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Romanização
Romanização
Virgílio, Eneida, VI 847-853 A missão dos Romanos, segundo Anquises, pai de Eneias:
Estas serão as tuas artes – a impor hábitos de paz (pacis imponere morem)
• «De todas as vezes que considero as causas da guerra e a dificuldade em que estamos,
fico bem convencido de que o dia de hoje e o vosso consenso marcarão o início da
liberdade para a Bretanha inteira; estais vós de facto juntos na empresa, não
conheceis a servidão, não há nenhuma terra para além e nem sequer o mar nos é
seguro, pois que está sobre nós a armada romana. Vão ser, pois, o combate e as
armas, honrosos para os fortes, o que também há de mais seguro até para os
covardes. Os encontros anteriores, em que, com fortuna vária, se combateu contra os
Romanos, deixavam ainda em nossas mãos a esperança e o socorro, porque nós, os
mais nobres de toda a Bretanha, metidos por lugares ocultos, nem sequer vendo os
litorais com seus povos submetidos, tínhamos até os olhos como que virgens do
contacto com os dominadores.
• A nós nos defenderam até hoje o extremo recesso das terras e da liberdade e a própria
incerteza do que se divulgava, pois que passa por grande o que se desconhece; agora,
porém, se descobre o termo da Bretanha, já não há mais povo algum, nada senão
ondas e rochedos, e os Romanos, mais funestos ainda, e a cuja soberba em vão se
fugiria pela obediência e pela simplicidade. Depredadores do universo, e porque tudo
falta a quem devasta, agora esquadrinham terra e mar; ávidos, se é opulento o
inimigo, sobranceiros se pobre, nem o Oriente nem o Ocidente os podem saciar; são
os únicos a desejar com igual paixão riquezas e pobreza. Pilhar, trucidar, roubar
tomam com eles o falso nome de governo e chamam paz à solidão que criam.
Tácito, Vida de Agricola 21
Sequens hiems saluberrimis consiliis absumpta. namque ut homines dispersi ac rudes eoque in
bella faciles quieti et otio per voluptates adsuescerent, hortari privatim, adiuvare publice, ut
templa fora domos extruerent, laudando promptos, castigando segnis: ita honoris aemulatio
pro necessitate erat. [2] iam vero principum filios liberalibus artibus erudire, et ingenia
Britannorum studiis Gallorum anteferre, ut qui modo linguam Romanam abnuebant,
eloquentiam [3] concupiscerent. inde etiam habitus nostri honor et frequens toga;
paulatimque discessum ad delenimenta vitiorum, porticus et balinea et conviviorum
elegantiam. idque apud imperitos humanitas vocabatur, cum pars servitutis esset.
XXI. 1. …Quando veio o Inverno, que foi completamente dedicado a iniciativas salutares
(saluberrimis ) para os povos dispersos e rudes e por isso inclinados a fazer a guerra. Agrícola
queria habituá-los a viverem prazenteiramente em paz e descanso (quieti et otio). Ele
convidou-os a cada um individualmente. Ajudava as comunidades a edificar templos, a arranjar
praças públicas, a construir casas verdadeiras. Felicitava os mais empreeendedores e
estimulava os mais hesitantes.
Deste modo, o desejo de parecer mais empenhado do que os outros se torna, em si, um
imperativo
Além disso, fez iniciar as crianças de melhor nascimento nas artes liberais e preferia as
capacidades naturais dos Bretões aos estudos dos Gauleses: eles que outrora desprezavam a
nossa língua, não desejavam eles agora, a todo o custo falá-la correctamente?
3 Com o tempo tornou-se sinal de distinção vestirem-se como nós, e muitos adoptaram a toga.
Pouco a pouco, os Bretões deixaram-se levar, pela sedução dos vícios, a frequentarem os
pórticos, as termas, e as elegâncias dos festins. E assim a inexperiência fazia-os chamar de
civilização quando era uma das partes da servidão (humanitas vocabatur, cum pars servitutis
esset).