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Já Lacan não fornece uma explicação detalhada do recalque originário. Ele estabelece
uma barra separadora em três níveis do ser humano:
A primeira: separa o imaginário do inconsciente.
A segunda: separa o inconsciente como linguagem e a linguagem consciente
A terceira: separa o significante do significado, já no nível da linguagem consciente.
O imaginário constituiria o primeiro corte com o exercício pleno da pulsão, sendo anterior
ao simbólico e aquilo que nos introduz nos domínios da subjetividade.
Segundo Lacan, a libido limitada no plano do imaginário teria origem na perda originária,
que é a separação do recém-nascido da mãe, aquilo que a criança perde com o corte do
cordão umbilical. Lacan compara essa perda ao ovo, perdendo não a mãe, mas a casca,
um pedaço de si mesmo, e, movido pelo instinto de vida e guiado pelo real, designa
limites corporais, o que faz com que a libido só possa se expandir por meio das zonas
erógenas, de maneira que a pulsão ilimitada é transformada pela pulsão parcial.
Nesse momento, constrangida pelas zonas erógenas, a libido nunca estará presente de
uma forma inteira na subjetividade, pois, ligada a um objeto imaginário, ela será marcada
pela perda, pela insatisfação, pela incompletude. Lacan e Leclaire chamam de “letra” essa
falta representada no imaginário, não sendo as “letras” as faltas em si, mas
representações, e fixam um vazio, consistindo elas em significantes abstratos a
constituírem a ordem do inconsciente a partir do recalcamento primário.
A Clivagem Originária