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Corremos um risco de retroceder, retroceder não pelo fato das pessoas terem
acesso ao alimento direto, isso, por si só, não é assistencialismo. Elas
precisam comer sim, é um direito fundamental, mas o que não precisamos é
ainda utilizar meios retrógrados e passível de muitos erros e usos indevidos na
trajetória do acesso.
Eu, sinceramente, não espero um NOVO mundo pós pandemia, haverá muita
mudança sim, do ponto de visto do uso da tecnologia, de novas normas de
biossegurança, da geopolítica, mas a concentração de renda se perpetuará e
com isso as desproteções sociais permanecerão e se ampliarão de maneira
muito acentuada.
Não chegamos próximo do fim do capitalismo e ele ainda fará muitas vítimas.
O que já vemos e veremos com a pandemia é a exposição das desigualdades
que são alimentadas pelo sistema. Portanto, não será surpresa que essas
mudanças, inevitáveis, pós pandemia, continuarão cuidando mais e melhor
daqueles que mais têm recursos financeiros.
A crítica pelo artesanato feito hoje como oficinas com mulheres se dá porque
são atividades sem fundamentação teórica. Há uma repetição do que se fazia
nas igrejas e nos centro comunitários há várias décadas pré SUAS. Ou seja, não
houve ainda um alastramento da profissionalização dos serviços e atividades
ofertados para as famílias e indivíduos – de forma consistente.
Mas vale aqui reforçar a ressalva de que não é uma generalização absoluta,
porque com um leve esforço conseguimos identificar e reconhecer que temos
ações pautadas em conhecimento teórico-técnico e político, principalmente em
cidades de maior porte e onde o SUAS está com as áreas essenciais de gestão
implantadas e em funcionamento.
Portanto, o ponto é romper com o fatalismo, nosso e dos sujeitos que têm
como certa a impossibilidade da superação desse modelo opressor e criador
de desigualdades sociais.
Por fim, recordo aqui as discussões sobre os imensos desafios que estamos
enfrentando devido a falta de planejamento e estruturação do Trabalho Social
com Famílias – TSF nos serviços. Problemas que já ocorriam, porém estão
ficando mais expostos com a emergência e riscos da pandemia.
Considerando o exposto, é possível inferir que nas regiões onde o SUAS está
mais organizado e mais articulado com as redes, a tendência é ter mais
eficácia nas respostas às demandas já existentes e às necessidades surgidas e
agravadas com a pandemia da Covid-19.