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Prefeitura Municipal do Salvador

Secretaria Municipal da Saúde

Treinamento sobre notificação de violência interpessoal e autoprovocada


contra a população LGBT.
Caso Clínico.

Identificação: Bianca da Constelação Celeste (Pedro da Constelação


Celeste), nascida em 18/03/1993, solteira, parda, natural de Salvador (BA),
filha de Planetária da Constelação Celeste, residente à Rua Geraldo Novaes,
Bairro Garcia, 3ª Travessa, Casa 20 (fundos), próximo ao Bar do Céu, Distrito
Barra Rio Vermelho, CEP 40.000-00, Salvador; trabalha como atendente,
ensino fundamental completo, católica.

Motivo da internação: Paciente com escoriações, cortes e hematomas em


braços, face e pernas após ter sido agredida pelo namorado em um bar.

Histórico (constante no relatório do hospital): Paciente deu entrada na


UPA SAN MARTIN por volta das 21:00 h, no mesmo dia em que sofreu
violência física, com escoriações, cortes e hematomas em braços, face e
pernas. A vítima ao chegar à recepção, entrega seu documento de identidade
e o cartão do SUS ao atendente. O mesmo informa que os documentos estão
errados, que não se trata da mesma pessoa, ela explica que o cartão do SUS
já está com seu nome social: Bianca da Constelação Celeste, mas o R.G.
ainda não, e solicita que sua ficha seja feita com seu nome social. Durante o
tempo de espera percebe alguns comentários e olhares indiscretos dos
demais pacientes que estavam aguardando, mas como a UPA estava muito
cheia, preferiu não discutir, afinal já tinha tido um dia muito difícil. Seu nome
civil então é anunciado para atendimento, ainda pensa em desistir, mas as
dores estavam muito fortes e Bianca segue para o consultório. A enfermeira
a aborda e informa que ela entrou no lugar do paciente errado, Bianca explica
todo o processo por qual passou, já está ofegante com as dores, a enfermeira
pede desculpas pelos problemas com a recepção.

Ela relata que seu relacionamento, com o seu namorado, que é um pouco
mais velho do que ela, sempre teve “altos e baixos”. Desde o começo da
relação, há cinco anos, ocorrem muitas discussões, inclusive com episódios
de agressão verbal e física, porque ele não quer que as outras pessoas
saibam do relacionamento dele com uma mulher transexual. Relata que
nesta madrugada (30/09), por volta das 02:00hs, eles estavam em um bar
bebendo em comemoração ao aniversário dela, discutiram mais uma vez
pelo mesmo motivo, e ele começou a bater nela, agredindo-a na frente de
outras pessoas, ninguém a ajudou e dono do bar ainda a expulsou do local
com mais violência e insultos como de “traveco” e “viadinho”. Ainda afirma
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Secretaria Municipal da Saúde

que por ser heterossexual sempre se relacionou com homens e viveu


situações semelhantes com outros namorados.

Desfecho do caso: A vítima permaneceu sob observação, realizou


procedimentos de alívio da dor, foi realizada a notificação da violência e no
momento da alta foi encaminhada aos serviços de acolhimento psicossocial.

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