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Doação de Órgãos:

Uma decisão?
Departamento de Enfermagem, Saúde da Família e Comunidade
16º Curso de Licenciatura em Enfermagem
Ética em Saúde
4º Ano – 1º Semestre

Discentes: Ana Cristina Falcão l Ana Teresa Teves | Filipa Sousa | Lisete Piedade l Rafaela Vieira | Sofia Botelho l Tamára Martins
Docente: Suzana Pacheco
Objetivo Geral:
• Refletir em conjunto com os colegas sobre questões éticas, legais e
deontológicas associadas ao transplante de órgãos.

Objetivos Específicos:
• Definir transplante, dador, dador vivo, dador morto e recetor;
• Descrever as etapas do processo de doação de órgãos;
Objetivos
• Identificar a legislação nacional relacionada com a
doação/transplantação de órgãos;
• Relacionar a legislação em vigor com os princípios éticos e
deontológicos;
• Refletir acerca de questões éticas, legais e deontológicas
relacionadas com uma situação específica.
Introdução
1. Conceitos;
1.1 – Transplante;
1.2 – Dador;
1.3 – Dador Vivo;
1.4 – Dador Morto;
1.5 – Recetor;
Sumário 2. Etapas do Processo de Doação de Órgãos;
3. Aspetos Legais;
4. Aspetos Éticos;
5. Código Deontológico do Enfermeiro;
Debate;
Conclusão;
Referências Bibliográficas.
Introdução
Apresentação do vídeo

(Adaptado de Ordem dos Enfermeiros, 2017. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=e_KR5a5PmUQ)
Conceitos
Transplante é “o processo destinado ao restabelecimento de certas
funções do organismo humano, mediante a transferência de um órgão
Tipos de de um dador para um recetor.”
Transplantes Diário da República n.º 112/2013, Série I de 2013-06-12
de Órgãos
Autotransplante Alotransplante Xenotransplante

Sociedade Portuguesa de Transplantação (2014)


Dador é “a pessoa que faz dádiva de um ou vários órgãos, quer a
dádiva ocorra em vida, quer depois da morte.”

Diário da República, 1.ª série — N.º 112 — 12 de junho de 2013


Dador

Fig. 1 – Campanha sobre a doação de órgãos realizada pela Sociedade Portuguesa


de Transplantação em 2014.
Segundo a Lei nº 22/2007, de 29 de Junho “em Portugal são aceites, como
dadores, familiares, cônjuges, amigos ou qualquer outra pessoa,
independentemente de haver qualquer relação de consanguinidade.”

Dador Vivo Critérios para o dador:


• Ser indíviduo saudável;
• Mentalmente capaz de afirmar a sua vontade;
• Não ser alvo de pressões de ordem emocionais ou sócio-económicas;
• Sujeito a minuciosos exames.

Sociedade Portuguesa de Transplantação (2014)


• Qualquer pessoa, ao falecer, é um potencial dador de órgãos ou
tecidos para transplante, desde que, em vida, não se tenha
manifestado contra esta possibilidade.

Dador Morto
• O corpo não fica desfigurado e é sempre tratado com o máximo
respeito, até ser entregue à família.

Sociedade Portuguesa de Transplantação (2014)


Recetor é “a pessoa que recebe a transplantação de um órgão.”

Diário da República, 1.ª série — N.º 112 — 12 de junho de 2013

Recetor
O recetor deve ser esclarecido:
• Todos os riscos que estão subjacentes ao transplante;
• Possíveis riscos associados aos procedimentos antes da doação;
• Prováveis complicações que podem advir do ato cirúrgico.

Sousa (2012), citado por Portugal & Macheta (2013)


Etapas do
Processo
de Doação
de Órgãos
Condições para que ocorra a doação:

Etapas do  “O dador deve falecer no hospital;

Processo de  Depois de se verificar a paragem irreversível das funções cerebrais ou


Doação de cardiorrespiratórias, o corpo tem que ser mantido artificialmente, desde o

Órgãos momento da morte até ao momento da extração dos órgãos;

 É necessário que se conheça, com exatidão, a causa da morte.”

Sociedade Portuguesa de Transplantação (2014)


Coordenador
Diagnóstico de
Hospitalar de
morte cerebral
Doação (CHD)

Etapas do
Informar Gabinetes
Processo de Verificação do
preenchimento do
Coordenadores de
Colheita e
Doação de RENNDA
Transplantação
Órgãos

Extração,
Informar a família encaminhamento e
de todo o processo transporte dos
órgãos
Barradas (2010)
Morte Cerebral é a “cessação de todas as funções do cérebro,
incluindo o tronco cerebral.”

Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (2017)

Morte
Cerebral Quando confirmada a morte do tronco cerebral, isto é, a parte do
cérebro que controla o funcionamento dos órgãos essenciais, é
declarada a morte da pessoa em questão, sendo possível todos os
restantes órgãos que estejam viáveis e a funcionar sejam doados.

Barradas (2010)
Coordenador
Diagnóstico de
Hospitalar de
morte cerebral
Doação (CHD)

Etapas do
Informar Gabinetes
Processo de Verificação do
preenchimento do
Coordenadores de
Colheita e
Doação de RENNDA
Transplantação
Órgãos

Extração,
Informar a família encaminhamento e
de todo o processo transporte dos
órgãos
Barradas (2010)
Aspetos
Legais
Lei nº 22/2007 Primeira alteração ao decreto lei nº 12/93
 Artigo 4.º - Confidencialidade

Aspetos
Legais
Lei nº2/2015, de 08/01 1ª alteração à lei nº 36/2013, de 12 de junho
 Artigo 18.º - Proteção, confidencialidade e segurança de dados
pessoais
Lei nº 22/2007 Primeira alteração ao decreto lei nº 12/93
 Artigo 5º - Gratuitidade

Aspetos
Legais
Lei nº 22/2007 Primeira alteração ao decreto lei nº 12/93
 Artigo 6.º - Admissibilidade
Lei nº 22/2007 Primeira alteração ao decreto lei nº 12/93
 Artigo nº 7 – Informação
Aspetos  Artigo nº 15 - Campanha de informação

Legais

Lei nº 22/2007 Primeira alteração ao decreto lei nº 12/93


 Artigo nº 8 - Consentimento
Lei nº 22/2007 Primeira alteração ao decreto lei nº 12/93
Aspetos
 Artigo nº 10 – Potenciais dadores
Legais  Artigo nº 11 - Registo Nacional
Aspetos
Éticos
Recetor

Aspetos Princípios
Éticos Éticos

Dador Dador
vivo morto
“o corpo pertence à identidade pessoal e, como tal, é merecedor da
dignidade inerente à pessoa humana, não sendo livremente disponível”

Patrício (2013)

Dignidade
Humana “Se o cidadão não estiver informado que o Estado considera um potencial
dador (…) a colheita pode ser perspetivada como uma violação da
integridade do seu corpo e violação do respeito para com o cadáver.“

Barcelos (2009)
“Sob o ponto de vista do princípio da autonomia, tem sido objeto de discussão a
presunção de consentimento em vigor no nosso país, segundo a qual todos
somos potenciais dadores salvo se expressarmos oposição através de inscrição no
Registo Nacional de Não Dadores.”

Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (2013)

Autonomia

“Também na situação da doação em vida entre familiares, a autonomia mantém-


se como o princípio predominante, através do consentimento informado para
doar um órgão a um membro da família. Mas, é importante acentuar que a
autonomia no contexto da doação entre familiares pode ser o princípio ético mais
ameaçado.”

Barcelos (2009)
“A vontade de ser ou não dador deverá ser respeitada em todo o processo,
depois de suficientemente expressa. (…) deverá o dador vivo ser
totalmente informado dos eventuais riscos da colheita do órgão ou tecido
a doar, autorizando expressamente a colheita”

Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (1991)


Consentimento

“(…) todos os cidadãos são considerados como potencias dadores post


mortem, numa lógica de solidariedade social, tendo todavia a possibilidade
de, em vida, se declarem não-dadores , mais uma vez ao abrigo do
princípio ético da autonomia.”

Barcelos (2009)
“O receptor do transplante deverá ser devidamente informado de todos os
aspectos e prováveis consequências deste tratamento, incluindo os seus
Consentimento riscos, dando, para tal, o seu consentimento expresso e pessoal .”

Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (1991)


“Os atuais avanços das ciências médicas, servindo a pessoa humana,
encontram no transplante de tecidos e órgãos uma forma concreta
de dar mais vida à vida.”

Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (1991)

Solidariedade
“A percepção hoje dominante é que a doação de células, tecidos e órgãos
constitui um bem para a sociedade em geral pelo que os cidadãos devem
poder contribuir deste modo para o bem do outro, que lhes é próxima, e
da sociedade.“

Barcelos (2009)
“A doação de órgãos ou tecidos, quer por dadores vivos, quer por dadores
mortos, não poderá ser para eles um acto lucrativo, não sendo de consentir
qualquer forma (directa ou indirecta) de comercialização, embora seja de
atender a que, no respeitante aos dadores vivos, lhes deve ser assegurada
uma compensação pelas despesas ou prejuízos que decorram da dação.”

Gratuitidade
Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (1991)

“A comercialização de órgãos (…)trata-se de um meio explorador da


vulnerabilidade dos mais fracos, além de constituir uma forma de
objetivação da pessoa e, como tal, um atentado à sua dignidade.”

Barcelos (2009 )
“(…) a selecção dos doadores, assim como dos tecidos ou órgãos a doar, só
Não
pode ser realizada em obediência exclusiva a critérios médicos.”
Discriminação
Patrício (2013)
“(...) os indivíduos objetos de colheita ou de transplante têm o poder de
decidir se a totalidade ou uma parte da informação pessoal que envolve os
Confidencialidade
referidos atos deve ficar sob anonimato”

Patrício (2013)
Código
Deontológico
do Enfermeiro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Código
Deontológico
do Enfermeiro

Código Deontológico do Enfermeiro, Estatuto da OE republicado como anexo pela Lei n.º 156/2015 de 16 de setembro
Debate
Apresentação do vídeo

( Excerto do filme Para a Minha Irmã (2009). Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=v1wtVMQJ_zI )
Conclusão
“Em termos especificamente éticos, o desafio é o de fazer convergir a
autonomia individual, expressa pelo consentimento livre e esclarecido, com a
solidariedade social, testemunhada pela dimensão altruísta da gratuitidade da
dádiva. Apenas no domínio da intersecção entre o respeito pela autonomia e a
exigência de solidariedade a doação em vida se tornará eticamente legítima,
preservando e promovendo a dignidade humana (…)”

Conclusão
Barcelos & Neves (2009)

Transplante de
órgãos
Ética
Conclusão
Solidariedade Autonomia
 Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (2017). Transplante
Renal. Disponível em: http://www.apir.org.pt/transplante-renal/;
 Barradas, J. (2010) Atitude dos Enfermeiros perante a morte celebrar
e transplatação de orgãos (tese de mestrado). Disponivel em:
https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/2076/1/Relatorio30-
12.pdf;
 Barcelos, M. (2009). Integridade da Pessoa: Fundamentação Ética
para a Doação de Orgãos e Tecidos para transplatação (tese de
Referências mestrado). Disponivel:
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1043/1/18238_ulsd_dep.176
Bibliográficas 67re_MRDBarcelos_Integridade_da_Pessoa.pdf;
 Barcelos, M., & Neves, M. (2009). Reflexão ética sobre a doação de
tecidos e órgãos humanos: entre o respeito pela autonimia e a
exigência da solidariedade. Revista Portuguesa de Bioética.
Disponivel em:
https://www.mpatraoneves.pt/media/pub/paper/M._Dias_Barcelos_
M._Patr%C3%A3o_Neves_Doa%C3%A7%C3%A3o_de_tecidos_e_
%C3%B3rg%C3%A3os_humanos.pdf;
 Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (1991).
Parecer sobre Transplantes de Tecidos e Orgãos. Disponivel em:
http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1273059634_P001_Tra
nsplantesTecidosOrgaos.pdf;ardiorrespiratória irreversivel.
Disponivel em:
http://www.cnecv.pt/admin/files/data/docs/1413214493_CNECV_P
_76_Aprovado.pdf;
Referências  Furst, S. & Cassavetes, N. (2009). Para a Minha Irmã. Estados
Unidos da América: Warner Bros. Entertainment;
Bibliográficas  Lei nº. 22/2007 1ªalteração ao decreto-lei nº 12/93 – Colheita e
transplante de órgãos e tecidos de origem humana de 22 de Abril.
Diário da República, 1ª Série, n.º 124, 29 de junho;
 Lei nº 1/2015, de 08/01 – 1ª alteração à Lei nº 12/2009 de 26 de
Março. Diário da República, 1ª Série, nº 5, 8 de janeiro de 2015;
 Ordem dos Enfermeiros (2017). Os Enfermeiros e a transplantação
em Portugal. Portugal;
 Patrício, M. (2013). Notas Sobre o Regime Legal dos Tranplantes
em Portugal. Revista do Instituto do Direito Brasileiro Ano 2 nº 11
Disponivel:
http://www.cidp.pt/publicacoes/revistas/ridb/2013/11/2013_11_128
81_12900.pdf;
 Portugal, A., & Macheta, M. (2013) Transplantação e doação de
Orgãos e Tecidos a Partir de dadores Vivos – Uma Reflexão
Referências Bioética . Percursos. Disponivel em :
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/9267/1/Revista%20Pe
Bibliográficas rcursos%20n28_Transplante%20e%20Doa%C3%A7%C3%A3o%20
de%20Org%C3%A3os%20e%20Tecidos%20a%20Partir%20de%2
0Dadores%20Vivos%20-
%20Uma%20reflex%C3%A3o%20bio%C3%A9tica.pdf;
 Sociedade Portuguesa de Transplantação (2014). Informação ao
doente. Disponível em: http://www.spt.pt/site/desktop/indice-
5.php.
Estudantes:
 Ana Cristina Falcão
 Ana Teresa Teves
 Filipa Sousa
 Lisete Piedade
 Rafaela Vieira
 Sofia Botelho
 Tamára Martins

Docente:
 Suzana Pacheco

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