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BIOETICA
BIOETICA
História
O primeiro transplante bem-sucedido de órgãos aconteceu em 1954, em Boston (EUA),
quando o Dr. Joseph E. Murray realizou um transplante de rins entre dois gêmeos
idênticos no Hospital Brigham and Women. Murray se baseou na descoberta dos
médicos até então de que em transplante entre gêmeos idênticos não havia o perigo de
rejeição uma vez que o genoma de ambos, receptor e doador, é o mesmo.
Quanto à questão ética é também defendido que a doação de órgãos deve ser realmente
uma doação e que devem ser seguidos parâmetros claros baseados na necessidade do
receptor e gravidade de sua situação para determinar quem deve receber o órgão doado.
Essas medidas são para evitar que haja o comércio indiscriminado de órgãos e o
favorecimento de algumas pessoas simplesmente por questões financeiras, por exemplo.
Quanto à questão ética é também defendido que a doação de órgãos deve ser realmente
uma doação e que devem ser seguidos parâmetros claros baseados na necessidade do
receptor e gravidade de sua situação para determinar quem deve receber o órgão doado.
Essas medidas são para evitar que haja o comércio indiscriminado de órgãos e o
favorecimento de algumas pessoas simplesmente por questões financeiras, por exemplo.
O princípio da totalidade, acredita que sendo o corpo um todo, cada parte do mesmo
deve ser avaliada de acordo com o todo. E por isso, cada parte (membro, órgão ou
função), pode ser sacrificado em função do corpo, desde que isso seja útil para o bem-
estar de todo o organismo.
O indivíduo tem a capacidade de decidir qual a informação sua, que quer manter em
anonimato, regendo-se por o princípio da confidencialidade.
Através do princípio da gratuidade, o órgão ou tecido apenas poderá ser dado e nunca
vendido. Uma vez que este não é um objecto manipulável, mas é antes algo dotado de
individualidade própria.
Por fim, tem de se atender ao princípio da não discriminação, em que a seleção dos
receptores só pode ser feita mediante critérios médicos.
O principal argumento moral que apoia a doação de órgãos por parte de estranhos é
baseado no princípio de respeito pela autonomia “Se um adulto competente procura agir
de forma altruísta e se oferece para doar um órgão sólido incondicionalmente, e
compreende os riscos e benefícios do procedimento, então o seu desejo deve ser
respeitado” (Ross, 2002)
Apesar de não existirem benefícios físicos para o doador, alguns estudos demonstraram
um aumento da auto-estima e sentimentos de bem-estar entre os doadores.
Os doadores não aparentados devem ser sujeitos a critérios mais rigorosos. Os dadores
familiares devem poder correr mais riscos já que têm mais a ganhar com a doação do
que dadores estranhos.
A doação por parte de dadores vivos, inicialmente, era limitada aos dadores familiares
para reduzir o risco de imuno-rejeição, porém, a terapia imunossupressora permitiu que
não só os familiares fossem dadores mas também outras pessoas significativas.
Um dos argumentos que apoiam a doação por parte de estranhos é o facto de a procura
de órgãos ser muito maior do que a oferta.
Nos últimos anos tem surgido vários casos de tráfico de órgãos retirados a indivíduos
pobres. Estas vendas são obviamente ilegais. Os argumentos contra a venda de órgãos
têm a ver com a diluição do altruísmo e a “comercialização” do corpo humano que
representa, sendo que estas razões ultrapassam largamente as objecções lógicas e
económicas. Não são comuns, porém são inesquecíveis as histórias que nos lembram
que a doação de órgãos não é apenas altruísta. (Johnstone, 1994).
Doadores mortos
Os doadores mais adequados são aqueles cuja causa de morte é a cerebral, em unidades
de cuidados intensivos, com menos de 35 anos, ou 40 no caso das mulheres e sem
história de doença cardíaca. Os avanços na terapia imunossupressora e nas técnicas de
preservação e transporte de órgãos enfatizam o contributo que os mortos podem dar aos
vivos. Porém, a procura é maior do que a oferta.
As directivas da maior parte dos centros de transplantes sublinham que devem manter-
se todos os esforços para salvar a vida do potencial dador, incluindo tratamento de
emergência, manutenção da T.A., transfusões de sangue, tentativas de ressuscitação, etc.
A declaração de morte cerebral marca uma mudança nas prioridades. Agora, ao invés de
tentar salvar aquela vida, tenta preservar-se o melhor possível o corpo para retirar os
órgãos. No entanto, apesar da pessoa estar morta ainda há questão do respeito pelo
cadáver. Por exemplo, “É justo usar um cadáver como fonte de “partes suplentes?”
(Johnstone, 1994). É justo subordinar crenças culturais e tradições enraizadas para
benefício científico?
Os potenciais doadores que se encontram em morte cerebral não são meras “coisas”
para serem descartados, mas são seres humanos que ainda são reconhecidos como parte
integrante do grupo humano. Apenas porque estão em morte cerebral não deixam de ser
a mãe ou o filho de alguém. Como mostra a cultura, as relações não terminam com a
morte. Além disso, será que podemos subordinar os interesses do dador aos do receptor?
(Evans, 1995). Pode argumentar-se que não temos uma noção clara do que são os
interesses de um morto, contudo, existe sempre a noção de respeito.
Receptores
Os receptores devem receber acompanhamento psicológico no sentido de lhes dar
segurança, esclarecer dúvidas acerca da cirurgia, complicações, etc., Só se deve
considerar o transplante se houver hipóteses de sucesso clínico. Mas o que se deve
considerar “esperança razoável de sucesso clínico”? .Quais os critérios que definem o
sucesso clínico razoável e para quem é que estes são aceitáveis?
Ter que viver com um órgão que não nos pertence pode suscitar uma grande variedade
de sentimentos. É importante que se faça um ajustamento psíquico para assimilar esta
realidade. Segundo Bernardo(1995) “O viver serenamente com, um órgão alheio exige
preparação e adaptação psíquica de modo a que não haja conflito a nível do “eu” do
sujeito”.
Além disso, embora o transplante seja uma terapia salva-vidas, ele também aumenta o
risco de desenvolver câncer, em parte por causa dos medicamentos administrados para
suprimir o sistema imunológico e evitar a rejeição do órgão.[4]
Família
É frequente surgirem fenómenos de transferência nas famílias, essencialmente, de
doadores mortos. Assim é importante salvaguardar a identidade do receptor, uma vez
que estes fenómenos da transferência de afectividade e emoções podem ter
consequências imprevisíveis e nefastas.
Da mesma forma, também o receptor não deve ter acesso à identidade do dador. Pode
discutir-se que o facto da família do dador conhecer o receptor e ver os efeitos do
transplante podia ser benéfico para esta, porém os riscos de transferência afetiva
sobrepõem-se às vantagens que isto poderia oferecer. O facto de o receptor conhecer
dados biológicos do dador poderá também ter efeitos negativos. A família do dador
atravessa uma situação afectiva bastante intensa que poderá variar consoante o quadro
do dador.
Em caso de morte iminente há uma mistura de sentimentos que podem inclusive chegar
a ser contraditórios.
A lei portuguesa não atribui poder de decisão à família em relação à doação de órgãos,
apenas em casos de menores e incapazes. Nestes casos, para a família tomar uma
decisão, é absolutamente necessário que esteja na posse de informação acessível no
sentido desta poder ponderar com maior clareza.
Nos Estados Unidos foi proposto a criação de um mercado a termo fixo de órgãos
colhidos em cadáveres, o que foi aceite pelas associações médicas. Na Filadélfia é
oferecido um prémio pela doação de órgãos às famílias de pessoas recentemente mortas.
Na Índia, apenas recentemente foi adoptada uma lei sobre o transplante de órgãos
humanos que visa abolir o comércio de órgãos e facilitar a colheita em cadáveres,
instituindo o princípio da morte cerebral (A.S. Daare, P. Marshall, 19--).
Em Portugal
O primeiro transplante em Portugal foi feito dia 20 de Julho de 1969 em Coimbra, pelo
médico Linhares Furtado. Tratou-se do transplante renal entre doadores vivos[5].
No Brasil
No Brasil, o primeiro transplante de córneas foi realizado em 1954[6]. Os primeiros de
fígado, coração e de rins foram todos realizados em 1968[7]. Em setembro de 2020,
Daniela Salomão declarou que mesmo com a ordem de não buscar hospitais, durante a
epidemia COVID-19 foram realizados quase 10 mil transplantes, segundo a
coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes.[8][9]
Ligações externas
Portaria n.º 357/2008, do Ministério da Saúde Português, que regulamenta a rede
nacional de coordenação de colheita e transplantação.
Lei 12/93 da República Portuguesa, Colheita e Transplante de Órgãos e Tecidos de
Origem Humana.
Perguntas e Respostas sobre Transplante de Medula Óssea
TRANSPLANTE DE MEDULA É FEITO SEM TRANSFUSÃO DE SANGUE
Trabalho de investigação sobre transplantação renal realizado por enfermeiros
Portugueses
Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos - ABTO
Bibliografia
Johnstone, Megan-Jane – A nursing perspective, Sydney, W. B. Saunders, Bailliére
Tindall, 1994 ISBN 0-7295-1421-8
Evans Martyn – Dying to help: moral questions in organ procurement - in Death, dying
& bereavemente, de Dickenson, Donna; Johnson, Malcon, London, Sage, 1995 ISBN 0-
8039-8797-8 (pp 135 – 141)
Coimbra, Albertina; Quintela, Elsa; Piçarra, Graça; Santos, Laurinda – Percepção do
Enfermeiro perante a morte cerebral e a doação de órgãos, Sinais Vitais, nº 5, Nov.
1995 (pp 35 – 38)
A.S. Daare, P. Marshall – Aspectos culturais e psicológicos do transplante de órgãos,
Servir, nº47, nº3, 19-- (pp 153 – 159)
Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald – Bioética, Lisboa, Verbo, 1996 ISBN 972-
22-1719-4