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A IMPORTÂNCIA DA PEQUENA EMPRESA

A IMPORTÂNCIA DO CONSELHO DA PEQUENA EMPRESA

Nesta quarta feira, dia 23/3, a Fecomercio lança o Conselho da Pequena Empresa. Ele se
faz necessário pois hoje das quase 6 milhões de empresas existentes no Brasil, cerca de
99% são micro ou pequenas empresas. Só por isso já se justificaria termos um fórum
na Fecomercio para discutir esse importante segmento. E realmente há algo muito
importante para ser discutido: esse enorme contingente representa apenas 20% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Na grande maioria dos países as micro e
pequenas empresas têm uma grande participação no PIB. Na Itália e na Espanha, por
exemplo, respondem por mais da metade.

Se olharmos sua participação nas nossas exportações, os números são ainda piores:
enquanto na Itália as micro e pequenas empresas respondem por 43% das mesmas, no
Brasil elas são responsáveis por míseros 1,2%. Se analisarmos a taxa de mortalidade
dessas empresas veremos que o problema é gravíssimo pois menos de 25% das
mesmas sobrevive após 5 anos da fundação.

Onde está o problema? A maior parte dos diagnósticos que tem sido feitos apontam que
a principal razão é a baixa produtividade. Isso é conseqüência de vários aspectos que
afetam não apenas as pequenas, mas também a totalidade das empresas que operam
no Brasil. Bons exemplos de causas para essa baixa produtividade são a taxa de juros
ou a alta carga tributária, mas essas são causas que afetam todos os tipos de empresas.
A maioria dos estudos mais recentes apontam que existem três fatores que são
específicos e que afetam primordialmente a micro e a pequena.

O primeiro destes fatores é que os brasileiros, em sua maioria, optam por estabelecer
atividades em negócios já testados e com baixo nível de inovação tecnológica. Em
outros países, é comum, o empreendedor quando abre seu negócio tentar introduzir
uma inovação tecnológica no mercado enquanto no Brasil isso é raro acontecer. A
grande maioria do empreendedor brasileiro abre seu negócio não por que teve uma
idéia inovadora, mas por que precisa sobreviver.
O segundo fator importante é de ordem cultural e está relacionado ao fato do pequeno
empresário brasileiro enxergar no seu concorrente um inimigo que deva ser abatido,
mas nunca um possível aliado para, por exemplo, em conjunto, realizarem exportações
as quais seriam muito difíceis quem atua sozinho. A união das micro é a razão do
sucesso da micro empresa italiana, mas isso não existe no Brasil. Na Espanha, as micros
de um determinado setor se unem e criam um centro de pesquisas que as atenda a
todas.

Finalmente, o terceiro fator é a falta de informação do pequeno empresário. A pesquisa


constatou que a grande maioria desconhece desde a existência de linhas de
financiamento especiais até os cursos de capacitação gratuitos.

Esses três fatores estão ligados ao fato de se ser pequeno. Como superar isso? Temos
um bom modelo baseado em se ajudar quem é pequeno e que funciona muito bem em
nossa agricultura. Trata-se do modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa). Nossa agricultura é uma das mais eficientes do mundo, em boa parte graças
a Embrapa, criada há mais de 40 anos. O modelo ali adotado se baseia na própria
Embrapa fazer a pesquisa necessária, desenvolver a tecnologia e disseminar esse
conhecimento para os agricultores. Mas não é justamente isso que está faltando alguém
fazer para as micro e pequenas empresas? Evidentemente não seria necessário criar
uma nova estatal, basta identificar qual das inúmeras instituições que já atuam ligadas
à micro e pequena empresa poderiam melhor desempenhar esse papel.

Durante a última campanha eleitoral, a presidente Dilma por diversas vezes externou a
necessidade de se apoiar muito mais vigorosamente a micro e a pequena empresa
brasileira. Ao assumir o governo, tem reiterado que sua meta mais importante é
extirpar a miséria em nosso país. Os dois temas estão totalmente interligados ou
alguém acredita que seria possível gerar empregos para todos excluídos que queremos
incorporar à nossa economia? A saída está em desenvolver o empreendedorismo. Isso
significa eliminar a burocracia, facilitar o acesso ao credito, reduzir taxas de juros, mas,
principalmente, educar e capacitar essa imensa massa de brasileiros desvalidos para
que tenham e administrem seu próprio empreendimento.

Ajudar a pequena empresa brasileira a ser inovadora, facilitar a realização de consórcios


entre elas e disseminar informações importantes que melhorem sua gestão são os
fatores que vão criar as condições fundamentais para que elas tenham condições de
superar sua crônica baixa produtividade. Só com um segmento de pequenas e micro
empresas produtivo e competitivo poderemos atingir o tão almejado desenvolvimento
sustentado.

Essa justamente será a linha a ser adotada no Conselho da Pequena Empresa da


Fecomercio, ou seja , pretendemos contribuir com a discussão dos temas acima,
encontrar as soluções exequíveis e encaminhá-las para as autoridades propugnando
pela sua implantação.

Por: Paulo Roberto Feldmann é presidente do Conselho da Pequena Empresa da


Fecomercio

Fonte: http://fecomerciosp.blogspot.com/2011/03/importancia-do-conselho-da-
pequena.html

Acesso em 22 de Maior de 2011

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