Você está na página 1de 3

Saiba o que considerar antes de adquirir geradores para as áreas

comuns de edifícios
Características dos prédios, previsão de uso e exigências legais devem guiar
decisão por equipamento
Larissa Leiros Baroni - Revista Téchne - Edição 175 - Fevereiro/2016

Além de conferir reputação de fabricantes, empresas podem verificar cumprimento das normas ISO 8.528 e ISO 9.001

A aquisição de um gerador de energia para as áreas comuns de uma edificação interfere no


projeto e nos custos da obra, por isso deve ser muito bem planejada, segundo o presidente da
Câmara Setorial de Motores e Grupos Geradores da Associação Brasileira de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq), Reinaldo Sarquez.
O especialista diz que leis municipais de zoneamento e edificações determinam os casos em que
o uso de geradores em edificações é imprescindível e, por isso, devem ser consultadas. "Há
peculiaridades, mas, no geral, elas são bem similares."
Considerar o tamanho e as especificações do prédio que receberá o equipamento é outro aspecto
essencial. Reinaldo Lopes, professor de Engenharia Elétrica do Centro Universitário FEI, diz que
basta um prédio ter elevador para que um gerador seja exigido. Já Osvaldo Wertheim, integrante
da vice-presidência de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-
SP), destaca que a obrigatoriedade é válida para prédios comerciais com escadas pressurizadas.

Equipamento
Ao chegar à conclusão de que um gerador é necessário, é preciso definir as especificidades do
equipamento, que inclui a capacidade de carga, a fonte de energia, o tempo de autonomia, além
da geração de ruído e de poluentes.
"A capacidade de carga do grupo gerador está vinculada ao que se quer que seja atendido na
emergência, não havendo limites. Porém, costuma-se atrelar o grupo gerador às cargas que
atendam à parte comum da edificação, como iluminação, além das cargas essenciais como
elevadores, bombas de recalque e bomba de incêndio, conforme previsto pelo Corpo de
Bombeiros", diz o professor da FEI, em referência aos edifícios residenciais. "Com relação aos
corporativos, costuma-se considerar cargas essenciais como equipamentos de TI e um percentual
da iluminação geral."
Segundo Wertheim, a capacidade de carga adotada é de, em média, 120 kVA para edifícios
residenciais e 180 kVA para comerciais, embora a definição dependa de variáveis tais como
tamanho do empreendimento e quantidade de unidades. Essas mesmas variantes devem ser
levadas em conta ao se definir o tempo de autonomia dos geradores. De acordo com Thiago José
Martinelli, engenheiro de vendas da Cummins Power Generation, ele é de 8 horas em média,
embora a autonomia possa ser "infinita", como lembra o professor da FEI: "Basta que o gerador se
alimente de combustível".
A grande maioria dos geradores é movida a diesel. "Mas já existem no mercado máquinas
movidas a gás natural, principalmente as que se utilizam da cogeração (processo de produção
que combina calor e eletricidade)", destaca Lopes. Segundo Wertheim, no entanto, a
disponibilidade de equipamentos no mercado e o dimensionamento do grupo gerador podem
variar de acordo com o tipo de combustível escolhido - diesel, gás natural, GLP ou alternativas de
combustível em substituição ao diesel 2-D.
O impacto que a emissão dos gases e poluentes pode causar ao meio ambiente e às pessoas que
venham a circular pelo empreendimento com gerador é um tema polêmico. "Em cidades como
São Paulo, por exemplo, existe a necessidade de se instalar oxicatalisadores nas saídas dos
gases, para não comprometer o meio ambiente com gases tipo CO²", diz Lopes. O prefeito da
capital paulista, Fernando Haddad, sancionou recentemente uma lei (16.131/2015) que determina
limites de emissão de poluentes de grupos geradores a partir de 2017.
Tão problemático quanto os poluentes são os ruídos. "Evidentemente o grupo gerador emite muito
ruído, porém existem atenuadores ou silenciadores que colocam o ruído dentro dos limites
permitidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que está em torno de 70 dB a 2 m de
distância", explica o professor da FEI.
Além de levar em consideração a reputação das fabricantes, Martinelli diz que é possível consultar
normas e certificações: "Existe a norma ISO 8.528, que determina os parâmetros de fabricação
dos equipamentos. E os fabricantes de grupos geradores devem ter certificação ISO 9.001, para
atestar a qualidade de seus processos".

Instalação
Wertheim recomenda que os geradores sejam instalados em locais secos, ventilados, em
superfície nivelada, de fácil acesso para manutenção e isolados fisicamente por meio de paredes
de alvenaria ou algo similar. "Eles devem ser colocados preferencialmente nos subsolos ou no
térreo do edifício. É importante também que se encontrem em áreas próximas à entrada de
energia da concessionária e ao centro de medição do edifício, pois a instalação se torna mais
econômica e tecnicamente mais adequada."
Um cuidado importante que a construtora deve levar em consideração, segundo ele, é o
tratamento ou atenuação acústica, a fim de se evitar barulho excessivo e incômodo aos usuários
da edificação. "A instalação deve ser precedida de um bom projeto, que inclua a localização na
arquitetura e o dimensionamento elétrico, e planejamento", diz o representante do Secovi-SP.
Já que cada fornecedor possui orientações próprias de instalação, Wertheim diz ser essencial que
a área de engenharia da construtora aja em coordenação com o fornecedor. "Todos os detalhes
técnicos de instalação e mesmo de funcionamento devem ser bem discutidos e resolvidos para
que o resultado final dos trabalhos seja realizado com a melhor qualidade possível", aponta ele,
que diz ser necessário que todos os testes de funcionamento sejam realizados pela empresa
contratada na entrega do equipamento à construtora.
De acordo com Martinelli, a instalação depende de um projeto detalhado de arquitetura, para
definir o layout da sala; de um projeto mecânico, para definir a instalação de escape de gases,
bem como atenuadores de ruídos; e de um projeto elétrico, para definição da chave de
transferência automática e instalação de cabos de comando e potência. "Os projetos podem ser
realizados pela própria construtora ou por uma empresa especializada", afirma Sarquez.
Cabe à construtora ainda, ao fim da construção, entregar ao usuário final do imóvel o manual de
uso, operação e manutenção do grupo gerador fornecido pelo fabricante. "Também é
recomendável a entrega (de uma cópia) da nota fiscal de compra do equipamento, onde consta a
garantia", diz Wertheim.

CHECKLIST
- Atente-se às leis municipais de zoneamento e edificação
- Avalie o tamanho e as especificações do empreendimento
- Defina a capacidade de carga do gerador a partir do uso previsto
- Considere aspectos ambientais ao definir fonte de energia do aparelho
- Avalie a geração de ruído e de poluentes dos equipamentos
- Leve em consideração a "reputação" da fabricante antes da compra
- Crie um projeto de arquitetura para a instalação do equipamento
- Realize os testes de funcionamento na entrega do equipamento
- Entregue ao usuário final o manual de uso, operação e manutenção do gerador

NORMAS TÉCNICAS
NBR ISO 8.528-1:2014 - Grupos Geradores de Corrente Alternada, acionados por Motores Alternativos de
Combustão Interna - Parte 1: Aplicação, Características e Desempenho
NR 20 - Norma Regulamentadora de Tanques de Combustíveis
NR 10 - Norma Regulamentadora de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NBR 5.410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Resolução Aneel n.º 390

Você também pode gostar