DA CORPOREIDADE E A PSICOLOGIA CORPORAL. Fernanda Pardi & Gustavo Alvarenga Oliveira Santos. Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
As psicoterapias corporais apresentam importância dentro da Psicologia por
compreenderem o corpo como um instrumento de linguagem para as experiências vividas do sujeito no âmbito psicológico. A expressão do corpo também é utilizada por meio dessas psicoterapias para entender o desenvolvimento humano por meio de disciplinas psicológicas tais como as teorias da personalidade, as psicopatologias, dentre outras. Assim, o presente estudo busca compreender a Fenomenologia da Corporeidade e sua relação com a Psicologia Corporal. Nesse sentido, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica teórica fenomenológica sobre as noções de Corporeidade de Merleau- Ponty. As suas ideias foram comparadas com as de outros autores importantes que discorrem acerca da expressão do corpo humano. Além de artigos, foram utilizados materiais extras como capítulos dos livros: O Corpo Fala, O Corpo Revela, Corpo e Existência e Anatomia Emocional. A escolha do filósofo Maurice Merleau-Ponty ocorreu devido aos seus estudos sobre diversos temas que abrangem e se relacionam com a corporeidade: intencionalidade dos gestos corporais, o desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal nas diferentes culturas e a subjetividade humana expressa pelo corpo. Segundo o mesmo, não é possível tratar do corpo sem o sujeito e a sua percepção, pois com tal sujeito, percebemos o mundo. O corpo vivido é aquele que se sente, se experimenta e age com um comportamento significativo. Já, a Psicologia Corporal apresenta suas raízes em Wilhelm Reich, médico austro-húngaro e colaborador de Freud. Reich rompeu com a Psicanálise e criou sua própria Escola, segundo a qual pensamento e emoção são indissolúveis e influenciam-se mutuamente e, com base em seus trabalhos iniciais, diversos outros estudiosos continuaram o desenvolvimento de pesquisas sobre a relação mente-corpo, como Stanley Keleman e Kurtz e Prestera. Keleman propõe que o homem é um organismo em autoconstrução. O seu corpo é uma série de espaços organizados que desenvolve uma estrutura que permite a circulação de nutrientes e substâncias. Da mesma maneira, absorvemos nutrientes emocionais do mundo que nos rodeia realizando trocas desses elementos com as outras pessoas. Além dele, é importante ressaltar Kurtz e Prestera, que também conectam a Biologia com as vivências pessoais acerca da compreensão das atitudes corporais desencadeadas pelos aspectos emocionais vivenciados. De acordo com eles, o corpo é a mente manifestada e revelador da nossa personalidade. Tal personalidade é composta por traumas, triunfos, crenças, sentimentos e recordações que dão forma e organizam o comportamento expresso tanto na nossa postura corporal, assim como em ligamentos e músculos. Além de nossa personalidade; nossa historia, caráter e sentimentos são manifestados corporalmente. Portanto, a Fenomenologia vai além de simples conceitos filosóficos, podendo ser eficaz para o tratamento clínico realizado por Psicólogos, principalmente ao se utilizar dos estudos sobre a Corporeidade. Essa lacuna entre a Fenomenologia e a Psicologia Corporal precisa ser modificada, pois o corpo não é somente "um espaço expressivo", mas "o próprio movimento de expressão".