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Adalberto de Figueiredo Ribeiro

: s~ Geoexplorer
Cícero da Paixão Pereira
Eliezer Braz
Ana Cristina Franco Magalhães
Cid Chiodi Filho

Síntese por Luiz Luna Freire de Miranda

SALVADOR· 2002
SÉRIE ARQUIVOS ABERTOS 17

Mármore Bege Bahia em


Ourolãndia-Mirangaba-Jacobina, Bahia: geologia,
potencialidade e desenvolvimento sustentável

Adalberto de Figueiredo Ribeiro


Geoexplore
Cícero da Paixão Pereira
Eliezer Braz
Ana Cristina Franco Magalhães
Cid Chiodi Filho

Integração e síntese por Luiz Luna Freire de Miranda

SALVADOR - 2002
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
Otto Roberto Mendonça de Alencar - Governador

SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO


Albérico Machado Mascarenhas - Secretário

SUPERINTENDÊNCIA DE INDÚSTRIA E MINERAÇÃO


Guilhelme Furtado Lopes - Superintendente
Coordenação de Mineração
Adalbelto de Figueiredo Ribeiro - Coordenador

COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL


Ruy Fernandes da Fonseca Lima - Diretor Presidente
Moacyr Moura Marinho - Diretor Técnico
Heráclito Rocha Arandas - Diretor Administrativo-Financeiro
Gerência de Geologia Básica e Aplicada
J uracy de Freitas Mascarenhas - Gerente
Gerência de Prospecção
Raymundo Wilson Santos Silva - Gerente
Gerência de Publicações
Ernesto Fernando Alves da Silva - Gerente
Maria Augusta Magalhães e Silva - Chefe do Setor de Edições Técnicas
Maria Luiza Santos Figueiredo - Chefe do Setor de Documentação
Iraci de Jesus Moreira - Digitadora

R367

Ribeiro, Adalberto de Figueiredo.


Mármore Bege Bahia em Ourolândia-Mirangaba-Jacobina, Bahia: geologia, potencialidade e de-
senvolvimento sustentável / Adalberto de Figueiredo Ribeiro e outros. - Salvador: CBPM, 2002.
52 p.: il., mapa. - (Série Arquivos Abertos; 17)

Anexos
Integração e síntese por Luiz Luna Freire de Miranda.
ISBN 85-85680-14-8
l. Geologia regional. 2. Geologia econômica. 3. Economia mineral - diagnóstico soc ioeconômico .
4. Recursos minerais - rochas ornamentais. 5. Ecologia - meio ambiente. 6. Bahia. I. Luiz Luna
Freire de Miranda. lI. Série. UI. Título.
CDU 55(814.2) :553(814.2) :3 38.95 :553 .04:502.72(814.2)

ii
APRESENTAÇÃO

Quando, em 1910, John Casper Branner publicou as primeiras informações sobre a caracterização geológi-
ca da unidade formacional por ele denominada Calcário Caatinga, não imaginava que, décadas mais tarde, essa
litologiafosse afonte de ulJla das rochas omamentais de maior aceitação 110 mercado brasileiro - o Bege Bahia -, com
grande possibilidade de inserção a curto prazo no mercado norte-americano.
Não se veja niSso nenhum demérito às atividades daquele geocientista, que legou várias e importantes contri- .
buições à geologia brasileira. Esta observação apenas indica, obviamente, que as rochas ornamentais ainda não
se incluíam como um dos importantes materiais da construção civil daq(lele Brasil agrário do início do século
passado.
Certamente o atual quadro econômico das rochas ornamentais brasileiras, representado por uma produção
total estimada em 2,25 milhões de toneladas, tem sua história desenvolvida integralmente a partir da Segunda
Guerra Mundial.
O segmento de rochas ornamentais baiano é responsável por mais de 10% da produção naciollal, e seu
sUCesso está calcado na variedade de padrões e exotismo cromático de suas rochas, especialmente dos seus
granitos azuis, sucesso em todo o mundo, e da mais popular rocha do mercado nacional, o mármore Bege Bahia,
cuja produção é resporisável por cerca de 10% do total de mármores produzidos 110 país.
Por conseguinte, verifica-se que o vitorioso lançamento do entc70 chamado "mármore Marta Rocha" no
mercado nacional, em meio à década de cinqüenta pelo pioneiro Gianfranco Biglia, guarda estreito paralelislJlo
com a história evolutiva do mercado brasileiro das rochas ornamentais.
A publicaçc70 deste volume, o 17º da Série Arquivos Abertos, pretende não apenas resgatar ul/la parte desta
história de sucesso mercadológico, mas preencher uma lacuna na bibliografia geológica da Bahia. Visa, também,
consolidar e incrementar a presença no mercado deste lÍnico mármore travertino brasileiro, com base na
potencialidade das reservas identificadas e nas suas características intrínsecas.
As infonnações geológicas, de economia mineral, de meio ambiente e de planejal11ento estratégico, condensadas
por esta síntese, envolvendo o aproveitamento industrial do "mánnore Bege Bahia ", mostram uma área com
cerca de 1500 km 2 com elevado potencial exploratório. Certamente, isso significa uma larga possibilidade de
aumento de produção e atração de novos investimentos.
Ao lado disso, verifica-se, ainda, que as vantagens comparativas e competitivas deste material, aliadas às
possibilidades de aplicaçc70 de novas tecnologias de prodllção e beneficiamento, compatíveis com os preceitos da
sustentabilidade ambiental, indicam a viabilidade de implantação e desenvolvimento do Pólo IlIdustrial do Bege
Bahia, a ser estruturado nos moldes de um arranjo prodlltivo regional.
É, pois, com grande satisfaçc70 que apresentamos esta publicação tendo afirme expectativa de que as suas
infonnações, além de serem úteis para o planejamento e tomada de decisão empresarial, podem auxiliar na
concretização desse Pólo 1ndustrial.

Ruy Fernandes da Fonseca Lima


Diretor Presidente da CBPM

lI!
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... ........... ... ................. .. .. .......... ... ....... .. ......... .. ..... .. ... .... ......... ..... .. ......... .. ....... ..... ... ... iii
ABSTRACT ..... ....... ..... .. .. ............ .......... .. ........ .... ........... .. .... .... ........... ...................... ... .. ... ... ... ... ....... .... vii
RESUMO ...... .. ....... .......... .......... .. ... ....... .. .. ..... .... ....... ............ ..... ...... .. ...... ........ ......... ..... ..... ..... .... .. .... ... .. ix
1 - INTRODUÇÃO. ..... .. .. ....................... ... ... ....... ...... ........... .......... ........... ..... ..... .. ... ......... .......... ..... ...... 1
2 - HISTÓRICO ...... ...... ..... .... ............................. ... .. .. ...... ...... ... ....... ... ........... .... ....... ... .... .. .. ...... .:............ 2
3 - METODOLOGIA DO "PROBEGE" .... .. .... ... .. .. .. ................ ......... ......................... .. .... ............ ....... 2
3.1- SISTEMÁTICA DO PROJETO .... .... ....................... .. ................ ............ ............... ............ ......... ...... ... 3

4 - GEOLOGIA REGIONAL .......... .... ... ................. .................... .. ....... .. .... ...... .. ............ .... ...... ........ ..... 4
5 - CALCÁRIOS DA FORMAÇÃO CAATINGA .. ...... .... .. ...... .. ...... .. ........................... .... .............. .... 5
5.1- GÊNESE, TIPOLOGIA E MECANISMOS DE FORMAÇÃO ....... ...................... .. ..... ....... ... ........ .. 6
5.2 - DIAGÊNESE .................... ... .. .. ..... .. ........... ..... .. ....... ............... .. ... .. .. ....... ..... ........................................... 8
5.3 - FORMAÇÃO DE UM PERFIL CALCRETE........... ...... ...... ..... ........ ... ... .... ... ...... .. ..... ....... .. .......... ... 8
5.4 - EVOLUÇÃO DO PERFIL CALCRETE EM OUROLÂNDIA ... .... ............. ............ ... .. ....... .... .... .. .. 8
5.5 - CONTEÚDO FOSSILÍFERO ..... ................... ............ ... ..... ..... .. ... .... ....... .. ..... ....... .... ....... ...... ............. 10
5.6 . GEOCRONOLOGIA ......... .. ........... ......... .... ... ...................................................... ............ ....... ..... ....... 10

6 - APROVEITAMENTO MINERAL DO BEGE BAHIA........... .. ... .. .......... ......... .. .... .... ................ 11
6.1- CARACTERIZAÇÃO COMERCIAL .. ............... .. .... .... ... .. ....... ...... ............. ........ .. ... .. .. .... ..... ... .... .. .. . 11
6.2 - CADASTRO DA ATIVIDADE PRODUTIVA ................ ... ... ........ .......... ............. .. ............. .............. 12
6.3 - POTENCIALIDADE .............................. ................................................... ....... ........... ..... :............... .. . 16
6.4 - RESERVA ......... ...... ................................ .. ..... ................................................ ........ " ......... ............. ..... .. 17
6.5 - LAVRA E BENEFICIAMENTO ... ... .. .. .. ..... ... .... .................. ........ ... .. ..... .. ................. .. .. .. .. .... ............. 17
6.6 - PRODUÇÃO DE 1996 A 2000 ... .... ................... .................. .. ........ ...... .. .... ................. ................... ... ... 20

7 - DIAGNÓSTICO ECONÔMICO ... .. .. .................................... ..... .. ................................................. 20


7.1 - SITUAÇÃO ATUAL DA LAVRA E BENEFICIAMENTO ........ ..... ................................ .. .. .. .. ....... 21
7.2 - COMERCIALIZAÇÃO ........................... ................... .... ........... .. ..... ..... .............. ... ......... ... ...... ..... ..... 24
7.3 - SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA ............ ... ... .. .. ... .... ....... ...... ......... .. ................ .... ....... .... .. ........ ..... ..... .... .... 25
7.4 - FINANCIAMENTOS .. .. ....... .. ........ ..... .. .. .. ...... .. ..... ...... .................... ...... ............... ... ... ..... .............. .. .... 25

v
7.5 - POSSIBILIDADE DE EXPORTAÇÃO ...... ... .... .. ....... ............. .. ... .... .... ........... ... ... .. .... ... .... .... .. ....... . 26
7.6 - INDICAÇÕES DE VIABILIDADE .......... .... ............................ ..... ... ........ .. ... .... ...... ... ..... .... .............. 26
7.7 - GERAÇÃO DE EMPREGO E TRABALHO ....... ...... ...... .. ..... .. ... .... ... .. ...... .... ......... ........... ...... ....... 27

8 - SEMINÁRIO ESTRATÉGICO E PERSPECTIVAS PARA O SETOR .......... ... .. ..... .. ...... .. ....... 27
9 - MEIO AMBIENTE ......... ......... .. .............. ..... .. .... ... .... .................... ... ... .......... .. ...... .............. ........... 28
9.1 - MORFOLOGIA DA REGIÃO ........ .. ..... .. ........ .. ..... .. ...... ....... ...... ..... ............ ...... .. ..................... ........ 28
9.2 - MEIO BIÓTICO .... .... .......... .......... ... .......................................................... ..... ....... .. ...... .......... .. .. ....... 29
9.3 - O HOMEM NO ECOSSISTEMA ........... .. .... .... .. .... ...... .. ... .. ....... .. .. ... ........... ........ .. .... .. ........ ..... ...... .. . 29
9.4 - IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERAL ............. ....... .... .. .. ... ........ .............. :.......... 30
9.5 - REABILITAÇÃO DAS ÁREAS DEGRADADAS .. .......... ............................. ................... .... ... ......... . 31

10 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..... ............... ..... ............. .. .... ........ ........ ...... ................ . 33
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 35

APÊNDICE
Relatórios relacionados ao mármore Bege Bahia ............................. ........................ .. .. ....................... 37

ANEXOS
ANEXO 1
Quadro A1 ..... ..... ...... .......... ... ........... .. .... ...... .......... ... .... .... ... ...... .. ..... .. ....... ......... .... .... ... ........ ... .. .... .... ... 43
Quadro A2 ............................ ............. .. .......... ....... ....... ......... .... ... ....... ....... ... ............. .... ......... .... .. ...... ... .. 43

ANEXO 2
Mapa geológico da região do vale do Rio Salitre, centro-norte da Bahia

VI
ABSTRACT

The Caatinga Formation, ofTertiary-Quatemary age, is the host geological


unit of the "Bege Bahia" marble. This marble has been exploited for some
decades in the Salitre River region, in Central North of Bahia State.

The "Bege Bahia" marble, that is a variety of a secondary calcareous rock


of calcrete/travertine type, has always been widely accepted in the Brazilian
market of dimension stones, and has a great possibility to reach the foreign
market. It is very used in civil engineering, as well as in construction of home
and office fumitures. It has always been one of the most preferred rocks by
architects and decorators for cladding and finishing of residences and offices.
The artists and artisans' appreciation of the material is revealed by its application
in sculptural and handicraft pieces.

The main exploitation poles of the beige marble are those situated in Curral
Velho (Campo Formoso Municipality), Mirangaba, and Ourolândia. The
measured volumetric reserves in Mirangaba, Ourol ândia, and Jacobina
Municipalities are near 6.820.000 cubic meters of exploitable marble.

The methods used in exploitation of the marble vary from manual and
plimitive processes, without care with the environment, to those advanced
ones. The processes for tuming the rough blocks into ornamental material are
also variable. So it is proposed the creation of a industrial pole between
Ourolândia and Jacobina for the sustai nable development of the exploitation
and dressing of the "Bege Bahia" marble.

VII
RESUMO

A Formação Caatinga, do Terciário-Quaternário, é a unidade hospedeira do mmmore


Bege Bahia, que há décadas tem sido explotado na região do rio Salitre, no centro-norte
do estado da Bahia.

o mmmore Bege Bahia, que é uma variedade de calcário secundálio do tipo calcrete/
travertino, sempre teve ampla aceitação no mercado brasileiro de rochas ornamentais, e
tem ampla possibilidade de alcançar o mercado internacional. É muito utilizado na
construção civil, assim como na confecção de móveis n~sidenciais e de esclitório. Tem
sido uma das rochas mais procuradas por arquitetos e decoradores para uso em
revestimentos e acabamento interno. A apreciação de artistas e artesãos se revela no uso
deste material em obras esculturais e objetos de arte.

Os principais pólos de extração do mánnore bege, em ordem crescente de impoliãncia,


são os de Curral Velho (Campo FOlmoso), Mirangaba e Ourolândia. As reservas medidas
nestes dois municípios e mais as de Jacobina somam, em volume, cerca de 6.820.000
metros cúbicos de mármore.

Os métodos de extração do mármore variam desde manuais, sem o mínimo cuidado


com a preservação ambiental, a avançados . As técnicas de transformação de blocos em
peças ornamentais são também variáveis. Assim, propõe-se a criação de um pólo industrial
entre Ourolândia e Jacobina, para o desenvol vimento sustentável da lavra e beneficiamento
do mármore Bege Bahia.

ix
Arquivos Abertos 17 Compallhia Baialla de Pesquisa Milleral - CBPM

l - INTRODUÇÃO 41°30'
r--
41°00' 40°30' 40°00'
09"30'

I li III
As jazidas e ocolTências da rocha conhecida sob a
denominação comercial de mármore Bege Bahia se
\11/ / / V I 110°00'
distribuem entre os municípios de Ourolândia, Campo
Formoso, Mirangaba, Jacobina e U mburanas, no centro-
norte do estado da Bahia.
Para diagnosticar aspectos técnico-econômicos It, - F7 r>< / / /11 =' 110°30'
relativos ao mármore Bege Bahia, a Comin (Coordenação
de Mineração), da SICM (Secretaria de Indústria
Comércio e Mineração do estado da Bahia), e os
' " 4 v-,LI ",,\, '11°00'
segmentos baianos do Sebrae, Simagran, DNPM e Senai,
e mais a CBPM aprovaram o Termo de Referência
gerador do Plano estratégico para o aproveitamento
econômico sustentado do "mármore Bege Bahia" da L-_ __ -1._ ___ -'111° 30'
região de Ourolândia, Mirangaba e Jacobina (Ribeiro
et al. , 2000).
Folhas 1:100.000/Sheets
Em decolTência deste plano, a SICM solicitou à
~ Sigla/Sigla Nome da folha/
CBPM a incumbência de promover a execução do projeto Sheet name
técnico, para o qual a empresa contratou a Geoexplore I SC.24-V -C-V Sento Sé
Consultoria e Serviços Ltda . Para avaliar a II C-VI Campo dos Cavalos.
economicidade do mármore Bege Bahia, a CBPM III D-IV Juremal
contratou o engenheiro de minas e doutor em economia IV Y-A-Il Delfmo
mineral Eliezer Braz. Em paralelo com essas ações, Joana V A-lI Brejão da Caatinga
d' Arc organizou seminários de natureza estratégica sobre VI B-I Senhor do Bonfim
o mesmo tema, realizados em Jacobina e Ourolândia. Os VII A-V Umburanas
vrn A __VI Mirangaba
encontros contaram com a participação e contribuição
IX B-IV Campo Formoso
técnica de Cid Chiodi Filho. Todas essas atividades foram
X C-Il América Dourada
coordenadas por Adalberto de F. Ribeiro, da Comin, e XI C-lI Jacobina
supervisionadas por Hélio c.A. Azevedo, da CBPM.
- - - -

Com os resultados de Geoexplore (2002) e Braz & Municfoios/M uniciDaI,'._"---


Ma g alhães (2002), que constituíram o Projeto ~ Nome do munidpiol
investigação do mánllore Bege Bahia - abreviado, neste MuniciDal1Jv name
texto, sob a sigla infolwal "Probege" - , e mais o trabalho 1 Campo F onnoso
de Chiodi P (2002), a CBPM reuniu os dados em 2 Umburanas
apêndice para consulta e elaborou esta edição, a 17ª da 3 Ourolândia
Série Arquivos Abeltos. Além desses autores, outros 4 Mirangaba
5 Jacobina
foram consultados, com destaque para Penha (1994).
Embora sob o título Mármore Bege Bahia em Convenções/Symbols
Ourolândia-Mirangaba-Jacobina, Bahia: geologia,
Limite de municípios!
potencialidade e desenvolvimento sustentável, a
abordagem deste Arquivo Aberto estende-se ao município
Q MunicípaJity boundary

~
de Campo FOlWOSO, cuja atividade produtiva é menos
Área do Probege/Area
intensa.
A área do Probege, cerca de 5.200 quilômetros
quadrados, aproxima-se de um polígono irregular que Ligeiramente modificado de/S/ightly modifiedfrom:
abrange parte de sete folhas topográficas (0030'x 0°30' Geoexplore (2002)
cada) articuladas e localizadas conforme as figuras 1,2
e 3. Jacobina, principal cidade da região, dista cerca de Figura 1 - Área do Probege e articulação
330 quilômetros de Salvador, pela BR-324. <Ias folhas 1:100.000 (IBGE/Ministério do
Exército/Sudene)
Figure 1 - "Probege" area, and articulation
of 1:100.000 sheets
COlllpanhia Baial/a de Pesquisa Mil/eral - CBPM Arquivos A berlos 17

420 ~Io 40" edificações públicas e privadas . Mas, com o tempo, a


" í alusão à rocha passou a associá-la à cor dominan. te e ao
• ~r- __ /~
I
estado de origem. De forma gradativa, consagra va-se a
'.J.. _/ denominação mármore Bege Bahia, hoje reconhecida em
+
,/"'''' , _/ ~J;/ I 'Jr-
I I-r- ilHA todo o país, mas ao lado de uma outra: Travertino Bahia,
; l..,

H ~ BAHIA como é conhecido em Pernambuco. A comercial ização


para outros estados contemplava principalIl1ente o
-:1 .&f SAlVAD<UI
·:1 d Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais
.. I " ,- ,,-,
õ\
\
,..-tSi
...,(,0 (Mendes & Vasconcellos, 1994) .

..
I ........... _
...."'...... 'iA ' tt Ao, • ~ '\,_ ~
~
Segundo a Comin, registros de produção do Bege
, '; 'l
Bahia, em 1999, destacavam quatro municípios baianos:
o "250im ~
-'I
. I Itaguaçu da Bahia, Juazeiro, Mirangaba e Ourolândia
'\
/~.
(Ribeiro et aI., 2000). Neles foram produzidos 26.240
metros cúbicos do mármore, que renderam 1,78 Illilhão
de dólares. Cerq. de 85% deste volume e 75% das vendas
Figura 2 - Sltuaçio das folhas na Bahia partiram das lavras de Ourolândia, onde concentr avam-
Figure 2 - Süuation o/the sheels in Bahia se quinze empresas produtoras. Ainda em 1999 , cerca
de 135 mil metros quadrados de placas e ladrilhos
possibilitaram uma receita da ordem de 1,64 mil hão de
dólares só na área de influência de Jacobina. Mas isto
não passava de oito por cento do valor da produção baiana
de material beneficiado, entre mármores e granitos.
45° Há uma atual tendência a realizar-se a primeira etapa
41°
do beneficiamento do mármore na própria região de
origem, onde blocos são senados e placas já são polidas.
A maioria dos teares foi instalada em Jacobina.
100 "\ <\ .,.r- I l/ tO"
Diante da inexistência de um estudo integrado sobre
) \( )
i<'-J:: \ 15° a geologia e desenvolvimento sustentável das atividades
<,.,,,,0
de lavra e beneficiamento do mármore Bege-B a hia no
...\;~~
~ centro-norte do estado, a SICM, através da Comin e
450 41°
~o
CBPM, e com parcerias do Sebrae, Simagran, DNPM e
",'" Senai aprovaram a execução do Probege, que resultou
o'" nos trabalhos apresentados por Geoexplore (2002) e Braz
& Magalhães (2002), sintetizados, junto com o tra balho
Figura 3 - Mapa de situação de Chiodi Fº (2002) , nesta edição da Série Arquivos
Figure 3 - Index map Abertos, constituída por um texto, um apêndice e a nexos
1 e 2.

2 - HISTÓRICO
3 - METODOLOGIA DO
Por volta dos anos 60, empreendedores pioneiros "PROBEGE"
davam início às atividades de lavra e beneficiamento de
um mármore do tipo calcrete/travertino, descoberto no Para efetuar o diagnóstico sobre a economicidade
sertão baiano na década de 50 (Azevedo, 2001). do aproveitamento sustentável do mármore Bege Bahia,
Os produtores pioneiros resolveram denominá-lo o Probege começou com o cadastro das jazidas e
mármore Marta Rocha, em alusão à eterna Miss Brasil. atividades de lavra, e culminou com uma lista de sugestões
A aceitação deste material como rocha de uso ornamental centrada na possibilidade de criação de um pólo de
foi imediata no então incipiente mercado baiano de explotação e beneficiamento entre os municíp ios de
mármores e granitos . Ourolândia e Jacobina. A execução coube a uma e quipe
Cerca de vinte anos depois, o produto, já bem multidisciplinar, com o envolvimento de métodos e
divulgado no mercado nacional, era apreciado por técnicas de diversas áreas: geologia, geografia, bio logia,
arquitetos, decoradores, construtores e refonnadores de agronomia, economia mineral e planejamento estratégico.

2
Arquivos Abertos J 7 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

o projeto de investigação geológica e ambiental teve a Q Dados físicos de produção - Os dados físicos de
duração de 110 dias, executado entre novembro de 2001 produção da Geoexplore (2002) são apresentados no
e fevereiro de 2002 (Geoexplore, 2002). A concomitante quadro 1.
avaliação econômica traçou um plano estratégico para o
desenvolvimento sustentável das atividades de extração
e beneficiamento (Braz & Magalhães, 2002). Quadro 1 - Dados físicos de produção
Table 1 - Physical production data
3.1 - SISTEMÁTICA DO PROJETO Natureza do serviço Quantidade Descrição sumária

Locais cadastrados (1) 50 Investigação de recursos


Embora concomitantes, o projeto de investigação minero-industriais
geológica e ambiental e o plano estratégico de
Locais cadastrados (2) 154 Investigação geológica e
desenvolvimento sustentável foram independentes na sua ambiental
execução, mas integrados pela coordenação do Projeto. Amostras coletadas 35 Amostragem de rocha

Lâminas delgadas 40 Descrição de lâminas ao


microscópio
Projeto de investigação geológica e ambiental
Fotografias tiradas 1.200 Registro fotográfico total
Os trabalhos foram desenvolvidos nos municípios
de Campo Formoso, Ourolândia, Mirangaba e Jacobina. Fotografia s arquivadas 180 Fotografias se lecionadas para
arquivo

Compilação e integração de dados - as informações Fotografias apresentadas 41 Fotografias apresentadas no


relatório final
bibliográficas e integração de dados incluiu textos e - - - - - -- - _ .-
--
Fonte/ From: Geoexplore (2002)
o acervo cartográfico disponíveis em meio digital.
fi Reconhecimento geológico - disponibilizado o
material básico de orientação aos planos de
campanha, a primeira delas foi de reconhecimento
geológico e cadastro da atividade mineral-lavra e Aproveitamento mineral e diagnóstico
beneficiamento. econômico
o Campanhas de investigação geológica e ambiental
- realimentado o banco digital com as plimeiras Os trabalhos foram desenvolvidos nos municípios
informações de campo, foi traçado o plano de de Ourolândia, Mirangaba e Jacobina, sem incluir,
execução das etapas subseqüentes. Duas campanhas portanto, Campo Formoso.
de sete dias cada e uma terceira de quinze dias Q Avaliação econômica - tratou da lavra e
alternaram-se com trabalhos de escritório, ocasião beneficiamento, produção, comercialização, estlUtura
em que reuniões técnicas foram realizadas, por vezes administrativa, infra-estrutura, aspectos sociais,
junto à Comino Nessas reuniões, resultados parciais situação tributária, linhas de financiamento,
eram avaliadOs e permitiam reorientar a campanha possibilidade de exportação, e geração de emprego.
seguinte. Lâminas delgadas de rocha carbonática Direitos minerários e reservas - constou do
foram confeccionadas e descritas ao microscópio. levantamento dos direitos minerálios por município
Banco de dados - as atividades de campo e esclitólio e do cálculo das reservas medidas, indicadas e
culminaram com a integração dos dados em um inferidas, também por município.
sistema de informações geográficas do tipo OIS • Relatório - contém um texto com dezesseis quadros
ArcView, confecção da cartografia básica e e um anexo com informações relativas ao município
elaboração do relatório técnico. O banco de dados do Ourolândia. Sua principal conclusão é sobre a
onde estão compilados os dados alfanuméricos foram expansão da atividade mineral em torno do mármore
estruturados em software MSAccess. Bege Bahia. Sugestões são apresentadas para
Relatório técnico - o relatólio técnico do Probege catalisar, de modo sustentável, o desenvolvimento
compõe-se de um texto com dezoito figuras, seis mineral da região.
gráficos, nove tabelas, 41 fotos e sete mapas anexos .
Dois deles foram reunidos como anexo I, enquanto
outros cinco foram agrupados como anexo n.

3
COII/panhia Baiana de Pesquisa Milleral - CBPM Arquivos Abertos 17

5.1 - GÊNESE, TIPOLOGIA E


MECANISMOS DE FORMAÇÃO

Os calcários da Formação Caatinga, de idad e


miocênica na base e pleistocênica no topo, provêm da
alteração dos calcários marinhos, neoproterozóicos, da
FOLmação Salitre, através de processos físicos, químicos
e biogênicos (Geoexplore, 2002; Penha, 1994), São,
portanto, secundários, e podem ser identificados como
do tipo calcrete, o mesmo que caliche, São também
conhecidos como travertino,
Na figura 4 tem-se a representação esquemática da
passagem gradacional entre o calcário da Formação
Salitre e o calcário secundário da Formação Caatinga,
Na parte inferior direita da foto 2 vê-se um banco de
calcálio da Formação Salitre, contornado por fragmentos
de calcário da Formação Caatinga,

I
"-. ........ "
=~
~
~
='5m
~~
~a ~ c>
~ _c:>~~<:::::) Foto 2 - Calcário Salitre no canto inferior direito da foto,

j ~~. ~
contornado por fragmentos do calcário Caatinga. Perto da
cidade de Ourolândia
Piloto 2 - Salitre limestolle in tlle right [olVer comer of lhe
pIlOto, outlilled by fragmellts of Caati/lga limestolle. Near
Ourolâ/ldia tOIVll

LegendalLegend o calcrete é formado pelo acúmulo de carbonato de


cálcio, que ocorre próximo à superfície, já em ambiente
c=J Formação Caatinga/Forma/Íon continental (Wright & Tucker, 1991). Pode constituir
depósitos fdáveis, nodulares e endurecidos ou litificados.
~ Formação Salitre/Forma/íon C/I í./~ C-F t: Quanto à tipologia, denomina-se cal~rete pedogên~co 1':

C) ~ Blo cos/Blocks
'. _
,. 1 I~
! ·. i· .JJv
'
• P _ •
/ ~ L-)~ !
·
'_ ". ,
'--, ! I
oI ou pedogenético ao que se forma dentro ou logo abaixo 1I

da zona vadosa ou capIlar, a poucos ou dezenas de metros


abaixo da superfície. Forma-se através de processos
II
FOllte/From: Geoexplore (2002) ,~ pedogenéticos, ou seja, na zona de formação dos solos. \
':. Cf // :~
1'á; calcrety superficial não pedogênico é o que se forma
Figura 4 - Relação espacial entre as entI: ea sU-pelfície do terreno e a zona vadosa.
formações Salitre e Catinga Os calcretes freáticos, em geral formados em clima
Figure 4 - Spatial relationship between árido nos lençóis freáticos (aqüíferos subtelTâneos) ou
Salitre and Caatinga Formatiolls abaixo destes, constituem massas micríticas e cristalinas,
com dezenas de metros de espessura e centenas de
quilômetros quadrados de área. A precipitação do CaCO) /'
OCOLTe principalmente na zona de capilaridade, logo acima I

6
Arqllivos Abertos 17 Compallhia Baialla de Pesquisa Milleral - CBP,\I!

das águas de subsuperfície, que fluem lateralmente, mas \ muito fina, possuem densidade relativamente alta e são
pode ocorrer também abaixo do lençol freático. A Iitificados.
precipitação do carbonato de cálcio é estimulada por Segundo Penha (1994), o calcrete é constituído por
fatores como a degaseificação do CO 2 ' evaporação e uma matriz micrítica, com neomorfização parcial para
evapotranspiração.
° mecanismo de formação do calcrete do vale do .,\
rio Salitre consiste na dissolução de calcarenitos e \
microespato ou pseudo-espato, às vezes substituída por
doI omita, sílica ou ambas. Algumas das feições dessa
rocha são registradas nas três fotos a seguir apresentadas.
calcilutitos da Formação Salitre e reprecipitação em A foto 3 é de nódulos de sílex na rocha carbonática,
condições climáticas que se alternam entre períodos enquanto a de número 4 é uma fotomicrografia, onde é
r prolong(!dps de aridez--& pedodos curtos de elevada caracterizada uma textura ou estrutura microbrechada.
uriúdacle. É nos períodos de acentuada umidade, quando Vazios de dissolução são exibidos na foto 5.
percolam águas de baix,o .pH, que os carbonatos se
dissolvem e migram na fOffila de carbonato ácido de cálcio
(mais conhecido como bicarbonato de cálcio):
Ca(HC0 3) 2' A alta concentração do bicarbonato acaneta
a elevação do índice de alcalinidade e causa a dissolução
dos níveis de sílica dos calcários da Formação Salitre.
Ao ser transportada em solução, esta sílica irá substituir
parte do carbonato redepositado como calcrete. Formam-
se, assim, os nódulos e concreções de sílex .
Áreas de convergência de drenagens, onde há uma
queda no gradiente de fluxo, são ambientes propícios à
formação do calcrete. Esta condição hidrodinâmica teria
ocorrido na paleotrama da rede de drenagemdo rio Salitre
e afluentes principais. A propósito, os calcários da
FOlmação Caatinga são micríticos, isto é, de granulação /

Foto 4 - Fotomicrografia: textura microbrechada em calcrete


da Formação Caatinga, a norte de Ourolândia
Photo 4 - M icrographic photo: Illicro-brecciated texture ill
calcrete of Caatinga Forlllatioll, Nortlz of Ourolândia

Foto 5 - Vazios de dissolução no mármore, preenchidos por


solo residual
Foto 3 - Nódulos de sílex em calcrete da Formação Caatinga Photo 5 - DissollltiOll voids in lhe lIlarble, filled by residual soil
Plzoto 3 - Silex lIodules ill calcrete of Caatinga Formatioll

7
COlllpanhia Baiana de Pesqllisa Mineral - CBPM Arqllivos Abertos 17

5.2 - DIA GÊNESE 5.4 - EVOLUÇÃO DO PERFIL CALCRETE


EM OUROLÂNDIA
Os fenômenos diagenéticos mais importantes nos
calcretes são a ~ficaçio, doJomitização-edissoLução. No diagrama da figura 5 são mostradas as cinco
Tanto a sílica como a dolomita teriam como fonte o fases de evolução do perfil calcrete na região de
próprio calcário da Formação Salitre, onde ocolTem com Ourolândia, da zona gredosa, superior, à rocha-mãe ou
freqüência. matriz, na base:
A distribuição eITática e aleatória de concreções ou
nódulos de sílica - denominados cravos na região - é
condicionada à percolação de soluções ricas em sílica,
em permeio à porosidade (ou permeabilidade) dos

1l1li 2111
depósitos de calcrete.
A dolomitização não é um fenômeno constante, pois
se distribui de forma aleatória, quando a dolomita
substitui a calcita. Em algumas pedreiras concentra-se
do terço supetior à base da frente de explotação, situação
em que dá margem à aparição da cor bege nos nódulos
ou pseudoclastos (intraclastos aparentes).
A dissolução gera espaços vazios do tipo porosidade
vugular, comum em alguns níveis do calcrete. Cristais
milimétricos a submilimétricos de calcita que revestem :3 4
as paredes que fazem frente aos vazios têm uma aparência
sacaroidal, que conesponde ao açúcar, uma expressão
de uso dos mineradores locais.

5.3 - FORMAÇÃO DE UM PERFIL


CALCRETE 5

O perfil de um solo residual forma-se a partir do


i_ntemperismo in situ da rocha-mãe. Para o calcrete o
mecanismo é idêntico, mas com um particular: a rocha
preexistente tem que ser um calcário . Com a sua Legenda/Legend
desintegração mecânica e intemperização químico-
biológica, forma-se o regolito numa proporção que HorizonteslHorizons
supera, em intensidade, os processos ou mecanismos de
transporte. r>,:,::·;)~·J GredosolChalky
Penha (1994) discolTe sobre algumas condições
necessárias à formação de um perfil calcrete, assim IN~;#;] Nodular-gredosolNodular-chalky
resumidas:
1 o~'2:, 1 Nodular/Nodular
clima árido a semi-árido;
pluviosidade de cem a quinhentos milímetros
anuais;
1--::; 1LenticularlLenticu/ar
zona vadosa, subaérea ou próxima à superfície;
_ Hardpan
teITeno plano, horizontal ou quase horizontal;
substrato estável e espesso, que permita o ~ Rocha matriz)Parem rock
desenvolvimento de processos diagenéticos;
tempo suficiente para permitir a ação de Fonte/From: Penha (1994)
processos pedogenéticos.
Figura 5 - Evolução de um perfil calcrete
Figure 5 - Development of a ca/crete profúe

8
Arquivos Abertos 17 COlllpal/hia Baialla de Pesquisa Mineral - CBPM

" estágio 1 - horizonte gredoso - intemperismos físico, m Barragem Novo Fazendo Mocambo Fazendo Cais
o
químico e biológico atuam sobre o calcário da 2
FOlmação Salitre. Migrações descendentes de águas 4
meteóricas e ascendentes de águas do lençol freático 6 ~:=

acarretam dissolução parcial e fraturamento da rocha 8 r:1'1~


10 ~
preexistente. A taxa de sedimentação in situ é superior ;'!~ .:.:\;
12
à de material transportado, condição que leva ao 14
desenvolvimento do solo carbonático no seu horizonte 16
gredoso; 18

o estágio 2 - horizonte nodular-gredoso - proliferação 20


22
-de vegetais e microorganismos no solo gredoso fomenta
24
a ação de processos pedogenéticos, com conseqüente 26
aumento da porosidade da rocha original. Com a maior 28
percolação das águas, forma-se um material friável e 30
pulverulento, com seixos e matacões de calcário. O 32 3
34
horizonte de porosidade e permeabilidade mais altas é
36
caracterizado como nodular-gredoso;
38
• estágio 3 - nodular-gredoso -Ienticula r - há o 40
incremento dos processos de dissolução e 42
retrabalhamento da rocha-mãe. Há reprecipitação e 44
46
acúmulo de carbonato de cálcio, com conseqüente
48
espessamento dos horizontes gredoso e nodular- 50
gredoso, já formados. É nesta fase que o movimento 2
lateral das raízes dá início à formação do horizonte
lenticular. Dá-se então o amadurecimento do perfil, Legenda!Legend
que passa a apresentar horizontes gredoso, nodular-
gredoso, nodular e lenticular; Horizontes/ Horizons
• estágio 4 - gredoso-hardpan-nodular-lenticular - dá-
se a cimentação dos horizontes, com a conseqüente c:::::::J Solo/Soi!
formação do hOlizonte hardpan, que pode ser maciço,
no nível gredoso, ou nodular, no nível nodular (ou Hardpan
nodular-gredoso). Recristalização, dolomitização e
silicificação sucessivas contribuem para a fossilização ~ NodularlNodular
do perfil, fase em que a matriz já estaria recristalizada
para microespato ou substituída em parte por sílica. 10::: ::::1 LenticularlLenticular
• estágio 5 - calcrete - uma vez litificado, o perfil
carbonático já é um calcrete. Retrabalhamento in situ, I:;:::: :1 Nodular-gredosoINodular-chalky
na presença de água e sob ação de atividade orgânica,
e novos processos de dissolução tornam o horizonte h::::}:::1 GredosolChalky
hardpan brechado. Este retrabalhamento do perfil
conduz à formação de um perfil composto (Penha, t=;:~:~d Siltito/Si/tstone
1994).
f~:§::@ Argilito siltosolSilty argil/ite

Fonte/From: Penha (1994)


Seções verticais de Ourolândia
Na figura 6 são representadas três seções verticais de
furos de sonda que pelmitiram a Penha (1994) descrever,
Figura 6 - Perfis calcrete: seções vertica is
no município de Ourolândia, um perfil calcrete
em Ourolândia
poligenético, maduro, composto, e meio fossilizado. A
localização dos furos está na fi gura 7.
Figure 6 - Catcrete profiles: vertical
sections in Ourolândia

9
COII/panhia Baialla de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 17

41° 07' 41°00' A desctição integrada dos perfis de Ourolândia leva


,--
10°55'
a constatar-se que, num intervalo entre dez e trinta metros
de espessura, a partir da superfície do teneno, as zonas
mais propícias ao aproveitamento econômico do mármore
são aquelas de calcários dos tipos hardpan (duro e
compacto), lenticular (com laminação e cimentado) e
nodular (com textura globular). Com base nestas
observações , pode-se testar um modelo sobre o
comportamento das zonas de maior potencial em
pesquisas futuras na região.

!lU 111° 00'

5.5 - CONTEÚDO FOSSILÍFERO


C on ven ções/Symbols
Gastrópode~ (ramo Molusca) e ostracóides (ramo

o Curvas de nível (m)/conlours Tines Artrópoda), fósseis de ambiente aquático, .,foram


identificados nos calcários da Formação Caatinga, como
~ CidadelTmvn a norte de Ourolândia (foto 6) . Conquanto distribgído.§
do Cambriano ao Recente, ambos são usado s em
e correlações bioestratigráficas de bacias sedimentares ou
i Furos de sondalDrill haZes
como indicadores de paleoambientes.
~ Rio Salitre/River
-~
... _.......,;---.,
Estradas/Roads

FontelFram: Penha (1994)

Figura 7 - Localização dos furos de sonda


Figure 7 - Location of drill holes

o conhecimento deste tipo de perfil facilita o


e ntendimento da estratigrafia, a fim de ajudar na
identificação dos níveis mais propensos à oconência do
mármore bege. A começar pela parte superior do perfil,
os primeiros oito a quinze metros têm características de
um calcrete pedogênico, em que a ação de águas
meteóricas e a atividade orgânica (das plantas) do solo
são destacáveis, assim como são rnaiores a oconência Foto 6 - Fotomicrografia: fóssil de uma concha de gastrópodo
do horizonte lenticular e a concentração do carbonato no calcrete, a norte de Ourolândia
de cálcio. Os valores de 80 18 e 8CI3, nesta pa11e do perfil, Plzoto 6 - Micrographic plzoto: fossil of a gastllropode slzell in
the calcrete, Nortll of Ourolâlldia
são menores - ou mais leves, como prefere Penha, com
base em Azevedo & Azevedo (1991) . Isto reflete um
maior fracionamento dos isótopos 0 18 e CI3, o que 5.6 - GEOCRONOLOGIA
. demonstra maior idade de formação do calcrete
pedogênico neste intervalo de profundidade. Já nas pat1es Segundo Wright & Tucker (1991), a formação de
inferiores das seções predominam calcretes freáticos, em um perfil calcrete maduro leva milhares de anos, mas
que as camadas são mais espessas, há prevalência de pode alcançar, ou mesmo ultrapassar, a casa de um milhão
horizontes nodular e maciço (gredoso) e o teor de sílica de anos.
é maior. Os valores de 80 18 e 8C13 são maiores (ou mais Fósseis de moluscos permitem admitir uma idade
pesados), o que reflete menor fracionamento dos isótopos entre o Mioceno e o Quaternário para a Formação
0 18 e CI3, e demonstra menor idade de formação em Caatinga. Penha (1994) cita datações radiométricas de
relação aos calcretes das partes superiores das seções. Azevedo & Azevedo (1991), que indicam idades entre

10
Arquivos Abertos 17 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

250ka (milhares de anos), no topo do perfil calcrete, e 41°30' 40°30' 40°00'


lOka, na base, tempo suficiente para a geração de um ---,
pedil maduro, composto e em parte fossilizado . Essas
datações basearam-se na atividade do Th 230!LJ234 e 1]234/ 10° 00'1"\ l.~ '. 110° ao'
1]238 . Vê-se que, pela própria formação e evolução do
calcrete, o topo é a parte mais antiga do perfil, ao
contrário de uma seqüência estratigráfica normal.
10°30" "-"" - 1\,1 (;(]mpo rorm~ I 1100 30'

6 - APROVEITAMENTO
MINERAL DO BEGE BAHIA I UUIUIUIlUIU ~ (',11 111°00'

Serão abordados neste item a caracterização


comercial, o cadastro mineral, áreas requeridas,
4~0 30' 41°00' 40°30' 40 0 0d
potencialidade e reserva do mármore bege nos municípios
de Ourolândia, Mirangaba e Jacobina. Uma breve o 60km
'= I
abordagem sobre o município de Campo Formoso ficará
por conta do pólo de produção de CUlTal Velho, de
importância secundária. A localização e o limite de cada c o n ven çõ es/Symbols
município produtor encontram-se na figura 8.
• Minas de máJlTIorellMarbele mil!es

6.1- CARACTERIZAÇÃO COMERCIAL • Sede illunnicipailTownship


A rocha conhecida sob a denominação comercial de
mármore Bege Bahia nada mais é do que uma variedade
do ca!crete (ou travertino) da FOlmação Caatinga. A sua
Q Limites de municípios/MlIl!icipality boundaries

caracterização como mármore torna-se evidente quando Ligeiramente modificado dei


o grau de consolidação da massa calcrete é elevado. Ao Slight1y modified from: Geoexplore (2002)
exibir a estética e evidenciar as propriedades físicas e
mecânicas de um málmore típico, o Bege Bahia é bastante
apreciado em aplicações como rocha ornamental, Figura 8 - Distribuição das minas de
material de revestimento e piso de áreas internas, e outras, mármore bege por município
como esculturas e objetos de arte. As características Figure 8 - Distribuition of beige morble
físicas e mecânicas do mármore Bege Bahia são mines per municipality
apresentadas no quadro 2. A propósito, a CBPM editou,

Quadro 2 - Características físicas e mecânicas do Bege Bahia


Table 2 - Physical and mechanical characteristies of the "Bege Bahia"
CaracterísticaslFeatures Valoreslvalues
Índices físicos/Physica/ indexes -
- Massa específica aparenteMI)' dell.l·;ly 2.606kg/m3
- Porosidade aparente/apparellt porosily 2,62%
- Absorção d':ígua/waler absorption 1,01%
De's gaste amsler/lIIsler ...Iear valll~ 1,31 %
Resistência à compressão uniaxial simples/colllpresshm breaking [oad I 73,3MPa
Resistência à compressão uniaxial após gelo-degelo/compr"s.liO/I breaking /oml afler ,
.fi'eezingllhmving 10l,6MPa
Resistência ao impacto/illlpacl strenglh tesl O,41m
Módulo de deFormabilidacle estático/STalic deforlllabiliry modLl/II.I· 67,87GPa
Coeficiente de dilatação térmica linearlrhermal linear l'xpallsion coefliciem IJ,8ml11/m"xIO'
Res istê nc ia à fl exão/bl.'IIding le.l'l 16,65MPa I

Fonte/From: Catálogo de rochas ornamentais da Bahia - (Bahia, Brasil 1994)

11
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abalos 17

em 2002, um catálogo de rochas ornamentais do estado Sem incluir Campo Formoso na sua relação, Braz
da Bahia, em CD-ROM. & Magalhães (2002) mencionam a área, em hectares,
con'espondente ao glUpO de requerimentos dos municípios
de Ourolândia, Mirangaba e Jacobina:
6.2 - CADASTRO DA ATIVIDADE
- Ourolândia - 26 requerimentos de pesquisa, que
PRODUTIVA recobrem uma área da ordem de 10.000 hectares;
Foram cadastradas doze ocorrências de mármore - Mirangaba - onze requerimentos recobrem cerca
bege, 29 unidades extrativas e dez unidades de de 4 .339 hectares;
beneficiamento, que totalizaram 51 pontos ou estações - Jacobina - 29 requerimentos recobrem cerca de
visitadas. 14.795 hectares.
Das doze ocorrências de mármore, quatro são de Na ocasião da visita à região, a Cooperativa Mista
áreas pesquisadas, mas sem processo de extração. Em Agropecuária de Ourolândia Ltda., que também congrega
mais quatro há apenas indícios de pesquisa iniciada. As produtores manuais do Bege Bahia, havia protocolado
quatro restantes são de afloramentos de mármore, sem um recente pedido de pesquisa. Detalhes referentes à
qualquer sinal de pesquisa. Na maioria dos locais situação atual dos direitos minerários sobre o Bege Bahia
cadastrados a exposição do mármore é restrita, o que no vale do rio Salitre poderão ser consultados junto ao
torna difícil fazer estimativa de potencial. Apenas em 7º distrito do DNPM, em Salvador.
dois pontos foi possível observar a rocha com certo
detalhe, em escavações na forma de gaveta.
P rincipais pólos de produção ou extração
Dos 29 locais de produção ou extração do mármore,
Áreas requeridas
vinte estavam ativos na época do cadastro. Cinco
A Geoexplore (2002) relacionou 164 processos de unidades haviam sido desativadas por abandono,
direitos minerários junto ao DNPM nos municípios de enquanto outras quatro encontravam-se sob paralisação
Ourolândia, Mirangaba, Jacobina e Campo Formoso. A temporária (figura 10).
situação desses direitos, atualizada até dezembro de 200 I,
(Quant.)
é discriminada na figura 9, que se refere apenas aos 25~---------------------.
requerimentos explicitados como mármore bege. ?n
20
15

10
5
o I I •

Legenda/ Legend

h>'c}," Lavra em atividade/Working exploilalion

4
Itir;;~!·7':I Paralisada/Olll ofwork
1 - Requerimento de pesquisa/Claim (16%) ~ D es ativada/lnaclivaled

2 - Concessão de lavra/Mining property til/e (6%) Ligeiramente modificada de/Slighl'y II/odijil'd f/'OI/I:
Geoexplore (2002)

3 - Requerimento de lavra/Mining request (9%)


Figura 10 - Atividade extrativa na região
Figure 10 - ExtractiJle activity in lhe regioll
4 - Autorização de pesquisa/Research permission (69%)
Os locais de extração são concentrados em três pólos
Fonte/ Prom: Geoexplore (2002) distintos de produção : Curral Velho, Mirangaba e
Ourolândia (figura 11). O ptincipal deles é o de Ourolândia,
Figure 9 - Situação dos direitos minerários ampliado na figura 12. A produção média mensal, na região,
junto ao DNPM em dezembro de 2001 é estimada em cerca de dois mil metros cúbicos . Os dados
Figure 9 - Situation of m ineral rigltts registered quantitativos de cada método de extração do málmore bege
in DNPM by December 2001 do rio Salitre são indicados na figura 13.

12
Arquivos Abertos 17 Companhia Ba iana de Pesquisa Mineral - CBPM

IUTN 1200 340


i
I x1.000m)
,

rT / / [·~··'·lVr ";)'ill 10"

260
Legenda e convençõeslugend and symbols

8.860
k/::ii!.'\:l Fonnação Caatinga/Fonna/ion
~ Pedreiras de rnármorelMarble quarries
8.840
. Locais de beneficiamento/
Dressing premises

D Limite do pólo/pole /imil

~ Rio Salitre/River
" 10.800

- - Estrada/Road

Modificada delModifledfrom: Geoexplore (2002)


o lOlm
l=J""",bd
41° Figura 12 - AmpliaçAo (zoom ) do pólo de
üuroÜDdla
Legenda e CO Dvenç/Jwúgend Ilnd symbo13 Figure 12 - Zoom of OuroldndÜl pole
(':::":·;·::::1 Formação Cu.tingalFormatitJn

c:::=J Ootrao ·;..udadco IitológicW


Olhe, Iithc/ogic unÍls

O Limites do pólolPole limils

Jazidas de mfmnorelMarble deposits

o
.----.-=:: Rio Salitre!River

Área do ProbegelArea

Modi1icada de/Modifiedfrom: Geoexplorc (2002) Legenda/Legend


4
15

FIgura 11 - Pólos de extraçAo do múmore bege 1:: ::(/)/1Lavra manual/halldll'orked exploitatioll


Figure 11 - Quarrylng poJes of bd~~ ItIllrbk
. . . La vra semim eca ni zadalsem i-lI1 echan ized exploiration

c=J Lavra mecan izada/meclul//ized exploi/(i1ioll


Ligeiramente modificada de/Slighr/y modified!r.om:
Geoexplore (2002)

Figura 13 - Utilização de cada método de lavra


na região (quantidade)
Figure 13 - Utilhation of each e.xploiJation
method in lhe region (quanlity)

13
COll1panhia Baiana de Pesq/lisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 17

Pólo de Curral Velho - nos sete locais de extração


deste pólo, que fica no município de Campo Formoso,
predominavam os métodos de lavra manual: cinco
unidades. Nos dois restantes havia uma lavra
semi mecanizada e uma mecanizada (figura 14).

Em apenas três pedreiras persistia a atividade de


lavra, todas com métodos primitivos de extração manual
e infra-estrutura precália (fotos 7,8 e 9).
Dos três pólos de produção, o de Curral Velho é o
de menor produção mensal: média de apenas 150 metros
cúbicos de blocos.

Pólo de Mirangaba - as duas frentes de lavra deste


pólo são as pedreiras das empresas Bege Bahia e
J acobege, ambas em funcionamento, com destaque
para a primeira, aberta em 1986 e principal unidade
Foto 7 - Lavra manual no pólo de Curral Velho
Piloto 7 - HandlYorked explaitaliou ill Cúrral Velho pole

Legenda!Legend Foto 8 - Lavra manual e infra-estrutura rudimentar no pólo


de Curral Velho
w>r:tHLavra mecanizadaJmechanized exploitation Phato 8 - HandlYorked explaitatioll and rudimentary infra-
structure ill Curral Velho pole
I11III Lavra semimecanizadalsemi-mechanized exploitation
C=:J Lavra manuallhandworked exploitation
Ligeiramente modificada de/Slightly modifiedfrom:
Geoexplore (2002)

Figura 14 - Utilização de cada método de lavra


em Curral Velho (quantidade)
Figure 14 - Utilization 01 each exploitatioft
method in Curral Velho (quantity)

Foto 9 - Aparelhamento manual de blocos no pólo de Curral


Velho
Photo 9 - HandlYorked helYillg of blacks in Curral Velho pole

14
Arquivos Abertos 17 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

extrativa do pólo. A lavra é mecanizada e a céu Dos vinte locais cadastrados, cinco são de pedreiras
aberto, numa cava de nove metros de profundidade desativadas e três, paralisadas . Dos quinze em
- com cinco pisos de 1,70 metro de altura cada - por funcionamento, nove são de lavras mecanizadas, duas
150x80 metros. Na pedreira são usados caminhões são semimecanizadas e só quatro manuais. O pólo de
brooks, caminhão-caçamba, compressores a diesel e Ourolândia é responsável por cerca de 75% da produção
elétrico, e paus de carga. Na ocasião da pesquisa, dos pontos cadastrados do mármore. A produção total
deste distrito é da ordem de 1.500 metros cúbicos mensais.
treze eram os operários que tocavam os serviços da
As principais empresas produtoras são a Flama,
mina.
Mármores da Bahia, CavaI Mineração e Travertino
Osistema do tipo fio helicoidal é o aplicado no corte Mineração, as quais, juntas, perfazem cerca de 85% da
dos blocos, que são extraídos nas dimensões de produção atual do pólo de Ourolândia (figura 16).
1,60x1,60x2,90 metros. A recuperação da lavra é
da ordem de 50%. Parte da produção é levada à
serraria da própria empresa, na cidade de Jacobina,
Pedra Branco
e parte é vendida no mercado interno. 3%
Terra Santo
Com uma produção anual da ordem de 4.200 metros 2%
cúbicos de mármore bege, o pólo de Mirangaba é Sr. Filomeno~ Mórmore
representativo do padrão tecnológico dominante nas 4 0''0 Bahia
minas da região. Isto ocorre tanto no nível da 17%
produção quanto no grau de mecanização da lavra,
Fiamo
onde são utilizados o fio helicoidal e marteletes, 33%
Eco-Mormore Cava 1
guinchos, etc . Mineroçõo
3%
Pólo de Ourolândia - este é o mais importante dos 21 %
pólos de extração do mármore Bege Bahia, seja em
termos quantitativos da produção, seja na tecnologia Ligeiramente modificada de/S/ightly modifiedfrom:
aplicada (figura 15), e também nos aspectos Geocxplore (2002)
socioeconômicos.
Figura 16 - Percentuais da produção do
mármore em Ourolândia, por empresa
Figure 16 - Percents of marble production of
each company in Ourolândia

- Pedreira da Flama - localizada na fazenda


Legenda/Legend
Engenho Velho, município de Ourolândia, está
!?:=: =//>l Lavra mecanizadalmechanízed expioi/a/íon em funcionamento desde 1993. Utiliza os mais
modernos equipamentos de lavra. O corte de pisos
_ Lavra semimecaniiadalsemi-mechanized explai/a/ion e blocos é feito com uma máquina com serra da
marca Fantine (foto 10), Os blocos são COItados
c:::J Lavra manuaUhandworked exp/oiiation com um martele te pneumático com guia. Segundo
informações locais, a produção atual gira em
Ligeiramente modificada rle/S/ightly modifiedfram:
Geoexplore (2002) tomo de quinhentos metros cúbicos mensais, mas
a capacidade instalada é para uma produção
Figura 15 - Utilização de cada método de lavra mensal de mil metros cúbicos. Detalhe da camada
em Ourolândia (quantidade) de mármore em explotação na foto 11.
Figure 15 - Utilization of each exploi/atíon
method in Ouroldndia (quantity)

1<;
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 17

Quadro 5 - Situação atual, métodos de lavra e instrumentos utilizados nos municípios da região/
Table 5 - Present situation, methods and toois llsed in the 1Ilunicipalities of the region

S ituação
lVluoicípio Localidade* Método de lavra Instrumental usado na lavra
atual

Campo Fonnoso Fazenda Tanquinhio Ativa Manual Martelo


Campo Formoso Fazenda Carquejo Ativa Manual Explosivo
Campo Formoso Fazenda Cal'quejo Ativa Manual Compressor, perfuratriz e guincho.
Campo Fonnoso Baixinha Ativa Manual Pólvora, talhadeira c ponteira
Campo Formoso Swnidouro Ativa Manual Martelo e Pixote
Ourolândia Barragem Ativa Manual Man'eta
Ourolândia BalTagcm Ativa Manual Compressor, perfuratriz e explosivo
Ourolândia Fazenda Cais Ativa Manual Compressor e perfuratriz
OUl'Olândia Onrolândia Ativa Manual Compressor e perfuratriz
Ourolândia Barragem Ativa Manual Martelo
Campo Formoso Faze nda Carquejo Ativa Mecanizada Fio diamantado
Mirangaba Riaebo da Caua Brava Ativa Mecanizada Fio helicoidal
Mirangaba Trincheira Ativa Mccanizadà Fio helicoidal c martelo manual
Olll'olândia Fazeuda Caldeirão Ativa Mecanizada Fio helicoidal
Ourolândia Fazenda Mocambo Ativa Mecanizada Fio helicoidal
Ourolândia Fazenda Engenho Velho Ativa Mecanizada Fio helic./diamantado e Fontaine
OW'olândia Faz. Pedra Branca ou Miragem Ativa Mecanizada F io helicoidal, compressor e I1llirtelO
OW'olândia Fazenda Caldeirão Ativa Mecanizada Fio helicoidal
Ol1rolândia Ourolândia Ativa Mecanizada Fio helicoidal c martclos
Olll'olândia Lagoa da Barrocha Ativa Mecanizada Fio helicoidal
Ourolândia Fazenda Pedra Branca Dcsativada Mecanizada fio helicoidal, compressor e mru1elo
Ollrolândia Fazenda Cais Desativada Mecanizada Fio helicoidal compressor e martelo
Ourolândia Abóbora D esativada Mecaruzada ·Fio helicoidal c-Ompressor e rnrutdo
Ourolândia Reforma Desativada Mecanizada Martelete e compressor
OW'olândia Soim Desativada Mecanizada Fio helicoidal
Campo Fonnoso Curral V"'ho Pamlisa<.la SerniOlecarUza<.la Fio helicoidal
Ourolândia MlIdubim Paralisada Semimecanizada F io helicoidal
Ourolândia Fazenda Lagoa da BOlTaeha Paralisada Semi mecanizada Compressor, perfuratriz e explosivo
Omolândia Ourolândia Pru'ali sada Semimecanizada Fio helicoidal
- ---- -

' Loca li l.açõ es no anex o 11 -2 da!Lo cnli:arionJ il/ rll e al/I/ ex 11-2 Ji'1I111 Geoex pl ore (200 2).
Li ge iram ente modiFicado delSligllrly nlodifiedfrolll: Geoexplore (2002)

• Lavra mecanizada - é a mais sofisticada em


quantidade e qualidade de equipamentos. Utiliza um
ou mais métodos de corte em lavras em geral com
produção superior a 350 metros cúbicos mensais.
Desenvolve-se em várias bancadas, na maioria das
vezes em cavas amplas. A profundidade atingida
corresponde a quatro ou mais pisos, cada um com
1,70 metro de altura.
• Lavra semimecanizada - operada nas minas que
fazem uso do cOlte ~om fios helicoidais. Utiliza um
ou, no máximo, três conjuntos de linhas. Algumas
minas possuem pá carregadeira e guincho de arraste.
O içamento dos blocos, via de regra, faz-se através
de pau de carga simples ou rudimentar (foto 13). O Foto 13 - Cava em bancadas, com destaque para o pau de
desenvolvimento das frentes é lento e a baixa carga para içar blocos. Lavra mecanizada no pólo de
produtividade deve-se principalmente à dificuldade Mirangaba
Photo 13 - Cave ill bellches, lVilh ouls/allding "pau de carga"
de remover o rejeito das frentes de extração. to hoist blocks. Mecha llized exploi/a/ioll in Mirangaba pole

18
Arquivos Abertos 17 CO/llpanhia Baialla de Pesquisa Min eral - CBPM

• Lavra manual - é a de mais baixa produtividade explotação por bancadas múltiplas, na forma de degraus
(ver fotos 7,8 e 9). Restringe-se a um compressor (fotos 13 e 14). Individualizam-se pranchas nas
para furação e posterior carregamento dos furos com dimensões de 25 metros de comprimento por 1,70 metro
pólvora ou clorato para separação dos blocos. Em de largura e 1,55 metro de altura. A produção gira em
alguns locai s a furação é manual, com ferros torno de dez blocos por prancha.
elaborados e apontados pelos próprios garimpeiros Processos de extração costumam ser aplicados com
ou operadores. Realiza-se em locais de relevo positivo o emprego de fio helicoidal, o mais comum, corrente
dentada e fio diamantado, em operações que podem ser
ou de blocos rolados.
combinadas, simultâneas ou não. São métodos projetados
Da extração manual à lavra mecanizada a
de acordo com o nível de produção e com os recursos
sistemática inicial é a mesma. Começa pelo desmatamento
financeiros e tecnológicos disponíveis na mina, onde
e remoção do material estéril, de modo a criar praças
procedimentos semimecanizados e mecanizados
semiplanas, cuja área dependerá da projeção da produção
costumam ser conjugados.
da jazida. A seguir, a lavra é feita em um esquema de

Beneficiamento
Os primeiros equipamentos para beneficiamento -
serragem e polimento - do mármore bege foram instalados
em Juazeiro e Jacobina . Antes, o mánnore era vendido
na forma de blocos a outros estados, principalmente
Espírito Santo.
Nos últimos anos, estruturas para beneficiamento
foram implantadas na região de Ourolândia, onde, durante
o cadastro da Geoexplore, funcionavam três unidades
industriais. Havia um tear diamantado, dois teares
convencionais (lâminas de aço e grana lha) e um talha-
bloco para bloquetes. Previa-se a implantação de um novO
tear diamantado neste município.
Havia dez unidades beneficiadoras do mármore bege
nos municípios da região (quadro 6). A ativ idade
dominante era a serragem e polimento do málmore. Eram
Foto 14 - Lavra mecanizada a céu aberto em bancadas baixas
produzidas placas brutas, placas polidas e ladrilhos, com
(1,60m)
Photo 14 - Opell pit lIleclzallized exploitatioll ill lolV benches des taque para o município de Jacobina, com 70% das
(l,60m) unidades cadastradas.
Quadro 6 - Unidades beneficiadoras de mármore bege nos municípios da região
Table 6· Dressillg melhods Ilsed;n lhe /1lullicipalities oflhe regioll

.":I ·'·; ~i~~~çkb;fL;:\~~Ç~RO·O. ~,.O'~';:·i. '.: ;,,:,:':;·~'~~:F~~~~~~T:q .: , , PR'6'~iJTo '


I ~1 .! --.;:_ f:,;'_ ';- ~ =', 1-' ;",

~ iitiNlciplq .c LOCALlDADE ,.
0' :i,-'-" .

Jacobina Es lrada pa ra Miguel Calmon I Em Aliv idade Egamármore Lida. Serragem e polmenlo de rochas I Placas

Jacobirla Jacobina Em Ativ idade Se rragem e polmenlo de rocha s I Placas polidas

Jacobin a Jacobina Em Alividade Raul Campos I Serragem de rochas I Placas

Jacobina Jacob ina Em Aliv idade Karina Dia s Moraes I Polmenlo de rochas I Placas e ladrilhos polidos

Jacobina Jacobina Em Alividade Bege Bahia Mármore Lida. I Se rrage m e polim enio de rocha s I Lad rilhos personalizados

Jacobina La ges do Balala Em Alividade Ibigaiilon I Serragem e polimenlo de rochas I Lad rilhos

Ourolà ndia Fazenda Mucamb Em Alividade Trave rlino da Bahia I Serragem de roch as I Placas
Eco·Má rmore Exlração e Com.de .
Ou rolànd ia Jacob ina Em Alividade Mármore Tra ve rtino Lida. I Serragem e pOllmenlo de rochas I Placas polidas

Ourolá ndia Ourolándia Em Alividade Nordesle Agrominera l Lida. Serragem e polimenlo de rochas Lad rilhos po lidos

Ourolà ndia Ourolilndia Pa ralizada Mar Bege Se rragem de rochas Pla cas
*Localizações no anexo 11 -2 daJLacalizarians in lhe alln ex !l-2fralll Geoex plore (2002).
Ligeiramente modificado delSlightly IIwdifiedfralll Geoexplore (2002)

19
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos AbalOS 17

Sete senarias trabalhavam com blocos. O corte do


6.6 - PRODUÇÃO de 1996 a 2000
mármore era feito em teares convencionais dos modelos
A produção de blocos do mármore Bege Bahia foi
G 1 ou G2, que diferiam na largura dos blocos brutos
crescente de 1996 a 1999. Passou de 17.440 a 24.388
serrados. O G1 serrava blocos de até 1,8 metro de
metros cúbicos: um aumento da ordem de 39,84%. Em
largura, enquanto o G2 alcançava os 2,4 metros . O
2000, caiu para 22.317 metros cúbicos, ou seja, queda
segundo modelo cortava uma quantidade 25% maior de
de 9,28% em relação a 1999, conseqüência talvez da
placas por processo de serragem. Duas serrarias
retração da construção civil no país .
trabalhavam só com ladrilho, das quais uma produzia
Já os produtos beneficiados - chapas e ladrilhos-
também placas .
tiveram, nos mesmos cinco anos, um comportamento
• Serraria Travertinos da Bahia - esta empresa, tida J )
inegular. Depois de um pico de produção em 1997, houve
como exemplar pela infra-estrutura e tecnologia, fora
queda acentuada nos dois anos subseqüentes e pequena
instalada há pouco tempo na fazenda Mocambo, recuperação em 2000. A redução da produção local é em
município de Ourolândia, à margem da estrada que parte atribuída à conconência do Espírito Santo, face ao
liga a BA-757 à mina Mocambo, da empresa estágio atual da sua cadeia produtiva de rocha s
Mármores da Bahia . Blocos de mármore de ornamentais. A evolução da produção baiana entre 1996
3 ,Ox 1, 70x 1,65 metro, extraídos numa la vra que fica e 2000 é apresentada no quadro 7.
a pouco mais de quatrocentos metros desta senaria,
constituíam a matéria-prima a ser beneficiada. A
senagem dos blocos era feita por uma máquina de Quadro 7 - Evolução da produção até 2000
tear diamantado da MGM, de fabricação nacional, Table 7 - Evolutiol1 of production by 2000
até então a única instalada na região (foto 15). Consta
que esta máquina corta 68 placas de mármore de Blocos Produtos
2,9x1,6x2,0 metros, a partir dos blocos brutos. A Ano 1 1
(m· ) beneficiados (111 )
produção chega a 1,5 bloco sen'ado por dia. A
1996 17.441 208.305
unidade possui um reservatório de água com
1997 18. 117 25 0.90 2
capacidade para 400 mil litros, um galpão onde fica
o tear diamantado, dois paus de carga e um tanque 1998 19 .136 J 20.64 J
de decantação. 1999 24.3 89 I J 3 .132
2000 22.3 17 178. 179
FÚlllclFrom: Braz &. Magalhãe s (2 002!-

Duas estimativas de volume do mármore produzido


na região chegaram a valores próximos . A efetuada pe la
Geoexplore (2002) foi da ordem de dois mil metros
cúbicos mensais, enquanto a de Braz & Magalhães (2002)
ficou em tomo de 1.860 metros cúbicos mensais.

7 - DIAGNÓSTICO ECONÔMICO

Este item baseia-se principalmente em Braz &


Magalhães (2002), que, no re latório apresentado à
CBPM, disconem sobre o Plano estratégico para o
desenvolvimento sustentado do mármore Bege Bahia
da região de Ourolândia, Jacobina e Mirangaba :
Foto 15 - Tear diamantado da Travertinos da Bahia, pólo de avaliação econômica, direitos minerários e reservas
Ourolândia oficiais.
PIlOto 15 - Travertillos da Balzia's dialllolld /oom, ill
Ourolâlldia pote

20
Arquivos Abertos 17 Companhia Baia/lO de Pesquisa Mineral - CBPM

7.1- SITUAÇÃO ATUAL DA LAVRA E disponibilidade de água subterrânea poderá suprir a


BENEFICIAMENTO demanda necessária à implantação de mais de uma dezena
de unidades de teares diamantados, com um consumo da
ordem de 80 mil litros por hora. Neste caso, toma-se
A Geoexplore (2002) cita antigas atividades nas obtigatório um sistema de reciclagem da água consumida,
regiões dos três pólos de produção do mármore. o qual poderá reduzir o consumo para cerca de 20 mil
Ourolândia, antiga Ouro Branco, já foi zona de produção litros por hora. De qualquer modo, a avaliação do
de algodão do município de Jacobina. Mirangaba, também potencial hidrogeológico do aqüífero regional é uma das
desmembrado de Jacobina, desenvolveu-se com os recomendações para a região.
garimpos de esmeralda de Carnaíba (município de
Pindobaçu), enquanto Curral Velho cresceu com a
produção do mármore bege dirigida ao município de Distribuição das unidades de lavra e
Juazeiro. No quadro atual, os três centros dependem da beneficiamento
mesma atividade, a extração do mármore, mas são Ourolândia é o município que concentra o maior
extremas as variações entre a mineração manual, de número de unidades de explotação ou lavra. A sua
caráter predatório, e a lavra mecanizada, com distribuição por município e localidade, de acordo com a
equipamentos de última geração. Geoexplore (2002), encontra-se no quadro 5.
As técnicas aplicadas e, principalmente, a integração No seu levantamento, que difere um pouco do
entre lavra e beneficiamento refletem a capacidade cadastro efetuado pela Geoexplore (2002), Braz &
financeira do empreendedor. Braz & Magalhães (2002) Magalhães (2002) referem-se a treze pedreiras
agruparam as unidades produtivas de lavra e mecanizadas ou semimecanizadas, das quais seis eram
beneficiamento nas seguintes categorias: pedreiras integradas a serrarias e sete não-integradas. Anotaram
manuais não integradas a serrarias, pedreiras mecanizadas apenas uma serratia não integrada, ou independente. No
(ou semi mecanizadas) não integradas, pedreiras município de Ourolândia, foram constatadas dez lavras
mecanizadas integradas a serrarias, serrarias não de extração manual. Jacobina possuía oito serratias, cinco
integradas, e apenas uma unidade polidora. delas integradas à lavra, e era o único município com
Foram consideradas mecanizadas as pedreiras que uma polidora. A disttibuição quantitativa das unidades
dispõem de pelo menos uma rede de fio helicoidal. Foram de lavra e beneficiamento levantadas por Braz &
consideradas não-integradas as pedreiras independentes Magalhães, por município, encontra-se no quadro 8.
ou ligadas a serrarias de fora da região.
Ainda hoje, a maior parte da produção de blocos do
mármore da região destina-se aos estados de Sergipe, Quadro 8 - Distribuição quantitativa das unidades de lav r a
e beneficiamento
Minas Gerais e Espírito Santo. A destinação para Toble 8 - Qualltitative distl'ibutioll of file exploitatio/l (tlld
Jacobina, São Paulo e Juazeiro é secundária. dressing IInits
Cerca de 85% a 90% do material produzido deixa o Pedreiras Pedreiras Pcdrciras+ Serrarias Unidade
Município s
local de extração na fOlwa de blocos brutos nas dimensões manuais n/integrados serrarias n/in [egradas poli dor.
de 2,9x2,2xl,7 metro e 2,2x2,Ox2,0 meh'os. Como o setor Ourolàndia 10 07 06 OI
de extração é o que concentra o maior passivo ambiental, Jacobina 05 03 OI
fica clara a necessidade de agregar mais valores ao Mirangaba OI OI
produto natural não renovável. Campu Formo so
Tolal 10 08 1.1 O~ OI
Apenas 10% a 15% da produção é beneficiada no
FOlllclFrolll: Br~z & M agalh,c s i2U02).
município de Ourolândia. Este beneficiamento
corresponde à serragem de placas com o uso de um tear
diamantado e de um tear convencional, e ainda, uma As serrarias aonde se destinavam os produtos de
serraria de bloquetes, com capacidade instalada para lavras não-integradas eram localizadas em Feira de
produzir mil metros quadrados de lajotas com tamanhos Santana (Bahia), Aracaju e Cachoeiro do Itapemirim
variáveis entre 40x40 centímetros e 30x30 centímetros, (Espírito Santo).
com produção plena. Duas outras mineradoras da região
de Ourolândia estavam em vias de instalar, cada uma
delas, uma unidade de SetTagem de blocos de mármore Capacidade instalada
com tear diamantado. É muito variável a capacidade instalada das
O abastecimento d'água na região ainda é precário empresas, desde uma produção mensal da ordem d e mil
para o funcionamento das unidades de serragem, mas a metros cúbicos por unidade produtiva, nas pedreiras

21
Compallhia Baiana de Pesql/isa Mineral - CBPM Arql/ivos Abertos 17

mecanizadas de maior porte, a apenas vinte metros coletivo e palticipação ampla de empresários, órgãos
cúbicos, em média, nas manuais. ambientais, instituições financeiras, setores do Estado e
Como demonstra o quadro 9, a capacidade instalada organizações não governamentais.
para a produção mensal de blocos, da ordem de 4.570
metros cúbicos (54.840m3/ano), é dividida entre cerca " Lavras manuais - os métodos primitivos de extração
de 4.360 metros cúbicos das lavras mecanizadas e cerca manual comprometem a vida útil da pedreira e
de 210 metros cúbicos das manuais. A capacidade mensal acarreta danos ambientais. Pressões são dirigidas
instalada das serrarias (integradas e não integradas) é da para paralisar as atividades, tanto de órgãos
ordem de 42 .300 metros quadrados de chapas ambientais como de setores vigilantes do
(507.600m 2/ano) e de 6.040 metros quadrados de c ump rimen to das leis trabalhistas, face à
ladrilhos (72.480m2/ano). informalidade das relações de trabalho. É um quadro
com tendência a agravar-se e de difícil reversão, a
Quadro 9 - Capacidade instalada de produção e disponibilidade não ser que haja coesão das partes interessadas . As
de equ ipamentos na região ações teriam ,que convergir para congregar os
Table 9 ll/stalled caJlacity ofpl'oductioll alld availability of
100ls in the regioll produtores numa instituição associativa bem
estruturada. Somente neste caso é que haveria a
Especific~ç:io Qu~ntidllde Produção
(p roll u to/e<llI ip amen to)
possibilidade de apoio técnico, gerencial e ambiental
Mensa l Anual mais efetivo por parte do Governo do Estado.
B loe os 4.5 70m 3 54. 840m ! • Lavras mecanizadas - agilizar a aquisição de
Ch3pa s 42.3 00m " 507.600m 2 equipamentos como pás carregadeiras, compressores
Ladrilho s 6.040m ~ 72 .48 0m 1
e marteletes é a principal demanda em prol da
Teares 18
Talha ·b loco s 09 modernização tecnológica da lavra. A mudança no
Polilrize s manuai s 17 sistemà de corte impõe a necessidade de introdução
Politri zes automátic as 04 do fio diamantado eda catena, para complementar o
Fio s heli coida is 14 - uso do fio helicoidal. Essas aquisições têm sido lentas,
Fio s di amantad os OI
por conta das condições onerosas das linhas de
Calena OI
---
financiamento bancário.
Fonte/Frum : Bra z & Magalh ães (1 00 2).
CI Empresas de beneficiamento - algumas dessas
empresas desejam deslocar suas unidades de
A única empresa que só fazia polimento era capaz
serragem para Ourolândia. Outras pretendem
de aprontar cerca de quatro mil metros quadrados mensais
complementar a serragem com o polimento e vice-
de chapas e ladrilhos . Projeto em implantação em
versa. Em outros casos há a necessidade da aquisição
Ourolândia terá capacidade mensal para polir doze mil
metros quadrados de chapas e dois mil metros quadrados de teares diamantados, de politlizes automáticas e
de ladrilhos. de linha de talha-blocos. A aquisição de tensores
No desdobramento dos blocos de mármore foram automáticos para os teares é também uma exigência.
evidenciadas três tendências : Além das dificuldades de financiamento para
implantação de serrarias no município de aquisição de equipamentos, há carências na infra-
Ourolândia; estrutura da região. Isto dificulta, por exemplo, a
preferência pelo tear diamantado em lugar do relocação das unidades de serragem em Ourolândia,
tear convencional nas novas unidades (havia um que poderia ser estimulada com a criação de um
em funcionamento e um em fase de montagem); distrito industrial em tomo do mármore Bege Bahia.
implantação de talha-blocos para o
aproveitamento 'de pequenos blocos para a
produção de ladrilhos (duas empresas produzem Estrutura administrativa
ladrilhos em talha-blocos, a partir de bloquetes).
Das dez pedreiras manuais cadastradas em
Ourolândia, só três possuem razão social, duas das quais
são sociedades limitadas . À exceção da Flama e da
Necessidades de melhoria
Mármores da Bahia, que são sociedades anônimas, as
São várias as necessidades, tanto na lavra, em todos pedreiras mecanizadas e serrarias são sociedades
os níveis de mecanização, quanto no beneficiamento. limitadas, de administração familiar.
Possibilidade há de empreendê-las, mas com esforço

22
Arquivos Abertos 17 COlllpallhia Baialla de Pesquisa Milleral - CBPM

o universo das empresas cadastradas é quase todo 4iO (aprox.)


'A
constituído por empresas familiares. Três grupos distintos
podem ser definidos (Braz & Magalhães, 2002): Bico
í
Curral

1
J."
/',
V.'ho,.("~J
FortolozoC)..,---
Lagoa do
Angico,?
(p) '-.,
Bom Jardim \
I (p)

empresas de porte médio, verticalizadas, com


estrutmação empresarial, gerencial e técnica bem (Py j í AIO,O), 1/ ( - H(Oo)
.1-- f 0.'1 \ I aprox.
definidas; .,/ (p) ~i\ ~ "
MulunQu .!: Y PonekJl',
empresas só de lavra, com estrutura gerencial -N '
~~SOlgodO
definida e utilização de técnicas de extração O~ VorQom Coldeirao
Vorg.m de Q;.)';,!pr---"dO Sol Verd.~
convencionais, quase sempre comercializando ~tro r CQroíbas--:':

blocos. Algumas delas têm unidades de iPl'" " Campo F;~~


y;.
r............
Águo d"'O;.:..... ' . · ,
Pd5S0rOI \
beneficiamento na Bahia, dentro ou fora da
região do Salitre. Possuem teares de vida útiljá
expirada, o que resulta em produtos semi-
Pedro
Verm elho
f·(p)

,.J. . . . yJ
"
\
Umbigo do
",7 •
'2-":JO''4'-p
J',,,

Pjndpb~çul,_
li' /

/ fo Alegr •..J1
elaborados de baixa qualidade;
empresas de técnicas manuais, quase sem . . ,/ tI'"
Mir~ngobo o ,,_ i ia
estruturação administrativa ou gerencial. .' ro~diã--,.),- Coq 9Õ;gP ;,/'1 (oprox .)

I''>-t
~
~anobrovo Mwo~ I ~ ~
rdl t,;-<>-~tr
Infra-estrutura e aspectos sociais
,UIU~9U ~Onço?
.:
j «"':-\!>
:(p) ;5000 ~acoblna\
I '
, 7
_
".. . . "', l : I " .... ,"t-o.....
Os maiores entraves ao funcionamento das lavras
mecanizadas são a deficiência no abastecimento d'água,
oferta precária de energia elétrica e dificuldade de Convenções/Symbols
comunicação. As serrarias do município de Ourolândia
Tensão/Tension (kV)
sofrem com a falta d'água, enquanto as do município de
230,0=== =
Jacobina se dizem afetadas pela falta de linhas telefônicas. 138,0 - - - -
A figura 17 permite que se tenha uma idéia do atual 69,0
sistema elétrico da região do rio Salitre. 36,2 - - - - -
A existência de melhor infra-estrutura na região 15,0 --------------
permitiria consolidar um futuro pólo industrial marmóreo Em preparação/III preparatioll (p)
na região. Com base em Geoexplore (2002), Braz &
Subestação/Substation (kV)
Magalhães (2002) e Chiodi P, o municípo de Ourolândia 69,0 alto 230,0 • .
seria o mais indicado para sediar o pólo. Novas vias de 15,0 alto 69,0 •
acesso e melhor manutenção das já existentes seriam Em preparação/In prepara/ioll C.J
necessárias ao escoamento do produto. Chiodi Fº (2002)
se refere à necessidade de avaliação técnico-econômica Cidade/Town @

do transporte ferroviário para atender a mercados da


VilalVil/age •
região Sudeste do Brasil.
Saúde e instrução profissional são dois aspectos Localidade/Locality o
sociais que devem ser avaliados. O setor de saúde é
precário na região. Algumas empresas prestam uma Rio Salitre/River - ' -...-/
assistência médica que se resume a exames periódicos
de prevenção da saúde no trabalho. Com base no mapa do sistema elétrico/
Based on power system map (Coelba, fevereiro/February 2002)
Nenhuma empresa proporciona programas de
preparação da mão-de-obra. A formação de pessoal
Figura 17 - Sistema elétrico da região
sempre foi feita mediante aprendizado e treinamento Figure 17 - Power system of lhe region
prático no exercício da função, conforme as necessidades
do dia-a-dia. Entretanto, com a implantação do Projeto
Serraria-Escola por parte da SICMlCBPM junto com a
cooperativa local, haverá significativa mudança neste
aspecto. É certo que as ações de instituições como o Senai
e Sebrae poderão contribuir e muito para mudar o quadro
atual.

23
COlllpanhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos J7

7.2 - COMERCIALIZAÇÃO Q Valor da produção e agregação de valor na cadeia


produtiva - no quadro 11 estão os valores da
V ádas são as formas de comercial ização do mármore produção de blocos , chapas e ladrilhos no ano 2000.
Bege Bahia: blocos, chapas brutas, chapas polidas,
laddlhos. A venda de blocos por empresas integradas é a
menos expressiva, isto porque, na maioda das vezes, essas
peças são destinadas à senaria do mesmo grupo. Quadro 11 - Valor da produçflo em 2000 '
Table 11 . VII/li e Df prodllctioll ;11 2000
A produção de blocos de extração manual des tina-
se a Cachoeiro do Itapemirim e Jacobina. O mesmo OCOITe Tipo de produto Quantidade Valor
com as pedreiras não integradas, mesmo as mecanizadas. Blocos (m 3) (R$)
No caso das integradas, 90 a 100% da produção é - Pedreiras manuais 2. 150 351.50 0,00
transferida para beneficiamento nas unidades própdas - Ped rei ra s não integ rada s 11.449 2.113.800,00
ou associadas. · Ped reira s integra da s 8.7 18 1.30 2.376,00
Tol al 22,3 17 3.767 .676 ,00
O pdncipal destino do mármore em chapas é São
2
Paulo, seguido de Goiânia, Cachoeiro do Itapemidm, Chapas hrutas (111 ) (R$)
Recife, Brasília e Fortaleza, em ordem decrescente. É · Ser raria s integrad as 120,333 2.006.672.00
também vendido para Salvador, Cudtiba, Rio de Janeiro · Ser rarias não in teg radas 35.000 590.500,00
e Aracaju. Total 155.333 2.597.172,00
Quase toda a produção de laddlhos se destina a São
Ladrilhos (m 2) (R$l
Paulo, mas há registro de vendas para Rio de Janeiro e · Se rrarias integradas 1.230 110.303
Curitiba. - Serra ri as não integradas 18.000 655.200,00
Por ser um dos mármores de preço mais acessível _ __ _ _ 'fot~1 -
19.230 765.503 ,00
dentre os apreciados no mercado, o Bege Bahia é de fácil ·Volor.,ão o preços de deumbro de 2000. Os va lore s são oproximaúos. dov id o às
1iari:J ções ent re produtores e até (;O nl o me smo pruduto r. Neste CHO. usou ·se
comercialização . É comum a venda a indústrias de prel'o médio.
beneficiamento e marmorarias da Bahia e de outros * ~'(l III/lli(JII;/I prifrs ufJaclllbcr 2f1(J(J. 'file \'a/ucs (Ire approxil/llllt'd in vil'li" uI fIlE!
I'ar;ruiolls (1/1/0111: pmdUferJ untl t!1't'1I \V;rll Ifle Hllllt' pfodllf'(' /: /1/ this cast:o ;1 II'{/ ,'i
estados no local de produção, o que significa a não- uscd ,he 111('/111 price.
participação de intermediários no negócio. Fonle /Frnlll: Brn & Magol hã cs (2002)

• Preços - a variação no preço de blocos é função da


qualidade da rocha, técnica de extração e dimensões.
As empresas de melhor tecnologia produzem blocos Um metro cúbico de bloco, a preço m édio de
mais regulares e de melhor aproveitamento nos teares. R$180,00/m3 , uma vez desdobrado, permite obter 32
Significa menor preço para os blocos de pedreiras metros quadrados de chapas, que, a um preço médio de
manuais, c ujos vendedores têm menor poder de R$20,00/m2 , totalizarnR$640,00. Isto significa três vezes
e meia o valor do material na forma de bloco. Quanto à
barganha nas negociações. Os produtos beneficiados
agregação de valor, a importância acrescida pe lo
são valorizados conforme a qualidade estética da rocha
desdobramento, para cada metro cúbico de rocha, é igual
e acabamento da peça. Os valores de preços FOB
a R$460,00 . Este cOlTesponde ao valor das chapas
levantados na região são relacionados no quadro 10. (R$640,00) menos o custo do metro cúbico do bloco (R$
180,00) . Com o polimento, o preço da chapa tem um
acréscimo de cerca de R$1O,00/m 2 ,
Quadro 10· Preços FOB de cada produto
Table 10· FOR prices of each product ti Utilização dos rejeitos da lavra e do
Tipo de produto Faixa de preços beneficiamento - em sete das pedreiras visitadas os
Blocos - rejeitos da lavra são utilizados na produção de
_ Pedreiras manu ais (li J
R$IIO,OO a R$ZOO,OO/m bloquetes, que são senados em talha-blocos por duas
- Pedreira s mecanizadas(!I . 3
R$150,00 a R$220,00/m
senarias independentes, para a produção de ladrilhos.
Chapas -
- Brutas RSll,OO a R$26,00/m 2
Há uma empresa que envia bloquetes para o Espírito
- Polid as R$13,00 a R$30,0 0/m " Santo. Uma forma adicional, mas menos freqüente,
Ladrilhos R$20,00 a R$40 00/111 2 de utilização dos rejeitos da lavra é como pedra para
Jolimento da cha(la ---
R$IO,OO a R$15, 00/m 2 construção civil.
(1) IUJ70,00/m' [oi o valor dito mais comum/lt IVOS III clllioned os lh e mosl
CO nll/lOIl valI/e.
O uso dos rejeitos do beneficiamento é mais
R$200,00/m' foi o valor mais encontrado/lt Wa.I' lhe 1IIOS1 Iloticed mlue.
(l) diversificado. Cacos são empregados na
Fonte/From: Braz & Magalhães (2002)

"i L!.
Arqllivos Abertos 17 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral· CBPM

pavimentação de passeios, enquanto a lama dos teares apuração do ICMS aplicável às microempresas e às
é aplicada como aglomerante na prQdução de blocos empresas de pequeno porte.
cerâmicos . As sobras dos blocos são usadas como O imposto mensal a ser pago pela microempresa
pedra para construção civil, brita e matéria-prima (receita bruta ajustada no ano anterior igualou
para fabricação de peças artesanais . inferior a R$240.000,00) cOlTesponde a um valor
Ao identificar fatores restritivos, inclusive externos, fixo que varia entre R$25,00 e R$460,00, a depender
na comercialização de rochas ornamentais, Spínola da faixa de renda ou receita bruta ajuslada na qual
(2002a) faz referência à concorrência de países ela se enquadra. A receita bruta ajustada, no período
produtores de blocos, como China e Índia, ao considerado, é obtida da dedução da receita bruta do
desaquecimento da economia mundial e às altas taxas de equivalente a 20% do total das entradas de
juros do nosso país. Em dissertação de mestrado mercadorias e serviços tomados no mesmo período.
apresentada à UFBa, Spínola (2002b) tratou do potencial Para as empresas de pequeno porte (receita
exportador e da política pública para uma evolução >R$240.000,00 ~$1.200 . 000,00) o imposto varia
satisfatória da indústria de rochas ornamentais da Bahia, entre 2,5% e 6% da renda bruta mensal, conforme a
e ressaltou que o mármore Bege Bahia reúne todas as faixa de renda bruta ajustada.
condições e vantagens comparativas e competitivas para
Há um incentivo à manutenção e geração de empregos
tomar-se um arranjo produtivo de sucesso.
na empresa de pequeno porte. Por empregado
registrado, até o limite de cinco, a empresa pode
7.3 - SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA deduzir 1% do imposto mensal devido. A partir do
sexto empregado registrado, a dedução será de 2%,
Apenas o ICMS incide sobre a comercialização dos mas o benefício não poderá ultrapassar os 25% do
blocos das pedreiras manuais, que não recolhem a CFEM valor do imposto devido em cada período de
(Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos apuração.
Minerais), tributo que é previsto no artigo 20 da • Simples - em vigor desde 01.01.1997, consiste no
Constituição Federal. A arrecadação da CFEM é pagamento unificado dos seguintes impostos e
destinada ao município (65%), estado (23%), DNPM
contribuições: IRPJ, PIS, Cofins, CSLL, INSS
(10 %) e ao MCT - Fundo Mineral (2%) .
Patronal e IPI (se for contribuinte do IPI). Esta
As pedreiras e serrarias, como sociedades limitadas,
informação foi obtida do seguinte endereço
optaram pelas modalidades SirnBahia e Simples. Duas
eletrônico: www.receita.fazenda.gov.br/
pedreiras são lavradas por empresas que operam na
condição de sociedade anônima, sujeitas ao sistema guiacontribuinte/simples.httm.
tributário normal, tanto em âmbito estadual como federal. A inscrição no Simples, que é federal, dispensa a
Dentre as empresas levantadas, apenas três declararam pessoa jurídica do pagamento das contribuições
recolher a CFEM, em Ourolândia. A arrecadação entre instituídas pela União, como as destinadas ao Sesc,
1999 e 2001 está no quadro 12, onde é demonstrado que Sesi, Senai, Senac, Sebrae, e suas congêneres, assim
o valor auferido é ínfimo. como as relativas ao salário-educação e à
cont:J.ibuição sindical patronal. Tanto a microempresa
• SimBahia - criado pela Lei nº 7357, de 04.11 .1998, como a empresa de pequeno porte podem optar pelo
o SimBahia, opcional, é o regime simplificado de Simples, desde que não pratiquem atividades
impeditivas . Terão que estar regularizadas com a
Fazenda Nacional e o INSS .
Quadro 12 . Arrecadação da CFEM sobre o mármore de·
Ourolâudia
Table 12 . Collectioll of "C FEM" for fhe marble f,. o111 7.4 - FINANCIAMENTOS
Ourolâlldia
Dentre as empresas visitadas, poucas foram
Ano Valor (R$) financiadas: duas pelo Banco do Nordeste, uma pelo
1999 3.443,70 FinamelBNDES, e uma pelo Banco do Brasil. Há uma
2000 3.415,81 queixa generalizada quanto às condições de
2001 3.866,96 financiamento oferecidas, um tanto onerosas. Na maioria
Fonle/Frolll : D N PM , aliO 2001 das vezes os investimentos são feitos com capital próprio.

25
Companhia Baiana de Pesquisa Milleral - CBPM Arqllivos Aber/os 17

Isto reflete a rentabilidade do setor, mas nem sempre Exportações). Ao citar o mármore Botticino, do norte da
permite a realização das inversões desejadas. Limita, Itália, ao qual o Bege Bahia pode ser considerado similar,
portanto, o poder de ampliação dos negócios: O acesso a ele entende que aí está um exemplo que pode ser seguido
financiamentos menos onerosos daria sensível impulso na fOlmação de clusters (núcleos de alTanjo produtivo)
aos empreendimentos, com a modernização das técnicas de lavra e beneficiamento em Ourolândia-Jacobina.
de la vra e beneficiamento. As taxas atuais são proibitivas Por outro lado, Chiodi aponta dificuldades nos
para a maioria dos empreendedores. Mas não houve processos brasileiros de expOltação em geral, onde se
registro, na região, de falta de capital de giro, nem de incluem as rochas ornamentais, como as barreiras
outras dificuldades financeiras (Braz & Magalhães, indicadas no gráfico da edição da Gazeta Mercantil de
2002). 25 de maio de 2002 (figura 18). Ele sugere que os
produtores do mármore Bege Bahia devem associar-se
7.5 - POSSIBILIDADE DE EXPORTAÇÃO aos demais exportadores das rochas ornamentais
brasileiras, a fim de solucionar a questão dos entraves
Não há exportação atual do mármore bege nas de natureza tributária, burocrática e outros, todos eles
formas de blocos, chapas e ladrilhos. No momento, tiras relacionados ao denominado custo Brasil.
polidas e anticatos são produzidos por uma empresa que,
em parceria com uma outra, os exporta para os Estados
Unidos. A perspectiva de exportação de anticatos pode 7.6 - INDICAÇÕES DE VIABILIDADE
crescer, se for levado em conta que é um produto muito
usado em países europeus, como Itália, Portugal, Espanha Segundo Braz & Magalhães (2002), a análise de
e Grécia. Eles apreciam em especial os anticatos viabilidade econômica das atividades em torno do
fabricados com travertino, que são aplicados em locais mármore Bege Bahia é complexa , principalmente se
públicos relacionados a patrimônio histórico. consideradas todas as etapas da pesquisa, exploração,
Com a introdução de teares diamantados e de lavra e beneficiamento, até à comercialização do produto
poli trizes automáticas, duas empresas baianas voltam- final. Uma análise consistente teria que considerar o
se para a possibilidade de exportação de produtos de volume de investimentos requerido, as fontes de recursos
dimensões calibradas. e seu custo, a vida útil dos equipamentos e do próprio
Chiodi Fº (2002) sugere a criação de mecanismos empreendimento, a infra-estrutura da região, custos
de adequação comercial ao mercado externo, a exemplo operacionais, e dispêndios tributários. Algumas razões,
de consórcios de exportação, cuja formação tem sido entretanto, indicam que tanto a lavra quanto o
apoiada pe la A pex (Agê nci a de Promo ção d as beneficiamento são atividades atrativas do ponto de vista
econômico:

Burocracia alfandegária/CustolJl bureallcracy ~ 40 ,8%


Custos portuários/Port cost ~ 3 7,3 %
Custo do frete internacional/lnte/'/wtional cost offi'eight ~ 32,0 %
Financiamento às ex portações/Financillg to expol1s ~ 31,8 %
Canais de com ercialização/Trading /ines ~ 23 ,9%
Burocracia tributária/Taxing bureallcracy ~ 22,6 %
Financiamento à produção/Financing to prodltctiol1 ~ 19.9%
Ressarcimento de tributos/Rewardjor taxes ~ 19,4%
Serviço s de promoção/Prol11oting services ~ 19,2%
Custo de tran sporte interno/Cost ofdol1lestic transporta/ion ~ 18 ,0%
Seguro de crédito/Credit il!surallce ~ 17 . 1%
Manuseio, embalagem, armazenamento/Handling, packaging, storage ~ 9,2 %
Padrões externos/Foreing sfal!dards m 7,6%

FontefFrom: Chiodi F" (2002), com base em/baa sed on Gazeta Mercantil (22 .05.2002)

Figura 18 - Entraves tributá rios à expansão dos negócios


Figure 18 - Taxing hindrances to business expansion

26
Arquivos Abertos 17 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

vátias empresas permanecem anos e anos em . contou com a paliicipação de empresálios e produtores
ati vidade. Algumas até ampliaram e manuais ou garimpeiros .
modernizaram as instalações com recursos O encontro de Jacobina aprofundou questões
próptios; relativas à tecnologia, comércio interno e exportação.
a implantação de novas unidades produtivas, Chiodi P (2002) destacou tópicos para o
principalmente senarias, deu-se também com desenvolvimento minero-industrial do mármore, a
recursos próprios . começar pelo incremento de mecanismos cooperati vos
de comercialização. Ele vê a necessidade de promover-
se a regularização minerária, fiscal, trabalhista e
7.7 - GERAÇÃO DE EMPREGO ambiental das empresas como condição para um melhor
E TRABALHO desenvolvimento da atividade, inclusive no acesso ao
crédito financeiro. Destaca também a necessidade de
avaliar o impacto do custo Brasil na competitividade
Os números da mão-de-obra empregada nas internacional e buscar mecanismos compensatórios de
diferentes etapas da cadeia produtiva do mármore Bege enfrentamento ela concorrência externa.
Bahia são apresentados no quadro 13. Foi ressaltada a importância da tecnologia de
processos na lavra, beneficiamento e acabamento das
Quadro 13 - Geração de Emprego peças elaboradas. No caso da lavra, foi demonstrado que
Table 13 Gelleralion of elllploYIIl ell! a maior utilização do fio diamantado e da coneia dentada
abre perspectivas para contornar dificuldades como as
Número de causadas por cavidades e cravos, mas o desempenho da
Segmentos da atividade empregados
correia dentada deverá ser melhor avaliado . No
Pe d re iras m a nua is 53 beneficiamento, teares diamantados devem substituir cada
Pedreiras não integradas 99 vez mais os teares convencionais nos processos de
Pedreira s integradas 136 senagem. O corte diamantado em talha-blocos deve ser
Serrarias integrada s 11 7 o mais adequado na produção de ladrilhos, enquanto os
Serrarias não integradas 98 abrasivos diamantados são os mais recomendados no
Polidora 23 I
polimento. Os testes tecnológicos de cOlie e polimento
Tota I 526 deverão ser conduzidos em linhas de trabalho cooperativo.
Fonle/Fru m: !l raz &: Ma galhães (200 2) O acesso aos resultados terá que ser facultado ao maior
número possível de empresas consorciadas .
Um cuidado da maior importância na melhoria do
De um total de 526 empregados na cadeia produtiva, material beneficiado está na qualidade do acabamento
perto de 55% trabalhavam em pedreiras e 41 % em final. Rochas de natureza semelhante à do mármore Bege
senarias. As pedreiras manuais empregavam só cerca Bahia costumam ser estucadas, resinadas e teladas, a
de 10% de toda a mão-de-obra. fim de preencher cavidades, prover o fechamento da
superfície polida e dar reforço estrutural à chapa. Por
enquanto, o resinamento e telamento não são usuais na
região do rio Salitre, daí Chiodi Fº recomendar o estudo
8 - SEMINÁRIO ESTRATÉGICO E e difusão de procedimentos padrões por parte dos
beneficiadores, mesmo porque o málmore é um material
PERSPECTIVAS PARA O SETOR sensível a agentes químicos e intempéticos. Esses efeitos
poderão ser minimizados com a formulação correta das
Possibilidades de ampliação das perspectivas para resinas ou até com a aplicação complementar de hidro-
a indústria e comércio do mármore Bege Bahia foram repelentes e óleo-repelentes.
apontadas em um seminálio desdobrado em duas partes O respeito à legislação ambiental vigente é uma
entre os dias 1Q e 2 de março de 2002, nos mmiicípios de imposição mercadológica intrínseca ao novo século. A
Jacobina e Ourolândia, respectivamente. sugestão de Chiodi Fº consiste na cliação de um selo
As duas partes foram orientadas por Joana d' Arc e verde de adequação ambiental para os produtos
contaram com o apoio técnico de Cid Chiodi Fº. O comercializados por cooperativas e consórcios, o que
seminátio de Jacobina reuniu técnicos da SICMlCBPM também implicaria uma garantia de autenticidade e
e Sebrae, e empresários de médio e grande porte da procedência. O aproveitamento comercial de rejeitos da
região. Já o de Ourolândia, além dos refetidos técnicos, lavra e do beneficiamento é mais um item a ser

27
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 17

incorporado ao processo de adequação ambiental da incluem o solo, com suas implicqções físicas, químicas e
atividade. biológicas .
A prática garimpeira de extração de blocos e
beneficiamento de chapas foi considerada incompatível
com os padrões mínimos de produtividade e qualidade Relevo
na indústria do mármore bege, mas Chiodi Fº (2002) Na bacia do rio Salitre o relevo é plano, mas com
recomenda o direcionamento do potencial deste segmento suaves ondulações. As rochas sedimentares da Formação
para outras oportunidades que exijam pequena demanda Caatinga comportam-se como uma planície baixa do
de recursos financeiros e tecnológicos. relevo atual. Planícies ainda conservadas em topos
Além da possibilidade de incorporação no quadro residuais têm forma de mesa. Em áreas pediplanizadas
de empregados das empresas bem estruturadas, o evidenciam-se as formas de relevo cárstico, com dolinas
garimpeiro poderá ser direcionado para a produção de e grutas.
artesanato, anticatos, pedra pavê, pedra portuguesa, etc . Mais distanciadas da baixada do vale do rio Salitre,
Qualquer que seja a forma de aproveitamento, a via do as principais unidades morfológicas ficam por conta do
cooperativismo será a mais adequada . Quanto à relevo positivo da chapada de Mono do Chapéu, dos
transferência gradativa desse pessoal às empresas de blocos planálticos setentrionais e dos reversos do planalto
mineração, o melhor caminho será através da senaria- da Diamantina (Bahia, 1986).
escola da região de Ourolândia-Jacobina.
Ao tratar dos problemas da extração manual ou
garimpeira, o seminário de Ourolândia deu ênfase a Hidrografia
aspectos sociais em tomo da ati vidade. Empresários
A rede de drenagem de primeira ordem, integrante
formais e garimpeiros levantaram questões relativas a
da bacia hidrográfica do rio São Francisco, é representada
cada uma das partes, que disconeram sobre pontos fortes
pelo rio Salitre, também conhecido como rio Vereda da
e fracos do seu segmento, a partir de parâmetros internos
Tabua . A de segunda ordem é composta por seus
e externos ao setor. O resultado do encontro pennitiu a
principais afluentes, quase todos de caráter temporário.
d'Arc (2002) traçar dois quadros de planos estratégicos
Os rios e riachos, perenes e intennitentes, são bem
de ação: um elaborado a partir dos pontos de vista dos
encaixados sobre a Formação Salitre. Mudanças bruscas
empresários e outro dos garimpeiros . Nos dois casos
nos cursos d'água, em ângulo, sugerem um controle
foram indicados os responsáveis pela implementação das
estrutural.
ações . As responsabilidades foram distribuídas entre
componentes dos dois segmentos , setores sindicais e
associativos, órgãos de fomento ao comércio e tecnologia,
Solos
entidades governamentais, e grupos gestores ligados ao
setor (anexo 1: ver quadros AI e A2). Com base em estudos da Fao/Sudene, Radambrasil
e Embrapa (Bahia, 1986), foram distinguidas as seguintes
feições pedológicas no vale do Salitre: cambissolo,
latos solo vermelho-amarelo, litólico, planossolo, bruno
9 - MEIO AMBIENTE não cálcico, podzólico vermelho-amarelo, areia
quartzosa, regossolo, vertissolo e vestígios de solónetz
A extração do mármore afeta o ecossistema em tomo
associado ao planossolo.
da célula territorial onde se desenvolve a lavra. Mas não
Predominam o cambissolo e o latossolo vermelho-
se limita a locais de exploração e explotação. A interação
amarelo. O primeiro ocone do norte ao sul da bacia, nas
com o meio ambiente prolonga-se às adjacências por onde
partes de substrato carbonático. São os solos de melhor
se ramifica ou estende-se a atividade básica. Para
uso pela agricultura, argilosos, e neutros a bem alcalinos.
desenvolver ações de sustentabilidade ambiental é preciso
Sobre eles desenvolve-se a pecuária extensiva de caprinos,
entender cada compartimento e nuances dos meios físico, ovinos e poucos bovinos na região da caatinga. Culturas
biótico e antrópico do local do empreendimento e da
inigadas e de sequeiro são também implantadas no
região a ele circunscrita.
cambissolo.
O latossolo vermelho-amarelo ocone no médio e alto
9.1 - MORFOLOGIA DA REGIÃO curso do rio Salitre, mais na parte ocidental da bacia. É
proveniente da decomposição de rochas metas-
sedimentares do Grupo Chapada Diamantina. São solos
As feições morfológicas retratam o modelamento
arenosos, pouco férteis e de baixo cultivo na região, mas
físico do teneno, caso do relevo e hidrografia, mas
favoráveis ao manejo.

28
)

Arquivos Abertos 17 CO/llpallhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

Os solos litólicos ocorrem em áreas de relevo Fauna


dissecado, principalmente no noroeste da bacia. São As informações sobre a fauna foram obtidas em
pouco desenvolvidos, rasos a muito rasos, pedregosos e
campanha, através de pessoal antigo da região, e de
rochosos. Têm sido usados em pecuária extensiva e
levantamento bibliográfico. Alguns animais são
agricultura de subsistência. considerados endêmicos, como o mocó (Kerodon
A maioria dos outros tipos de solo, mencionados no rupestris) . Outros, como a avoante (Zenaidaauriculata),
primeiro parágrafo, ocolTe fora da área do Probege. são migratórios, mas, na maioria, a fauna é generalista e
de ampla distribuição no território brasileiro, a exemplo
da raposa (Dusicyon. thous) e do bem-te-vi (Pitangus
9.2 - MEIO BIÓTICO
sulfuratus). A listagem dos animais. que constituem a
fauna da região está relacionada em Geoexplore (2002).
A área do Probege faz parte do bioma típico da A primeira abrange répteis e anfíbios. A segunda e a
caatinga, mas a maioria das áreas foi transformada em terceira contêm, respectivamente, as listagens de aves e
pasto ou utilizada na agIicultura, com domínio de cultivos mamíferos.
de sisal e algodão. Alguns dos locais cultivados forani Com relaç~o aos poucos animais ameaçados de
abandonados e estão em processo de recuperação natural. extinção segundo a lista publicada pela IUCN2000 - The
Em locais com solos pobres para agricultura ou carentes World Conservation Union -, medidas preventivas
de água é possível encontrar a vegetação nativa. deverão ser tomadas, a começar por uma educação
ambiental voltada para a redução da caça praticada por
proprietários e trabalhadores rurais .
Vegetação
A bacia do rio Salitre é constituída pelas formações
vegetais da caatinga e do cerrado, e por vegetação 9.3 - O HOMEM NO ECOSSISTElV(A
secundária. Nas áreas de solos carbonáticos, nas margens
dos principais cursos d'água, desenvolve-se uma Poucas são as atividades produtivas desenvolvidas
agricultura de subsistência. nos municípios do vale do rio Salitre, mas a simples
ocupação humana já é suficiente para provocar sensíveis
alterações. Resta perceber qual mudança é benéfica e
Q Caatinga - foram constatadas duas subformações que forma de ação é nefasta ao equilíbrio ambiental. A
na vegetação da caatinga: arbórea densa e arbórea extração do mármore é a atividade que maior benefício
aberta: econômico-financeiro proporciona à região, seja na forma
a caatinga arbórea densa ocolTe nas baixadas do empreendimento em si, seja na geração de emprego e
do rio Salitre, sobre teITenos do Quaternário e atividades afins. A maior parte da atividade agropecuária
Terciário. É caracterizada por cambissolos é de subsistência, com destaque para as criações de
eutróficos e latossolos vermelho-amarelados; caprinos, ovinos e poucos bovinos, e cultivo do sisal,
a caatinga arbórea aberta é associada ao feij ão, milho e mamona.
cambissolo eutrófico, utilizado na agricultura. Em três décadas de atividade, a extração mineral
São poucos os remanescentes da cobertura foi feita sem o mínimo cuidado com o ambiente. Só no
final dos anos 90 é que precauções começaram a ser
original. Os testemunhos concentram-se a leste
tomadas, por força do imperioso paradigma do
da bacia.
desenvolvimento sustentável, ainda recente no Brasil.
41 Cerrado - ocorre a noroeste, sul e sudeste da bacia,
Esses cuidados terão que ser tomados na ampliação das
nas áreas areno-qualtzíticas do planalto da Chapada minas em operação, assim como nas novas unidades de
Diamantina. É do tipo arbóreo aberto. Distinguem- explotação e beneficiamento e na recuperação de áreas
se dois subtipos: arbóreo aberto sem floresta de degradadas. A mão-de-obra da região é treinada na
galeria e arbóreo aberto com floresta de galeria. extração, mas ainda carece de um sentimento ecológico
.. Vegetação secundária - nas áreas de serras mais pelo menos razoável.
úmidas, com altitudes entre setecentos e oitocentos
metros, constata-se uma vegetação secundária. Nas
áreas mais conservadas do planalto da Chapada
Diamantina, na chapada de Morro do Chapéu, a
floresta é do tipo estacionai semidecidual ou decidual.

29
Sc- o
'

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 17

9.4 - IMPACTO AMBIENTAL DA


ATIVIDADE MINERAL

Com base na resolução 001 do Conama, de 23 de


janeiro de 1986, pode-se dizer que o impacto ambiental
causado por alguma forma de ativ idade humana é tudo
aquilo que venha a afetar a saúde, segurança e bem-estar
socioeconômico da população, e que também comprometa
a biota, a paisagem e a qualidade dos recursos ambientais.
Fenômenos naturais, a exemplo de vulcões, telTemotos e
convulsões meteorológicas, são também impactantes.
No tocante aos impactos ambientais causados pela
mineração, aspectos negativos e positivos podem ser
destacados.
Foto 16 - Rejeitos abandonados nas próprias cavas
PIlOto 16 - Wastes ieft bellilld witllill caves
Aspectos positivos
Além do próprio empreendedor, a mão-de-obra da
região é a grande beneficiada pela atividade mineral. Nos
empree ndimentos atuais, quin ze trabalhadores são
aproveitados em média por unidade de lavra. Reflexos
econômico-financeiros positi vos são sentidos no setor de
transpolie, oficina mecânica e outras atividades de apoio,
assim como no comércio do ves tuálio e alimentação.

Aspectos negativos
A extração do mármore bege no vale do rio Salitre
tem causado degradações, tanto pelas lavras mecanizadas
e semimecanizadas quanto, e pIincipalmente, pelas lavras
manuais. A extração manual de blocos desenvolve-se sem
nenhuma orientação técnica, e chega a ser predatólia para
Foto 17 - Impacto paisagístico provocado pelo lançamento
ajazida, pois aproveita apenas, e de forma desordenada, aleatório de rejeitos sólidos
o material de melhor qualidade. O rejeito é abandonado PIlOto 17 - Lalldscape impact callsed by mlldom disposal of
na própria cava (foto 16), no local de extração. A foto solid wastes
17 é de um outro exemplo de impacto negativo provocado
pelo acúmulo aleatório de rejeitos sólidos. Na foto 18 o
impacto é causado pela extração manual em local de
relevo positivo, enquanto na foto 19 tem-se uma mistura
inadequada de solo com fragmentos de rocha.
Um outro aspecto negativo é o uso exagerado de
explosivos - clorato e pólvora negra -, que provocam o
tlincamento da camada de mármore em um raio de grande
alcance.
Ainda assim, se comparados aos impactos causados
na vegetação natural pela agropec uália, vê-se que os
aspectos negativos da extração do mármore do rio Salitre
até hoje, ainda que nada desprezíveis, são bem pequenos
(quadro 14). Neste caso, os impactos vis uais ou
paisag ísticos ficam por conta de desmatamentos , Foto 18 - Impacto provocado pela lavra manual .e m relevo
decapearnentos e alterações no relevo. positivo
PIlOto 18 - 1mpact callsed by IWlldworked exploi/atioll 011
positive relief

30
Arq/livos Abertos 17 Companhia Baial/a de Pesqu isa Mil/eral - CBPM

9.5 - REABILITAÇÃO DAS ÁREAS


DEGRADADAS

Kopezinski (2000) propõe o uso da terminologia


reabilitação da área, em vez de restauração, que ele
considera inexeqüível. Ao processo conetivo frente às
conseqüências da agressão ecológica, pode-se denominar
reestruturação ou recuperação ambiental.

Ações para reestruturação ambiental


Dois grupos de ações foram planejados para facilitar
Foto 19 - Impacto provocado pelo solo (escuro) misturado o monitoramento das ações de recuperação ambiental: A
com fragmentos (claros) de rocha eB.
Photo 19 - Impact caused by (dark) soil mixed to (clear)
rocky fragments
G r upo A - engloba as atividades para o controle e
preservação da drenagem natural, preservação dos
taludes dos processos ero sivos , construç ão de
banagens para controle do deslocamento do material
Quadro 14 - Índices de desm a tamento no vale do rio Salitr e fino produzido na lavra, e preparação dos bota-foras
Table 4 - Deforestatioll rates in Salitre RiJler Valley
e dos produtos de manutenção das máquinas,
Finalidade do desmatamento c/ ou situação .Área (hal (% ) equipamentos e veículos .
Agropecuária 26. 809 2.80 t9 Grupo B - fazem parte deste grupo as ações
Área em recuperação parcial (agricultu ra parali sada) 500 .10 5 52,3 5
desenvolvidas para a fonnação de um novo perfil
Extração mineral 78 6 0,08
Á rea preservada. com ve"etação pr imária 4 27 .857 ~4. 77
paisagístico, recuperação do meio biótico, e
Total 955. 557 100,00 estabilização dos tenenos e solos degradados.
Fo ntel Frolll : Geoex pl ore (2 002 )

Etapas da reestruturação
o desmatamento provocado pela extração mineral é Para a abertura e desen volvimento das frentes de
de pequena intensidade, mas pode criar focos de erosão lavra será necessário remover parte das coberturas de
e as soreamento dos rios e cónegos. O decapeamento é vegetação e solo, mas tal processo deverá ser criterioso e
mínimo, pois o estéril é pouco espesso na regi ão. siste mático, de mane ira a minimizar a agressão ao
Mudanças no relevo são também pequenas. Já os rejeitos ambiente.
abandonados na circunvizinhança das cavas e frentes de li Remoção da cobertura vegetal - o processo de
lavra geram uma paisagem caótica. remoção da cobertura vegetal deverá ser seletivo e
A extração do mármore não utiliza substâncias monitorado por um técnico agrícola. Uma parte será
químicas nem tóxicas, mas cuidados devem ser replantada de imediato, outra será reincorporada ao
observados na descarga de óleos e graxas dos solo, como adubo, e uma terceira será destinada a
equipamentos, que podem poluir as águas. Partículas em viveiros. Deverá haver uma área de estocagem.
suspensão, vibrações das máquinas e ruídos de explosivos • Obras de drenagem - para direcionar os fluxos de
poderão afetar os operários das minas, mas o impacto conentes pluviais da frente de lavra e da área de
social é reduzido, visto que as lavras ficam distantes dos deposição controlada do material rejeitado, ou bota-
povoados. fora, serão construídos drenos que farão escoar as
A eventual existência de grutas e cavernas nas áreas
águas às canaletas e, depois, às barragen s de
de lavra poderá ser detectada mediante a aplicação prévia
decantação. As obras serão para proteção da rede de
de métodos geofísicos .
drenagem. A abertura de canais e canaletas evitará
que a enxurrada carreie o material fino ou
particulado, provocando o assoreamento dos canais
de drenagem, das banagens de contenção e da própria
frente de lavra.

31
~

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM Arquivos Abertos 17

As barragens serão construídas com o emprego de argiloso do "reaproveite". Esta sistemática


solo e material extraído da lavra, para a contenção e possibilitará uma rotatividade nos bota-foras. A
filtragem dos finos . Pequenas barragens filtrantes constante redução das pilhas minimizará o impacto
serão construídas ajusante, a fim de reter o material paisagístico e impedirá o assoreamento da rede de
fino que porventura ultrapasse a barragem de drenagem.
decantação. o Construção de muros de contenção - visa a impedir
Na área de máquinas e equipamentos serão o carreamento do material mais fino pelas águas
construídas caixas coletoras para a decantação e pluviais. Os muros são impOliantes em locais de forte
filtragem de óleos, graxas, etc. declividade, e deverão ser implantados nas
proximidades da frente de lavra, pela parte superior,
o Remoção do solo - na maiOlia das vezes o mármore
para desviar as águas torrenciais, ao longo da cava.
é aflorante (foto 20). A remoção do solo, quando
o Reflorestamento ou revegetação - na reimplantação
necessária, se restringirá à cobeliura, de relevo plano
da vegetação da área degradada a recuperação do
ou fracamente ondulado. De início, o material
solo orgânico natural é uma ação das mais
removido poderá ser utilizado na construção das
importantes, rhesmo porque o clima da região, por
barragens projetadas para contenção e filtragem das
ser árido, não propicia a formação de solos espessos.
águas pluviais.
Isto implica uma baixa recuperação do solo orgânico
e conseqüente baixo desenvolvimento das espécies
replantadas, que exigem camadas férteis mais
profundas do que as requeridas pela vegetação na
sua condição nativa.
Além de uma forma de reflorestamento via
regeneração da vegetação natural preexistente, há
uma outra alternativa, que é o plantio de mudas e
sementes de espécies outras, adaptáveis à região. Na
segunda alternativa há a possibilidade de uso de
espécies vegetais de rápido desenvolvimento. É de
maior praticidade, mas o ideal será uma revegetação
mista, de fácil manuseio e rápido desenvolvimento.
• Adaptação do replantio à recuperação da biota -
para mais rápido recompor a flora na área, com
Foto 20 - Maciço aflorante (sem solo) em loca l de futura
implicações favoráveis à fauna, serão utilizadas, de
lavra
PIlOto 20 - Olltcroppillg massif (WitflOlIt soil) in a place of início, a algaroba (Prosopis Juliflora) e a leucena
fI/fure exploitatioll (Leucaena leucocephala), vegetais de boa
adaptabilidade à região e de fácil obtenção de mudas
e sementes. Estas poderão ser adquiridas no mercado,
• Estocagem do solo - O solo de alteração intempérica mas as espécies nativas serão coletadas na região.
do calcário é argiloso e vermelho. Será estocado para Deverá haver precauções na coleta do maior número
posterior distribuição sobre os rejeitos colocados nas possível de indivíduos por espécie e nos cuidados
cavas abertas. Procurar-se-á estocá-lo o mais com o estado fitossanitário e com as características
próximo possível das áreas afetadas, onde a do fenótipo.
topografia, plana ou de baixa declividade, mostre-se • Etapas subseqüentes - após a coleta e aquisição
a mais favorável possível. das espécies, serão desenvolvidas as etapas seguintes:
o Recomposição do relevo - será iniciada após a implantação de viveiros, sistema de plantio,
exaustão da substância mineral na primeira bancada. transplantio, manejo do solo, tratos culturais,
A cava resultante será preenchida, de início, com o manutenção, monitoramento, e estimativa dos custos
material estocado no bota-fora, e nivelada com o solo do reflorestamento.

32
'-
")

Arquivos Abertos 17 COl/lpanhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

10 - CONCLUSÕES E beneficiamento, melhoria na infra-estrutura e organização


de cooperativa de pequenos mineradores são algumas das
RECOMENDAÇÕES sugestões em prol da economicidade do negócio.

Mármore Bege Bahia é o nome comercial de um


calcário secundário do tipo calcrete ou caliche, abundante Principais recomendações
na região do rio Salitre. Tipificado na Formação
Caatinga, de ambiente continental, o calcrete provém da Pesquisa e exploração - um levantamento geológico-
alteração de calcários da Formação Salitre (Grupo Una), geomOlfológico é recomendável para uma área da ordem
de ambiente marinho. É identificado como mármore de trezentos quilômetros quadrados em escala de
quando, além do padrão estético tão apreciado no Brasil, semidetalhe em torno dos três pólos principais de
evidenciam-se as propriedades físicas e tecnológicas do produção (Curral Velho, Mirangaba e Ourolândia).
material utilizável como rocha ornamental ou de Levantamentos geofísicos deverão detectar vazios
revestimento. No estado de Pernambuco, o mármore Bege subtenâneos para planejamento geoambiental e de lavra.
Bahia é conhecido como Travertino Bahia. Alguns furos de reconhecimento serão necessários para
dar suporte à interpretação dos dados geológicos e
o Reservas - os valores aproximados, em volume , geofísicos.
conforme dados oficiais publicados pelo DNPM em
2001, são os seguintes:
Lavra e beneficiamento - Braz & Magalhães (2002)
l'eserva medida - 6.820.000 metros cúbicos; acreditam que a existência de linhas atrativas de
reserva indicada - 36.590.000 metros cúbicos; financiamento seria o caminho ideal para a aquisição de
reserva inferida - 42.200.000 metros cúbicos. melhores equipamentos de LISO na lavra e beneficiamento.
As empresas foram unânimes em considerar proibitivas
o valor da produção do mármore bege da região do as linhas atuais de crédito, fato que não oconia nos anos
rio Salitre no ano 2000 ficou na casa dos R$3.767 .676,00 80, quando o então Desenbanco, hoje Desenbahia,
(pouco mais de três milhões e setecentos e sessenta mil dispunha de fmanciamentos específicos para a mineração
reais) para blocos; 2.597 .172,00 (pouco mais de dois na Bahia.
milhões e quinhentos e noventa mil reais) para chapas; e
R$765.503,00 (pouco mais de setecentos e sessenta mil Para esses autores, a possibilidade de criação de um pólo
reais) para ladrilhos (Braz & Magalhães, 2002). O ou distrito industrial com infra-estrutura adequada no
somatório, anedondado, é da ordem de R$7 .130.000,00 município de Ourolândia poderia ser estudada junto à
(sete milhões e cento e trinta mil reais). Sudic (Superintendência do Desenvolvimento Industrial
Tanto a lavra quanto o beneficiamento do Bege Bahia e Comercial, da SICM). A sua implantação permitiria a
expandem-se em Ourolândia, Mirangaba e Jacobina. oferta de lotes com infra-estrutura básica para a relocação
Mas, enquanto a extração é mais intensa em Ourolândia, de indústrias e implantação de novas unid~des de
o beneficiamento é mais desenvolvido em Jacobina, serragem. Chiodi Fº (2002) faz referência a clusters ou
situação, entretanto, que tende a mudar. A modernização
arranjos produtivos em tomo dessa atividade produtiva .
do beneficiamento cresce mais no município de
Ourolândia, com a instalação de novas serrarias com
teares diamantados, que implicam maior produtividade
Recuperação ambiental- as providências em defesa do
na senagem e na qualidade das placas. Esta busca de
meio ambiente devem começar por um programa
modernização tecnológica poderá ser acelerada por ações
educativo na região que abranja cuidados não apenas
do Governo do Estado, com o planejamento e implantação
de um pólo regional de extração e industrialização do afeitos à prática da explotação mineral. A caça predatória
mállliore bege. e ações de queimadas são exemplos de velhos hábitos da
O projeto Investigação do mármore Bege Bahia - zona rural brasileira. O disciplinamento dessas práticas
Probege -, encaminhado à CBPM em dois relatórios e de qualquer outra danosa ao ecossitema deverá contar
distintos (Geoexplore, 2002; e Braz & Magalhães, 2002), com o apoio da mineração.
recomenda algumas ações para melhor definir as jazidas,
A condução de cerca de 80% das atividades de lavra na
em concomitância com trabalhos de preservação e
região do rio Salitre é desordenada, sem tratamento
recuperação ambiental na reg ião. D a mesma forma, a
adequado dos rej eitos e nenhum cuidado de preservação
utilização de técnicas avançadas de lavra e

33
)
I

Companhia Baiana de Pesquisa Min eral - CBPM Arquivos Abertos J7

da mata ciliar. A lavra terá que doravante desenvolver- Organização de cooperativas - o Governo do Estado
se em paralelo com programas de des~nvolvimento tem-se mostrado sensível com relação à possibilidade de
sustentável. Só assim preservar-se-á o ecossistema. Além criação de um pólo industrial de produção do mármore
da atenção com a fauna e flora da região, alguns Bege Bahia, tanto que concretizou a implantação de uma
programas que implicam cuidados ambientais são serraria-escola no município de Ourolândia, em parceria
sugeridos, tanto na atividade de lavra como na senaria com a cooperativa local.
(Geoexplore, 2002). Esses programas deverão envolver
A cooperativa atual é mista, voltada tanto para a
o reaproveitamento não só dos rejeitos da lavra como
agricultura quanto para a mineração, o que lhe propicia
também da senaria.
requerer áreas de pesquisa junto ao DNPM. O
A fim de promover a imagem comercial do Bege Bahia cooperativismo é uma condição necessária para congregar
em termos de garantia de autenticidade e procedência, as lavras manuais num esquema que lhes permita
Chiodi Fº (2002) recomenda a implantação de um selo modernizar a atividade, introduzindo os garimpeiros e
verde de adequação ambiental para os produtos pequenos mineradores na prática da formalidade
comercializados por empresas ou por cooperativas e empresarial .
consórcios da região , que deverão adotar práticas
Braz & Magalhães (2002) sugerem a criação de um
ambientais compatíveis com os preceitos da
núcleo de produção de pedras portuguesas e anticatos
sustentabilidade.
para serem aplicados na pavimentação de ruas, praças e
jardins, também através de cooperativa de produtores
artesanais. Esta visão é consonante com a orientação
Infra -estrutura regional - é inegável a demanda de
emanada dos seminários de Jacobina (Chiodi Fº, 2002) e
melhorias na infra-estrutura da região do Salitre em prol
Ourolândia (d'Arc, 2002).
da atividade mineral, beneficiamento da matéria-prima e
comercialização do produto final. Melhores vias de
acesso, ofelta de energia elétrica e disponibilidade de
Profissionalização da atividade - a capacidade instalada
recursos hídricos são necessidades inadiáveis .
das pedreiras mecanizadas é cerca de 21 vezes superior
A recomendação mais urgente sobre vias de acesso é a à das pedreiras manuais. No ano 2000, a produção
construção de uma estrada que ligue os pólos extremos mecanizada foi nove vezes maior que a das pedreiras
de Curral Velho e Ourolândia, o que facilitará todo o manuais, que ocupam, de modo informal, quase 18% da
escoamento para o centro principal do pólo geral de m ão-de-obra empregada (Braz & M agalhães , 2002).
produção. Em termos de energia elétrica, recomenda-se
Além da baixa produtividade, do caráter predatório da
a instalação de uma rede trifásica, balizando os principais
lavra e dos problemas de segurança do trabalho, a
pólos de produção. Uma outra necessidade é relacionada
extração manual causa sérios danos ambientais . A
ao sistema de comunicação da região, onde urgem
reversão desta situação requer a criação de mecanismos
melhorias na rede de telefonia e sua extensão à zona rural.
associativos bem estruturados, idéia também conoborada
Para possibilitar a criação de um distrito industrial em por Chiodi Fº (2002) e d' Arc (2002) . Uma outra
Ourolândia, será premente traçar-se um programa de alternativa seria a migração dos trabalhadores informais
melhoria no abastecimento d'água. A captação de água para o mercado formal das empresas de mineração e
subtenânea será facilitada pela notória potencialidade beneficiamento. Em suma, todos concordam que a forma
aqüÍfera desta região de relevo cárstico. atual de extração manual, além dos prejuÍzos causados à
mineração e ao ecossistema, quase nenhuma
O gerenciamento da utilização da água subtenânea sob
compensação proporciona ao praticante da garimpagem.
a calha do rio Salitre terá que ser rigoroso. O
empresariado mineral deverá criar mecanismo próprio
de reciclagem da água. Do mesmo modo, o agricultor Implantação de um pólo industrial- a implantação
deverá usar técnicas racionais de irrigação, a exemplo de um pólo minero-industrial é uma imposição regional
do gotejamento. Recomenda-se, por conseguinte , a que se vem materializando de forma gradativa. Para isto,
realização de estudos para a avaliação detalhada do a ação sinérgica de instituições como as do sistema SICM
potencial hidrogeológico da região. - CBPM, Sudic, Sim/Comin -, o DNPM, o Sebrae,

34
) Arquivos Abertos 17 CO/llpanhia Baiana de Pesquisa Min eral - CBPM

Senai, Ceped, Fapesb (Fundação do Amparo à Pesquisa a atração de empreendedores locais e de outros estados,
na Bahia), UFBA e BNB (Banco do Nordeste do Brasil) mediante a otimização do uso racional desses insumos.
poderá catalisar os esforços empresariais que visem a
De qualquer modo, não resta dúvida de que o mármore
acelerar a estruturação da cadeia produtiva em torno do
Bege Bahia reúne vantagens comparativas e competitivas
mármore Bege Bahia.
para tornar-se um arranjo produtivo de sucesso . Neste
É certo que a existência de um espaço físico específico - caso, a implantação institucional deste pólo industrial
o pólo industrial - por onde as instituições poderá ser o elemento catalisador de uma expectativa
governamentais possam aportar os necessários regional.
suprimentos infra-estruturais, a exemplo de água, energia
elétrica e comunicações, pode ser um fator decisivo para

11- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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'1<:"
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da Bahia. Salvador, 1994. uma evolução virtUosa: a indústria de rochas ornamentais
na Bahia. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da
PEREIRA, C. P. Petrologia e Gênese da Formação Caatinga. Bahia. Salvador, 2002.
Relatório Técnico encamin hado à CBPM , do qual foram
extraídos os dados para o capítulo 6 do relatório da Geoexplore WRlGHT, P. V; TUCKER, M.E. Calcretes: an introduction.
sobre o Bege Bahia (Geoexplore, 2002), intitulado "Geologia In: Wright, P. Y.; Tucker, M. E. (Ed.). Calcretes. Reprint series
da Formação Caatinga". Salvador, 2002. of the International Asssociation of Sedimentologists, Blackwell
Scientific Publications Oxford, London, 1991. v.2, p.l- 22.
RillEIRO, A. F O terreno granito-g reenstone do rio Salitre
(Bahia) e a mineralização de sulfeto maciço associada.

':Ih I.
11
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v
)
I
Arquivos Abertos 17 COl/lpanhia Baiana de Pesquisa lviil/ eral - CBPM

APÊNDICE avaliação econômica, direitos minerários e reservas


oficiais. Salvador: CBPM, 2002. 26p. Convênio SICM-
Relatórios relacionados ao mármore COMIN-CBPM.

Bege Bahia Os autores vIsitaram a região e elaboraram um


relatório que trata da lavra e beneficiamento, métodos
o texto da Série Arquivos Abertos 17 é uma síntese do tecnológicos, produção, comercialização, estrutura
Projeto investigação do mánnore Bege Bahia - Probege administrativa , infra-estrutura, aspectos
-, coordenado por AF. Ribeiro e apresentado à CBPM socioeconômico s, situação tributária, linhas de
em dois relatórios distintos: um elaborado pela financiamento, possibilidade de exportação,
Geoexplore e outro de autoria de E. Braz & AC.F. desenvolvimento sustentável e geração de emprego.
Magalhães. Além do Probege, um terceiro relatório,
assinado por J . Chiodi p2, faz parte deste apêndice para GEOEXPLORE CONSULTORIA E SERVIÇOS
consulta sobre o Bege Bahia nos municípios de LTDA Investigação geológica e ambiental dos depósitos
Ourolândia, Mirangaba e Jacobina, na região do alto a e áreas de ocorrências do mármore Bege Bahia, na
médio lio Salitre, também conhecido como rio Vereda da região situada entre os municípios de Ourolândia e
Tabua, centro-norte da Bahia. Jacobina, a S e Campo Fonnoso, a N. Salvador: CBPM!
COMIN, 2002. 135p. il. color.
CHIODI FILHO, C. Tópicos destacados para o
desenvolvimento mínero-industrial do mármore Bege E ste trabalho, que efetuou o cadastro da atividade
Bahia . Kistemann & Chiodi Assessoria e Projetos mineral , fa z uma abordagem sobre a geologia da
Ltda.(ed.) Belo Horizonte, 2002. Formação Caatinga, cujo calcário do tipo calcretel
travertino constitui, em determinada circunstância da
Com base nos seminários reali zados em Ourolândia evolução geomolfológica da região, a variedade lítica
e Jacobina, o autor faz uma abordagem sobre a correspondente ao mánnore Bege Bahia. Trata da
caracteriz ação tecnológica do mármore beg e , gê nese, feições diagenéticas, mecanismo s d e
mercado interno, mecanismos cooperativos , formação e tipologia do calcrete, bem como da
tecnologias de processos de la vra e beneficiamento, textura, estrutura e relação espacial com os calcários
aspectos sociais em tomo da atividade, escoamento marinhos (rocha-mãe) da Formação Salitre (Grupo
da produção, comércios interno e extetior, adequação Una) . Trata também da economicidade do mánnore
ambiental, marketing, visão do arranjo produtivo e e dos métodos tecnológicos de lavra e beneficiamento.
diversificação de produtos comerciais. No capítulo sobre meio ambiente é feita uma
a bordag e m profunda sobre o te m a , d es d e as
BRAZ, E.; MAGALHÃES , AC.F. Plano estratégico recomendações de não-agressão ao ecossistema até
para o desenvolvimento sustentado do mánnore bege o aproveitamento de rejeitos da lavra e
Bahia na região de Ourolândia, Jacobina e Mirangaba: disciplinamento da prática de extração mineral.

39
.-
)

')

ANEXOS

ANEXO I
Quadro AI- Plano estratégico de ação para aproveitamento do mármore
Bege Bahia - elaborado com base em demandas da comunidade
empresarial.

Quadro A2 - Plano estratégico de ação para aproveitamento do mármore


Bege Bahia - elaborado com base em demandas da comunidade de
garimpeiros.

ANEXO 2
Mapa geológico da região do vale do rio Salitre, centro-norte da Bahia.

)
Arquivos Abertos 17 Compal/hia Baial/a de Pesquisa Mil/ eral - CBPM

Qu adro AI - Plano estra tégico de ação para aproveitamento do má rmore Bege Bahia - elaborado com base
em dem a ndas da comunid ade empresarial
Tab le AI - Strategic plaill fo r actioll to p rofit th e Bege Bahia I/Iarble - based 011 del/lallds frOI/l cOl/lllllity of bllSillessl/lell
Ação I Actioll Respollsá vell Respollsllble
Criar wn a base de /Il11rke/illg para potencializar com segmentação (tipos e nichos comerciais) Governo estadual
Elaborar programa de promoção comercial Gov. estadual-empresários-
sindicato (coord.)-Sebrae
Desencadear ações para viabilizar O c/lIs /el" Grupo gestor
Viabilizar estudo integrado de aproveitamento dos rej eitos da lavra e benefi ciamento SICMlComin
Criar alternati va para organizar empreendedores através da sua entidade de represe ntação, viabilizando ações nas Sind icato
di versasáreas(compras, tecnologia, mão-de-obra, socialização de informações)
Criar uma estratégia de mobilização para obtenção de fin anciamentos compatí veis com as necessidades do segmento Sindicato
Promover meios de trazer para a formalidade todos os integrantes do segmento Gov. estadual (coo'rd.)-sindica to-
Sebrae
Mobilizar as esferas governamentais para implantar inrra-es trutura necessária ao bom funcionamento do segmento SICrvUComin
Realizar pro jetos geológicos de detalhamento da área do mármore Bege Bahia CBPM
Adotar medidas mitigadoras para compensação dos impactos ambientais resultantes da lav ra e benefi ciamento recomendadas no Mineradores
relatório do Bege Bahia
Elabo rar programa de teri namento gerencial para empresários do segmento Sebrae (coord.)-sindicato
Implantar unidade de fornlação e treinamento de mão-de-obra espec ializada para o segmento e melhoria dos proceSsos tecnológicos CBPM (coordenação)-Sena i
de benefi ciamento

Quadro A2 - Plano estratégico de ação para aproveitamento do mármo re Bege Bahia - elaborado com base
em dem and as da comunidade de garimp eiros
Table A2 - Strategic plaill for actio ll to profit the "Bege Bahia" marble - based 0 11 delllali ds from COlllllllity of "garimpeiros"
Ação I Ac/ioll Rcsponsá vcUR espollsllble
Mobilizar, através de entidade representati va, o apoio para organizar o ate ndimento das demandas do grupo, encaminhando às di versas Sebrae
esferas de 0overno
Viabili zar, at ravés de entidade representati va o atendimento da necessidade de máquinas, equ ipamentos e cont role de áreas Sebrae (coordenação)-CBPM- i
DNPM
Informar aos mine radores a respeito da legislação previdenciária e de mineração SICM/Comin
Promover meios para esc larecer aos mineradores as legislações ambiental, tra balhi sta, previdenciária e de mineração, através de Sebrae
treinamento ,

Estabelecer um programa de treinamento e aporte de novas tecno logias de lavra e benefi ciamento Govemo estad ual-CBPM i
(coordenação )-Sebrae-Sena i I

Criar uma base de marketi ng para pote ncializar o setor através da segmentação por ti po comercial e nichos comerciais ,
Governo estadual
Contra tar estudo hidrogeológico para dimensionar a capacidade de abastecimento de um virtllal parque SICM/Comin
Contratar estudo geolóo ico para a tipificação de reservas da fa ixa do calcário da Formação Caatinoa CBPM
Estruturar e organizar; através da entidade de representação, a instalação e uti lização do pa iol CB PM
Criar urna comissão provisória para representar garimpeiros junto ao Sebrae no processo de oroanização da categoria SICM/Comin-Sebrae-oarimpeiros
Adotar mecanismos existentes de proteção ao crédito para viabi lizar as vendas a prazo contratadas , através da entidade represen tativa Sebrae
Olicntar mineradores na proteção ao crédito, promovendo, ainda, a soc ialização da situação atual dos comprado res, grau de Sebrae
inadimplência e responsabil idade pelas compras efetuadas
-

43
ESTADO DA BAHIA
SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO
COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL - CBPM

MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DO VALE DO RIO SALITRE


CENTRO-NORTE DA BAHIA
GEOLOGIC MAP OF THE SALITRE RlVER VALLEY REGION IN CENTRAL NORTH OF BAHIA

41'15'00" 40'22'30" LEGENDA / EXPLANATION


9'52'30" 9'52'30"
TERCIÁRIO-QUATERNÁRIO / TER TIARY-QUA TERNARY

~ Sedimentos eluviais arenosos e areno-Iamosos: e aluviais. não diferenciados


~ Sal/dy al/d sal/dY-lIll/ddy e/ll/vial sedilllel1ls; alld l/lldijJerel/tiated alll/vial sedilllellts

~ Formação Caatinga - calcários. brechas calciferas e mármore bege


~ Caatil/ga Forma/iol/ -lillleslOlles. ceilciferol/s breccias olld beige marble
NEOPROTEROZÓICO / UPPER PROTEROZOI C

Grupo Una / Grollp


~ Formação Salitre - calcissiltito, calcil utito e ca1carenito fino
. ~ Salitre Form atioll - calcisi/tstone, calci/utite alldfille-grailled calcarellite

MESOPROTEROZÓICO / MIDDLE.PROTEROZOI C

Grupo Chapada Diamantina I Group


t:':':'::':':':':j Formação Morro do Chapéu - arenito fino. conglomerado e arenito conglomerático
.:.:.:.~.:.:.:. Morro do Chapéu Formaliol/ -fii1e-grairted sal/dstolle. cOl/glomerate. al/d cOllg/omeratic sal/dslol/e

~~~-fu~t Formação Caboclo - argilito laminado, siltito e lamito


Caboclo F ormation - lamillated argillite, siltstone, and ml/dstolle

p:;zJ Formação Tombador - arenito fino com estratificação cruzada de grande porte
tfEj Tombado r Formatiol/ - fil/e-grail/ed sal/dslolle IVilh large cross beddil/g

PALEOPROTEROZÓICO / LOWER PROTEROZOIC

Grupo Jacobina I Grollp


r3 Formação Serra da Paciência - quartzito com estratificação cruzada de grande porte
Lb Serra da Paciêl/cia Fonl/atiol/ - quar/zile lI'ilh large crOSS beddillg

• Formação Rio do Ouro - quartzito com niveis conglomeráticos; cianita-andal uzi taxisto;
serpentinitos intercalados (9 . 1) .
Rio do Ouro FOI'II/{/Iioll - tjl/artzile ,vi/h cOl/glomeratic seams; kiallile alld alldaluzite
schists; il/terhedded se/pemilliles (9.1)

Formação Serra do Córrego - conglomerado e quartzito


!mm:8!!!!:1 Serra do Có rrego Formaliol/ - cOl/glomerate. al/d quartzile
Complexo Itapicuru I Comp/ex
Ii.!!.::";'\
Formaçõ es Cruz .das A lmas, Água Branca e Bananeira - rochas vulcânicas e
~t~~~~ sedimentares metarnorfizadas, metachert e formações ferrifera e manganesífera
Cruz das Almas, IÍglla Brallca. alld BOllalleira Forma/iolls - metamorphosed volcallic
alld sedimelltmy roc!(s. me/acherr. alld iroll alld mal1gal1esijerous)Orma/lOlls

lTlTrIT:1 Formação Serra do Meio - quartzito, micaxisto e filito


Ui1ÍllI Serra do Meio Formatiol/ - qllartzire. mica schisl. alld phyllile
11'
Granitóides / Grallitoids
~ Granitóides da região de Juazeiro - biotita-Ieucomonzonito, sieno-grani to e granodiorito
~ Gral/itoids of the Juazeiro regioll - biotile·leucomollzollite. syellite .grGllite. alld grallodiorile

Granitos de Canl po Fomloso e Jacobina- leucogran itos com biotita e moscovita


Gralli/es o/Campo Formoso alld Jacobilla -lellcograJliles wirh biotile alld I/lllscovi/ e

PALEOPROTEROZÓICO-ARQUEANO I LOWER PROTEROZOIC-ARCHEAN

Complexo Rio Salitre I Comp1ex


11'15' 00" Unidade Sobradinho - seqüência.de rochas metamórficas máfico-u ltramáficas, com níveis de
41'15'00" 41' 40'22'30" ::1:::
v v v v v
basaltos komatiiticos, e lentes de ro.cha vulcânica félsica ; me"tachert, formação ferrifera e micaxisto
. Sobradillh o Ullil - metaúlOrphosed mafic-lIllrGmafic sequence IVirh komatiilic leveis. al/d lel/ses of
Geo logia compilada do mapa geológico do estado da Bahia na escala 1: 1.000.000 fels ic volcallic rocks; melacherl. irollformation. and mica schisl
(ligeir amente modificada de Barbosa & Dominguez, 1994). ANEXO 2/ ANNEX
Geology compiledfrolll lhe geologic map of Bahia State at 1:1.000.000 scale (slightly
Complexos do Embasamento / BasemeJlt cOl1lplexes
modijiedfrom Barbosa & Dom il/guez, 1994)'-
~ Ortognaisses da fácie§ anfibolito com poucas rochas supracrustais, e migmatitos
Layout po r/by: L.Luna F. de Miranda (2002) ~ Orlhoglleisses oflhe·(íinphibolitefacies IVitilfew sllpracl1lstal rocks. al/d migmalites

Escala/Scale Ortogn aisses da fácies anfibolito por vezes migmatizados; lentes quartzosas (q)
10km O 10 20km OrtllOglleisses oflhe amphibolitefacies sometimes inigmatized; quartzose lenses (q)
! I ! J

2002
~ Cõmplexo básico-ultrabásico estratificado de Campo Formoso - peridotito e piroxen ito
SEÇÃO GEOLÓGICA A-A' / GEOLOGIC SECTION metamorfizados, ri co's em cromo
Layered b asic~ullrabasic complex ofCampo Formoso - melamorphosed chrome-rich peridolire
J~ê§:l~i t1a and py!'oxenite
A
5

+
CONVENÇÕ ES' / SYMBOLS

AnticlinaVAllliclille Contato geológicolGeologic contacl ~


Falha de empurrão/ Th!'lISI fal//I / Falha e/ou junta!Fal111 andlo!'joinl ~
./ .--.....
...... Pólos de produção do mármore Bege Bahia! "Bege Bahia" marble prOdl/Clioll poles;
t t t t t t t t
0
Concepção/Col/ceptioll: Augusto J . Pedreira (2002)
(j}Curral Velho Mirangaba G)
r--_
Ourolând ia

Área com extração/Area with exploita/iol/ I


~ l
. L __ J r--_
Área com extração e beneficiamento/Area with exp/oitalion and dressing I~~ l
Mármore Bege Bahia em Ourolândia-Mirangaba-Jacobina, Bahia: geologia,
MAPA DE SITUAÇÃO . L __ J
potencialidade econômica e desenvolvimento sustentável Cidade/Town @ Vila, povoadolVillage, hamlel •
INDEXMAP
"Bege Bahia" marble il/ Ollrolãlldia-Miral/gaba-Jacobil/ a, Balzia: geology, ecollomic
pOlel/tial al/d sustail/able deve/opmel/t RiolRiver /, .Á:~ Estrada!Road ~

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