagées entre Carl Rogers e Martin Buber Adicine Furtado Holanda Didlogo e Psicoterapia Correlagées nt Cal Ropers w Main Buber ‘Copyilg}@ 1999 Agriane Furtado He ance Poothica a repcodugao totel ou percial desis wo, por qualquer malo au stoma, osm prdvio earsestmanta da eciora Todos of diveltos costa eligie reservados 2 LEMOS EDIFOAUAL & GRAFICOS LTDA, Fuua Rui Baroosa, 70 - Bela Viota 101326.0'0 = $49 PaulorSP Telotans {071} 251-1200 Dados Internacionais de Catalogagio na Publicarao (CIP) Gémara Brasilielrado Livro, $a Paulo, Brasil Holanea, Adriano Furlaco Délago & psicaterap a: Gorvslagdas encre Garl Rogers @ Madi Buoor’adane Furtede Holanda, - S30 Feuie: Lomos- Ealtevial, 1998. Bibilogretia 4, Buber, Martin, 187041855 2, Petestagia hurssnisia Psicororapia 4, Ragors, Carl A, 1802 « I, Thy, 97-5652 cup-60.192 Indices para catalage sistematio 41, Humaniane: Psigslagia 180.192 2, Psicolng’a humanist 159 192 ISON £5-05561-65-3 epresso #9. Brasil al ADRIANO FURTADO HOLANDA Peicélogo (CRP 013795), Psicaterapeuta com Formagaa em Faciltador na Abordagem Contrada na Pessoa 9 Gostal-Terapia de Grupos. Mestre em Psicologia Clinica pela Universidade de Brastia (UnB}: Doutorando em Psieslogia pela Ponfcia Universidade Catétcn de Campinas [Puocamp): Autor de diversos adigos om matéria de Psicalagia, Psicote-epia Teologia; Professor de Curses de Formagao om Aborcagem Contrada na Pessoa e Gealal-Teragia Quom conhese ume ros No esquece, nao adiarmece, Mas sente 0 seu perfume, Guarda a sua cor e sua texture Acalenta seu sentido, como uma der no peta Quem cenhece um passatinho, Nac esquosn, nao esmorece, Enguanto senie sua plumagem, ‘Ouve 0 canto © passe’a pelo campo, Sonha sempre com o encanto de uma légrima ‘Guam conhece uma pessoa, Nao esqueco, dasfalece, Se nao a encortra de nov, Se nia a sonta em tema Se nia a abraga de novo. Pais quem genhece uma pessoa, E osla 38 vai, Nao descansa, flea em senha. Nao se eansa, fea a pronte Esporando a sua volta, AVF. Molar ‘Ags meus tites Htatvous & Thiago, gus cortinamente me ensinam 0 sentido ca relagao. As pessoas, «culos enzeniros ¢ dasenontios marcany ass vie, 2 que, sempre presentes. syja num fa au na memoria, abrema.as portes do corapéo, A todos que mie apoiacamn @ acreoitarar ex ain, th Memoriam a Can Rogers 6 Martin Buber Aa TurEtorma, Agradecimento: ‘Ao profossor Jarae Ponciano Fibeivo, pela orlenlagdo @ ost trabalho @ pala oportunidad de ‘compartir de sua experiénesa, 2 protessora Virginia Moreira por seu acomperhamento 0 signticatvas cont buigdes. fp protessor Joidino Marques que, coma co-arienador, preporcionau mementes amigos & {ilosoficamente elucidativos. ‘4 Antonio Mortaira des Sentos e Marielle Tamayo, par tarom me feito apaixonar pela Aberdager Centvada na Pessoa. 4, meus pais, por proporcionar opartunidades de reaizagdos AA todas 03 meus clientes, qua faram cireta & indivetemente responsaveis por este trabalho ‘A meus alunos @ colegas protessores de Brasilia, que tanto te apoiaram, em especial a Sar dra Baccara, Ana Licia Palma, Francisco Mariins e Jderson Costa J, ‘A mous campantiaias 2 amigos da Apowagem Cenitada na Pessoa © Gosia: Terapia, cua lista eertamonte cometeria.injustigas, ‘meus sincares agradecimentos. Indice Proticio Inosupso Capitulo? AQuestda doHtomanisme Capitalo Alogi P2S608 os. oucrssonnenencnn Capitulo ut (0 Pensamento te Cant Ragers.. Capitulo AFlosatia de Martin Suber von AB 65 133 Capitulo V Encontras ¢ Desengant0$ oo. us0s ABE Crenologia Cart Rogers @ Martin Buber, 287 Prefacio Sinto-me urn tanto paralisado, inisiando este praticio, Nao sei fForque me vem & mente as palavras. almas gémeas, Um mado simples ido dizor que duas pessaas se parecem nulto, 13m os mesmos gostos, Jett uth ito de sor muta semethante 0 meu desejo, neste instante, 2 apresentar o fiw de Adriane Holanda "Didlogo e Psiootarapia: crrelacdes entre Carl Rogers e Marin Buber" e, ao mesma tempo, astau me pergumtard so a expresso ‘almas gémeas" sa aplica a Fiogers e a Buser, Sim e nao, penso, um PoUuGD Coma tudo, neste Universo, pols as co'sas e, sobrerudo as pessoas, nunca sa ‘olalmente separadas Sinks que me meti numa enrascsde, pais separar o sim do nao ‘com querer separay a verdade da ment, cu quem sabe, separa vewade da ceiteza, E isto 6 quase mpassivel, quando se pretende Jalar do sim e da nao de dais gigantes da alualidade. Eh! a co'sa esti se complioando, pareue, Id er cima, falei em fas genes’ @ agora falei orn ‘aigantes da aivalidade” e af ane vem que, quando alguém 6 gigants, ela ¢, simalesmants, giganle, & no precisa de se acrescontar ‘da atualdade, pois cs gigantes sao atemporais, em qualquer époce, eles S20 vigerkes, Estou com wontace de procurar ne Aurélip a definipao exata de sigan, para no incowrr em alguma aula impresséo. Kas ai eu penso 86 €U fof 20 Aurél, vou fisar obrigaco a seguir a delnigéo dele e eu quero ser livie para dizor o que quero dzer e, porlanto, nda me resia sendo deft; amas gémeas @ ginarces 12, E com isto, agora, ‘me meti num mate sem eachorte", Parar nao passa, ir pra Fente & perigeso, mas nia ‘enho opgéia, ov melhar, tenho sim, vou lazer do falo de nao ter oppo a minha opgae e, enla, eu eentinuo (Qual 6, anita, 0 lado “sin des almas gémeas, Rogers @ Buber? Claro-que acaminhiada deles oi completamente ciferente, andaram por caminnog inimaginévels: um juseu, 2om toda carga hiskiiea de uma sega, privieg ada, escelhida a, de outro lado, nerseguida, injustgada, |uanda, minuto gor minuto, pela sodrevivéncia, O outro, camponés, fiha de fazendeires, criade no cantorio do uma cultura cemocrdtica, ‘iho da Pastares Protestantes, ole tamgém, em carto tampe, estucante cle teolagia. Estou gensanda que uti das lados mais “si da alma dos dois 6 a busea do sagiada; do sagrado enquanta essénicia ern si, @ do cagrado eneamade em end sor do universe, sobretudo, na paszaa ‘Aumana. Para oles, a pessoa é a lotalidade do aconteser humana e 0 sagrade 44 dasabrachar esponténea desta tolalidada, getando a indvicualidade, marea sagrada de cada um, neste universo. Eles respoitaram esta total'dada, cantaram-na na vida 2 pela vida, conlavem com ela 2 a vivian nos seus relasionamentos, Dentro desta cimenséo, vejo um outta “sim da alma dos dois, ‘que é a linguagem om farma de sidlage atiative, Ambos eam homens de palavia ¢ das palayas, palavra nao come som, mas como energia interiar dos processos de cada Um, Eles ouviam ag palawras, as twanseendiam pata amar a pessna que as pronunciaya, “E O Verbo se fez came", dizo Génese. Some a palavca ¢ fica a possca Estou persando que 0 primeira mamenta do amar no é o taque, © beijo, ¢ a palera, nfo a palavra amor, mas © amor palavra que sotla as amarras da alma eo astro @ me permite chegar alé ele para um segundo momento de amer, que pode ser, simplesmenta, enxo-gaslo Piiiyoe Tait 13 Es dois erat mesties no ver, no escular, notocer, ro cheirar, na ddegustar, no mavar-se, na sentir, na se ¢ 6 por isso que existe um immense "sim entre eles, Pederia continuar ma esbarrando 20m os “sim” des dois, mas por aqui ¢ deixe para waeé descabrirno lio de Adriano as oulras semehancas, Euisse “sine ni loqque ales oram @ nao eram almas. gémeas e, uma vez que jé procurel alguns “sim’, agora tenho que procurar os “ndo", mas, estou ponsands que, se eu nao sou elas, camp ¥0u descobrir ns “nda”, puis aso! werdaeleiras sia mais dlificeis de serem dessobertos do que 2s “sn, Estes caslumam perlencer a9 mais intmo de ser 9 ald tomos medo deles, e de tré-los para fava, nem se fale! S4e nossa sombras, noses mistérios, algumas pesscas dizem: nasz0s monsiros, embora eu née guste desta expressia © “nao' aparente, comnorlamental, 6 visivel para nés © para as ‘outros, aro que 6 mais fal falar mal co que falar bem das outros. Para yood ndo # assim tamém...? para rim &, Fico cam vergonha de ‘zor, mas este 6 um dos meus “sim’, Acha que descobri uma saida légita. O primeira ‘naa & Facil Rogers rio era Buber ¢ Buser no eva agers. Parece sirples, mas Nido €, pois a coisa mais elie! & a gente néo sero outa. Somes mute ‘contaminados dos outros © palo ouras, Em muites de nds resta pause de nessa ariginalidade prirtiva, Acho que basta este "nao", porque ele earasteriee ¢ individualiza 0 SEL eu SOU €U, Eu Naa SOU VOoE, E estes dois eram eles coma ringuém na mundo. Eram incontundive's, nada de conuéncia descaractarizante, Esta toi a grandeza deles: serern dnicos. A obra de ambas @ um canto da amor a individualidade sacia @ nut, Teda sua cautrina é urn incontiw & separagéo da sim © do nJa ne inetior de cada un e na relapaa da um eer o o.10, na pureza iividualidevs tolaizedora e nada eyoista 4 Ficou clara, agora, para mim, parque eu disse que eles eam gigantes. Gigarle € todo aquete que encantroy sua individualidad interna, sua magert mais pura, sou ser convo minimo de eontanrinagae coon 0s *n86 au com os "sim" dos cuttos Gigarte é aquele que, quando ola no espethe da vida, wé refletido 14 apenas a si mesmo. Eu terhoa sensagéo que Buber e Rogers, na seu longe-®, penso, ‘so}ido caminnar ne processo de dascobiir sua prépria imagem, foram Jentamente passancs, internamente, de ura posiaa Eu-lsso para uma posigdo Eu-Tu e se ternaram Sim para eles mesinos, inclusive para as ‘initagGes com que tivaraim de coriver e através das quals passaram ase reconhecer a si mesmes coma Posseas Unicas, naste universe, Eles se amaram, nis precisa dizer, do vandade, Este profaclo de um lv sobre estes dois mutantes esta mals para ensaio, erBnica ou cont, naa Sei axalamente, do que uma cofsa académica, sisuda, mas aul estou acrando bor tor saido assim. E que dlentco do enim nfo tam, por agora, mais sim nem no, tom SG meu pensar se quefo eserever mais alguma cols. ‘A rosposta 6 quero, Guero falar um pours do Adana Holanda. Quando leio seu livre 60 ¥9)6, sinto que ele esta na estrada dos do's. Uma estrada de seviedade, dedicagi9, competéncia, entrega, Espero que ele continue nesta estrada, eneia de sim e de no, mas que ele possa, como os dois mesties sebre os quals escroveu, dasoobvir seu reste inte-id, porque © camino da verdadeira sabedoria é saber clnar de frente para o sim e para 0 nao de nossas alas @ idenifear o que 6 nosso 0-9 que & ompresiado. Ermprasteco sempre tem mos & carreg30 monetiria, $6 raramento vale a pena. O pref agora est com tom de carta, talvaz de semmao... Sard que pode?! Se pade ou nao pode, rao importa... estd escrito © vou escrever ainda una Ukima coisa, gels dizer un ‘nao’, de fato, a.genis anca diz , peoa até pensar que diese, mas no diss2, mesina quande Ditigre tsoterp 15 {ica dizendo que disse; dentro de si mesma ainda tem um mante de coisas que gostaria de dizer. Por isso, pela dizer: vou escrever uma, times cosa ‘Adriano, obrigado pela honra que me Seu de refaciar seu livto, obrigado pela sua amizada, pelo sou carinho. Gua este tivo soja @ ‘inal ce uma velaxdo-quo val corinvar, rescer,criar uma grande copa dar frtos. diorge Ponciano Fttelio’ * Jnge Pengare Pele € Cownterapauta; Ecluocs ro SarinatoPrval do Cleninn corde guseu“losahad Wtogi, reerars-e-Sasraca a 1865. Em 1968, rarer para Tlarateinende loc Most b Dauorae, 2 Pscclagia, na Perio wuss Selena sp Roma. Sn 1275 heats ra Unters ce Bastia carn Petese- Cootreda Wt Gacorriae er SU apie20 ance de Magiloo Spec, Pose dais Pes Dew a “rated, Landes (Staete Peyhit jer 191, tr Uomridads Terps" 2a Untarsada do Susses, Fale bea Wecynern da Gua. or Puccio 188 jnanaheascca cama psqieaden 4 Merraa Pectomersute Taney sim. 9 as rncerhueda Gettos Fam agac er Peeoleela raga, € ete fo onca vas ra oa co ficlerapa: “Pear Grige Anal’: Tews @ Tenens Parola! Ipeaph. Pebzende wa Cnt; Geeal wager Poses Supa ¢"0Ctla co Cats; slim chao uber ervopaileia con Lue Pasa chia “Paches Casadas Depatrento @ Fassuse Anarle € 0 Gestatsfraps erat, Introducao O buman’smo parece ser a grande wa que conduzio homem a0 ‘nal deste sécuio e a um terceito mania, onde a nogéio de pessoa e de inte-subjetvidade sera a panto de cenve-c@ncia para a vivéncia de um hallsmo que sé prope some novo paradigma para a ciéncia do futuro, Desejase de entvar nesta earrinhada, fv buscar am Cad lagers e em Marin Buby, covagern e inpagdo para desonvotvor este projato de tese que, 28960, coniaua para um avanigo mals ofsiante rasta diego. Uma empreitada dilcl, porque se trata de dois homens suja complexa eaminhaca vai desde a faclualsads da tudo o que sign fa Um aqui-s-agora até @ imersi no vanseendent, ande a nogdo de pessoa ooupa um lugar central, A importincia deste iaalho advém ep fata de que arnbos os ponsadarss, dada a amplidén de suas obras, lm inlluenciada os mais tiversos campos do saber hirano coma a Ecucaga, a Fsioalagia, a Antropelogia 9 a Filosotia, Este traoa he & 4 qrodute de minha dissartagao de Mostrade, apresenteda a> Institute de, Psicologia da Universidade de Brasilia, em 1963, Alem disso, & 4 culminagao de todo um estoree no sentido do fundanentagdo © divulgacdo da Abordagem Centrada na Pessea e do pensamento de Cal Rogers, Nesta perspective, osto Yaualo se ensaixa na diregao de um enibasamerte epistemolég oo para uma aboragem asivalégica ce considarival mportincia ©, serve ainde, camo furdamento e alicesce ara uma teorizagic da Psicalogia Human'sta como ur 1020, ‘Aprolincar as idles desses autores, suns doutinas, ainda que num campo restito como as relagSes enlte Psicoterapia @ Filosofia camo um subsistema da um grande sistema, permiteo apro‘undarnentoe a amplar ao da suas teotas a estas @ awiros campos do eonhecmento human, Ha exploragao deste camiahe, recarti as obras basioas de ambos os aulares @ & alguns poucos cus, 26 longo dos anas vam tentande descobrir semeliangas ¢ cissemehangas enire elas, bem come antocedantes flosofions de autores que, nao apenas oara eles, mas para muitos cutras, $40 panto de reteréncia obriqaliria quando 0 tema @ Humarismo, como Husserl, Sartre, Heidegger @ outos. A metodalagia deste trabalho, emineniemente teérica, se desenvolveu bas camerte alravés do sinao atagas. Num primeira inamnento, tansitaras pela génese 0 evoluGé da idéia de Hurvarismno, analisano seus princais fundamentes & suas iviuéncias & Psicologia, Em sequide, suigiu a necossidade de se analisar e desenvolwer uma apda cara ‘ante a Rogers quanta Buber: a nopio ce Pessoa, 4 teroei(a etapa consistiu numa compikigo das principais idéias de Carl Ragers e da Abordagam Centrada na Passoa, ne Ambito ca psicoterapia. Em sequida, procurel ragarum panorama amplo da flasolia de Narn Buber, 1a sentido de ura Antwopelog'a Filosdifiza, calcada na idéia de Diglego, comalacionande sua Hlosota com sua formago, em especial, com 0 Hass'v'smo. Por fim, propSe-se um capilu'o onde tenlel estabelecer panies e dferencas entre os pensamentes de arroos as autores. Pudo veritiar, 20 longa desie trapalho, que os conceitos que mals unem os dois autores sao os de pessea e de individus, de historicidade ede transcedincia, de subjotividads © da imersubjetividade, bem eome os concetes que mais os d-stnguem, relerem-se a questées coma a tealogaa @ a aplicapao do pinsipie dia dgizo ao campa da psicoterapia, Estas semethangas ¢ diterengas facilitam uma empliagaa de hovriontas, a part do qual a realdado se faz cotidenamente presente » @ $¢ abre indetinidenente para uma sintose quo sord sempre frute da relagéo ¢ da busca da total dade, “pigoe ttt CAPITULO I A Questao do Tumanismo 1. G Sentido da Questéo Humanista Etimotogicamonsa temo quo 9 Hurranismo é tudo aquita-que se volta pare o humana, que ¢ “ralstivo ae homem”, embora seja uma, concengao demasiado abrangente pata ser tomada por detinicao. Gbumaniome é utna idéia, conlrada no humana, € a tomada do humana por objetivo. E a lenlatva de franscenday a si mesmo e se ‘centiar ng homen como objeta propre, Falar de um humanismo 6, ‘undamentelmente, expressar uma atitude diante do fenémens hhumano, E uma consiteragae valoraliva d> géne’s Pura, atvibuine- lng um sentido, Para se tar uma sigatcagde precisa dos concellos de homem, ude individuo de pessoa, precisames defnir 0 que se campreende por humanismo, Ancté Lalande? assinala para a “inullidade” de se portar 2 paradexo do hurnanismo, Todavia. & verdadelto qua, ac fazer uma andiise das idéias das ‘humanslas’, lo se faz nada alémn nde retomar @ eterno paradoxo da existércia humana: 0 que faz o homem buscar confnuamente sua esséneia eucta, 1a Lala, 156, 20 Karl Jaspers, sobre a umanisma, oz: “O ferma humanisina onssua sents oiversas, Destgna, de uma gad, unideal de euttwa unpioando a assiralaga0 «a weclgaa otéssicas am sequibla, a reeriagaa do homem séenojea partir de sea crigena, enfin, a sentito do humana, gue permite recanbecer em cada homem a aignilade shumana’." ‘Quando buscamos una definigéo de Hunnansmo, vermas que este se rofere, basitament, ao “movimento de esplrte” representado pela figura dos humaristas renascentistas (Conwe Petrarca, Laurent Val, Erasino de Raterdarn, Bude, Ubch dé Hutlen), que se empentarai fuum estarga or telavar @ vatorzar a dignigade do espirte human, relorango a cultura grega aldssieat, Ohurnanisma nao se canstiviemum sistema, visto ser vinualmente impossivel dete-minar seu piinoipio ou mesmo o seu fm, Nao se ‘organiza, eo redor de cerlas idéias, diretrizes que desencadeiam Mmovitientos retoristas, Naa se constilul nei mesma numa espécie de flosalia, Toxavia, foi a continua sendo a idéia central de numeroses sistemas filaséticos, Humanismo € sindrimo também da doutrina propasta por FES. Schilar om suas obvas de Oxford ‘Htumanismo 4 simplesmonte o fata ob qua 0 problema fiesdtico concornt- ans sores hummanas se asforganae wun compreender ui) mundo de experiéneia humana com os racureee de egpynto tumano.® Esta taiativa de defigdajé é, corn eteto, una livtagioa’ sua prénra imagen, da mesina Panera que qualquer finagam que s2 atiioua ao home lina, Ao se precurar 9 significado ca tumanism, aimee ‘questo que s2 poe € sobre a signlioagéo eo framam erquanto tal, S dasprs, 18485 * Lala, (236421 FOSS jlonaoal aac, 1886428 21 Desde os priméidios do pensamente flossfice, asta questo vem, cireta ou indiretamiarte, & mente dos ponsadores, pois & vitualmenta impossivel ao homem pensar a waidede d9 mundo fazendo wna completa abstragaa d2 si mesmo, Aquostie fundarnental de humarisria:“o que é 0 homem?", fem substancial etlexao no pensar de Jaspets, para quem a homem est setnpre bert para o fuluro, sonia um ser “inasabado 6 itacabewvet!.* ‘Ghumanisno surge onto coms um questionamenta, Luma precura pelo santido de ser desis homem. € um estorgo continuo pela ‘compreensao de sua tolalidad, pela sue considorarao integral Heldegger assim compreande a nuranisme “por barianismo ent seatie goral, so antende 0 esiorce fendente a tomas 0 howem Sura para a sua shuimanidade @ a lovd-io a encontrar nessa Nberdade sca lignidadt, antic a huumanisme se clerenclard segunda conseng do de ‘iberdad' @ de “natuceza fo fowmenn.” Umadeiinigao de humanismo sed, e180, tioampla o dferenciada quantas forem 8 imagons 9 concepgées que as flosofias possutrem do ser humana, Dirramos que ¢ Humanismo é uma iAkia, cuja diotrie basion é a dio reapao ags concettos @ attudes que deivarn o ser humana releqado a um plana interior; & pais, uma re-signilieagdo deste humano, onde se prima pela sua dignidade e pela sua liberdade; 6 uma consicleragao da toialidede do ser hurano, pois nao-ra humanisr9 cue recoira aun harem compartimentalzada; é a reloriada do senido de intagragao do homem ao meio em que vive, wislo xo poder ser considerada Fumanista a concepeio que destaca a nonem de sev moia, nem que cestaca 0 meio do hormem; e assim, como um corolario da primeira spi, RABE "Hiscorgar 96 A geen amos Be leet, © uma idéla que posiciona ¢ Ferem num price plano, nao © socundavizando, 2, Humanisme e Nogde de Hamem A posigao humanisia 6 a de questicnar exalamente este ser humane; 6 de se pergumlar sobre @ que. 0 fortnr? ou ainda, quem é ohomen? Falar de humanism, po's, parene una das grandes conradigaes ‘que ohomemse impse. Inst tuir alga ehamado de ‘fiasofia bumanistal bu "psinotogia humanisla’, parece a certaza de que alyo esta ewado na prdpra consideragée do ser humano enquanto tal Esta contiasigao, este paradoxo, relere-se ae fato que: “nintarante com a imensa eanaventemente inestsh aga que eleva a0 Mais ao cimo das aspitagdes da soctadace mederita @ valor da passa e @ erigdncla da sua realzagaa nos campos eidtural, oobi, jtcloo, social, pedagégive, raligiose, ela assiste ac lange desiilar das fliosofs que, cu dissolvem evticameniea nogao depessoa, ou minam os funfamenfos mesatisioos com que form pensada na Wradigdo cléssica, sepensando-a segundo os cdnones da nova metafisica da subjetivided,'* Apesar desta verdade, o proprio paradoxo é, em si, uma parte signiicativa da realideds. Zuben, na. stra intradugao 4 obra de Martin Buber, diz que: “O paradaxad apairéa.do pensamento: 0 pensacor sent paracbxo & coms um amante sem paixdo, une sujoito mediosre.”* Com isto, percobe-va que este supasta paradaxo & também, pane de prépria avisigngia, E éimpzvfante tovantar Sa, HEB *2aenin Babe, 19. Di eeoenp 2a ovemente esta questi, pols ¢ muxto eemum se falar ow $8 comentar acerca do hunanieme ov da psicologia humanista, exaftare sua beleza 9 s:ta paosia: mas, no att e0me, Ao Seu susleniacti, na sxe motivagdo, nada é dtscutit, ‘Yemos quo 0 “urnanism’, seb carta aspect, ¢ una conirauclo, & lum paradaxar por outa fai, € uma neceseidado, na medda em que nés vivermos numa socedade aitamente intelectualizada e tecnicisia. Valenzar ® técrico em domasia eta uma sociodade desenvaivida, as esquccida die questaes bisioas como a relaydo humana, © contato com o gutta som inlerrundiagaes, etc, A interregagdo getal tealizada pola flosofa cléssica, em espacial pelos gregas antigcs. fenda sido retomacla por figuras h'stérizas no Selo da flasofia, pressupde em si mesma, uita cbjetiragio do género humana, Esta objativagda, ou busca de definigio, termina por eriar um “sonflte dos huinismos'". onde calder> diversas acepedes para o set humane: no axistensiaisma ateu, o homem se dotine por sua Nberdad na visée marvista, o Homem & produta da evojugao material # social; numa concapgio secioligiea, 0 romem existe ant lungio de Juma sesedace: so (amamos. par base o pensamento frevdiano, teremos um ser complexo e ignaramte da si proprio; e urn hamorn mergulhado fotalmente em Dous, se ¢ claarmas numa nancepgaio pantetsta, Esta busca de objetivagiio causa a desumarizagdo segunda muitos humanistas, Numa tentaliva de relomara quesiéo, Brun assinala que! "A inlerragagao Quem 6 0 hemem? implica no feconbecimenio de um sujet f.), ave parte de si para aleangar ut pento de infsrmgagao, debrucando-se sobre > Eekevery 1908 A Qvenio da Hiern BA Luma verdad a0 eri sla qual ote tomo senfimenta ce se encontras, sem pocter coincicirpionamionta cow ela." Esa inversia no modo da considorar a quastéio que inter?aaa a ser humana, naosamante reaval’a 0 proprio papel do alo de questonay, como asessa o Amaga desta agaa, Nao mais sa intertoga ne vazia mas 3e aponta am dregdo a ur cam nhe diversa daquele que objetiva © quantfica o génera humana, Quanta mais se progrediu em termas de crescimento & desenvalvinenta teerlégico e sistemeation, tanta menos a cBneia se envolveu com a folaidade da existéncia hurnara e mais 90 verilceu uma desatengia com aqueles valores que hoje saa retomados pola Hlosola que se propae hurranista, Mais precisamenta “A lawersaa do Quem sau eu? para aD qua sou ou? catggau a partirda momenta em que se cessou de rotietir sobre @ queda do omen para oisevar a queda dos compos." ‘sintenogagdo sobre @ se” come eavacteristca do humanismo se ercont’a presente desde 0s idsofes pré-soereticas, Por sun altude ragionalista ce pensar a realiiade, estes fiisatos se questionaram acerca de sentido do ser. Os fildsoles pré-soordticos devam sar considerados as vordadeiros tundadores do peneamanto anidental. O prépro Séerates ruite dave @ estes pioneiros pensadores, Protigoras ce Abdera (Sée.\"a.0.1 6 sunossivaments apantada pelos pensadores hurranistas como 9 panto de referéncia das idéias humanistas na Grésia antiga, Durart §, ev sua obva histéfica, refeie= se a Protagoras como o nar ds sofstas, na quatidada de quam “comegouo subjetivismo na ficsala’, Seu pensemario se sobrossai 25 4 Sotistica por trazer a tona a questio da individualidade © do ro alisismo em meia a uma afimmagao da superioridade ca vida social baseada na écnica do ensine da “vt.ce poliica”*, como a usada pela maioria das sofistas Este “wumanisma” solstion de Protagoras suige da sua maxima que diz; “0 hoem ¢ @ medida de to0as as ce'ses, do-ser deullo que 6, do néo-ser daquilo que nao é.* Todo sonhecimente deriva da individualidade, /a que as coisas so conn apareeem para ¢-individuo em particular 0 subjetivisms de Pratagaras, orde a reatdada & persebida indvidualmemte, 207 suas impressoes, daira num relativism ~ todas as impresses so verdadeinas para quem as experimenta 8 num fenornen’smo radicel, onde se chega a cansicieragéio do homem somo twecida Ca realidade: “O homem mete de tadas as caisas’ significa, pois, que asyjela,snediante sues experisoaias sensive's, épodra de tue @ big da realidad, @ dstingue o existemte co inevistenle par mele de suas sensagdes, as quais nao cebstante nde dopendem tanto do ableto exterior presente, que pode provocar sensapdes opastas em sujelios aforontes, como-o astada subjetive de cada um, que varia de WM para sui sueite e de uri para autre momento da existéncia noluilual, * CO humanisme em tonmos fleséticns gerais, come douttina, 6 algo recente, Na sau santido mais estrte, o hurhanisia eamegou 60m © acento da Renascenga (SicsX¥-K¥i A culture renascentista & corsicerada uma cultura huvanista, a idgia renascentsts era retomar aquelas ooeeniun zagees dehemernckissicn, tomar a cultura grega "Baber 180 aes & Deccrdes,Ph eda, 08189, Aust 26 cléssica. O humarista na Renascenga era aquele que culivava as humanidades. as "hamaritas" Esta allude hurmanista rovascemista era uma atitude diante do mundo e da vida que se supunha ter sido a mesma cos gregos classicos. Os antigos greges eram considerados como homens des artes edasciéncias, homens universais, Eraa retomada de uma cultura ‘ida como pramswedara da beloza © da relidéo Os homens da Renascenga vinham se opor a fileso‘ia até entaa vigente meis recone, aqueles idea's da Kdace Média € da filosofia Escoldstica, A Escotistica ora uma douting referente aos ensinamentos do flesatia o tpotogia rinistrados nas escolas # universidades da klade Média eurepeia, Caracterizava-se nia samente pela tertaliva de conei'ar os dogmas cistéas coms ensinamentos llosdticos classicas, ‘rm especil o platonismo 0 atistoreismo, coma fambém pelo fata ‘urdamentel de ser um métads esnecilioo voltada para a seguranga dos argumentos © & solder da discuss. ‘A Escoldstica se caracterizava per sar uma verente Iradicional & ‘ormalista, erquida sobre mudangas poltticas, socials e econdmicas do mundo medieval, em especial no periods entre as séculos Xl e Xl Nesse sentido, ¢ humanisme renascentista, bom como quase todes os Gerais movimentos de pensamenta @ cultura, passaram sor'uma reagdo-a este fonmalismo foolsgico da Esoa'astica, na tentative de rees ruturar 0s ideals da kdade Média, passando a retomar a cultura rege naq.eles aspectos mais emergentes, fais como a exaltacaa da boloza do ser humano e cultos, Dai surgem os “humanistas" que valotizavam a dignldade da espirito humano como Eresmo de Rotterdam e Temas Morus. Era uma tentativa de reintagrar ¢ hemem ag-mundo da naluraza @ da histéria, e de irtergreiato nesta perspective, Uma reagao a obseuridade mediaval, e uma retemada da humanias grega, no senticla da oducagéa do hemem nos maldes da Paideia, ‘Dalegos Boxore ar Segundo os ideais renasoentstas 0 homem antiga era aquele que foimava a si o-épra giagas A paneagse da lire razao'’, Na Renascimento, em nome do Fuswnisme, © hamen comaga a separar-se da giande owem do rrundo, para se formar organizador dosta ode: na pinlua, onde o artista veovdena o mundo attaves da porspectiva, nas ciéncias e na ‘ona, ande o homer toma impulso para oroduzir um mundo a parlir de © prigrio e de suas nevessidades, ‘Ate mesmo no plano religiosa advém srudangas com a Reforna, que nao mais reconhece inteimedidvias na comunicagae de- hamem com Deus, A.grende imagem deste porlado 6 a frase de Leonardo da Vingi (1452-151 “home é arradetade mundo’. Garistaéa encamnagaa do dzalde homem renascertista, E ez quem forja o mundo, insatisfete com as mazelas de sua realidade humanism @ alnga os Stusia huinaniiars, cu ¢ estude das hurnanidades, das valores cansiderados como essencialmente hhumanos, rotcrinca-se & goesia, 8 histéla, & retirica, a gremética © & figsofia. moral ‘ho mesmo tentoo em gus « humanism foi ura. reago, & também uma alitude diarts eo mundo, da vida, 49 ambiente, do hernem. Hoje, a ddl de hurianigrip toma cores mais diversifeadas, passando a ser lua ida mals eomplexa, Farma-se em tomo de um intaresse no ser humana, interesse este que Cormega com 2 antropologia flesitica, ov seja, uma vis80 de homam. Nogaro'® clessifca os humanisnes em historioe-It2rda, que 22 relete dirctariente ao human'sme ronaszemista: especulativo-iinsdtica, que eslabelece a vido de homam de um deteiminade pensack Eica-socicligi¢s, que visa o real, 0 costume e 9 social. Na sua concepgaa, 0 mals adequace seria x considaracao sartreana ce see, 696 yore EE Sauestonia tion Pa alribuigae de algo earacteristico ao sor huriano em relago aos oulros seres, 9 que pemniliria divisar um humarismo @ un anti-humanismo, Numa outta tentativa de esclarecer as diversas sentidos da humanism, tetnos em Etcheverry'® um hurvanismo racionalisia, cararterizado pole primada do pensamerto & pela autonomia da espisito a partit de sua consciéncia criadara; wih humanisma existencialista, ondo © hemem aparece como ser celocade ne mun, ‘umn posicionamenta vingulado sua Iberdade e & sua projegaa no mundo, eujo sentide est no vivido: um humanising marxista, oom & primado do materalisn dialético e ristérioa,e a calaeagiia-do homer face & questia da alienagaa; © um fumanismo esto, que coloea 0 ‘homem como senhor do universe, segundo a mistéria da cristandade, Tomar ¢ homem camo objeto de interesse - ebjnto aqui compreendids come foo, coma oaitre de itleresse, & a prine’pal earasterisica de qualquer movimento humanist. Edmund Husserl (1859-1868) disse que o ienémeno histétice mais importante @ a humenidade que pugna por sua compreensio, A «rand lla de homem, e tlvez sua principal tarela, ¢ buscar sua auto- comarcanséo, Neste sentido, fica dill restingir 0 humanismo a algo orighnade na. Renascenga, é dil encarar 0 humaniseo sem abarcar questias floséfisas camo a Metalisia, a Dialélica ou a Légica, porque, naroalidade, todas aguelas inslaneias que tocam o human, sob algun prisma, ver a ser humanssta, Assim, Sdcvatos, Plato, Aristételes, € -alé mesmo os pré-sacraticos foram humenistas, Aquestia lundamentaltalver seja “a que & realmente a home?" ual a sua esséroia; enfim, tentar buscar a identidade do homem enquante ser humano. AA dofiriggio de homem, a busca de sua ideriidado, uma atituce Irente ao ferémero huano, caminhann ia santido de valarizar esta hhomem, de cansiderdslo como um valor. © humanisimo passa a ser P eichevoi 135 29 ‘onlin a valarizapao do huano, ulna allude da valoizapao Henie 2a fendmeno humane. Estas saa alguinas das carasteristicas principals da idéia bumanista canterporinea, O ser humano € diverso dos demais seres, © esta parlicularidade 9 torna o contro do interesse co humanism. Homem ernundo tam uina relaggio constitutiva e cemlomentar, Ew estou no mundo, Na medida ern que sou na mundo, a explicaczo so homem coma um animal racional passa a ser seoundvia, Anios de contecar, de questionar, 6 herein doxe existir em relagiie com 8 oulras, cam 2 mun. O humenisino pode ser caractarized entdo palo intoresse que 0 vol a0 problema de sva natureza, sia arigam e destino, av eoma firma Eichevery “Humarismo quer dizer plene deserwolvirento ea nomern,'® 3. Ciéncia e Humanismo: a Perda do Sentido Quands tomamnos a evolugéo do pengarnete humane, dade mos ize que de uma consideragso geosémrrica na Aniguidede, passou- se a um teocentismo na Idade Média, desembocande numa wiséo antropoeéntriea na dade Modema, O sentido da retoriada da quests do humanisme deve-se ao falo de que a ciéncia e as id¥ias decorreves desta, ccnlruamente \otain-s@ para ut anivopocenisia litado @ inadequaco ao génere humane, Frufo de um desenvolvimento linear, cujos abjetivas foram paulades pelas necessidades de uma sociedade vollada para a produgao. para uma concepgao de técnica coma "elicacia @ Echeismy THEE A Quest go Fieve 20 rentabiidade®', paviafnamerte toi-se valorizands a objetvidade, om detrimento do cardler subjetiva da realidade humana. Nesta -svasideraczio {éeniea do pensamento, do ato do pensar e vepensar a realdade, esquoco-se ou abandona-se 0 sentido da prépria ser panganta! Isio se constitu’ nur paredoxo, pals, nada, mais eontraclteria do cue explorarcimensées humanas sem percebé-las, crianda allarnativas ¢-meios que faci item a xivéneia do ser bumano, ras om contrapartida, submetondo-o a uta posigae secundéiia diante destes meios. 4 cidncia no s8 fama # no se forma enquarto ciéneia se nao houver uma génese & um direcionamento no pensemento humano, Aciéncia ¢ @ tecnolagja evaluiram com base em iddias que suplantaram, em do‘enminads momenta, estes agnectas subjatvas ¢a realidade, para cxaltar e estabelecar @ piimada do uso 6 da experimentagia Esta ciéncia alval 6 chamada de abjotivista e mecanicista, sob a égice de um méiodo de acessar a realidade que deriva das concopgdes praticas de Gallen Galilei e da um métcdo de pensamento denominado cartasiano De Galileu (1564-1642) hetda-se a marca indelével dosaber como ‘expressdo matemética. Daf surge a nocossidade de exparimentagdio e-demade'os mateméios que possam dar conta da busca pela certeza 8 da vardade cienttica, argos, HOa Corvin seshwar ap ost olgo derva da wmode lowing ‘sxiecace, cfd ncaneniabnessdceslyareriods home ain da es 8 Inckelaleps nar tkcuscoreraretnaper pects sjotoné-nea dnouturaccifnh Po FRocdugsalncishialewelernasor cvrerin ineisiona lgatea.resulinled anerego es vas lbereas a wEi0% Wy plodxgo qusocasio wom Ur desecwabimanceoatbke ‘amasido aos, Ese oercdeincu-sa suirsce elo Wl sendo maranta ra Sule {A spose lorcet” dese msiment oa Fag, por aes Mac 1758 damacna, xsnor Amatergg anya mdr pare reaper, pelscr ct deismente c progresea Fedusra. an shugo ‘elcazaerenaaldid oie “niko Pewee 31 Continwamente se critica esta ciénda exorando a influéncia que Descartes {1596-1850)) exerseu sobre el. Descartes fol um elemento dos mais importantes, sem divida, e lexe 0 mérito de deteminar uma organizagia de pensamerto que possibfilou 0 progressa fecnoldgico do qual ofa usutulmas. O persamnente cartestano ara estruttrar urva flosetia que pudasse sor compativel com a iia de civizapao, que pudesse ser ultlitaiia fom formes pragméticos, que pudesse ser fol a cortas prece'tos caros a sociedado, que pucosse, onfim, so cigna da histéria ca avalugiio do pensamento hurnano. Este utlitaisrra 56 retire naintengae de tansformar aciéncla am algo que peimta ao homem ser senhor 2 possu'dor da nalureza, Desla fora, o aspacto central de humar'sma em ralagio ao desenvolvimento tesna'égico se vata para a questo da iéenica, compreendida cama: "40 astesgo do homem que angvega as faculdados meniais para dominar 9 tomar utiizdvois a matéria 0 suas ‘orpas, ou soja, © que se ancantre wa natueza, Esse aprovsitamenio da maténa tJ ndo se vestinge de foera alguma a garaniy a existéncta ne luda peta vida. Muto avertacamente, Ontega y Gassal deliniy alures a técnica como 0 ‘esfargo por diainwir os esioreas. Compreenda-se a tdeniea num dual sentido: subjetivamente, coma habilidade au paricia, votada para a conceagae da techn grega, coma ‘arte’ 9 chjativamerte, como um cerjunto instrumental, referente ag aparethos © processos usadas ni apo humana € a9s “procures dessa atividade”® rE Ales PR, A Qt io Hominy 32 © q.estsnamento Fumanista repousa na considerapia da ago da ‘éenica sobre 0 ser humano, visto asta haver modifcacde 0 trabalho fumnerg na sua esséncia, com a mecanizagae 0 a dvisae de Kabalho Cor ¢ desenvolimento cieniifion hauve 0 rampimento cetiativa foniro (emia e arte, entra mecanic smo @ objetvismo da um lado, 2 espontansidads © suljetvdade de outro, Ao empreender a tarata do explicar a realidasie do homem, o pripiia homem se viu clante de sew dilama: esquecer-se para poder recordar-se, velirar-se para podor perceber-se, de fora, destacado, isoledo, sot cancigdas rigicarnento contrgladas. como se esta tarefa fosse poss'vel de ser determinacia. Neste porte se insere a critica husse-liana a ciénc'a européa, ‘final, hewetia uma orisa desta ciéneia, raflexo de uma ese da homer europeu, pela perda do serie da erela para a vida humana, “al manaira exclusive que a viséo globaico mundo que ado homem modems foi deivadia, na segunda metade do século XIX, datemninar 2 cegar peias cisnetas posttivas © facts ‘prosper’ signticava que nos votévamos com inlforonga ds questaes que para a iumanicade aut 580 questéas desisivas.” esfiigo cartosiana, cmbora estivesse voltado para a filasotia erquante astuda da sabedoria, para a explicagaa das fenémenos em sua tolalidade, destinay-sa & aplicagiia pratica, através da técnica, 0 que serviu ee esteio para uma compreensio da realdade que, proocunada coma utlzagda e 0 dominia da natu'eza, alma o homen como agente criadar, descobrinda-lhe sepredos antes intercitades Islo detennina um certo deslumbramen'o de homer consign mesma ©, paradoralmente, o alasta do sua propria vviagia em camuahaa & engontra.com esta natureza®® > Fase, 10 8 Mapes, 580 ‘Palyor Baer 33 Esla flosofa rasionalista, calcada na acentuegaa da peder da razaio, nalentaliva de aprender as verdades substancias dormundo,constitulu sistemas mecanioistas deste mundo, Sebre isto nos alerta Marques: qua “E precisa, pb, que lenbainos clra que amecanibismo nasce da deiesa que clentistas e fidsolos empreenderant pela ilerdadedo homer conta a determinism das cofsas natal.” Esta reapae parece ter gerado, contrariamente, autre elorminismo, desta felta anttopocéica, no sentide de exacermagae de um lado desta lgerdade humana, a de ctiar e gerar sob a forma de um mecanicisma autore‘orgadar, nagligenciando aspectes dindmicas danatureza humana. Deve-se assinalar a auténtica ‘revolugdo cepernioana’ smpreendida por Dascaries na seio da ciéncia 2m viger na épca, Esta revelugée trouxo, sem dividas, elementos que posteriorment puderam sor relomades © reavaliadas, permitinda inclusive esta discussie, Mesma denita de sua conceppin mocanisista de mundo, surge una gaia de homem, cuja ela canital 6.0 cog, fundementa de sua auniopelogia, que instaura 0 primado da subjelvidade enquarto ent pensanle, sujaile arador de sau un-verso, Gonfudo, scu métedo, cemibora dé fundamental importancia para a detsrminagéo do garéter de wificidade da sociedade moderna, nao explorou a guestéa lundameml do ser, aquela que o interraga no say sontiao As questies deixadas de lado par osta ciénsia posilivista, inecanicisla eartesiana, sao justaments aquelas que mals tecann a humanidade, ern especial aos eurtaeus, deide as guer‘as sofridas, Sao cuestGes cus envolvem o sentido ou a falta dele na existéncia hursana, "eres, TQ erento 34 4, Humanismo e Ciéncia; Resgate do Significado Ac@reia, ao mesmo tempo em que evalvte na diego do dominio dia técnica © de use da instrumentagae, padecia da ‘alta de significado em sua svolugae, Poueo a pouco, foram surgindo (au ressurgindo) 0s questio- namentes destinados a superer este diiculéade. O homer, supremo mestre da natureza & daminador da leevolog a ciemtifioa, percebe-se alienado em seu préptio cariaho de progresso. sem saber a que fazer com esta dasenvobrirente, Cont a evolugio das idéias filosdicas, novas térmulas vio senda apontadas para solucionar este problema, Heidegger (188-1976) aponla pera uma nova questo na tentativa da sclupéo da questo humanist: libettar-se da inerpretagiia técnica do pensamenta, retomar 0 sentido da MSchnd, vellarse & questia da ve-dade, abrinda 0 ser & vivencla de sua prépria real dace Heidegger assinala para uma mane'ra mais adequada, mais citecionada, mais ampla de se patceber a realdade, Trat nova forma de se fazer flosofia, e por conseguinto, cl E do carlesiarisrna numa vertente mais aberla. Esta tarela 6 realizada pela Fenomenologia de Edmund Hus: onde s@ fala numa exigéncia de reecnsirugae, de retornada da ‘subjelividade caresiana, @ ge sua superacao, Sua praposigéo é de um nova mélodo, vinculade aa mélode anteriermem assinalado par Dascattes, mas que, aa invés da destacar do riundo © homan, recoaea-2, eposidiond-o, come una insergzia deste homem no corwivio com seus semelhantes®*, Do cagio sclpsista cartestano surge um sujelto transcendensal, cuja cans nciaintenclonalinsiaura a real dade do ogo cogto-cagiatum, de urna ligagio intrinseca sujeitorobjeto. Esta mudanga gormite a Hassel, 1282 Didgoe Meter ee ce fetemaca do sentide do ser hurnano erquanta devi heraciitica, Dal suige que: tarnente asslnnquee subjetiidade transcendental se alarga em intersubjelividede, om socialidade intersubjélivamente transcendental, qua @ 0 solo lransoenwenlal para a natureza a 4 rmnde inlersubjetyvos cam goral.”* Hasserl se propée a realizar a perca do munda, da iddia de ciéneia, para poder recupardsla adiante, mais ampilada, mais universal E uma peida no sertda ce abstengdo de conhee menos prévios (cujas roizes estia fincadas na divida caitesiana} para poder apraciar a tolalidade da expresso da Tenémeno que surge aos nossos clhos, prooessando um retomo as coisas coma elas sie, As evisas-mesmas. A Fenomenologia ensina um métode de se pestar diante das coisas, numa allude de esoula © espera ativa da ante, de modo a fundamertar a cléne!a na sua radicalidado, no retomo &s suas raizes. E a nogagao da idéia de que o homem ¢ ura coisa entre as coisas, para racolacar a esséneia na existéncia, num eslargo de clatilicagaia da realidads humana, de abertura a experenciagao e wivénaia fatal co munda, Hei¢egger vai procurar estabslecer uma ontologia com base ro méloda fgnomenoldgice husserliane, © termina par criar a analitica existencial. Sua cencepede 4a de que: “As cléneias sao mods de serda presanga nos quais ela também 86 comporta com ees que sla mesma naa precisa ser, Pestence essanciatmene & prasenga sor em uni mundo, Assim, a compreensdio do Sef, prépia da pra- senga, inckui, de manaira igueimene origindna, a compreensae de ‘mundo"e econypeensdac serdcsentes que.se tomamacessiveis dents do.nundo. Dessamaneia, da igre Hise, “S88 aba A Questiow Aientoae a6 as ontologias que possuem partema os enes desprovidos do moda de ser da presenga se fuadane e madam na estruura Gra da prigita presenge, que ecole em sia dleterminagda de una conpresnsdo pré-antoligica da ser’? Para ele, o humanismo retoma a humantas do homem, um !humanisme que pensa 9 humanisina do homem, Sua preposigge # do redimensionar a prégria palavra “humanisme". “Pols pa palavra “hamanisma” @-huranas indica a humnaritas, @ Essércta de haaten, Q isin melca que a Esséncia db homenad para ser eancebda Essencieinente Esse 4 0 sentido da patara humanigmo, came paiva Por isso, restituir-itie uin senuido sé pode significar: recimensionar 9 seni de palavra.™* 0 que o fnemem 6 renousa na sua colocaggo na munda ena seu sardter de ineomaleluds, Estas sdo assergies existensilistas que Sarlre (1905-1980) relorga, a0 cansidarar a harierh comme uth projeto viva subjatizamonte, O hurtanismo sartreanas calcade na questéowa responsabilidad da escola da homem, naquie que ele faz de si quando se projeta no ‘mundo, Neste projatar-se, o homem instaura a intersubjatiidada, visto a sbjetividade no ser rigorosamanta individual, pois: ‘Wo cogilo néensodescebvimos séa nds, mas também 0s suiros, Pele (ponso’ contrariamante & flesofia de Doscartes, contarlamaniad fioscta de Kant, atingno-nas ais propos, em face do outta, ¢ acuta € tha corto para ds como nds mesmes."* Nesta relagdo eagio-outre, deseebre-se ao auto @ a si mesmo como existentes, numa relagaa ende este autre surge come inelspensével a minha prdpria oxistoncia, > Hie EBA Wahler 18222 * Satie OR 249 DaiyoesNeetisepa ar © existencial smo surga como um humanismo contrdri & conpepeao classica de natweza humana, estétina, onde, segundo 11, s9 faz um juizo da homem pelo homam, como un fim @ um \va-01 em si mesma, O human'smo sartreano 56 oxpressa enquanta \bordace © IbertagZo do harem, que o iva & voltar-se para fara, © humanismo, portan‘a, é a re:erada da subjetividade, do significado da ser humana naguila que e¢ tem de mas padicular, a sua relagéo intarsubjetiva. Wartin Buber {1878-1965} surge tambam como um pensador essencialmente humanista, por sva consideragaa antoldgica eo ser humano, numa concepsae tedrica que caninha em ditepao a uma abordagem dialéica da realdade, onde 0 problema moral, do bern «do mal, néo pode ser compreendide independente de seu cortrapant. E com base nesta visio @aléiea clo mundo que Buber fundamenta sua antropotogia flosofien, Para Buber, aanrapologia Mlosstea se deine pola “estuda da totalidade do horen"?, na qual se inclul o questionamenta do sou (ugar no casos, suas conexd2s com o ‘destino, sua relagaa com o munda das coisas @ sua compreenso das somoliantes, além da cansideregaa da censciéneia de sua cexisténcla como finta, @ sua atitude frente ao mistétio no quel se atira, Para Buber, as disciplinas tlosétnas néo 630 conta cesla totaldade ‘do ser humana, carariorizand-se por privilagiay a cbjelivagde, progesso ‘to quo ohama do "ves-humanizagae’, por onsieeray apenas Lma.patta Waste sor comploxe. O-hutnanisiie tuberiana 6 marcada pela sua recusa en aceitar a id/a.de que @ humanicado co homem so bassia na. sua racianalelade, pois esta razio semana pocaria ser considerada quando em conexao pm a*nae-raztio human," © Sante 870 » Fisdnan, “636, Buber "06S 38 A caracteristica fundamental do pensamenta humanista de Marin Buber estd na seu esfoico de retemar 0 Ser husiaora sua glovalidade, 2panlands para as consideragdes liritadas da eiincia @ da Hlosolla 20 ‘comparlimantalizar e estraliicar 0 ser human, consideragdes estas ‘que serve de empeciho & real zapio lena da sua esséncia: a de eslar conliauamenle em pracesso, 5, A Psicologia Humonista A Psioologia addotau, em delermninado mament histérico, o modelo as siéncias exatas, caracter 2ado pelo posicionamente da observador face aa objec. numa alitude empirisla oujo abjelivo era o stabetecimento das ie's gerais do psiquismo, Este madelo, porém, néo supriu as necessidades integrais ce compreensio que © ser humans tinha. Uma mera conceppao mecanicisla e objetiva da realidade psicolégica era demasiado restiiia pata a consideragaa da set Humana coma transeendente, Precisava- se, pois, de uma psicologia mais vollaca a estas earacteristicas humana. uma ps'oc'agia umanista Amatuzzi** colaca que, una das razdes do progresse do movimemo numanista ra Psicolagia, wa no fata que as demais cloutrinas explicavam bem carlos aspactes da raalicade, mas renhuma consaguia alcangar aqulla que realmente rexia com a intima dos homens. Enquarto algumas explicavai as razdes pelas quais os homens vo ou deixam de irs guetas. e 0 que causa veites traumas, nenhuma delas conseguia realmente explicar a exstéaca da quewa em si. Esta seria uma quesléo essencialmente humana A Pieatogia Humanisla nasee, pois, desta necessidace de amplar a visio do hemem, que se achava limitada e restila a apenas alguns aspectos, & alguns elementos. segunds as perspectivas behaviorista e psicanalitica, Tanto @ Psicanilse, quarts 0 Behaviorisino, apontarsam S dmatze, 1885 Milegoe lorespie 30 para parles de urn todo malar e mals conploxo qua é 0 ser humane. A visio tolal deste ser humana estava prejudicada gor esta énfase nas partes, E assim que surge a idéia de se abordar a génera humano ‘ionlio-de sua inteita somplexidade, E curioso assinalar o falo de terem sido 06 maiores representantes desta nova perspectva oriundos tanto do uma quanta dé dulta das abordagens a que eriicar, quanda nia tiverarn inluéncias significativas de ambas*, Poderse-iadetiir a Psicologia Humanista (ou Hurnan‘stiza) a parte cde uma atitude intslactual espectica, ande um represertante seria Cohen’, Segunda Cohen, seriam caracerlstcas essencials desta ahordegem: |] a subjetivicace, 2) a identidede pessoal, 3} 0 semido da histovicdads da ser humano (que Ine dé o sentida de pasado ¢ futuro}, @ 4] a categorizagio om julzes morals e axiolégicas Esta fontativa do sistematizagao, centuda, nao redundav clarammente numa nova escola, Na realicads, a Psicologia Humanista, no se estruturou em tomo de um lider jeomo a Psicandlise}, mas surgia da agrupamento de pessaas com os mesinas intultos © nnecessidades. © esfergo real da Psicologia Humanisia reside no falo de considerar que a Psioclagia nao podia ser resurrida ou delinitada ilecascartcheararnest sooco ce os epasertanias le gilleat.og da revireris ummanisa am os eicgia s3sarcrnou ore op ae de his mele eu mi ers os Fearne Rank lvam desis peers, Gat Pager ai seed ils ‘image ea Fo canalsaa doo Tec cl pongo (Reyes, 185), Fedaiee ars einer dia ReatlMlowpa, wt valorracte seesiMvein Sal da Pesnslesede niles Res sn3 ives tree sti eu pre ie cro ura as! in pais 0 le segs a fame analsa 288608 2 sessile oo 9554 PeharSee coraareber ceo ‘asian & Fragen, TPE, Von Geen, Meears Basse sy aspce'e fh tates EEE CH) feud ares Snenanger'y werly> 4 Secledot Peiaralcne Ynape iehvg¢ Freuseooeleraoadlasenslene ales sereninluersiece ung Epsengs Mh “GHB Auertiontomteamone

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