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A psicanalista Julieta Jerusalinsky expõe o corpo presente e psique ausente das pessoas em

virtude da tecnologia dos celulares, problematizando isso ainda mais no período infantil (entre os 0
aos 3) onde a criança ainda está realizando a constituição de si e de seu corpo.

Ela inicia colocando em pauta as informações que a internet traz: que a superficialidade
escandalosa é mais importante do que a questão em si pois neste mundo imediato, questões
complicadas exigem tempo e trabalho. Analisa o equívoco que carrega a "visualização" virtual com
base em Lacan, defendendo que a mensagem deve ser vista, compreendida para assim concluir a
resposta - o que não acontece nas mensagens virtuais pois estamos impelidos a dar uma resposta
imediata. Jerusalinsky comenta que o bombardeio de informações diferentes confundem e
vaporizam a resposta buscada e negligencia a experiência a posteriori necessária para a maioria das
vivências básicas cotidianas pois o Dr. Google pode trazer soluções para todas as situações novas da
vida, podendo dar aos pais, a capacidade de trazer auto-diagnósticos precipitados sobre seus filhos e,
caso, alguma solução dê errado, não há a quem culpar; Ela explana a geração de culpa ou estado de
obsolescência, sentido pelas pessoas, quando não se atualizam do que está sendo transmitido
virtualmente, não tendo tempo vazio para fora da internet para processar as informações ou realizar
experiências por si própria; A doutora discorre que as crianças possuem um acesso ilimitado à
informação mas elas carecem de ter com quem singularizar esta informação, o que de fato comprova
que a receita de um bolo se torna um bolo? (ou no exemplo mais ligado às crianças: a receita de
slime realmente dá certo?).

A linguagem que interessa é aquela que serve pra representar aquilo que nos atinge no nosso
corpo e pra isso é preciso uma cena compartilhada com nosso corpo e, no momento de 0 a 3 anos, é
quando a criança está realizando a constituição de si, a relação com os demais e faz a apropriação de
seu corpo - corpo que dentro das janelas virtuais não é compartilhado ou construído uma linguagem
mas tornando-as "papagaios" de repetição. A maneira que os adultos têm de falar de forma a
apresentar um objeto do mundo ligam a palavra com a coisas, emoldurando-a de uma forma
interessada à ela e com gestos, permitindo representar o que se passa no nosso corpo, necessitando
ser carnal. Analisando a tecnologia ainda nesta perspectiva, é observado que a tecnologia vem sem
manual de instruções, dependendo das experiências a posteriori e respostas de "on" e "off" e "sim"
ou "não", você escolhe clicar e explorar ou você paralisa pois não há guias ou "pais" necessários para
a apresentação dos "objetos" virtuais.

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