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1.

Introdução

A escola é um ambiente de socialização e aprendizagem, todavia, ela não se


define nesses dois aspectos, por esse motivo a presente pesquisa tem por objetivo
buscar compreender o papel da escola perante a sociedade, analisar as suas
propriedades organizacionais, as práticas pedagógicas, a sua estrutura curricular e o
projeto político pedagógico, entre outros aspectos que entrarão em discussão afim
de facilitar a compreensão do desenvolvimento cotidiano das escolas. Todas essas
discussões são necessárias para que consigamos desenvolver o senso crítico, como
também para ampliar o nosso conhecimento.

A violência, o desemprego, a pobreza e outros problemas sociais,


infelizmente estão constantemente presentes em nossa sociedade, com isso a
escola assume um papel prioritário no combate a essas realidades, ela é a
esperança de que a mudança irá chegar. Pensando nisso, com o passar dos anos o
ambiente escolar tornou-se um direito de todo cidadão, direito que está mencionado
em nossa constituição federal, no capítulo III, art. 205: A educação, direito de todos
e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Mais do que um direito, o
acesso à educação é um dever, as famílias tem por obrigação encaminhar a criança
até a escola, tencionando o seu desenvolvimento como pessoa e como futuros
trabalhadores. É importante ressaltar que a escola não trabalha sozinha, ela trabalha
em conjunto com a sociedade, para que juntos consigam atingir seus objetivos e
suas metas.

Paulo Freire, educador, pedagogo e filósofo brasileiro em sua frase: “Se a


educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade
muda” revela muito bem a importância da educação. A escola não é só um ambiente
de estudo e aprendizagem, ela é um ambiente de relações sociais que interfere
diretamente na sociedade como um todo, por mexer profundamente com as
estruturas sociais é de fundamental importância manter um bom planejamento
pedagógico, que se alinhe com os objetivos governamentais e com a pratica
docente, além de considerar as diferentes realidades que despontam do ambiente
escolar. Em vista disso a constituição federal mais uma vez favorece o bom
desenvolvimento educacional, vejamos: Art. 206. O ensino será ministrado com base
nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o


saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de


instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de


carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

Todos os princípios acima devem ser respeitados para que no futuro


tenhamos adultos transformados pela educação, fica cada vez mais claro que a
escola é um local de permanência, onde cada cidadão entra com uma mentalidade e
sai com outra diferente, sempre buscando evoluir seu conhecimentos. Os direitos e
deveres que foram expostos nesse relatório precisam se concretizar na pratica e no
cotidiano das escolas, afim de garantir um estudo de qualidade e acessível. É
baseado nessa fundamentação que iremos trazer reflexões e discernimentos acerca
do tema, buscando expor e analisar a dinâmica escolar na prática.

A escola que será analisada é a Escola de ensino fundamental São José,


localizada no centro de Cruzeiro do sul – AC, ela abrange os anos iniciais e anos
finais do ensino fundamental, contando com um total de 1212 alunos matriculados.
Abordaremos nesse relatório, como se deu a formação do PPP da escola e suas
características, fazendo um comparativo com autores que abordam sobre o tema e
também comparando o documento com a prática, vale lembrar que diante da
pandemia do COVID-19 os encaminhamentos educacionais mudaram, estamos
vivendo um momento de aulas online em que tudo é relativo e que o
descumprimento do PPP é compreensível.

2. Desenvolvimento.
2.1 Caracterização da Escola.
A Escola analisada é uma é uma instituição de ensino
fundamental , pertencente à Diocese de Cruzeiro do Sul e mantida pelo
governo do estado, situada na Avenida 17 de Novembro, ao todo conta
com 95 funcionários e atende cerca de 1212 alunos que são matriculados
nos dois turnos. A clientela abrangida pela escola faz parte de diversas
classes sociais , pertencente a vários bairros de Cruzeiro do Sul.
O alunos pertencentes a escola São José são alunos com
características próprias, em sua maioria, contam com o apoio familiar,
outros contam com o apoio de outros parentes, o que não chega a ser um
problema, desde que eles acompanhem efetivamente o aluno na escola,
dando apoio e condições necessárias para o desenvolvi acadêmico,
possuem um conforto básico, possuem o material básico e possuem
uniforme. Na escola há alunos das mais diversas religiões, sendo a maior
parte representada pelos católicos, seguido do evangélicos e os demais
alunos se julgam ateus, espíritas, praticantes do Santo Daime e
Testemunhas de Jeová. Como sabemos a escola é composta por alunos
das diversas classes, sendo que existe uma porcentagem de alunos de
baixa renda na escola, alguns dependendo das subvenções do governo,
tendo trezentos e trinta alunos que são beneficiários do programa Bolsa
Família. A escola funciona no período diurno, sendo pela manhã das 7h
às 11h15min e pela tarde das 13h às 17h15min. Há 19 salas de aula
funcionando nos dois turnos, perfazendo um total de 38 turmas: duas
turmas de 1º ano, 3 turmas de 2º ano em cada turno e duas de cada ano
de 3º ao 9º em cada turno .
Faz-se necessário conhecer e analisar a comunidade em que
estamos inseridos, suas necessidades, potencialidades e expectativas,
adequando a ela, nosso trabalho de atendimento educacional, é a única
forma possível para atendermos às suas finalidades de formar cidadãos,
conscientes e capazes, fornecendo, ainda, os conteúdos e habilidade
necessária à sua melhor inserção no ambiente social.
2.2 A estrutura administrativa e organizacional da escola.

A estrutura administrativa e organizacional da Escola de Ensino Fundamental


São José está contida no sub-item 2.3 Estrutura Administrativa, Pedagógica e
Docente, do item 2. Diagnóstico, presentes no Plano Político Pedagógico da escola,
do ano de 2018.

No PPP consta que conforme as orientações da Secretaria Estadual de


Educação, é amplo o quadro de servidores. Nos quais são eles: gestora,
coordenadora de ensino, 4 (quatro) coordenadoras pedagógicas (duas por turno e
cada uma atendendo a uma modalidade de ensino),11 funcionários de apoio do
quadro permanente, 11 funcionários de cooperativa/terceirizados. Quanto a equipe
docente temos, de 1º ao 5º ano, 22 (vinte e dois) professores, sendo 3 (três) do
quadro permanente e 19 (dezenove) temporários; 6º ao 9º ano, 12 (doze) docentes,
8 (oito) do quadro efetivo e 12 (doze) temporários. A equipe de inclusão é composta
de 13 (treze) servidores do quadro temporário, entre eles: professores de AEE,
mediadores, assistentes educacionais e intérprete de Libras surda.

Para que a Escola atinja de forma eficiente e eficaz suas finalidades tanto
gerais como particulares, favorecendo a construção do conhecimento do educando,
objetivando sua autonomia, bem como sua capacidade de aprender a aprender
partindo de suas vivências e aquisições cognitivas, formando cidadãos éticos,
comprometidos com os valores cristãos, visando a transformação da sociedade, é
necessário estabelecer estratégias de diagnose e intervenção coordenadas pela
equipe pedagógica composta pela coordenadora de ensino professora Eliete de
Souza Melo e as coordenadoras pedagógicas professoras Maria de Nazaré Soares
Lima , Ana Lima Cordeiro Gomes e Maria do Rosário Martins.

No início do ano letivo são realizados encontros de planejamento das


atividades escolares a serem concretizadas no decorrer dos 200 dias letivos, é o
Calendário escolar que delineia os encontros pedagógicos de planejamento com
professores, avaliações, encontros com os pais, entre outros. As intervenções são
feitas de acordo com a necessidade, em reuniões de pais, conversa com alunos,
acompanhamento dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Quando são estabelecidas metas em sala de aula, ou em toda a escola, é
automaticamente marcado um percurso de aprendizagem para trilhar no referente
ano letivo. Com isso, tem-se um passo a passo das ações pedagógicas com tempo
definido para acontecer e critérios para entender se o percurso foi realmente
produtivo.

2.3 O projeto político-pedagógico.

O PPP escolar é um documento que deve ser elaborado por cada instituição
de ensino para orientar os trabalhos durante um ano letivo. O projeto político
pedagógico precisa ter o caráter de um documento formal, mas também deve ser
acessível a todos os integrantes da comunidade escolar. Ele determina, em linhas
gerais, quais os grandes objetivos da escola, que competências ela deve
desenvolver nos alunos e como pretende fazer isso. É através do PPP escolar que
cada instituição articula a maneira como os conteúdos serão ensinados, levando em
consideração a realidade social, cultural e econômica do local onde está inserida.
Desse modo, o projeto deve servir para atender às especificidades de cada escola e
deve ser flexível, para atender às demandas de aprendizado específicas de cada
aluno.

O PPP da Escola São José surgiu da necessidade do estabelecimento de


diretrizes baseadas na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, nas
Normativas e Pareceres, objetivando fomentar o processo de gestão democrática no
interior das instituições, elevar a qualidade do ensino oferecido, corroborando com a
organização do processo educativo em si, explicitando tipo de homem que se quer
formar, objetivos educacionais, definindo estratégias avaliativas, metodologia e o
currículo a ser desenvolvido dentro da instituição.

Ilmar Passos, diz que: “Buscar uma nova organização para a escola que
constitui uma ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. E para
enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial que fundamente a
construção do projeto político-pedagógico. A questão é, pois, saber a qual
referencial temos que recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica.
Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de uma teoria pedagógica
crítica viável, que parta da prática social e esteja compromissada em solucionar os
problemas da educação e do ensino de nossa escola. Uma teoria que subsidie o
projeto político-pedagógico e, por sua vez, a prática pedagógica que ali se processa
deve estar ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se necessário,
também, o domínio das bases teórico-metodológicas indispensáveis à concretização
das concepções assumidas coletivamente.”

A nossa vivencia atual, sobre a relação escolar é necessário buscarmos


dentre os meios propostos do PPP, maneiras efetivas que se encaixem na realidade
de cada ambiente escolar, pois sabemos que cada escola é uma existência
diferente, por isso Ilmar Passos propõe uma inspiração de ousadia, pois sabe como
é difícil uma prática pedagógica onde não se tenha vigor para chamar atenção
daqueles para que fora criado o projeto.

VEJAM LÁ NO PPP DA ESCOLA SÃO JOSÉ O QUE DIZ A ESCOLA SOBRE


OS FUNDAEMENTOS EPISTEMOLÓGICOS, HÁ UMA BOA REDAÇÃO QUE PODE
SER APROVEITADA POR VOCÊS E DISCUTIDA. , INICIEM O PARÁGRAFO
DIZENDO QUE A ESCOLA DEIXA CLARO EM SEU PPP QUE .... VEJAM LÁ NA
PÁGINA 17 DO PPP

2.4 O currículo escolar.

A palavra currículo deriva da palavra latina “Scurrere”, onde se refere a


“programação total ou parcial de um curso ou de matéria a ser examinada” ou seja,
é uma síntese de um resultado de uma seleção teórica, com inserção ou exclusão
de conteúdos simples, de maior ou menor dificuldade/complexidade na relação de
propostas pedagógicas.

Esse termo é usado de várias formas no sentido educacional, porém não se


tem uma única definição para os teóricos que se aprofundaram nesse conceito.

Para SACRISTÁN ele define da seguinte maneira “o currículo aparece, assim,


como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à
criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de
modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se
operem as oportunas reacomodações”  (SACRISTÁN, 2000, p. 46).
Para que o ensino possa se efetivar de forma comum a todos, é necessário
haver um currículo onde o ensino de aprendizagem atenda os alunos em suas
necessidades reais, oferecendo uma educação de qualidade e voltadas para todos,
não havendo nenhuma exceção, e de forma que esteja baseado nos âmbitos da lei e
dos projetos pedagógicos. Nisso a escola deve ser apoiada pelo PPP (Projeto
Político Pedagógico), este que assegura aos educandos todos os seus direitos de
aprendizagem.

O currículo da escola, deve estar pautado na Lei de Diretrizes e Bases da


Educação, Diretrizes Curriculares Nacionais, Parâmetros Curriculares Nacionais e
resoluções que regulamentam a Educação Básica. A carga horaria proposta deve
ser flexível, não sendo fechada, pois deve estar aberta para novas ideias a serem
integradas nas áreas de conhecimento, assim, não sendo oclusa para a inovação
educacional.

Podemos incluir nesse meio, a integração dos professores e a equipe


pedagógica, estes contribuem de forma essencial nas áreas dos conhecimentos e
projetos a serem elaborados e estruturados de acordo com a vivencia escolar, pois
essa organização deve estar de acordo com a realidade dos alunos, fazendo com
que nenhum individuo seja deixado de lado, visto que vivemos em uma sociedade
marcada por desigualdade e preconceitos.

Em suma, podemos ver que a maneira estrutural do currículo acende na


comunidade escolar uma democratização de oportunidades para o aluno ter acesso
a educação ampliando suas possibilidades de exercer a cidadania com dignidade,
confiança e preparo profissional, vencer as dificuldades impostas por uma sociedade
discriminadora (MOREIRA,2009).

É PRECISO MENCIONAREM O QUE DIZ O REFERENCIAL CURRICULAR


DO ESTADO DO ACRE VEJAM O QUE FOI SOLICITADO E ACRESCENTEM
AQUI, É FUNDAMENTAL ESSA PARTE. VEJAM O QUE PEDI:

Em seguida já trazer um pouco do currículo de referência único do Estado do Acre (ir


apontando de forma resumida) : os conceitos para compreender aprendizagem; direitos e
objetivos da aprendizagem, competências e habilidades, conteúdos (mencionar apenas alguns
– voltando sempre o olhar para os conteúdos de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental).
- Resumidamente falar das políticas públicas (p.28 do Referencial Único do
Estado do Acre) e no final argumentar sobre sua importância para a educação do Acre como
um todo. / Educação de jovens e adultos; Educação especial; Educação rural; Educação
escolar indígena.

2.5 Organização do trabalho escolar

As disciplinas curriculares estão fundamentadas na nova Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional, que exige do aluno e do professor um trabalho de
cooperação, em que o saber seja constantemente construído/reconstruído. A escola
executa diversos projetos, atividades sequenciadas, através das quais é possível a
discussão de temas diversos e realização de trabalho interdisciplinar.

A metodologia de trabalho proposta pela escola é a chamada metodologia


dialógica, que tem o diálogo como sua essência e que exige do educador uma
postura crítica de problematização, da discussão no coletivo, da disponibilidade do
educador na apropriação, construção e reconstrução do saber. Partindo-se do
conhecimento do aluno, espera-se ampliá-lo pela apropriação do saber universal e
pela produção de novas formas de conhecimento do real.

A prática pedagógica de cada professor será acompanhada pelo coordenador


pedagógico, assessorado pelo coordenador de ensino que terão a função de
acompanhar e controlar o processo pedagógico, fornecendo meios para que a
qualidade da educação no interior da escola se fortaleça. Serão realizados
constantes encontros pedagógicos cujos objetivos serão de estimular e assistir o
professor em sua prática pedagógica, organizar e avaliar todo o processo
desenvolvido e planejar atividades que visem o sucesso da aprendizagem.

O trabalho realizado coaduna com a difusão da ideia no interior da Escola de


que o aluno é o centro do processo, a razão de ser da instituição escolar e por isso
deverá ser bem assistido em todos os sentidos. Trabalharemos em conjunto, com
espírito de equipe que visa apenas um alvo, para dessa forma facilitar e solidificar os
resultados.

A educação básica é organizada com carga horária mínima de 800


(oitocentas) horas, distribuídas por um mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo
trabalho escolar, excluindo o tempo reservado aos exames finais.

No calendário escolar da Escola São José estão inseridas todas as atividades


realizadas na escola durante o ano letivo: feiras, projetos, sessões cívicas,
celebrações, recessos entre outros; da mesma forma estão inseridos todos os
feriados, encontros de pais e mestres, datas previstas para a realização das
avaliações bimestrais e anuais assim como suas respectivas recuperações.

O calendário é elaborado coletivamente e disponibilizado para apreciação


pela comunidade escolar geral em seguida uma súmula do mesmo é preparado e
encaminhado para todos os pais de forma que possam acompanhar todo o processo
em comunicação com a escola.

2.6 As dimensões do trabalho escolar em tempos de pandemia.

Os processos de organização utilizados pelas escolas com base na lei de


diretrizes e bases e no referencial único são essenciais para uma boa educação, no
entanto esses processos sofreram algumas mudanças devido a pandemia que nos
assola. O vírus COVID-19 vem devastando a nossa civilização, o isolamento social é
a única maneira de “controlar” o agente infeccioso, diante disso os profissionais da
educação encontraram grandes dificuldades para enfrentar, entre elas está o ensino
de maneira online, foi necessário adaptação e mudanças para conseguir um ensino
de qualidade e de maneira não presencial.

Assim como as demais escolas, a escola São José também precisou se


adaptar a essa nova realidade, o ensino de maneira online foi a solução mais viável
para que nesse momento pandêmico a aprendizagem não fosse prejudicada, no
entanto, de certa maneira a educação se desestabilizou, o ensino remoto possui
diversas dificuldades, tanto para o aluno quanto para o professor, entre elas
encontramos desigualdades sociais, já que nem toda criança tem acesso a
computador e a internet, docentes que tiveram de mudar sua maneira de ensinar,
discentes que não participam das aulas, entre outras problemáticas que serão
discutidas. Buscando compreender como o trabalho dos professores está se
desenvolvendo nesse momento, realizamos uma atividade de pesquisa com os
professores. A entrevista foi realizada com o professor “R” que nos forneceu
informações importantes.

De início, iremos caracterizar o docente envolvido, o mesmo é do sexo


masculino, tem idade de 26 a 30 anos, é licenciado em Letras Português, o seu
tempo de magistério está entre 0 e 5 anos, sendo o mesmo professor da escola de
ensino fundamental São José. A entrevista foi analisada e debatida nas questões de
maiores relevância, segue abaixo a entrevista completa:

1) Como tem se dado sua atuação prática enquanto professor (a) do ensino
fundamental nesse ano, em função da pandemia?

No início foi tudo bem complicado, tudo era incerto, não sabíamos como
lidar com essa situação. Ficamos alguns meses “parado”, em busca de
soluções para dar continuidade aos nossos trabalhos. Foi então que surgiu o
ensino remoto, no qual, teríamos que lecionar em casa por meio de
plataformas digitais. No começo foi bem complicado, pois não dominávamos
ainda essa técnica, mas depois tudo foi ficando mais acessível, e a prática de
ensino foi se desenvolvendo gradativamente. No entanto, o trabalho tem sido
satisfatório, muito embora essa forma de ensino não atenda a todos os alunos,
mas o pouco que conseguimos atingir, temos resultados positivos.

Diante da resposta do professor conseguimos observar que o ensino remoto


foi algo novo e que os professores precisaram se adaptar a essa nova realidade. É
evidente que o ensino remoto colaborou para que não houvesse a paralização total
das aulas, no entanto, a longo prazo não é uma solução muito eficaz e não pode ser
permanente, porque a falta de convivência com outros seres humanos influencia no
aprendizado. Lev Vygotsky (1896 a 1934) foi um grande defensor do convívio social
como meio de aprendizagem, confirmando isso em suas teorias, de maneira
resumida ele defende a ideia de que o bom desenvolvimento da criança não
depende só do professor, mas do meio no qual ela convive, por exemplo, uma
criança que possui uma capacidade cognitiva superior não precisa mudar de classe,
mas sim conviver com as que não são bem dotadas, a partir disso ele incentiva a
troca de experiências, e com isso a criança aprende com o meio. Esse é o grande
problema do ensino remoto, incentivamos cada vez mais as crianças a perderem o
interesse pelas relações sociais e logo limitamos o seu conhecimento.

2) Você tem participado das reuniões pedagógicas? De que modo tem sido
realizado esses encontros: presencial, online. Manifeste sua resposta.

Assim que iniciamos o ensino remoto, todo o contato presencial foi


descartado, e com isso, os encontros pedagógicos também passaram a ser
remoto. É fato de que não é mesma coisa se fosse no presencial, mas que
diante disso, conseguíamos fazer nossos planejamentos e ter um retorno
rápido.

Como debatido na questão anterior, observa-se que não somente a relação


aluno-professor necessitou de adaptações. Frente a nova realidade decorrente da
atual pandemia, viu-se a necessidade de suspensão das aulas presenciais, para
conter o avanço da doença, no entanto estreitar as relações referente ao ensino, foi-
nos a única solução para não perder totalmente o ano letivo. Planejar um ensino a
distância também tem suas dificuldades, mas como dito pelo professor:
“conseguíamos fazer nossos planejamentos e ter um retorno rápido” vemos o quão
necessário era adaptar-se as novas formas de lecionar.

3) Como tem se dado o planejamento escolar nesse ano de 2020/2021?

( x ) é feito com auxílio do coordenador

( ) tem sido feito individualmente

( ) não tem sido feito

( ) tem sido feito, porém, com dificuldades

4) Para dar suporte ao ensino você tem feito uso de gravação de aulas dos
conteúdos para os alunos ou tem sido feito apenas o preparo de atividades
impressas para envio aos discentes? E de que modo são feitas as gravações?
Sim. Tivemos que nos adaptar as mais diversas formas e nos capacitar
para que o ensino pudesse chegar até o aluno, seja aquele com internet em
casa ou não. E com isso, tive que criar um canal no YuoTube para postar
vídeos gravados com o conteúdo que seria para o aluno. Além disso, era
preciso criar apostilas com os conteúdos e atividades para entregar aos
alunos que não tinham acesso ao computador/internet. No segundo ano da
pandemia, já evoluímos e passamos a dar aula ao vivo por meio da plataforma
google meet.o que por sinal rendeu mais resultados positivos.

5) Para o preparo das atividades vocês seguem o Referencial Curricular:


Referencial Único do Estado ou apenas o livro didático? Ou outros materiais?

Seguimos sim o referencial único do Estado, como uma forma de


unificação do ensino, bem como o uso do livro didático para nos orientar em
relação aos conteúdos.

6) Tem sido proveitoso o desenvolvimento dessas aulas gravadas, e tem


atendido as especificidades dos alunos, no que se refere a: aprendizado, acesso a
todos, entre outros elementos?

Em partes. Sabemos que no meio tecnológico nem tudo é acessível,


nem todos alunos tem internet em casa ou até mesmo um computador e muito
menos celular, e quando tem, é o telefone dos pais, que na sua maioria
trabalham e o filho fica sem acesso as atividades desenvolvidas pelo
professor. Mas diante dessa realidade, são encaminhadas atividades
impressas para esses alunos e depois dado um retorno à escola.

7) As atividades enviadas aos alunos tem retorno para os professores em:

( ) 100%

( x ) 75 %

( ) 50%

( ) 20%

( ) Não retornam
8) Como tem sido a participação das famílias no tocante à educação dos
filhos em tempos de pandemia

( ) Bom

( ) Muito bom

( x ) Regular

( ) péssimo

9) Antes da pandemia como era feita a receptividade dos alunos na escola? E


como tem se dado hoje?

Bem, no presencial tudo era diferente, conseguíamos ter um contato


mais próximos com nossos alunos, alguns abraços, apertos de mão, para
cumprimentá-los de alguma forma. Na sala de aula era desenvolvida alguma
dinâmica para início de conteúdo. Já n ensino remoto, todo esse contato se
perde, agora o que temos é apenas um sorriso fraco de alguns alunos, aqueles
que decidem ligar a câmera em algum momento, outros nem aprecem. E
diante disso, não sabemos que tipo de sentimento meu aluno está sentindo.

Interessante analisar essa questão de uma outra perspectiva, vemos como a


vida é volátil, e como o ensino as vezes também precisa aprender para conseguir
ensinar. Diante dos pontos destacados pelo professor, vemos como a pandemia
tornou desafiante o ensinar, como tornou a relação aluno-professor fria, e
principalmente a forma com que zerou qualquer forma de contato e convivência.

10) Os alunos com necessidades especiais tem recebido assistência dos


professores? Como tem se dado essa interação?

Sim, da mesma forma como se fosse no presencial. Desenvolvo uma


atividade especifica para o aluno e envio no privado do aluno ou dos pais que
seja resolvida, de acordo com a limitação do aluno. Na sala de aula é devolvido
um processo de interação com esses alunos.

11) Quais as implicações que podem ser trazidas aos alunos do Ensino
Fundamental por não terem recebido o ensino presencial nesse ano de 2020/2021?
É fato que de dessa forma de ensino não é 100% eficaz, o que torna o
ensino muitas vezes defasado, porque nem todos conseguem aprender por
trás da tela de um computador ou de um celular. Por ser um trabalho
desenvolvido em casa, muitos não dão importância, e acabam deixando de
lado o momento da aula e fazendo outras coisas, o que acarreta na defasagem
da aprendizagem.

12) A gestão da escola tem colaborado para que o processo de ensino e


aprendizagem ocorra de modo exitoso em tempos de pandemia? De que maneira?

Sim, bastante. Se não fosse a gestão da escola, não conseguiríamos


desenvolver um trabalho eficaz. É por meio dela que conseguimos atingir uma
maior quantidade de alunos, pois elas vão em busca, liga, vão na casa se
preciso for, na tentativa de resgatar esse aluno para que ele não sai
prejudicado em relação a sua aprendizagem.

13) Como tem se dado a avaliação dos alunos?

( ) A partir de atividades impressas

( x ) A partir de atividades impressas e provas bimestrais

( ) Não há provas

- Outras formas: Atividades enviadas on-line

14) No tocante às avaliações externas, antes da pandemia a escola


participava de tais avaliações? Quais? E nesse período de pandemia foi realizada
alguma avaliação?

Sim. Escola participa de todas a avaliações externas que vem a


acontecer. No entanto é a única escola do Vale do Juruá com a nota mais alta
do IDEB. Além disso, tem sido premiada com medalha de ouro na OBMEP, tem
também sido destaque nas OLP, e dentre outras avaliações e concursos. Já
nesse período de pandemia ainda não foi realizada nenhuma prova externa,
somente o concurso de produção textual da Olimpíada de Língua Portuguesa,
que estamos ainda fase estatual.
15) Como você define o processo de avaliação realizado dentro das escolas
nesse momento de pandemia?

Regular. Os alunos têm “a faca e o queijo na mão”, mas mesmo assim


os resultados na avalição não são tão satisfatórios. Eles podem fazer a prova
em casa, o que pode ocorrer de fazerem pesquisas e com isso não sabemos
se o aluno aprendeu ou não.

16) Por gentileza, expresse sua opinião sobre o processo ensino


aprendizagem do ano letivo de 2021. Mencione aspectos positivos, negativos,
sugestões.

O ensino remoto não é mesmo que o presencial, isso é fato. No entanto,


desenvolvemos práticas de ensino para que a aprendizagem possa chegar até
o aluno. Por muitas vezes, o ensino em casa deixa o aluno muito disperso,
sem dar valor ao estudo, o que acarreta na defasagem como já mencionei. O
que temos de positivo é que fomos uma das escolas que nunca parou com
nossos trabalhos, mesmo diante de tanas dificuldades conseguimos atender
vários alunos por meio aula on-line. De negativo é que esse ensino não chega
para todos, querendo ou não o rendimento escolar caiu, mas que estamos
agora buscando estratégias para solucionar essa problemática no retorno
presencial.

“Todo conhecimento começa num sonho” frase proferida por Rubem Alves
(pensador educacional) Partindo de posicionamentos como esse aqui firmado, é que
daremos seguimento à discussão que ora se faz presente, especialmente voltada
para a questão de que o ato de ensinar deve, ou pelo menos deveria, ir muito além
da mera transmissão de conteúdos, e principalmente se este, faz-se eficaz no atual
cenário escolar, embora toda essa iniciativa, hora seja neutralizada por dificuldades
como: falta de equipamentos por parte doas alunos e falta de participação. Cabe
pontuar o quão eficaz a escola tornou-se por rapidamente conseguir adaptar-se a
essa nova realidade afim de assistir, de forma ampla e proveitosa, toda, ou grande
parte da comunidade escolar.
2.7 Praticas pedagógicas e trabalho docente.

As práticas pedagógicas são aquelas ações escolares que acontecem em


sala de aula, ações que envolvem um professor e seus alunos, ações que envolvem
alunos e um grupo de professores, de especialistas de ensino ou ainda, a
comunidade escolar como um todo. (SOARES, 1989).

Para Sacristán, a prática pedagógica é compreendida como um desempenho


do professor, este que se define como um guia na orientação de seus alunos, é
aquele que dá luz em sua sala de aula, e interfere de maneira significativa no
conhecimento de seus alunos. Essas práticas, não podem de forma alguma serem
neutras, precisam chamar atenção pois serão eles que levantarão a curiosidade de
conhecimento dos seus, e compreender suas ideias, é uma das mais árduas
missões.

As práticas pedagógicas caminham lado a lado com os saberes docentes,


pois eles é que irão definir o que poderá ou não ser feito, e se esses terão uma boa
eficácia quando passada aos alunos. Tardif, defende a existência de uma prática
interativa entre o saber profissional e os saberes das ciências da educação. Para o
autor, o saber dos professores está relacionado com sua identidade, sua experiência
de vida e com sua história profissional, como as relações que estabelece com
sujeitos na escola. A prática pedagógica, em sentido amplo, é formada por um
grande número de modelos e circunstâncias recebidos do outro, por meio de ideias,
exemplos, sugestões. É nesse sentido que a interação entre os docentes se torna
importante e, algumas vezes, fundamental para uma boa atuação em sala de aula
(TOZZETO, 2011, p. 22)

Araújo afirma: “o desenvolvimento de práticas pedagógicas integradoras não


depende apenas de soluções didáticas, elas requerem, principalmente, soluções
éticas- políticas. Ou seja, a definição clara de finalidades políticas e educacionais
emancipadoras e o compromisso com as mesmas é condição para a concretização
do projeto de ensino integrado, sem o que esta proposta pode ser reduzida a um
modismo pedagógico vazio de significado político de transformação (2013, p. 03).”
Para tanto, as práticas pedagógicas constituem uma forma de ações
escolares que abrangem toda a equipe pedagógica, como professores, gestores,
alunos, toda a comunidade escolar, e isso faz com que o conhecimento seja
aplicado dentro e fora da escola, tais práticas se unem ao currículo escolar fazendo
com que os estudos sejam mais eficazes, um complementando o outro no processo
de aprendizagem de cada aluno. Esse currículo é modelado de acordo com as
necessidades de cada instituição, procurando suprir as necessidades de todos.

Tanto as práticas pedagógicas como o currículo feitos de forma competente,


estes cumprem melhor seu papel, tanto maior for o seu compromisso com a ideia de
emancipação dos sujeitos e desenvolvimento de suas capacidades criativas e
autonomia, uma vez que os efeitos das práticas pedagógicas vão muito além do
espaço escolar.

A nova realidade fez com que outras formas de ensinar surgissem para
manter a atuação escolar, então foi preciso encarar isso com seriedade para
conquistar resultados satisfatórios e uma adaptação estratégica e direcionada para
as novas e incertas demandas de ensino.

Neste viés, foi-nos necessário acompanhar de perto como a escola São José
está trabalhando tudo isso na prática, dito isso, assistimos a aula de língua
portuguesa no dia 14 de setembro de 2021, do 6º ano A e B. Esta teve inicio às 7:30
com uma breve reflexão, afim de incentivar o bem estar e dar luz a pensamentos
positivos, em seguida, o professor realizou uma breve revisão da aula anterior, na
qual o conteúdo estudado fora Conotação e Denotação. Dando continuidade, o
professor debruçou-se sobre o assunto a ser trabalhado no presente dia:
Concordância verbal e Concordância nominal. De forma rápida e objetiva o
professou explicou muito bem o assunto, sempre perguntando e incentivando a
participação dos alunos, que mesmo envergonhados, participavam. Após o assunto
ser finalizado, foi passado uma atividade de fixação, que exigiu a utilização do livro
didático (disponibilizado pela escola), depois de uma explicação de como seria feita
a atividade o professor deu liberdade para que os alunos perguntassem e tirassem
suas dúvidas acerca do assunto.

Na latente realidade escolar, observou-se como a presente escola adaptou-se


de maneira inteligente e proveitosa, de maneira acessível e inclusiva. O professor
como mediador e facilitador desempenhou de forma plausível sua função, transmitiu
o conteúdo programado de maneira fácil e compreensível, estava disposto a tirar
dúvidas e sanar quaisquer questionamentos referentes ao conteúdo. No entanto,
assim como qualquer nova adaptação, notou-se que nem todos os alunos
participaram da aula, os que respondiam assiduamente se restringiu ao número de
mais ou menos 6 alunos, observa-se que o modelo ideal de prática pedagógica foi
afetado por essa nova forma de ensinar, no instigando ao questionamento: será que
essas novas práticas pedagógicas são realmente eficazes?

2.8 Avaliação institucional, os indicadores de desenvolvimento e o


desempenho da educação básica.

De acordo com o Ministério da Educação, o Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais (Inep), criou o Índice de desenvolvimento da educação
básica (Ideb) a fim de aferir a qualidade do ensino da educação básica. Tal indicador
é calculado a cada dois anos, no qual leva-se em consideração o desempenho do
aluno através de avaliações nacionais e taxas de aprovação.

Para Maanen (1979) a expressão pesquisa qualitativa compreende um


conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar
os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir
e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a
distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, ente contexto e ação.
Segundo dados coletados na entrevista feita com o profissional da Escola de Ensino
Fundamental São José, afirma que a referida escola participa de todas as avaliações
internas e externas a ela propostas. Destaca ainda que ela é a única escola do Vale
do Juruá com a nota mais alta do IDEB, e veio sendo premiada com medalha de
ouro na OBMEP, que é a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.
Ressalta também que a escola se destacou nas OLP, que são as Olimpíadas
Brasileira de Língua Portuguesa.
(...) a avaliação não é uma questão de final de processo, mas que ela está o
tempo todo presente e, consciente ou inconscientemente, orienta nossa atuação na
escola e na sala de aula atuais. Quanto mais elementar é o nível de ensino, mais
contínua e difusa é a presença da avaliação.... (GODOI, 2006). Afim de fundamentar
o pensamento de GODOI, em contínua pesquisa no site Qedu.org.br, que contém os
resultados do Ideb e dos indicadores de aprendizado (Prova Brasil) e fluxo
(aprovação) em Cruzeiro do Sul por escola, pode-se ver que a Escola São José
obteve a nota 7,0 no Ideb (7,10 aprendizado x 0,99 fluxo), sendo a maior dentre as
escolas mencionadas

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