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SURSIS

&
LIVRAMENTO CONDICIONAL


SUSPENSÃO CONDICIONAL DA
PENA
1.  CONCEITO:

Instituto de politica criminal que suspende, por um tempo certo
(período de prova), a execução da pena privativa, ficando o
sentenciado em liberdade sob determinadas condições.

2.  NATUREZA JURÍDICA:

Atenção: o SURSI constitui CONDENAÇÃO, modificando-se a
forma cumprimento de sanção penal.




#fiqueatento

Código Penal: Art. 77 - A execução da pena privativa de
liberdade, não superior a dois anos, poderá ser suspensa, por
dois a quatro anos, desde que...

Lei de Execução Penal: Art. 156: O juiz poderá suspender pelo
período de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena
privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma
prevista nos arts. 77 a 82 do Código Penal.

Lei de Execução Penal: Art. 157: O juiz ou tribunal, na sentença
que aplicar pena privativa de liberdade, na situação
determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se,
motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a
conceda, quer a denegue.

ü  O “sursis” é direito subjetivo do condenado ou faculdade do
juiz sentenciante?

“Em compasso com o princípio da individualização da pena,


bem assim, com o Direito Penal propugnador da pena de prisão
como ultima ratio, destinada às infrações de maior gravidade,
tem-se por apropriada a concessão da substituição da pena, a
qual, mais que benefício, consubstancia-se direito público
subjetivo do apenado, se presentes os requisitos para o seu
deferimento, como na hipótese dos autos.
(STJ – Sexta turma – HC 158.842 – Rel Min. Og Fernandes – Dje
02/08/2010)
3. ESPÉCIES:

PPL NÃO PODE SER
SUPERIOR A 2 ANOS
a)  Sursis simples (art. 77 c/c art. 78 §1o)
b)  Sursis especial (art. 77 c/c art. 78 §2)
PERÍODO DE PROVA:
2 A 4 ANOS

c)  Sursis etário (art. 77 §2, 1a parte):


(+ de 70, não importando condições físicas) PPL NÃO PODE SER
SUPERIOR A 4 ANOS

d)  Sursis humanitário (art. 77 §2. 2a parte) PERÍODO DE PROVA:
(razões de saúde, não importando a idade) 4 A 6 ANOS
OBSERVAÇÕES:



•  #STF: SURSI não ostenta natureza juridica de pena e sim de
medida alternativa a ela, por isso não pode ser considerado
como tempo computado para fins de concessão de indulto.

•  #LEIDECRIMESAMBIENTAIS: ampliou a concessão do sursi
para condenações iguais ou inferiores a 3 (três) anos.
A)  SURSI SIMPLES:


ü  Condenado a pena não superior a 2 anos.
ü  Período de prova de 2 a 4 anos.
ü  No primeiro ano do período deverá o condenado:

Ø Prestar serviço à comunidade


Ø Submeter-se a limitação de fim de semana.




B) SURSI ESPECIAL:

ü  Condenado a pena não superior a 2 anos.
ü  Período de prova de 2 a 4 anos.
ü  Reparar o dano ou demonstrar a impossibilidade de fazê-lo.
ü Ter as circunstâncias do artigo 59 do CP inteiramente favoráveis.

Neste caso, o juiz poderá substituir a exigência do art. 78§1
(do sursi simples), pelas seguintes condições:
a)  Proibição de frequentar determinados lugares
b)  Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do
juiz.
c)  Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades (art. 78 §2)

•  As mesmas condições valem para o etário e humanitário.
•  A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada
a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
condenado.
4. REQUISITOS:

A)  O condenado não reincidente em crime doloso.

A pena de multa anteriormente imposta não impede que seja
concedida a suspensão. (Sumula 499 STF + Art. 77, I CP).

B) Culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade
do agente, motivos e circunstâncias autorizem a concessão do
benefício. (art. 77, II).

C) Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44
deste Código. (Art. 77, III).
5. REVOGAÇÃO:
obrigatória
Duas possibilidades:
facultativa
A)  Revogação Obrigatória:

a.1 ) Quando o beneficiário é condenado em sentença
irrecorrível por crime doloso.

ü Não importa se a infração foi praticada antes ou depois do ínicio
do período de prova.
ü Revogação automática, não se exige decisão do juiz (posição
majoritária STF – RT 630/397-8)
ü Exceção: condenado por crime doloso a pena de multa.

a.2) Quando o beneficiário frustra, embora solvente, a execução
da pena de multa ou não efetua, sem justo motivo, a reparação
do dano

a.3) Quando o beneficiário descumpre as obrigações de
prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de
semana.
#atenção: nessa hipótese de revogação, é imprescindível a
oitiva do beneficiário.

B) Revogação facultativa:

b.1) Quando o condenado descumpre qualquer outra condição
imposta por ocasião da concessão do benefício.
b.2) Quando o beneficiário é condenado, irrecorrivelmente, por
crime culposo ou contravenção penal, a pena privativa de
liberdade ou restritiva de liberdade.


6. CASSAÇÃO:

#atenção! #fiqueligado!

CASSAÇÃO REVOGAÇÃO

Revogação: é causa superveniente ao início do período de
prova.
Cassação: é causa anterior ao início do período de prova.
Causas de cassação:
a)  Não comparecimento injustificado do beneficiário na
audiência admonitória
b)  Provimento de recurso de acusação contra a concessão da
medida alternativa na sentença condenatória
c)  O condenado, na audiência, recusa as condições atreladas
ao benefício.
7. PRORROGAÇÃO:

Há duas hipóteses em que o período de prova pode ser
prorrogado:

A) Quando facultativa a revogação, o juiz preferir estender o
período de prova até o máximo, evitando-se o cancelamento
imediato do benefício concedido.

B) Quando o beneficiário esteja sendo processado por outro
crime ou contravenção. Prorrogação automática e perdura até o
julgamento definitivo do processo.

#atenção! #fiqueligado! – a simples instauração de
procedimento investigatório não acarreta a prorrogação do
período de prova.

8. EXTINÇÃO:

Expirado o prazo sem que tenha havido a revogação do sursis,
considera-se extinta a pena privativa de liberdade.

#PERGUNTA:
ü  É possível sursis sucessivos e simultâneos?

-  Sucessivo: depois de extinto o beneficio, pratica novo crime
culposo ou contravenção penal. (Se não for doloso, nada
impede)

-  Simultâneo: ao mesmo tempo. Possível quando o réu,


durante o período de prova, é condenado a crime culposo ou
contravenção penal não superior a 2 anos. (revogação
facultativa).
SURSI + DETRAÇÃO: É possível?

Não tem cabimento a detração penal no período de prova do
sursis que, em regra, varia de 2 a 4 anos. Assim, de a pena
privativa de liberdade de 2 anos foi suspensa condicionalmente
por outros 2 anos, a circunstância de ter o condenado
permanecido preso provisoriamente por 1 ano, por exemplo,
em nada interferirá no período de prova, que subsistirá pelo
tempo de 2 anos.

Mas será aplicável esse instituto na hipótese de ser revogado o
sursis, pois aí restará ao condenado a obrigação de cumprir
integralmente a pena que lhe foi imposta. No exemplo acima,
faltaria somente 1 ano para a satisfação total da pena.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
1.  CONCEITO e NATUREZA JURIDICA:

É uma medida penal consistente na liberdade antecipada do


reeducando, etapa de preparação para a soltura plena.
(importante instrumento de ressocialização).

É UM BENEFÍCIO (forma diversa de se cumprir a pena), em
decorrência do sistema progressivo de cumprimento de pena.
#Atenção: não se exige para tanto, a passagem por todos os
regimes prisionais.


ü  O livramento condicional é direito subjetivo do condenado
ou faculdade do juiz de execução?


Trata-se de direito subjetivo do condenado. Não é um beneficio
que está à mercê da vontade do julgador, é obrigatório, desde
que preenchidas as formalidades e requisitos constantes do
preceito.

2. REQUISITOS:

Se dividem em objetivos e subjetivos.

2.1 OBJETIVOS:
relacionados com a pena importa a reparação do dano.

A)  A pena imposta deve ser pena privativa de liberdade. (não alcança
penas restritivas de direito ou pecuniária)
B)  A pena concreta a ser cumprida deve ser igual ou superior a 2
anos. (As penas que correspondem a infrações diversas devem
somar-se para efeito do livramento)
C)  O apenado deve ter cumprido parcela da pena:

c.1) se reincidente: mais da metade (apenas a reincidencia dolosa)
c.2) se não reincidente e portador de bons antecedentes: mais de 1/3.
c.3) condenação por crime hediondo ou equiparado, ou tráfico de
pessoas E desde que não seja reincidente específico: mais de 2/3

#OBSERVAÇÕES:

-  Para atingir o tempo mínimo de pena cumprida, computam-
se a prisão provisória, administrativa e internação em
hospitais em custódia, tratamento psiquiátrico, bem como a
pena remida pelo trabalho e/ou estudo.

-  O cometimento de falta grave, embora interrompa o prazo


para a obtenção do benefício da progressão do regime, não o
faz para fins de concessão de livramento condicional, por
constituir requisito objetivo não contemplado no artigo 83 CP.
(Súmula 441 STJ).
D) Exige-se a reparação do dano causado pela infração penal,
salvo impossibilidade de fazê-lo.

-  A simples ausência de propositura de ação de indenização por
parte da vítima não supre a presente necessidade.

-  O mero fato de o patrimônio do reeducando estar submetido
à constrição processual não o desobriga de reparar o dano
causado pela infração penal.
2.2 – SUBJETIVOS:

SOMANDO-SE aos objetivos.

A)  Comportamento carcerário satisfatório

B)  Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído.

C)  Aptidão para prover a própria subsistência mediante
trabalho honesto.

#ATENÇÃO #FIQUELIGADO: a lei não determina que o apenado
deva ter o emprego assegurado no momento da liberação, mas
sim a APTDÃO, isto é, a disposição, a habilidade.
D) No caso de crime doloso praticado com violência ou grave
ameaça à pessoa, é imprescindivel a constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinquir.

Instrumento: exame criminológico.
3. CONDIÇÕES:

Período de prova (restante da pena a cumprir), o condenado
ficará subordinado a determinadas condições obrigatórias e
facultativas.

3.1 – OBRIGATÓRIAS:

A)  Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável.

Obs:
-  deve ser fixado pelo juiz, levando em conta o contexto fático.
-  Nada impede que tal prazo seja prorrogado se o juiz verificar
que, apesar do empenho do beneficiário, não logrou exito na
admissão.
B) Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação.
(A critério do juiz)

C) Não mudar da comarca sem prévia autorização do juízo.

3.2 – FACULTATIVAS:

Além das condições obrigatórias, o juiz pode fixar outras:

Exemplos:
a)  Não mudar de residência sem autorização do juizo.
b)  Recolher-se à habitação em hora fixada
c)  Não frequentar determinados lugares
d)  Outras condições judiciais adequadas ao fato e à situação
pessoal do liberado.
4. CONCESSÃO E EXECUÇÃO:

A)  Competência: juiz da vara de execução penal.
B)  Oitiva do Ministério Público é obrigatória
C)  Marco inicial: audiência admonitória (realizada no
estabelecimento onde esta sendo cumprida a pena).
D)  Concordando com as condições, será expedida a carta de
livramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas)
vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa
incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
E)  A cerimônia do livramento condicional ato solene.
5. REVOGAÇÃO:
Pode ser obrigatória ou facultativa:

5.1 OBRIGATÓRIA:
A)  Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível, por crime cometido
durante a vigência do benefício.

-  Não se computa na pena o tempo em que esteve solto.


-  Não se concederá, em relação a mesma pena, novo
livramento. (nada obsta que tenha em relação a segunda
infração, desde que tenha cumprida inteiramente a pena da
primeira).
-  O restante da pena cominada ao crime não pode somar-se à
nova pena para efeito da concessão do novo livramento.
B) Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade,
em sentença irrecorrível, por crime ANTERIOR a vigência do benefício.

-  Período de prova é computado como tempo de cumprimento da
pena.
-  Possível a concessão de novo livramento, desde que preenchidos
novamente os requisitos, admitindo, ainda, somar as penas dos dois
crimes.

Ex: João, cumprindo pena pela prática do crime de roubo, foi


beneficiado pelo livramento faltando 3 anos para cumprir a
reprimenda. Depois de 2 anos, é condenado definitivamente a ppl por
novo crime, porém cometido antes do período de prova do
livramento, mais especificadamente, estelionato. O tempo em que
João esteve solto (2 anos) será computado como pena cumprida.
5.2 – FACULTATIVA:

A)  Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações
constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente
condenado, por crimeou contravenção, que a pena não seja
privativa de liberdade.

6. PRORROGAÇÃO:

-  Pressupõe o cometimento de crime na vigência do livramento
-  Impede o juiz de julgar extinta a pena (prorrogando-se o
período de prova)
-  Prorroga-se o período de prova até o julgamento definitivo.



7. SUSPENSÃO:

-  Pressupõe o cometimento de crime na vigência do livramento
-  Autoriza o juiz a ordenar o recolhimento cautelar do liberado
(suspendendo sua vida em liberdade)
-  O recolhimento persiste enquanto necessário, não podendo,
obviamente, exceder o prazo previsto para a pena em
cumprimento.

8. EXINTIÇÃO:

Considera-se extinta a pena se até o seu término o livramento
não for revogado.
(oitiva do Ministério Público é obrigatória).

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