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Economia solidária: conceitos e

características
Planejamento e economia ambiental Prof. Aluízio Franklin 08.11.2021
No início do século XX, fruto de experiências anteriores, nasceu na Europa a Economia Social,
que se apoiou nas novas formas organizativas da sociedade, como as mutualidades, as associações
e as cooperativas, para realizar atividades econômicas sem fins lucrativos, mas com finalidades
sociais. O seu já longo percurso, fê-la passar por várias fases e agora parece estar a ressurgir,
numa época de crise econômica e social. Corre, no entanto, o perigo de ser apenas um mero
substituto do Estado em esferas em que este prefere delegar em vez de atuar diretamente, de
acordo com a visão de um “Estado mínimo”.

Quando falamos de Economia Solidária, o conceito é diferente. O objetivo é criar atividades


econômicas sustentáveis, geridas na base da cooperação entre os seus trabalhadores/as, numa
perspectiva de desenvolvimento local e de construção de outras relações sociais,
emancipadoras e equitativas. Tem por isso uma visão mais multidimensional, que vai para além
do econômico, e integra fortemente a educação, a cultura, a ação política para a
transformação social.

A expressão nasceu no Brasil, no final dos anos 1980, servindo para cobrir uma enorme
quantidade de experiências concretas, muito variadas, que ocorriam em vários países da
América Latina, muitas vezes reatualizando práticas de solidariedade ancestrais ou simplesmente
mais antigas, agora numa lógica de fazer face ao presente e de contribuir para o futuro.

Um dos traços distintivos da Economia Solidária é justamente o fato de partir da realidade para
ir elaborando e enriquecendo a sua própria natureza, ao invés de confrontar a sociedade com um
certo número de regras e indicadores, para classificar que atividades estão dentro ou fora desta
ideia. O que significa que é verdadeiramente uma proposta em construção, na
qual desempenham um papel vários atores, que interagem colaborativamente: participantes dos
empreendimentos concretos, acadêmicos (muitas vezes também praticantes), responsáveis
políticos, sobretudo ao nível local. No Brasil existe, desde 2003, a Secretaria Nacional de
Economia Solidária (SENAES), criada no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego. Como
acontece com qualquer conceito vivo, os debates são permanentes.

No entanto, a maioria das pessoas que se têm dedicado a compreender e sistematizar o


conhecimento das realidades nesta perspectiva coloca o acento nalguns pontos fundamentais:
na valorização do trabalho, através da concretização de relações de trabalho cooperativas,
democráticas e criativas, baseadas na autogestão no seio dos empreendimentos; na promoção
da autonomia, individual e de grupo, no contexto da comunidade a que se pertence, baseada no
pensamento crítico e na corresponsabilidade; na visão para além do grupo, ou seja,
no desenvolvimento das comunidades a vários níveis, a começar pelo local; na iniciativa
produtiva como resposta às necessidades das pessoas e das comunidades e não como meio de
gerar lucro, independentemente do que se produz, para quem e de que forma.

Avançando nesta via, o economista brasileiro Euclides Mance propôs a formação de redes de
colaboração solidárias que, ligando a produção à transformação, à distribuição e ao consumo,
criariam cadeias produtivas baseadas na solidariedade e na satisfação das necessidades reais de
todos e não só de alguns. É uma forma de outros tipos de economia se irem fortalecendo,
ganhando experiência e espaço no interior da sociedade e economia desiguais, hoje dominantes
no planeta.
Fonte: https://www.cidac.pt/index.php/o-que-fazemos/comercio-e-
desenvolvimento/economia-solidaria/, acessada em 29.06.2020.

Cuidem-se!

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