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DE
,JESUS CHRISTO
PELA
O FUNDADOR
S• EDIÇÃO
(Ddinitivamente correcta e augmentada)
1925
'l'ypographia das •Vozes de Petropolis•
Petropolis
S. S. PIO XI
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ÓAL \'ATlfAN0.29 1923
"'º•.<>'º
NoTembre
�l'f:RJI\ U\ S
DI S•JA S.'JIT!TA
di V. S. lll,ma
· ,
Aff mo per
' eervi�la
/ ( Í•'J""'"
111.mo Stgnore
IR, JOAN PEDREIRA
Ci rou_lo Catb oli oo
Rua Rodàr1go·stlva B. }
RIO JANEIRO
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A PAIXÃO
DE
JESUS CHRISTO
NIHIL OBSTAT
IM?RIMATUA
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PALAVRAS DE UMA CARTA
DE SUA EX.eia O SR . ARCEBISPO
DOM SEBASTI AO LEME
«.
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A PAI X ÃO DE J ESUS CH RISTO
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10 A PAIXÃO DE JESUS CHRJSTO
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BENÇÃOS E PALAVRAS DE S. EMl.cia, O .SR.
CARDEAL, S. EX . . cias OS SRS.
ARCEBISPOS E BISPOS
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12 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
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A PAIXAO DE JESUS CHRISTO 13
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14 A PAIXÃO OE J ESUS CH RISTO
_
das almas.
D. Frederico Costa, Bispo de Talun11r:
Mu1to agradou-me o ,,Livro d a P a i xã o". Qu anto bem
fará no Brasii l!
D. Epaminondas, Bispo de Ta!tbaté:
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, A PAIXÃO DE J ESUS CH R ISTO 1.5
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16 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
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A �PAIXÃO DE J ESUS CHR ISTO 17
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18 A PAIXÃO D� JESUS CHRISTO
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A PAIXAO DE JESUS CH RISTO 19
- Pe. !. B. de Siqueira:
. . . E' u m livro que pres ta optimos s e rviço s 110 tra
balho de pro pagan da a que me consagro.
--«D))---
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DESCRIPÇAO DA PALESTINA
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A PAIXAO DE J ESUS CHRISTO 23
edificada a casa da Virgem ·Maria. Sob o côro, no
logar exacto dessa casa, existe uma capella sub
terranea, na qual está um altar continuamente
al umiado por muitas lampadas. Sobre o marrnore
branco de que é feito, lê-se : H ic verbum caro
factum est. Foi aqui que o Verbo se fez carne.
Foi, com effeito, ahi, segundo uma antiga tradi
ção, que o Anjo Gabriel appareceu á Santissima
Virgem. Perto dessa Egreja fica uma fonte pu
blica, a que chamam: «Fonte de Maria», p or que,
segundo a tradição, a Virgem i a ou mandava seu
divinn ·Filho buscar agua a essa fonte.
Belém. Era uma da·s menores ci d ad es da J u
déa. Hoje conta u ns nove mil habitantes, lnetacle
cathol icos.
Foinessa c idad e, numa gruta, que na�;ccu J:c
SU'>Christo. Sobre essa gruta mandou Santa H e
lena c on st ru ir a basilica da Natividade, uma das
mais bellas do O riente.
De cada lado do altar�mór parte uma escada,
que· conduz á gruta do nascimento. Esta gruta mede
cerca de 1 zm de comprimento, por 4111 de largura
e 3m de altura. E' neste Jogar que est á o altar
da Natividade.
·O Jogar onde nasceu o Redemptor é ind ic a dü
p or uma placa com a seguinte inscripçào: H ic de
Virgine Maria Jesus C_hristus natus est. «Foi aqui
que J esus Christo nasceu da Virgem Maria» .
Belém de Judá foi a patria de D av id, onde
em pequeno guardou C!S rebanhos de seu pae. F. o i
ahi que Samuel, enviado por Deus, veiu Lierramar
o oleo santo na cabeça de Saul, s�grando-o rei
de Israel. Ahi nasceram !saias, Jessé, Booz, l\fa
than e Jacab, seu filho, pae do glorioso S . José,
e !\í ath ias, o apostolo. E ahi, no campo de Booz,
no fundo da cidade, é que se passou a encan
tadora historia da formosa Ruth. Foi predicta pelo
propheta Micheas para berço do Redemptor.
S. Paulo assini saudou Belém : «E'u t e saudo,,
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
elos céus».
Capharnaúm. u ma cidade m uito impor
Era
tante no tempo de Christo, que niuitas v e ze s ahi
prégou, tanto na synagoga. como fóra della, e
fez muitos milagres. e nclla se inscreveu, fazendo
della seu dom ic i l io . De sua existencia só restam
hoje vestigios.
Tiberiades. Era muito celebre 110 t em p o de
Jesus Christo. De todos estes Jogares não . restam
sinão ruinas.
Foi na Pa lest i n a {t vista d o Jordão e el o Mar
,
Retrato de Jesus
(Est. 1 )
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A P AIXÃO DE JESUS CHRISTO 29
·
tas e que o clima tornava indispensavel, sobretudo
em viagem, para resguardar a cabeça e o pescoÇloi.
O véu era pres::> na frente por co.r dões. Este or
.
nato ainda se usa n o Oriente .
Calção, que o s judeus traziam e m torno dos rins.
Tunica sem costuras, de côr parda avermelha
da, feita de lã de cameJ.o, e que era usada ju nt o
ao corpo, como si fosse camisa, descendo até aios
tornozelos, e assemelhando-se á blusa moderna, pelas
mangas éurtas, até ao meio dos br:;iços. Sem c o s,
tura, ou com malhas ( intervallo entre os fios), si
gnifica indifferentemente tunica ou roupa de ba i
xo, isto é, camisa. O termo chiton, de S . João, deve
ser precisado pelo contexto . O ra, este, especificando
que se tratava de uma veste de malha, coll o c a o, -
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30 A PAlXÃO DE J ESUS C H R ISTO
Sandalias e . Cajado.
E ' provavel que N osso Senhor usasse, em
certos actos, a «capa de propheta», em vez de
ma nto, como se vê , na Est. 1 .
E ssa c ap a era formada por um largo panno,
c a l i ido sobre as costas, e preso n o pescoço por
um colchete.
O traje de Christo não i m p or t a v a m en os ;í
ch rista ndade das idades futuras elo que aos ccm
t e m p o r a n e os, pela lembrança de sua pessôa, desti
na d a a perpetuar-se pela imagem . Ora, em falta
ele semel hança averiguada nos traços, era preciso
que, ao menos, tivessemos o desenho elas vestes
d o Salvador.
- Durante a Paixão, Jesus esteve vestido co rn o
acim a (menos o véu sobre a cabeça), desde que
foi preso até que foi apresentado a Pilatos ( exceptn
no t empo em que esteve n a prisão, n o t r ibu n a l
de Caiphás, onde ficou só com a turiica).
D epois da apresentação a P.ilatos até sua con
demnação, esteve vestido com a tunica . De He
rodes para Pilatos, sobrepuzeram á tunica u m
sacco branco, por escarneo ; depois da flagellação,
o manto escarlate (chlamyde) e a corôa de es
pinhos.
Em seguida á condemnação, foram repostas a s
suas vestes, que conservou até ao crucificamento,
sendo então retiradas e ficando provavelmente o
calção até a descida da Cruz.
COR DAS VESTI MENTAS - Os pnme1ros
pintores representavam Jesus com a tunica incon
sutil, a qual tinha a côr parda avermelhada.
Dahi concluiram alguns, sem razão, que Jesus
usasse, ordinariamente, uma veste vermelha ; e, co
mo sabiam que havia azul em suas vestes (nos
cantos do manto), ajuntaram á veste vermelha de
Christo o manto azul.
Isso é, entretanto, inexacto. Jesus vestia-se de
b ran co , symbolo da innocencia e da luz, e não de
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A PAI XÃO DE J ESUS CH RISTO 31
vermel ho, que era considerado entre os judeus co
mo o symbolo do peccado .
!saias pergunta : Por que estão assim verme
lhas as tuas vestes ? E o Senhor lhe responde :
Aspergiram sobre mim o sangue dos homens. Eis
por que estão vermelhas as minhas vestes.
No seio do eterno Pae, nos esplendores dos
Santos, Jesus t inha por vestimenta a claridade d e
s u a gloria divina. «Amictus lumine sicut vestimenta)) .
No alto do Thabor, Jesus s uspende, por instantes,
o véu que oc"c ultava sua divindade e deixa-se vêr,
resplandecente como o sol, com as vestes da al
vura deslumbrante da neve. «Vestimenta. ej us facta
sunt alba sicut nix».
Entre os Judeus, Typhon, symbolo do mal,
tinha a côr vermelha. Em toda a historia judaica,
vê-se esta côr considerada como emblema do pec
cado.
Na ceremonia do bóde emissario, para a e x
piação solemne das faltas do povo, o grande sa
cerdote amarrava no pescoço do bóde uma longa
faixa vermelha.
Refere-se que, sob o pontificado de Simão, o
Justo, essa faixa vermelha apparecia sempre branca,
o que era, segundo pensavam, um favor assignalado
do céu ; porque ella significava, pela côr branca,
que Deus concedia ao povo a remissão de suas
faltas ; emquanto, com .os outros grandes sacrifica
dores, a faixa apparecia, ora branca, or.a ' ermelha.
Lembravam-se então do que dissera !saias, fazen
do allusão á significação symbolica do vermelho :
«Quando vossos peccados ·fossem como o escarlate,
seriam embranquecidos como a n eve, quando fossem
vermelhos como a purpura, tornar-se-iam como a lã».
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32 A PAIXÃO · DE JESUS CHRISTO
_
Si julgassemos só p elo exterior e pelo que nos
mostram os sentidos, poderia parecer que alguns
marty res soffreram tanto como Jesus Christo. Mas,
quando se começam a comprehender as profunde
zas verdadeiramente insondaveis do mysterio da
Rcdempção, tudo muda de aspecto, e as dôres d e
Christo tomam proporções literalmente tão vastas
como o mundo.
Com effeito, Jesus é não sómente o Deus crea
dor e Senhor supremo, rrias fambem, pela uniãi<>
ind.ivisivel da natureza divina e · da natureza humana
em sua pessôa adoravel, o centro de toda a creaçãP
e, em parlicular, da humanidade. Assim como ell e
é o Santo dos Santos, assim tambem é o homem
dos homens. E, desde que o homem se tornou pec
cador, e, como tal, escravo do demonio, submettido
ao soffrimento , (t e x p i aç ã o e ;í. morte, J esus, .o
Hom em - Deus, H. e d e m ptor de todos os homens,
torn o u -se, como o p ec cad o r u n iv er s al , o màldito
dos m alditos, de t a l modo que S. P a u l o não teme
dizer que elle se fez por nós peccado e maldição,
Nosso Redemptor apresentava-se, pois, a Deus,
seu Pae, como s i estivesse carregado de todos o s
peccaclos, que tod os os homens commettcram descle
a origem do m u n do , e cotnmetterão até ;i c o n sum
mação elos tempos.
E , c om o D e u s é a j u st i ç a ex a ct a e perfeita,
p u n i n do todas as n o ssas fal t a s , cada uma se g undo
sna g rav idade, deYcmos vêr, pela fé, n osso a d ora >
vel Salvad or esmagado sob o peso i n comprchcn sivel
a i n d a de todos os p e cc a d o s elo m u ndo. e sob o p eSú
mais incomprehensivel ai n d a ele todos os s o f fr i
men tos t e mp o ra e s e e t erno s , que s ão o castigo
neccssario d os m esmos .
Q u em reflecte, um i n s t an t e, nessa m e d i d a . q u e
p a r e c � u l t rapassar t od a med i d a , cornprchendc que
f o i p r e c i s o a Jes u s todo o poder divino para v i ve r
um só i n s tant e nesse estado de v i c t i rn a u n iversal.
I sso e x p l i c a , o qu� é confirmado por u m a t rad içã;o.
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A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO '33
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34 · A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
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VIA DOLOROSA
VIA DO CAPTIVEIRO
O TITULO DA CRUZ
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a
dron, sendo atirado abaixo delta. (3) Seguiram por caminho diffo Doze metros mais longe, deixou a rua de Ephraim para tomar
rente daquelle por que tinham vindo, com receio do povo, que a que vae directamente ao Gulgotha.
tinha ficado svbresaltado eom tal movimento a essas horas. En Aos primeiros passos nessa rua, Jesus não pôde continuar
traram na cidade pela Porta Esterquelina e dahi proseguiram, e o Centurião obtigou a Simão, o Cyreaeu, a ajudar jesus a levar a
por estreitas ruas, nté a casa de Annás, (4) percorrendo assim, Cruz. (V) Percorridos cento e vinte metros nessa rua espaçosa,
desde o Cenaculo até a casa de Annás, aproximadamente, seis ladeada de bellas casas, Veronica aproximou-se de J.isus e lim
kilometros. Foi interrogado por Annás e dahi levado ao Tribu pou-/llf' o ro.•to. (VI)
nal de Caiphás, (5) separado do Tribunal de Annás por um pa Faltavam uns sessenta metros para chPgar á Porta Judi
ten ; foi julgado e condemnado pelo Sanhedrin. Por ter sido feito ciaria, quando Jesus ca h iu ptla segunda vez. (Vil) Atravessou a
t'ste julgamento á noite, o que não era legal, foi adiado o mes Porta Judiciaria, leu o Titulo, preso a uma ha,te, indicando os
mo para a madrugada, ficando jesas preso \6) em um calabouço, rpotivos de sua condemnação. Um grupo de mulheres. vendo seu
nos baixos do Tribunal. Durante a estadia de Jesus em casa estado, o lastimavam em altas vozes (VIII) e Jesus parou e lhes
de Annás e Caiphás, S. Pedro •11gou seu Mestre, arrependendo-se disse que chorassem por ellas e por Jerusalém. Em seguida,
e m sef!Ur"da. (71 Do Tribunal- de Caiphás foi levado ao Pretoria . (8) cahiu /esus pela terceira vez (IX 1 e já não pôde levar a Cruz.
Tribunal de Pilatos, atravessando a cidade, passando por perto Chegado ao Calvario, foi despido de suas vestes, (X) posto em uma
do Calvario, descendo e subindo parte do caminho que havia de cisterna, emquanto preparavam o supplicio: crava do na Cruz ,·XI)
percorrer carregando a Cruz, gastando, nesse percurso, uns vin na qual mo rr e u . (XII) Foi tirado da Cruz (XIII) e sepultado \XIV )
te minutos. Pilatos, depois de interrogar a Jesus, mandou-o e no terceiro dia resuscitou como disse.
A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTD 37
VIA DA CRUZ
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38 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
cento e vinte metros, nessa rua espaçosa, ladeada
de bellas casas, Veronica aproximou-se de Jesus
e limpou-lhe o rosto.
Faltavam uns sessenta metros para chegar á
Porta Judiciaria, quando Jesus cahiu pela segunda
vez. Atravessou a Porta Judiciaria, leu o Titulo
preso a uma haste, indicando os motivos de sua
condemnação. Um grupo de mulheres, 'vendo seu
estado, o lastimavam em altas v.ozes e Jesus parou
e lhes disse que chorassem por · ellas e por J erusa
lém. Em seguida, cahiu pela terceira vez e já não
pôde levar a Cruz. Chegado ao Calvaria, foi des
pido de ·suas vestes ; posto em uma cisterna, em
quanto preparavam o supplicio ; cravado na Cruz,
na qual morreu. Foi tirado da . Cruz e sepultado . . •
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 39
O FORUM
(Est. 2)
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40 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
que começou a devoção da Egreja pelos soffrimen
tos do seu Redemptor.
A Santa Virgem,
·
segundo foi revelado a Santa
Erigida, fazia, depois da Ascensão de Jesus, a Via
Sacra, e era seu con solo p·ercorrer os 1 36 1 passos
ele que se compõe, segundo Andromarc, aquelle
caminho, regado com o sangue precioso de seu
Filho. Os christãos, segundo attesta S. Jeronymo,
a imitaram .
PROPH E C I AS
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-
•.4
A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO 1
-
lher, viuva.
4,,,
- A fuga dos seus discipulos (Zach.,_ X I I I , 7 ) .
O' espada, desperta, vem contra Af meu Pasto1·,
con tra o h-0mem, que sempre está unido a m i m ,
diz o Senhor dos exercitas.
Sa- A queda na torrente de Celdron : No ca
m i n h o beberá da torrente, e por isso exaltarc't a
,
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42 A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
uma c h aga inflam m ad a , que não est;Í l igada, nem
se lhe applicou remedio, nem com oleo foi suavizada.
1 On - A repartição de suas vestes e a sorte
lançada sobre sua tunica (Ps. XXI , 1 8, 1 9) . Elles
me contemplaram e me viram de perto ; d i v i d iram
entre si as minhas vestes, e sobre a m i n h a tunica
lançaram sorte.
1 1 ª - O fel e vinagre que lhe deram a beber
(Ps. LXVI I I, 22). E offereceram-me fel para meu
alimento ; e na minha sêde me deram vinagre.
1 2a - Sua crucificação e os cravos com que
a executaram (Ps. XX I , 1 7) . Tra spa s s a ram - m c as
mãos e os pés (Zach., XI I I, 6). Que chagas s;ãio
estas no .meio de tuas mãos ? E l l e d i rá : Fui cha;
gado na casa daq uelles que me amavam .
1 3(). - Sua morte violenta (Dan., IX, 26) . De
pois de sessenta e d ua s sem anas, scr<Í. m orto o
Ch risto.
1 4" - A lançada do lado (Zach ., X I I , I O ) .
�ão seus olhos em mim, a q uem traspassaram:.
1 Sa - As trevas e a escuridão do sol em sua
morte (Amós., V I I I , 9). N esse dia es c ure ce rá cm
pl eno meio dia, e as trevas invadirão. o rmm�lo cm
meio da mais v iva luz.
1 6e. - A gloria de seu sepulcro ( ! saias, X I , IO ) .
Seu sepulcro será glorioso, ou, segundo o hebreu,
seu descanso será gloria.
Todas as p rophecias que acabamos de citar,
os antigos rabbinos applicaram ao Messias ; pode
riamos accrcscentar muitas outras, mas, por não
parecerem tão forrnaes e convincentes e poderem
applicar-se a outras pessôas, abstemo-nos <le apre
sentai-as, p assando ao que contém o capitulo LI I I
de !saias.
Neste capitulo vemos :
1 0 - A oblação voluntaria de Jesus Christo
(v. 7). Elle se offereceu, porque elle mesmo o quiz
e não abriu sua hocca.
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A PAI XÃO DE JESUS CH RISTO 43
2° Sua innocencia pessoal (v. 9). Não pra
--
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44 A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO
sua alma houver soffrido, e será saciado. Como é
j ust·O o meu servo, justificará pela sua doutrina
um grande numero de homens e sobre si levará
as suas maldades. Por isso lhe darei por sorte uma
multidão de pessôas, e elle distribuirá os despojos
dos fortes .
-· · E ' possível reunir mais pontos de semelhança
entre uma prophecia e o seu cumprimento ?
Ainda mesmo que !saias houvesse escripto de.
pois da morte de Jesus Christo, teria podido ex
primir com mais minudencia suas causas e cir
cumstancias ? Não teve muita razão S ão Jeronymo
para consideral�o antes como um evangelista do
que como um propheta de Jesus Christo ? Uma
concl usão tão assombrosa não deveria abrir o s
olhos aos judeus e aos incredulos ?
Não é preciso tel-os voluntariamente fechados
para não vêr que uma conformidade tão exacta
en t re tantas particularidades, tão varias, tão con
trarias a todas as idéas dos homens, depende ele
uma causa superior, e que o conhecimento anteci
p a d o de todos estes pormenores só p óde caber na
presciencia de D eus ?
E nem se póde suppôr, repetiremos, que estas
predicções pudessem ser alteradas ou corrompidas .
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\Jia do Captiveiro
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A PAIXÃO DE JESUS
VIA D O L O .R O S A.
J .E R U SAL E M
Schema da e 1 dadG no tempo deJfSUS CHRISTO
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Uia da Cruz
Est. Jesus condemnado ã m or
le ( 10 horas e 30 minutos a .
m . de sexta-feira).
II Est. Jesus carrega a Cruz ( 1 O
horas e 45 minutos , idem ) .
Ili Esl. Jesus cãe pela 1 � v ez
( 1 O horas e 50 mi nu los, idem).
IV Esl. Jesus encontra sua Mãe
1 1 horas, idem).
V Esl. O Cyreneu auxilia Jesus
( 1 1 horas e 5 minutos. idem).
VI Esl. A Veronica enxuga o
rosto de Jesus, ( 1 1 horas e
15 minutos, idem).
VII Esl. Jesus cãe pela 2� vez ,
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VIA D O CAPTIVEIRO
1 " ESTAÇÃO
�
Agonia de Jesus
( 1 1 horas p. m. de quinta-feira)
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO . 47
«Minha alma está triste até á morte, lhes disse
elle. Ficae aqui e velae commigo.»
Adiantando-se um pouco, afastou-se delles, á
·
Jardim d e Gethsemani
(Est. 3)
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A PAI XÃO DE JESUS CHRISTO 49
pensamentos os mais desencontrados. Os passos de
Christo eram calmos, firmes, as suas feições re
flectiam a ternura do pae, que voluntariamente ca
minha para a m:)rte, pela salvação de seus filhos.
E Jesus lhes fazia suas ultimas recommendações.
D esceram a vertente de Sion, passaram pela porta
de Ophel, contornaram o monte M-o riah, e desce,
ram .o valle. No fundo, á s ombra, está o leüo da
torrente de Cedron ( torrente negra), com pouca
agua, nessa época, e essa mesma, suja e escura.
Jesus par.ou á sua margem e voltou-se, segun
do o costume dos judeus, para saudar· o templo,
cujos porticos, tectos e flechas a lua cheia illumi
nava. Era um adeus . O Verbo feito homem é ó
sacerdote e a victima, cuja immolaçã:o voluntaria
ia tornar inuteis o sacerdocio, o santuario e os
sac.r ificios da lei antiga. Jesus atravessou o Cedron
por uma ponte e, á esquerda, parou ao Norte, á1
d istancia ele cerca ele cem metros, e entrou no. jar
dim charnad.::; de Gethsemani 2) (lagar de azeito
nas), formado por um recinto fechado, reservado
á cultura , de arvores fructiferas e, principalmente,
oliveiras, no centro elo qual está o lagar.
Existem hoje :)it.o vetustas Oliveiras, que se
pensa terem sido testemunhas da aionia de Jesus.
Seus troncos, nodosos e retorcidos, medindo o
maior oito metros de circumferencia, estão toma
dos dt: argamassa, para maior ·r esistencia, e c oroad os
dos de rara folhagem ..
«A Oliveira é, por assim dizer, immortal, disse
Chateaubriand, porque ella renasce de sua soqueira.))
Ah, ! meu Jesus, sois vós a oliveira · po,r excel
lencia ; oliveira, agradavel symbolo da paz que tra
zeis ao mundo, que une e incorpora a si as olivei
ras silvestres, nossa� almas ; oliva que vae princi
p iar a ser espremida no lagar ele G ethsemani, para
2) O ja·rdim de Gethsema:n.i está hoje cercado por
um muro. Tem 70 passos de perímetro em uma avenida
entre o muro e as grades que protegem as oito vetustas.
oHveiras. Pertence aos Padres da Terra Santa.
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50 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
acabar no lagar da Cruz ; oliva, cujo oleo n os com
municará a misericordia, a força e a victoria so
bre o inferno ; oliva, emfim, que é moida no Horto,
ao pé do Monte de onde subistes para o céu, p ara
significar que devemos, como vós, ser triturados
pelos soffrimentos, para entrar no Jardim celeste,
na vossa -vida eterna !
Está situado esse j ardim (Est. 4) na parte b a i -
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A PAI XÃO DE J ESUS CHRISTO 51
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A PAI XÃO DE JESUS CH RJSTO 53
nunciar uma palavra. Elle lhes disse : «Ficae aqui
e velae, emquanto eu vou orar». 4) Retirou-se á
distancia de um lance de pedra, isto é, cincoenta
passos, mais ou menos, . até á gruta chamada ainda
hoje da Agonia, 5 ) a qual está conservada, como
no tempo do Salvador.
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54 A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO
Elle se lastimou desse abandono e, dirigindo
se mais especialmente a Pedro, que tantas pro
messas tinha feito : «Tu dormes, Simão ? lhe disse
elle. Como, não pudeste velar uma hora commigo ? !
Ah 1 velae e orae, afim de não succumbirdes no
momento da prova .O espírito está prompto, mas
.
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 55
Pela terceira vez entrou na gruta, para soffrer
então mortal agonia.
Além do que ia soffrer, dos peccados de todo
o mund'o, viu os milhares de peccadores que, res
gatados por elle, o perseguiriam, entretanto, com
o seu odio, contrariando a Egreja, pisando, sob
os pés, a Hostia Santa e sua Santa Cruz, blasphe
mando, · escandalizando tantos outros de seus ·filhos.
O suor de sangue
(Est. 6)
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56 A PAIXÃO OE JESUS CHR ISTO
No mesmo instante voltou sua calma e sere
nidade, e, aproximando-se de seus Apostolas, lhes
disse, com sua indulgencia habitual : «Agora dor-.
mi e repousae, nã-0 tendes mais necessidade de velar
commig-0».
Tal foi a pungente scena do jardim de Gethse
mani . O Salvador p ercorreu, uns após outros, os
tres abysmos da malvadez humana : os máus tra
tos que tinha de soffrer, com a mais requintada
crueldade e ingratidão daquelles mesmos que veiu
salvar ; todas as iniquidades, crimes e peccados,
praticados desde o principio do mundo . e que ia
tomar sobre si ; e, depois, sua Cruz insultada, sua
doutrina esquecida, sua Egreja e seus sacerdotes
perseg uidos, seu Corpo eucharistico calcado aos pés,
esquecido e abandonado : o presente, o passado e
o futuro.
Em face de tanta cegueira e perversidade tão
negra. seu coração revoltou-se, todo elle estreme
ceu attonito, e cahiu sob o peso do sacrifici o .
Mas, por fim, o amor venceu, e Jesus offe
receu-sc como victima pelos mesmos que lhe iam
dar a morte, · p elos mesmos que até ao !im dos se
cul-os o haviam de crucifica'r. «Vossa dôr, exclama
maiis de uma vez se tem coberto de um suor sangrento.
Aristoteles, Theophrastes, Marcel, Duuots, Wedal, Bartho
lin e Thon ditaram, em suas obras, exemplos desse pheno
meno, que póde ser causado, em particular, por u m terror
violento. Os medicas dão a esse phenomeno o nome de
Diapedesis. S. Lucas, em sua qualidade de medico, não
podia deixar de rel atar esse phenomeno.
- O Pe. Chicarne, na V.ida do Pe. Lacordaire, refore
o seguinte facto : «Em 1 860, em Soreze, um religioso, j á
doente h a tempos, acabava de lêr u m a carta que l h e tinha
feito muita i mpress ã o , affectamdo suas ma1s Iegrnmas su
sceptibilidades. Seus cabellos eriçaram- se na. cabeça, que
parecia em fogo. Um suor avermelhado 'inundou sua testa·.
Enxugando-a, ficou surpreso de vêr seu lenço ensanguen ·
·
lado.
O facto me foi referido pelo Padre Dominicano que
estava com elle nessa occas1i ão». E', sobretudo, nas naturezas
delicadas e sensiveis que esta acção do mornl sobre o
physico se mandfesta mais vivamente.
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 57
Bourdaloue, é como um vasto mar, do qual não
se póde sondar o fundo, nem medir a immensidade !
Foi para encher esse mar que todos os peccados
dos homens entraram como outros tantos rios na
alma do Filho de D eus ! . »
. .
-- «D» --
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VIA D O CAPTIVE IRO
2ª ESTAÇÃO
Prisão de Jesus
(Quinta-feira á mei � noite)
osculo 1 » • . .
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60 A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
Mas Jesus, t:omando a pal� v ra disse :
,
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 61
Apostolos e lhes disse : «Levantae-vos, vamos, aquel
lc que deve entregar-me, já está perto.» (Est. 7)
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
reinavam, o signal dado pelo trahidor não foi suff i
cientemente percebido. Para que ficasse bem claro
que Jesus era preso porque queria, elle não esperou
que o prendessem, e, avançando, perguntou - lhes :
O beijo de J udas
(Est. 8)
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64 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
Jesus de N azareth ; si é a mim que procuraes, dei
xae ir estes que estão commigo». Então, atiraram
se . sobre Jesus, para prendel-:,o , ao que os Aposto
los quizeram se oppôr, puxando Pedro pela es
pada 2) e ferind·::i a orelha de um criado chamado
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO . 6'.5
3ª ESTAÇÃO
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70 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
dados, sendo-lhes enviado um pelotão de sessenta
homens. 1 )
- Que triumpho para os inimigos de Jesus,
que blasphemias ao verem-n'o cahir 1 . . . E eu . . .
quantas vezes nãD tenho deshonrado a religião e a
piedade, alegrado o inferno e os seus filhos com
minhas quedas e com os meus escandalos 1 . . . For
tificae os meus passos, Jesus, na senda dos vossos
mandamentos. Que .os meritos desta queda me li
vrem de cahir em peccado mortal. Fazei que eu
jámais vos offenda e que vos ame cada vez mais.
Amen.
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 71
tando tomar o interesse dos pobres, patenteou, mais uma
vez, como nota S. j oão, sua avareza e· sua infidelldad·e
notaria. Tendo-o censurado jesus, em presença de todos,
approvando bem alto o acto de Maria, o desgraçado, fe
rJdo em seu amor propriio, e j á tra:dor em seu coração .
levantou-se da mesa e sah.: u para executar seu des·ignio.
O habito da avaireza arrastou judas a vender seu
Mestre por um pouco de dinheiro : 30 peças de prata
(1 O .'500 em nossa moeda), preço de um escravo !. 'Entre
tanto, judas esperava, conhecendo o poder de jesus, que
elle não se deixasse prender, como j á tinha feito, quando
o quizeram lapidar.
Assim, grande f0ii o seu espanto ao ouvir a sentença
dos juizes iniquos, e vêr que jesus ficava prisioneiro �
soffria toda sorte de ultrajes, comprehendendo então a
enormidade de seu crime.
!
Então seu pesar se tornou m ais amargo . A respo a
bi!.idade do seu acto esmagava-o. Teve o pensamento de
·
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72 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
reeorrerem a interpretações de todo genero, para explicar
como judas a · acceitou. Os trinta sidos, dizem alguns0
eram arrhas. Judas, dizem outros, esperava obter mais,
logo que sua trahição fosse consummada. De facto, a
somma era mesquinha ; mas, além da cupidez, uma vez
satisfeita, se contentar de pouco, deve-se vêr nessa cir
cumstancia u m facto providencial. Deus permittiu que fos
sem offerecidos, precisamente, trinta iclos a Judas, para
realizar-se o oraculo prophetico de Zacha:r'
· «Avaliaram-me
em trinta dinheiros». ( Zach. XI, 12, 13.)
E' provavel que o oleiro tivesse retirado a m aior
parte da argilla cointida no campo ; o que desvalorizou o
terreno, tomado sem applicação util, razão por que foi
\'endido por preço tão vil.
Segundo S. Matheus, o sangue em questão é o de
jesus, emqua·nto, segundo S. Pedro, seria o de Judas, por
que foi no campo do oleiro que se effectuou o sudcid�
do traidor e a horrível effusão de seu sangue ; mas nada
impede que as duas circumstancias reunidas tenham con
tribuido para a formação da palavra haceldama. O Evan
gelista, depo�s de ter mencionado a compra desse campo,
faz notaii· que esta circu mstancia assim como a das trinta
peças de prata tinham sido annunciadas pelos propheta.s.
«Então foi realizado o que tinha sido predito pelo p.ro,.
pheta Jeremias, quando disse : Elles receberam trinta ,pe-
ças de prata, preço d' Aquelle que puzeram em preço, que
elles compraram aos filhos de Israel ; e elles as deram
pelo campo do oleiro, assim como o Senhor me orde
nou». (S. Math. XXV I I , 9, 1 O).
Por muito tempo julgou-se que a terra desse campo
tinha a propl"iedade de consumir rapidamente o s corpos.
Por ordem da I mperatriz Helena, muitos navios levairam
dessa terra para o Campo Santo, em Roma. O mesmo
fizeram outras cidades, como a de Piza.
--«D»--
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VIA D O CAPT IVEIRO
4ª ESTAÇÃO
( 1 hora a. m. de Sexta-feita)
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 75
_,
Tribunal de Annás
( Est. 1 1 )
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7(> A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
ta<la, dizendo : E' assim que falas ao Pontifice ? 2)
Jesus foi lançado ao chão, sahindo sali.gue de seu
rosto. O' Jesus, a vossa paciencia, nesse momen to,
é µiais admiravel do que a vossa Omnipotencia n a · ·
creação do universo 1
·
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\A PAI XÃO DE JESUS CH RISTO 77
mente a 1 sessão, para não se expôr a novas hu
milhações,\ ou por ter, talvez, sido avisado de que o
Sanh edri m\ estava formado. Mandou buscar um per
gaminho, no qual esc reveu com um estylete a enu
meração das accusações dirigidas contra J esus.
D epois de ter enrolado o pergaminho, collo
cou-o em um canudo, que fechou e fixou, eIJl se
guida, numa das extremidades de uma vara� Man - .
dou entregai-a a Jesus e, ironicamente, lhe d isse :
«Eis o sceptro de teu reino, elle contém todos os
seus títulos, dignidades e direitos.
«Leva-os ao Summo Sacerdote, afim de que
reconheça a tua missão e a tua realeza, e te trate
segundo tua dignidade suprema. Sejam ligadas as
mãos desse rei e seja levado á presença do Pon
tífice>>.
As mãos de Jesus, que tinham sido desl igadas,
foram amarradas de novo, com o sceptro irris.o rio
de permeio.
Conduziram-n'o ao tribunal de Caiphás, onde
os membros do Sanhedrim se achavam reunidos.
o · juiz insensato e miseravel, vós que sois in
struído pelos oraculos da Lei e dos Prophetas, não
vêdes que tendes diante de vós vosso Deus, · que
deveis adorar 1
Mas não sou eu que vos posso increpar, pois
muitas vezes tenho · . transgredido a lei, despresado
as graças recebidas e preferido minhas culposas
inclinações.
Perdão, Senhor, perdão 1
Pelo que soffrestes no começo de vossa Pai
xão, esquecei minhas ingratidões passadas. Pro
metto sinceramente não recahir nellas. Seja sem
pre bemdito o vosso santo nome. Assim seja.
por :1lguns instantes. Uma tampada está sempre accesa no
logar em que se pensa ter o criado do S11111 1110 Sacerdote
dado a bofetad a em Jesus.
A lei comminava multa de duzentos dinheiros co n tr a
quem esbofeteasse seu prox:mo, sendD a pena em dobro,
quando a injuria era infligida com as costas da mão.
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VIA D O CAPTI VEIRO
Sª ESTAÇÃO
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80 A PAI X ÃO DE JESUS CHRISTO
A ·casa de Caiphás, como
á de Annás, seu sogro .
Tribunal de Caiphás
( Est. 1 2)
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A PAI XÃO DE JESUS CHRISTO 81
era pres1 ido por Gamalliel, 2) o qual foi afastado,
por ser c nhecida a sua seriedade e não se prestar
á condem iação de um innocente. Demais, não era
raro que Pontifices chamassem a si essa funcção,
quando se tratava do culto de Jahve.
Nãio era um julgamento o que se ia effectuar
e sim uma condemnação já resolvida. Caiphás já
tinha declarado que o triumpho de Jesus acarretaria
a destrüição da nação, e que, portanto, era ne
cessaria a morte de um homem pelo bem publico.
Uma balaustrada de pedra impedia de ser in
vadick1 o Tribunal . Caiphás occupava, como pre-
Nabuchod-0nosor. Era construido sobre o monte Moriah,
em frente ao monte das Oliveiras.
«Os funccionarios do Templo» pertenciam todos á or
dem sacerdotal ou á raça dos Levitas.
«0 Summo Sacerdote» devia ser da raça de Aarão, e
era chefe supremo de tudo quanto dizia respeito ao culto
do Senhor .. No tempo de jesus Christo era Caiphás e, an
tes delle, Annás, que ainda tinha muita influencia.
«Os Sacerdotes» pertenciam á familia de Aarão� e exer
ciam a funcção de sacrificadores nos templos de jerusa
lém, unic-0 togar onde era permittido offerecer victimas.
Quainto á materia offerecida para os sacrifícios, umas
eram cruentas e outras incruentas.
«Synagogas (isto é, assembléas) era o nome que da
vam os judeus a certas reuniões religiosas e aos edificios
onde se faziam essas reuniões.
«Os phariseus» formavam uma seita muito influente,
que constituia a casta douta e orthodoxa do judaismo.
Elles se consideravam oomo os melho·res de todos os ho
mens ; eram orgulhosos, cheiios de honras e de apparatos.
Os sadduceus formavam uma seita judaica opposta,
tanto na theoria como na pratica, á dos phariseus. Nega..
varn a vida futura, e dahi procurarem todos os gozos e
prazeres, sem escrupulos. Adm.ittiam Deus, mas não a Pro
videncia. A origem e etymologia do nome são incer tas .
Uns derivam-n'o de Zadoc, summo sacerdote do tempo de
David ; outros de Ladoc, discípulo de Antigano de Sacho:;
·
outros, emfim, da palavra hebraica - just:ça.
Organizaram-se, pela primeira vez, sob Aristobulo 1 °,
um seculo antes de jesus Chriisto, e desappareceram de
vez no anno 70, com a ru.ina de Juresalém e do Templo.
Os Samaritanos, povo da Samaria, meio pagãos, pre
tendiam, entretanto, descender de Jacob. Eram · odiados pelos
judeus, e Nosso Senhor sempre foi compl acente com clles.
Haviia na Palestina uma organização religiosa, conhe
cida pelo nome de Essenios. Formavam elles uma aggre-
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82 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
sidente, a poltrona do centro, e o hemi yclo era
occupado pelos outros juízes, escolhidos entre os
inimigos de Jesus. Em frente á séde pr sidenc ial,
na entrada indicada por duas colum s, estava
Jesus, coberto de cadeias, com as mãos amarradas
com as cordas que os guardas seguravam.
Foi tirado do sceptro irrisorio de Jesus o ca
nudo que continha o acto de accusação de Annás .
Depois da leitura dessa peça, Caiphás, dirigindo
se a Jesus, interrogava-o e InJUTÜ!.Va-o, emquanto
os arch eiros batiam nelle e o fisgavam com páu s
miação · que muito se assemelhava a uma ordem religiosa ;
viviam em commum e n a continencia. Habitavam uma .re
gião de 4R leguas de comprido por 38 de largo, tendo
antes residido no monte Horeb, e, ao norte, no Carmelo,
onde Elias tinha habitado.
Isa.ias foi um de seus chefes, Jeremias teve rela'Ções
com elles, e os homens chamados «fil hos dos prophetas»
faziam parte de sua associação. Sua pureza e piedade eram
insi:� m:s. Para entrar para a ordem, era preciso fazer no
viciado de dois annos. Não ·recebiam d:nhefro e limitavam-se
a trocar os productos de seus campos pelos objectos que
l hes eram necessatr.os. Tres vezes por anno, iam ao Templo
de Jerusalém, preparando-se antes pela oração, jejuns e
·penitencias.
De todos os escdptores antigos Josepho é o que ma:is
se occupou com . elles, e, apesar de phariseu, presta hoi.
menagem ás suas virtudes. Levavam vida a mais regular
e santa.
Além dos essenios regu i ares, havia outros que, de
pois de terem viv:do algum tempo com clles, se casavam,
permanecendo, entretanto, em certa dependencia dos supe
rfores, a quem consultavam. As mais piedosas famil ias ju
daicas faziam parte dos essenios.
Houve, ma,:s tarde, uma terL-eira classe de �ssenios,
que exaggeraram as praticas de abstinenc:a e mortificação.
Os primeiros não os adm:ttiam em seu seio. Muitos his
toriadores an1i�os confund:am esses fanaticos com aquelles
d os qua;:. s tinham usurpado o nome.
2 ) Conta a tra<l:ção que Nicodemos e José de Ari
m athéa, membros do Sanhedr-im, defenderam Jesus, mas vi1-
ram logo que n ada poderiam fazer.
Os Evangelhos todos falain de Nicodemos, a quem
sempr� attribuem a maior dedicação a J esus. Dizem, po.r
ex. (S. João V I I , 5 t ) , que em certa occasião, em que os
phar:srns tentaram prender o R�demptor, elle l hes per
guntou ; «Por acaso condemna nossa lei alguem antes de
ouvil-o e informar-se de suas acções ?»
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\
� A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
ferrados, dizendo : Responde, pois, abre a bocca,
não sabe fal a� ? Depois dos falsos testemunhos
83
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84 A PAI X ÃO DE J ESUS CHRISTO I
�
testa r .. como determinava a lei, contra /a injuria
feita a Deus ; cessando, desde esse mo ento, se
· gundo os Santos Padres, o sacerdocio de Aarão,
para dar logar aos Sacerdotes de J e � us Christo
Nosso Senho.r, segundo a Ordem de Mlelchisedech ..
(Est. 1 3) .
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\ A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 85
\
sivel ess� juizo monstruoso. Elle via, com piedade,
esses scelerados que, friamente e sem exame, con
demnavam á morte o Filho de Deus, tendo pre
sente o dia em que desceria do Céu para castigal
os como mereciam.
-· Sim, ó Pae amantíssimo, o mais extremoso
de todos os paes 1 E ' preciso que vos seja dada
'
a morte, para podermos viver ; é preciso que o
vosso sangue corra sobre as nossas almas, para
purificai-as de toda mancha. M as, antes de- con
summardes o sacrificio, haveis de conhecer os ex
tremos da ingratidão e do odio de vossos filhos ;
haveis de beber, a grandes tragos, o calice dos
opprobrios ; haveis de descer até ao fundo do abys
mo da nossa maldade 1
Juiz hypocrita ; quando Jesus vos declara ser
o Ch risto, Filho de Deus, em vez de adorai-o, ras
gaes as vestes, como si elle blasphemasse. Ouvis
tes, porém, vossa sentença, quando vos declarou
que o havíeis de vêr á direita da Majestade de
D eus, vindo sobre as n uvens do céu.
Pensaveis condemnal-o, e vós é que ereis con
demnado.
O ' meu Jesus, esclarecei meu espírito, uni-me
interamente a vós, p ara que não mais vos deixe.
Que antes de rriorrer seja todo vosso, para que
quando vierdes julgar os homens, encontre em vós
um juiz · cheio de misericordia . Assim seja.
--«D»--
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VIA DO CAPT IVE I RO
6a ESTAÇÃO
Prisão de Jesus
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88
Prisão de Jesus
( Est. 1 4)
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90 A PAI XÃO DE JESUS CHR ISTO
com os cabellos em . desordem, a face coberta
.de sangue e de escarros, as mãos carregadas de
cadeias, foi reconduzido ao Tribunal. (Est. 1 5 ) .
Tribunal d e Caiphás
(20 julgamento)
( Est. 1 5)
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO .91
---«O» -
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VIA DO CAPTIVE IRO
7ª ESTAÇÃO
E V A N GE L H O S Estavam os servos e os
---·
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A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO 95
Negação de S. Pedro
( Est. 1 6)
A esta interpellação inesperada, S. Pedro jul
gou-se perdido e, at errado, disse : «Mulher, não o
conheço, nem sei o que tu dizes». Esta negação
formal fez calar a porteira.
E ram ainda duas horas ; o gallo cantou, mas
o apostolo, fóra de si, não se lembrou, neste mor
mento, da predicção de Jesus. 2)
Pouco depois, um criado lhe diz : «E tu tam
bem, tu és da sua gente». Elle ia sahindo. pela
porta que dava do pateo para o vestibulo, quando
2) Na Syrfa, o primeiro canto do gallo se faz ouvir
entre uma· e duas horas, com a pontual-idade de um re
logio, e o segundo, cerca das tres horas da manhã.
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A PAIXÃO . DE JESUS CHRISTO
outra 'criada disse ás · outras pessôas re1,m.i d as n o·
vestibulo : «Este tambem estava com J e su s Naza
reno». S. Pedro negou de novo, e, disfarçando, vol
tou para o meio dos soldados e criados, donde ti
nha s a b ido . Immediatamente foi cercado de curio
sos, que o apostropharam de todos os lados, com
grande animação : «Não eras tu dos seus disci
p ul o s ?>1 Desta vez. ·o Apostolo, aterrado, não só
negava, mas jurava -que não conhecia J e s u s e . ríão
fazia. de nenhum m od o , parte de seus d is c i p ulos .
Nessa occasião, Jesus era conduzido · pelo pa
teo central, da casa de Anná�ara a de C a i phás ,
e, por estarem as attenções voltadas para o que
se passava, deixaram S. Pedro tranquillo.
S. Pedro acompanhou Jesus á c asa de Caiphás.
Como indagasse do que se passava, um d aquel e
les com: quem falava, notando a sua. p ronuncia,
lhe d isse, com firmeza : «Com certeza, tu és do
s e u sequito, tua l i nguag e m te trahiu». 3 )
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IJ8 A .PAIXÃO DE JESU� CHRiSTO -
tes, sobre as ondas, Pedro sentia-se afundar e pe
diá soccorro.
- Que - horrivel queda 1 exclama S. Jeronymo.
Que distancia enorme elle transpõe em poucas ho
·ras ! . . . Primeirn, despresa a vigilia e a oração,
apesar de lh'as haver recommendado o divino Mes-·
tre. Sem preparação alguma, expõe-se por si mes
mo, temerariamente, ao perigo a que Jesus o pre
ven i rn de que havia de succumbir !_ A' primeira
pergunta que lhe fazem, responde com uma men
tira. D a mentira assa ao perjurio, do perjurio ás
pragas, das praga anathemas e dos anathemas
chega á blasphemia.
De prec1p1�10 em precipicio, de abysmo em
abysmo, cáe ao fundo do abysmo da infidelidade ! . . .
Tal é a historia d o coração humano, a his
toria de toda alma que· se estréa na ca14·eira do
mal .
As pequenas faltas despresadas s ão cam i n h os
abertos a outras mais graves. E ' tão rap ido e es
corregad io o declive que, muitas vezes, basta se
collocar o pé no precipicio, para que a gente se
pr ec i p i t E· no abysm9 da corrupção e do endure
cimento !
Pela s tres horas da manhã, Jesus, a o ser con
cl u ziclo á prisão, onde devia permanecer o resto ela
noit<�, passou perto de Pedro. Jorravam lagrimas
dos o l h o s el o A postolo arrcpcncl i cl o . e seu cora ç â o
pedia pcrcl ã;) . J esus teve piedade. Em v e z de des
\'Ül r a cabeça, pousou seu o l h a r no i\ postolo in
f i cl , ma s com tanta bondade, com ta n to amor, com
t ã o doce censura, que Pedro rompeu em sol uços.
A essa manifestação de dô r , a multidfio ficou es
tatica . e Pedro sahiu precipitadamente, para es·
c o nde r seus prantos, refugiando-se em uma grnta,
d i sta n tt· dahi s.o o metros, onde deu expan são á s
suas lagrimas, 4) chorando seu pec c ad o e mecli-
-1) AJi.i existiu outr'ora u m a egreja, s o b a i n vocação
de S. Pedro do Canto do Oallo, constru i d a sobre as ru i,.
n a s da casa de C aJiphás.
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 99
--«D»--
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V IA D O CAPTIVE I RO
8a E STAÇÃO
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 03
dias, deviam tomar como alimento as vic l i m as
paschaes, e p ara isso era mistér oonservarem-se p u
ros, sem oontacto oom gentio, tal como Pilato.s . Os
archeiros arrastaram Jesus para cima de uma escada
de 28 degráus, e empurraram -n'o para o i 1 1 terior,
tendo-o antes despojado das vestimen tas que tra
zia ao sahir do Cenaculo. Suas vestimerHa.!i estavam
muito sujas e rasgadas, indicando os máus . fratos
soffridos por Jesus, e os jud eus receiavam que isso
fosse favoravel ao_ prisioneiro na opin ião de Pila
tos. Ficou, pois, Jesus vestido sómente corn a tu
nica. Foram-lhe restituídas, mais tarde, suas vestes,
no momento de carregar a Cruz (Est. 1 7)
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104 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
rem, e, no terraço · de seu palacio, em um throno
portalil, erguido sobre alguns degráus, recebeu os
judeus, . aos quaes acolheu com grande despreso.
Junto aos degráus, estava Jesus, com as mãos
atadas, o rosto entumecido e pisado pelas bofe
tadas e máus tratos, a tunica rasgada e coberta de
lôdo. Apesar desta apparencia repellente, havia na
sua attitude uma grandeza tão · commovente, lia-se
no seu rosto tanté!, tristeza e soffrimento, e, · não
obstante isso, uma tranquillidade tão divina no
seu olhar, que Pilatos não pôde resistir a um sen
timento de quasi respeitosa compaixão por tão
g1'. <mdc desgraça, e vivamente se interessou pela
causa de Jesus.
D i rigindo-se, pois, aos judeus, disse-lhes de
modo b rusco : «Que accusação apresentaes contra
este homem ?»
«Si não fosse malfeitor, responderam , não vol-o
teriamas trazido».
«Pois si é um malfeitor, replica Pilatos, toma.e
vós este encargo : julgae-o segundo a vossa lei».
N ã'.o convinha aos j udeus semelhante resolllção ,
porque s ó estavam na s u a alÇada · a s penas tem
porarias. Pode riam, quando muito, condemnar ao
aped rejamento, mas elles queriam para Jesus o
supplicio mais doloroso e infamante : a morte de
cruz, reservada aos escravos e criminosos vis. E
assim s.e ia cumprir a palavra de Jesus, que pre
dissera que seria crucificado pelas mãos dos gen
tios. Os j udeus, mudando de tactica, procuraram
accusar Jesus de crime politico. A' vista dessa ac
c usação, Pilatos entra no Pretorio e ordena que
o Salvador o siga, e lá o interroga sobre sua pre
tendida realeza : «Tu és o rei dos j udeus ?» lhe diz
elle. H avia nessa pergunta uma ironia visivel . Je
sus respondeu -lhe : «Dizes tu isso por ti mesmo,
ou outros t'o disseram a meu respeito ?» Para res
ponder, com effeito, elle tinha necessidade de sa
ber em que sentido Pilatos empregava a palavra
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A PAI XÃO DE J ESUS CHRISTO 1 05
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1 06 A PAIXÃO . DE JESUS CHRISTO
sistem e renovam ·suas affirmações e accusações :
pretendem principalmente que Jesus agita o povo
desde a Galiléa até á Judéa. O silencio em que o
Salvador se conserva, quando Pilatos lhe ordena
que se defenda, confirma o governador romano na
persuasão de que o- accusado é innocente.
Mas, ante a insistencia dos j udeus, Pilatos p ro
cura um expediente para se livrar do apuro e, s a
bendo que Jesus é subdito de Herodes, 4} apro
vei ta o ensejo para mandai-o ao Tetrarcha da
Galil éa, procurando tambem, por P.sse acto de cl e fe
rencia, reconciliar-se com H erod es, com quem es
tava ele relações ceremoniosas. 5 )
Demais, parecia-lhe tão justa a causa d e Jesus,
qtH.� n em por sombras duvidára que H e r o d e s d e i
xasse ele lhe dar a liberdade.
- O ' Deus da verdade, victima do odio dos
i rn p i os e da revoltante compaixão dos indifferen tcs,
fazei que os vossos discipulos jámais atra içôem à
sua missão ele gloria e cruz 1 Proclamem e l l es muito
alto a vossa verdade, pela innocencia ele sua vida,
pela doçura de sua caridade, pela coragem e san ta
ousad i a de sua palavra ! . . . E si o mundo, com
inimigo de Herodes.
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 07
suas zombarias ineptas ou com a sua desdenhosa
piedade, lhes fechar a bocca : si o testemunh o,
por elles prestado á verdade, contra elles desenca
dear os furores do odio e da perseguição, fazei,
então, 6 Jesus, que imitem o vosso d ivino silencio
e que, com o coração tranquillo, gosem a alegria
de soffrer como vós, por vós e comvosco. A ss i m seja.
--- «D»--
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V I A DO CAPT IVE IRO
9ª E S T A ÇÃO
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A PAI XÃO DE J ESUS CHRISTO 111
zeram buracos para passar a cabeça e os braços,
e ordenou que conduzissem o réu ao Governador
como um pobre louco, que não devia causar · tan
tas inquietações (Est. I 8). Herodes, tratando as-
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J 1 2. A PA I XÃO DE J ESUS CHR ISTO
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VIA D O CAPTIVE I R O
I Oª ESTAÇÃO
cedia sempre.
Tendo feito aproximar-se a multicl<1.o, Pilatos
tomou a palavra, e disse :
«E ' costúme que eu solte um prisionei ro, pela
festa da Paschoa. Quereis, portanto, qtie eu vos
solte ó Rei dos Judeus ? . . . . Qual clelles quereis
que eu solte -- Barrabás ou Jesus, que é chamado
Christo ?»
Pois elle bem sabia que os P ríncipes dos Sa
cerdotes o tinham entregado por inveja:
Entretanto, sua mulher lhe mandou dizer, em
quanto elle estava assentado no Tribunal : «Nada
h aja entre ti e este justo, porque muito soffri hoje,
em meus sonhos, por causa delle)).
Mas os Príncipes dos Sacerdotes e os Anciã:os
persuadiram ao povo a pedir Barrabás e fazer
morrer a Jesus.
Assim, quando o Governador rep� tiu a per-
gunta :
«Qual dos dois quereis que vos solte ?))
Todo o povo clamou, ao mesmo tempo :
«Barrabás, não este, e sim Barrabás ! ))
«Mas que farei eu de Jesus, desse Rei dos Ju-
deus, chamado o Christo ?)) replicou Pilatos.
Todos gritaram, dizendo :
«Que seja crucificado !))
«Mas que mal fez este homem ?)) ' insistiu o
Governador.
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 115
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116 A PAI XÃO DE J ES US CHR ISTO
não tinha coragem de proclamai-a, e parlamehtava
com s eu s · accusadores : A i n da mais, uma serva de
C l audia P ro cula, 1 ) sua mu l h er, t inha v i n do pre
venil-o de que não s e tornasse res p on sa v el da morte
desse j u sto, c u j a prisão soubera n a v e spera,· pois
passár a toda a no i t e inquieta, com v isões e presen
timentos terrorificos. 2) Era um aviso de D eus, 3 )
e c ontri b ul. u para P on c i o P ilatos empenhar-se m a i s
na lib ertação de J esus .
A serva apres en t o u o an nel de sua senhora, co
mo s i g n al da authenticidade da mensagem. ( E s t . 1 9)
O t eo r dessa mensagem, escripta sobre tab o inhas,
tão nob re, tão commoven te, mostra em C l au cl i a
Proculà urna alm a d ig n a de tornar-se christã ; e
não é. difficil acceitar a tradiçãü, que d iz que, ele
fac t o , ella s e c onv er t e ra. O men olo g i o grego vae
mesmo até a c oll o cal-a na l ista elas Santas, e
certas n arrações accresccn tam que desde que Pi
lat.os fal lou a o s e u c o m p romi sso el e não condemn ar
a Jesu s , ella sah i u do palacio e f o i reunir-se aos
c h r i s tão s , a c ompanhan d o, d ep oi s, S . Paulo.
-Era antigo costume e n tre o s j udeus soltar um
preso, p or occasião elas festas da Paschoa, cos
R oma n o s n ão ab oliram,
t u m e q u e os depois de se
nhores ela J udéa. Esta.v a na p risão um fas c i n a r a ,
chamado B arrabás, um b andido, que tinha assolado
a P a l e st i n a , t ornando-se famoso por seus c rimes .
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A PAI X ÃO DE J ESUS C H R I STO 11 7
Pilatos propôz aos j ucleus a escolha, entre Jesus
e ·Barrabás, certo de que não soltariam Barrabás.
Pilatos perguntou : «Qual dos dóis quereis que sol- ·
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118 A PAI XÃO DE J ESUS CH RISTO
-cutiu em seus ouvidos : «Barrabás, Barrabás, que
remos Barrabás, entregae-nos B arrabás !» 4) (Est. 20
-- « D » --
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VIA DO CAPTIVEIRO
I Iª ESTAÇÃO
. A Flagellação
(Nove horas a. m. de Sexta-feira)
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1 22 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
tremidades ligavam pedacinhos de ossos ou boli
nhas de met al . Era tal a crueldade com que os
Romanos infligiam esses supplicios, que, muitas
vezes, os pacientes expiravam sob os seus golpes,
duvidoso saber qual dos supplicios soffreu
E'
Jesus. 2) I nclinamo-nos a que Jesus fosse tratado
como escravo, segundo o uso judeu ; outros pen
sam que Jesus foi flagellado com chicotes, forma
dos de quatro pernas de couro, tendo nas extre
midades pequenos -ossos.
Segundo a primeira interpretação, Jesus não
teria soffrido menos, por se tratar de excitar a
compaixão do povo, tendo os algozes recebido
ordens de não pouparem a victima. O inn,ocente
Cordeiro foi arrastado á praça do Pretorio, ao lado
do Tribunal de Pilatos. Dois algozes lhe arranca
ram o irrisorio manto branco, que os soldados de
H erodes lhe tinham posto aos hombros, e a tunica
incon sutil, trabalho da Virgem Maria ; ataram suas
mãos, já presas uma á o utra, ao annel de ferro
chumbado na parte superior de uma columria ahi
existente, dando as costas para a columna . .Esten
deram de tal modo seus braços para o alto, que
seus pés, presos_ na parte i�erior, mal tocavam
tio chão. Depois, dois carrascos, recrutas da Syria
ou da Iduméa , ao serviço do Governador, o fia -
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A PAI XÃO DE JESUS CH RISTO 1 23
gellaram com v iolencia verdadeiramente infernal .
(Est. 2 1 ).
Flagellação de Jesus
(Est. 21 )
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1 24 A PAI XAO DE JESUS CH RISTO
prenderam de novo com a face para a mesma.
(Est. 22) . Cada golpe fazia Jorrar .o sangue, ar-
Flagellação de jesus
( Est. 22)
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A PAI X ÃO DE J ESUS C H RISTO 1 25
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1 26 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
eu ? Um corpo já quasi informe, retalhado e cha
gado por tal fórma, que as carnes tinham desap
parecido, pregadas aos ferros dos azor.ragues e os
ossos estavam á vista. Meu Filho, meu Divino Fi
lho esvaia-se em sangue, e já n o seu corpo não
havia logar para novas feridas : era nas chagas
que ·bs barbaras abriam. novas .chagas.
A final, disse um dos algozes : «Cuidad o ! que
a sen tença do Governador só manda que o açoi
temos, e com poucos golpes mais, estará· morto !»
Esse mesmo soldado chegou á columna e cor
tou as cordas. M eu Filho teve que vestir-se, . e tão
pouco tempo lhe deram, que se viu obrigado a
vestir-se andando. Onde punha as plantas, ficava.
o chão impregnado de sangue, e por elle podiam
ser reconhecidas as suas p isadas.»
Sangue p recioso, que tinges a columna e
corres sobre as lages da praça ela execução, tu
clamas por Deus com muito mais força do que o
sangue de Abel ! Mas, o que a tua voz reclama,
não é a vingança, o que ella pede para todos os
corações culpados, é a graça do arrependimento e
do perdão 1 . . .
Sangue divino ! . . . fragmentos sagrados do Cor
po de meu Salvador, calcados aos pés dos barba
ras sac r i l egos ! . . . eu vos recolho com triste e filial
veneração ; eu v.os offereço, j untamente com as mi
nhas l agrimas, á infinita justiça, em reparação das ·
ingratidões e infidelidades dos _ homens.
O' meu Senhor e · Pae, acceitae esta offerenda
em compensação das minhas fraquezas, da minha
tibieza e das minhas negligencias no cumprimento
das leis que o vosso amor me impõe. Fazei, ó meu
Deus, coberto de açoites, que a memoria do cruel
my sterio de vossa flagellação reanime o fervor da
minha piedade todas as vezes que eu contemple
ou receba a Hostia· Santa, de que v(>s dissestes :
«Isto é meu corpo, que por vós será despedaçado».
A-ssim seja .
,
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VIA D O CAPTIVEIRO
1 2a ESTAÇÃO
Coroação de espinhos
EVANGELHOS - Em s eg u i da , o s soldados
o arrastaram para o pateo do pretori.o, reun!ndo-se
em torno delle toda a cohorte. Tendo-,o, despojado
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1 28 A PAI XÃO DE J ESUS CHRISTO
de suas vestes, cob.r iram-n'o com um manto de côr
escarlate. Depois, teceram uma corôa com espinhos
e lh 'a puzeram sobre a cabeça. Em sua mão di
reita puzeram um caniço. Depois do que, ajoe
lhando-se diante delle, o escarneciam, dizendo :
«Deus te salve, rei dos j udeus».
Deram-lhe bofetadas, cuspiam no rosto, e, to
mando o caniço, batiam na cabeça.
(S . . Math . , XXV I I , 26-30 ; S. M art., XV, 1 6- 1 9 ;
S . Joãio, XIX, 2, 3 ) .
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 1 29
do novo supplicio, no terreiro dos guardas, junto
d<J Pretorio de Pilatos. (Est. 23).
Coroação de espinhos
(Est. 23)
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A PAIXÃO DE JES US C H RISTO Í Jt
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1 32 A PAI XÃO DE J ESUS C H RISTO
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 33
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1 34 A PAIXÃO DE J ESUS C H RISTO
-- «D» --
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VIA D O CAPTIVE I R O
1 3"- ESTAÇÃO
A Escada Santa
A Escada Santa
( Est. . 24)
·--((i;))--
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VIA D O CAPT IVEIRO
1 4a ESTAÇÃO
Ecce homo
(Nove horas e q u ar en ta e c in c o minutos a. m. de
Sex ta-fei ra)
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1 38 . A PA I X ÃO DE J ESU_S CH R ISTO
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 39
reduzido, pensou que bastaria mostrai-o, para exci
tar a pied ad e da mül ti dã.o, e s ati sfa zer o odio dos
accusadores.
Ecce homo
(Est. 26)
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A PAI XÃO DE JESUS CH RISTO 14t
--- «O»--
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VIA DA CRUZ
I ª ESTAÇÃO
P R O P H EC I AS
- Foi offerecido em sacrifi
cio, porque quiz, e não abriu os lab ios para se de
fender. Será levado á morte como uma ovelha e fi
cará mudo como um cordeiro ante quem o tosqueia
( I s., L I I I , 7 ) .
Os meus inimigos abriram a bocca contra mim,
corn o leões enraivecidos, rugindo (Ps. XXI. · 1 4) .
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 1 43
E' p r e c i so
que o Filho d o homem soffra n u
me rosos to rm e n t os , qu e s eja . escarnecido p e l o s A n
ciãos, pelos Prin ci pe s dos Sacerdote s e p e los E s
c ri b a s , que s e j a morto e q u e resuscite a o terceiro
d i a- ( N . S. J esus Christo) .
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1 44 A PA I X ÃO DE J ESUS C H RI STO
Os Pontifice.s responderam :
«Nós não temos outro rei sinão Cesar ! »
Pilatos, vendo que nada conseguia, e que o tu-
multo ia crescendo, mandou v i r agua e lavou as
m-ãos, á vista · do p ovo, d izendo :
«Eu sou innocente do sangue deste J u s to. Vós
respondereis por -el le».
E todo o povo, respondendo, disse :
«Ü seu sangue cáia sobre nós e sobre nossos
filhos)).
Então Pilatos ordenou que fosse fei to segundo
a vontade dos judeus, e lhes en tregou Jesus; para
ser crucificado.
( S . Math ., XXV I I , 24- 2 5 ; S . J oão, X I X, 1 2- 1 6) .
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A PA I XÃO DE JESUS CHRISTO 1 45
Pilatos accrescentou : «Ignoras que te po s s o soltar
ou fazer crucificar ?» Jesus lhe disse : «Tu não te
rias sobre mim nenh u m poder, si nã.o te fosse dado
do al to,, por iss.o aq u el l es que me entregaram a t i
conunetteram maior pec c ad o » .
A p arti r desse momento, fosse t emor s up e r s t i ·
c ioso, ou a m a i or certeza da i nnocen cia de J e s u s,
Pilatos redobrou ele e s forç o s para o salvar.
Claudia Procula, mulher de Pilatos, que s a b i a
ele sua hesitação, lhe mandou, de novo, uma men
s age ira, para lembrar sua pr om ess a de não con
clemnar esse j usto.
Pilatos voltou á sacada, e quiz ainda uma vez
soltar Jesus . Começou a falar, mas o phariseus,
adivinhando as suas disposições, gritavam : «Si o
soltaes, nã,o soi s amigo de Cesar. Sabeis q u e quem
se faz rei, se revol ta contra Cesar».
Por in st a n t es , .o Governador parecia J. fron t ar ,
r es ol u t o , todas as ameaças. Mandou buscar Jesus
-e, expondo-o á multidão de l ir a n t e , disse, com voz
fo r te , que dominava todos os clamores :
«Eis aqui o . vosso Re i ! »
H avia nesta phrase uma ironia �marga, pela
qual Pilatos se vingava do acto de fraqueza . que
lhe era arrancado, ou, talvez, uma ultima e so
lemne hom enag em p rest a da ao accusaclo .
Os p h a r i se u s sobresaltaram-se com esta procla
mação, que j ulga ram o cum ulo do in sulto. Já n ào
soltavam g r ito s , m as ui vos fu r io sos .
«Crucificae-o . . . Crucificae-o !»
Pilatos resistiu, e, com os l abios tremulas de
col e r a e de ironia, accrescen tou : . «Pois que ? ! Cru
c i fica r eu o vosso Rei ?»
«Ü no s so Rei, co n te st a r a m elles, o n osso. Rei
é Cesar ! Não conhecemos ou t ro».
Então, Pilatos teve medo, e,. v endo que s e
co m p ro me ttia , sem esperança de resultado, e que
o tu m u l to ia c r es c e n do, perdeu a coragem. Não se
sentia com forças para afrontar um levantamento
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1 46 A.. PAI XÃO DE J ESUS CHR ISTO
O Gabbatha
( Est. 27)
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 47
çiar a sentença de morte contra Nosso Senhor, com
toda a solemnidade costu �ada. 1 )
E todo o povo
G respondeu : «Que o
seu sangue recáia
sobre nós e nossos
filhosJ>. Entã.:9, Pila
tos entregou-lhe Je
sus, para que fosse
crucificado (Est. 2 8 ) .
Quanto á hora
em que foi pronun
ciada a sentença de
morte, ha uma ap
parente contradicçãio
entre S . Marcos e
S . João. - Este diz
que Jesus foi con
demnado quasi á
sexta hora (S. João,
xqc, 1 4), S. M ar
cos que elle foi cru
cificado na terceira
( S . Marcos, XV, 2 5 ) .
D eve-se admit
tir que o texto pri
mitivo em S . J oão
seguisse o costume
romano, em seu rno-
Jesus depois de condemnado do de contar as ho-
(Est. 28) ras, e S. Marcos o
dos judeus ? Essas
suppos1çoes gratuitas têm o grave inconveniente
de restringir, as sc_enas da Paixão a limites muit::.>
1 ) A copia desta sentença, aliás apocrypha, existe no
acchivo da Real Academia de Historia de Hespanha. Em
1 850, appareceu outra copia, escripta em pergaminho, na
cidade de AquHa, na ltalia. Bis seu conteudo, fielmente
extrahido :
«No arnno X I X de Tiberfo Cesar, Imperador Romano
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1 48 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 49
deus distinguiam especialmente a terceira, sexta e
nona, que, sendo consagradas pelas orações pu
bl icas, dividiam o dia em quatro partes, analogas
ás quatro vigilias da noite. D esignavam, assim, por
«horas» os diversos tempos do dia, como se conta
v a tn por «vigilias» os da noite.
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A PAI XÃO DE J ESUS C H R ISTO 1 51
Enganam-se os que julgam que sómente são
homicidas os que matam o homem com as mãos,
e n ão os que matam p·or meio de conselhos, frau
de, exh.o rtação, etc.
Com effeito, os j udeus de nenhum modo ma
taram o Senhor com as proprias mãos, como está
escrip to : A nós não nos é permittido matar a nin
guem.
Entretanto, a morte do Senhor lhes é imputada,
porque os mesmos o mataram com a língua, quan
do, gritando, disseram : Crucificae-o, crucificae-o ! .
Por isso, disse um Evangelista que o Senhor
fôra crucificado na hora terceira, e ou tro na sexta
hora ; porque os judeus crucificaram o Senhor n a
tercei ra hora com a lingua, e o s soldados na sexta
hora com as mãos.
Portanto, aquelle entregou o homem, este o
matou ; por isso diz o Senhor : O que m e entre
g·ou a ti tem maior peccado, de accordo com o. que
diz no Ps. 5 6, 5 : Filhos dos homens, os dentes
clelles são armas e settas, e a sua lingua espada
agu çada.
-· Lava essas mãos, Pilatos, estão tintas ele.
sangue innocente 1 Concedeste, por, fraqueza, que o
crucificassem : não és menos culpado do que si o
tivesses feito por maldade. As gerações têm repe
tido até hoje : «o Justo padeceu sob Poncio Pila
tos_». O teu nome ficou n a historia p ara servir de
lição a todos os h omens publioos, a t.odos os j uízes
attestada por Origenes e muitos Santos Padres, qu e a hi
fora m de posdt ados por Noé ou por Mekhisedech seus ossos
e sua cavefra. Dahi vem a denominação de Calvado (ca
veira) ou de Golgotha, craneo, togar do craneo.
E' em Iembrainça desse facto que os crucifiixos trazem,
•
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1 5 2- A PAI XÃO D E J ESUS CHRISTO
p u s i l l a n imes,
para lhes mostrar quão vergonhoso é
ceder contra as p r oprias conv icções. O cc upas no
Credo {un logar reservado aos principes ven cidos,
q ue seguiam o carno dos vencedores roman o s, su
bindo o Capitolio para ir celebrar seu T r i u11 1 p h o .
Q u em sab e s i tu mesmo estavas s eg u r o na
tua cad ei ra ? ! Q u e importa ? O teu d e v e r fal ava
bem alt o .
E m semelh ante c a s o , era m elhor receber a mor
te elo que dal-a. 4)
E tu, povo j udeu, r og a s t e u ma
p raga que cah iu
h orrivelmente sobre ti e sob re os teus filhos. F i
caste arra s ado sob as m inas fumegantes d e J eru
salém e do Templ.o, em n umero de mais de um
m ilhão e trezen tas mil v ic t i m a s, afora mulheres, ve
lhos e cr iança s . D isp erso e f u gi t i vo por todo o mun-
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-
A PAIXÃO DE J ESUS CHRJSTO - 153
do, aborrecido pelos homens e por D eus, sem al tar,
sem patria, nem_ sacrificio, b asta só o teu nome para
recordar, em toda a parte, o mais abominavel dos
dei ictos, a mais monstruosa das · i ngratidões, e, até
ao fim dos tempos, se ha de ler n a tua fronte,
escripta em letras de sangue e sem poder apagar-
se, esta palavra : «deicidio». ,
--«D»--
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VIA DA CRUZ
2'1 E STAÇÃO
2, 3 , 4) .
Foi-nos dado. o filho. Levará aos hombrns a
insignia da sua realeza e chamar-se-á o Admiravel,
o Conselheiro, o Deus, o Forte, o Pae do secu10i
futuro, o Principe da Paz ( Is., IX, 6 ) .
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A PAIXÃO DE JESUS · CHRISTO 1 57
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1 58 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
a Cruz sobre o hombro de Jesus; de modo que fi
casse um dos braços do travessãó do lado do peito.
Jesus tomou, com amba_s as mãos, a cruz, aper
tando-a contra o coração, nella collando os labios
amortecidos e ensanguentados, · e beijando, num
longo osculo de ternura e de amor, esse symbolo
da redempção do mundo (Est. 3 1 ).
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A PAIXÃO DE JESUS CHRIS TO 1 59
levada, procura occas1ao para vingar-se ; assim, or
denou que fossem levados e conduzidos, para se
rem crucificados, doiis ladrões, D imas e Gesta, ou
Dermas e Germas, segundo alguns, um de cada
lado de Jesus, para mostrar á nação judaica io
despreso cm que clle tinha sua realeza chimerica.
S. João insinua que a idéa de crucificar la
drões ao lado ele Jesus vei u de Pilatos, e qde ell e
tinha p o r fim, do mesmo modo que com a in
scripção ela Crúz, humilhar os judeus.
Os dois ladrões foram carregados com as has
tes t ran sversaes das suas· cruzes (os patíbulos) e
seus h raços estendidos e amarrados nos mesm�s .
Terminados esses preparativos, o s tres con
demnados, levados pelos algozes, ch egaram ao lo
gar, o n d e o c:Jrtejo devia formar-se. Immensa frml
tidão os acolheu com gritos de morte, mostrando
os pun h os cerracl:-is . . apontando com h orriveis h las -
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1 60 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
phe rn ia s o rei . coroado de espinhos, o Messias cn trc
dois ladrões. A trombeta deu o sig n al da p a rt i da
e o exercito dos deicidas pôz-se a caminho. A'
frente, um apregoador proclamava, em todo o per
c u r s o , os nomes e os crimes dos condcm nados.
Seguiam os soldados romanos, incumbidos de man
ter a ordem e de garantir a livre passagem elo
cortejo, commandados p elo Centurião Cornel .io . V i
n h a depois uma multidão de homens e crianças,
l ev�rn do cordas, esc adas , pregos e rnartellos. D epois
destes, caminhavam os dois ladrões e, émfim, Jesus,
c om os pés descalços, coberto de sangue, c urvado
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. A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO til
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1 62 A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO ·
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 63
.
-- «D » --
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VIA DA CRUZ
3ª ESTAÇÃO
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1 66 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
--«D»�-
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VIA DA CRUZ
4ª ESTAÇÃO
( 1 1 horas a. m . de Sexta-feira)
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A PAIXÃO DE J ESUS C H R I STO 1 69
--- «O» --
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VIA DA CRUZ
5 " ESTAÇÃO
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1 72 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
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A PAIXAO - DE JESUS CHRISTO 1 73
A cruz é, nesta vida, a nossa companheira
mais fiel. Desde os nossos primeiros passos, cáe
sobre nossos hombros, aperta-nos nos seus_ dois
braços ; e si, ás vezes, se afasta e nos deixa um
pouco de repouso, a sua ausencia nunca é de lon
ga duração.
As nossas cruzes são a Cruz do proprio Sal
vador, constituem a participação na sua vida sof
fredora, que elle determinou para nós desde t-0da
a eternidade, afim de podermos, um dia, e por
toda a eternidade, associar-nos á sua vida gloriosa
e bemaventurada. Assim seja.
--«D»--
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VIA DA CRUZ
6a ESTAÇÃO
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176 A PAIXÃO DE J ESUS . CH RISTO
irnpressa a imagem do Senhror, essa imagem desfi
gurada, verdadeira representação da dôr 1 (Est. 36).
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A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO 1 77
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1 78 A PAIXÃO DE JESUS CH R ISTO
O ro s to de J esus, an tes tãio b ello, deixou de
ter a apparencia humana.
Ah ! quanto tambem era bella minh 'alma, pelas
graças obtidas no baptismo, e c om o o peccado
a desfiguro u ! Vós só, ó meu Redempto,r, podeis
restituir-lhe sua primitiva belleza ; fazei-o, eu vo.1-o
peço, por vossa santa Paixão. Assim seja.
-- «Dl> --
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V I A DA CRUZ
7ª ESTAÇÃO
-- «0»
--
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VIA DA CRUZ
8a ESTAÇÃO
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRI STO 1 83
lamentar em-se. Cheio de piedade, ao pensar nas
calamidades que iam cahir sobre a ingrata J eru
salém, Jesus lastimou essas mulheres desoladas :
«F ilhas de J erusalém, disse elle, não choreis sob r e
mim, m a s chorae sobre vós mesmas . e sobre vos
sos filhos ; porque virão dias e m que s e dirá : «Fe
lizes as mulheres que não oonceberam, felizes os
peitos que n ão. amamentaram . Então se gritará
para as montanhas : C ahi sobre nós ! e á � cofü
nas : Cobri-nos ! Porque, si assim é trataqo. o ma
deiro verde, que se fará do madeiro secco ?» S i
assim é tratado o innocente, que será d o cul
pado ? ( E s t . 3 8 ) .
- Assim fazeis vêr, ó m e u Jesus, que castigo
merecem nossos p eccados . Si Jesus teve t anto que
soffrer pelos peccad:)S que não eram seus, e que
quiz expiar, que castigo merecemos , nós, que os
commettemos ?
E ' preciso que façamos penitencia delles, em
união com a Paixão. de Jesus Christo, ·pois, só sua
inisericordia poderá aplacar a j ustiça de D eus, e
que façamos firme p roposito de :Ó.ão o offende r
mai s . Assim s eja.
--«D»--
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VIA D A CR UZ
9ª ESTAÇÃO
o Cyreneu, auxiliava-10 .
O s ladrões s eg uiam n o , car regado s da parte
- '
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1 86 A P A IX ÃO DE JESUS CHRISTO
ços, c hei1os
de sangue. Apresentar-vos -eis perante a
justiça de vossio Pae, conw a hostia reparadora
dos ultrajes do m un do e do arrependimento dos
homens, oolllO o perdão vivo e eterno de nossas
in iquidades.
Que eu n ão cáia sinão para levantar-me ! Con
cedei -me. Senhor, que, ainda que de rastos, possa
ch ega r ao Calvario d a vida ab r açado á vossa Cruz.
Assim seja.
----«D»--
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VIA DA CRUZ
1 oa ESTAÇÃO
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A PAI XÃO DE J ESUS CH R ISTO 1 89
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1 90 A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 91
U ma tradição grega e revelações dizem que
Jesus, durante OS preparatiVJOS para a execução: do
supplicio, foi levado a alg1ms passos, a Noroéste
da platafórma do Calvariio, até uma excavação
feita na rocha, semelhante a uma caverna, (Est tJ)
. ..
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1 92 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
modo a ábrirein na cruz os buracos onde deviam
ser cravados os pés e as mãios, e depois o leva,
ram á plataforma do - Golgotha. Durante os ulti�
mos passos que teve de dar para chegar ao logar
-- «D» --
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VIA DA CR UZ
I Iª E STAÇÃO
grego e latim.
Mas os Pontífices dos j u d e u s d i sseram a Pi
laÚ>s :
N ão deveis escrever : Rei dos judeus -- mas
que : «Este homem pretende ser o Rei dos J udeus».
«Ü que escrevi, está escripto 1» replicou Pilatos .
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A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO 1 95
E J esus disse :
«Pae, perdoae-lhes, porque não sabem o que
fazem».
( S . Math. , XXV I I , 37 ; S. Marc., XV, 25 -28 ;
S . Luc . , XXI I I , 33-34 ; S . JofLo, X I X, 1 8" 2 2).
.
Gehenna.
Subiram o · valle e, carninhanclo c oin p.1:eç au-'.
ção , junto aos muros, perto do p alacio de · ,Her:O·
eles. el l e s puderam vêr a m ultidão que cercava: -õ:
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1 96 A PAI XÃO DE JESUS CH RISTO
Golgotha. Aproximaram-se, passo a passo, e, de
uma elevação, a no roé s te da cidade al t a, puderam
assistir, de lon ge, ás peripecias do drama da Cruz. 1 )
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 1 97
amarraram-lhe então uma corda ao- braço esquerdo
e o puxaram com todas as forças, até que _ a mão
chegasse ao Jog a r do buraco. Esta deslocação vio
lenta elos braços causou-lhe dôres horriveis : er
gueu-se-lhe o peito, os joelhos se contrah iram para
o corpo. Aj o e l h an d o - se sobre elle, amarrar·am-lhe o
b raço n a C ruz e pregaram o segundo c ra v o c1n sua
mão e s q u e r d a ; ouviram-se os lamentos do 'Salva
dor, por entre o barulho das martelladas.
A s s im p r eg ado s os braços, os algozes ti veram
ele e m p r ega r todas as suas forças para estender
s ob re a Cruz o co rpo , h or r i vel me n t e d e slo ca d o , e
que t i n h a s ido attrahido para o alto da Cruz pela
v iolenta ten são de seus braços, e até os joel ho s
se lhe haviam enco l hido , corno se vê n a Estampa
4 5 - Os carrascos estenderam-n'os e amarraram-n·os
com cordas ; mas v i ram que os pés n ão ch egavam
a os buracos feitos.
Ama rraram cordas á p er n a direita e a esten
deram violentamente, até que o pé ficou sobre o
b u raoo .
Tão violenta foi essa deslocação, que se ouviu
e st a l a r o peito de · Jesus. Cravaram o pé direito, e,
em seguida, o · esquerdo. Esta operação foi mais
dolorosa que tudo o mais, por causa da distensão
do corpo . 2)
a perfuração das m ãos e dos pés, que affectava os mem
bros mais sensiveis e punha o condemnado na impossibili·
d ade de fazer o menor movimento, sem sentir as m ais
lancinantes e agudas dôres.
· Para impedir que o crucificado ficasse com as mãos
completamente rasgadas pe l o peso d o corpo, collocavam
na cruz uma especie de apoio, «sedil·e» (cavilha), ou, entã.o .•
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1 98 A PAIXAO DE JESUS CH RISTO
Os gcmido's que o extremo da dôr arran
cára a Jesus, subiam a.o céu, de envolta com uma
um prego differente.
Sabe�se, . por autores antigos, que tl!-1 era o uso entre
·
os . Romanos.
S. Cypriano, que assistira, nil Africa, ao supplicio da
cruz, a-i nda em uso em seu tempo, fala dos pre �os que
atravessavam os pés de Nosso Senhor, o que suppoe dois :
«Clizvis pedes tenebram tibus>:. E uma passagem de Plautus
l he · dá razão.
Santa Helena, a inãe de Constantino, achou quatro
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 1 99
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.200 A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
Vm dos pregos
( Est. 47)
A celebre corôa de ferro, que servia para a coroação
dos i m peradores, e que está e m M o n z<J, perto de Milão,
tira seu n o me d e u m prego d a Cruz, que foi reduzidq ai
l am i n a e l ig a d o á corôa principal, de ouro, ornada de pe
dras preciosas.
Essa reliquia foi multiplkada em n.umero de 28, fa
zendo-se outros pregos, exactamente da fórma dos verda
deiros, m as sen do fundida nelles alguma limalha tirad"a
dos mesmos. E' por isso que o prego de Rom a nã o tem
pon ta. .
3 ) Em geral, o suppliciado levava, preso ao pescoço,
um escripto, que fazia conhecer a causa · da sua condemna
ção, ou era precedido pelo mesmo ; outras vezes, um Arauto
proclamava o nome do culpado, seu crime e castigo.
O escripto, que m encionava o n ome e qualidade do
Salvador, tinha sido preparado, antes que Elle tivesse s ahJdo
elo Pretoria, mas só foi visto qu ando pres<> á Cruz em
que Jesus ia ser crucificado. S. João foi o Evangel isfa
que: �de11 literalme11te as palavras desse Titu lo : <\jesus Na-
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 201
Ti tuto
( Est. 48)
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202 A PAI XÃO DE J ESUS CH IUSTO
P rostre.mo- nos aos p é s dessa Cruz de Nosso
Salvador, e digamos do· fundo do coração : O' meu
amado J esus, é um espectact1lo horrivel a.o m eu
coração vêr-vos pregado nessa Cruz ; voss a s mão s
puras e innocentes, vossos p é s b emditos fixados
com duros p regos !
Ah ! meu Jesus, vós vos deixas tes pregar n a
C r u z por m e u am o r, para expiar meus peccados !
As dôres de vossas mãos offerecestes a vosso _ Pae,
por tantos pec�ados commettidos por 'Tiim pelo
tacto ; a dos vossos pés, pel o s máus p assos que
ten h o dado na vida. Ah ! sêde bem.dito f Abençoae
me c om vossas mã.os atravessadas por meu amor ;
pregae a vossos pés meu coração ingrato, afim de
que me não afaste mais d e vosso coração sagrado.
Ave, Crux, spes unica !
O ' Maria, obtende a graça ele amar sempre
de todo o meu coração a Jesus, meu amor cru
cificado, soffrendo com elle e por seu amor.
Assim seja.
- - «O;>--
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VIA DA CR UZ
1 2" ESTAÇÃO
migo no Paraiso».
De pé, j unto da cruz, e st avam a Mãe ele Je s u s ,.
Maria, parenta de sua Mãe, mulher de Cleophas,
e Ma ri a Magdalena.
Jesus olhou para sua M ãe, junto á qual es-
tava o discipul.o amado, e disse á sua Mãe :
«Mulher, eis ah i o teu filho»,
D ep o is, disse ao discípulo· :
<<Eis ahi a tua mãe».
E desde então o discípulo a considerou como
sua Mãe . .
Foi na s ex t a hora que Jesus foi crucificado, e
de sd e a sexta hora até á nona ( t res horas), as trei
vas derramaram-se sobre o mundo inteiro. O sol
t inh a perdido toda sua luz, Pela nona hora cla
mou Jesus, com grande brado :
«Eli ! Eli ! lamma sabacthani !»
O que significa :
«Meu Deus ! Meu Deus ! Por que me des
amparaste ?»
Alguns dos que ali estavam, e tinham ouv ido,
d isseram :
«Elle chama por Elias»;
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 206
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206 A PAIXÃO DE , J ESUS CHRISTO
Elevação da Cruz
(Est. 49)
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A PAIXÃO DE JESUS CH R I S TO 207
Elevação da Cruz
( Est. 50)
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2,6.8: A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
midades, s ah in d.o pelas feridas ab ertas ; os nervos
eram violentamente abalados, as ch ag a s da cabeça
reabriram-se pelo movimento dos espinhos dentro
da . pntpria carne;
Terminada a elevaçãü, t i rara m os apetrec hos :
a plataf6rma de madeira, as cordas, as e scadas, etc.
Crucificação de Jesus
( Est. 51 )
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 209
vos, todas as fibras do córpo se distenderam com
violen ci a , seus oss:J s se desconjuntaram, seus bra
ços e pernas torceram-se sDb um peso que não
pód em su pportar ; as chagas alargam-se e rasgam
·
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A PAIXÃO DE JESUS C H RISTO 21 1
mostra até onde vae a misericordia divina, pro
vocada pelo arrependimento. Em um instante, o
ladrão torna-se justo, ainda que ladrão até ao fim ,
segundo a bella phrase de Santo Agostinho, sa
bendo r.o ubar até :) céu .
Emquanto os principes dos sacerdotes, os dou
tores, os soldados e a populaça escarneciam da
-
realeza de Jesus, e se saciavam de suas dôr és, um
espec taculo novo veiu enchel-os de temor. Ao meio.
dia, quando o s o l resplandecia com todo o seu
brilho, o céu começou a tornar-se sombrio. Nuvens
cada vez mais espessas cobriam o disco do sol e,
pouco a pouco, as trevas se derramaram sobre o
�lgotha, s o bre a cidade de Jerusalém e sobre
toda a terra (Est. 5 2 ) .
O s h lasphemadores calaram-se, gelados d e me
do ; um silencio de morte reinou sobre o Calvaria .
A multidão, aterrada, fugiu. Só ficaram n a mon
tanha os soldados romanos com" o Centurião e al-
guns grupos isolados, deplorando o crime com-
mettido pela nação (Est. 5 3 ) .
Até ahi as santas mulheres s e tinham con
servado afastadas,. mas então se aproximaram da
Cruz.
Com a luz pallida do céu, percebia-se o cor
po livido de Jesus e seu rnsto contrahido pelo sof
fri mento . Seus olhos estavam voltad o s para o céu
e seus lab ios, entre-abertos, m urmuraavm uma pre
ce. Com Maria, 4) Mãe de Jesus, estavam J oiã o,
o Apostolo bem amado, e as santas mulheres. J e
sus baixou o olhar divino para esses privilegiados
. de seu coração. Seus olhos encontraram os de s u a
Mãe, que o não deixava um instante ' (Est. 54).
Viu seu martyrio in terior, e que a espada,
prophetizada por Simeão, atravessava seu coração,
e assim como ella tinh a c ooperado no myster i o
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21 2 A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO
da Incarnação, assim tambem qu i z que cooperasse
no acto da Redempção, e_, não contente de se
dar a st mesmo, levou sua bondade até nos dar
sua Mãe.
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A PAI XÃO DE JESUS CHRISTO 213
Desde esse dia, todos os qu e Jesus i llumina
com suá graça, comprehenclem que, para se r ver-
Maria ao pé da Cruz
( Est. 54)
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21 4 A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
Depois dess� dom supremo de seu amor, Je
sus pa receu isolar-se da terra, em torno delle, fez
se um silencio aterrnrizador, que durou µerto d e
tres horas. O s guardas, assustados, iam e v inham,
em meio das trevas, sem dizer palavra. I mm ov c l ,
diante da Cruz, o Centuriã.o parecia querer penetrar
até ao fundo da alma desse estranho su p pliciado. -
Jesus, com os olhos voltados para o céu, ·o rava
a seu Pae, offerecendo . pelos homens os seus ind izi
veis soffrimentos, as ignomínias sem nome, o sangue
que corria de suas íeridas, e a mor t e que i a soffrcr.
Por um momento, vendo as condições em que
estava seu croaçfw, esmoreceu e disse : <'Meu D eus,
meu Deus, por que me desampara:stes ?» 6) «Eli,
Eli, l amma. sabacthani». Essas palavras exp r i mem
a extensão e a profundeza dos soffrimentos de J e
sus na C ru z : ellas nos mostram que a d i v i ndade
retirou de sua h umanidade s-offrcclora seu so c c o r -
tregue.
6) São as primeiras palavras do Ps. XXI, donde in
fere S. Jeronymo que o Senhor pronunciou este versiculo,
em voz bastante alta, para chamar a attenção dos circum
stantes, continuando a recita,r o · psalmo todo inteiro até
ao fim.
«Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes ?
Não sou mais um homem, mas um verme que se calca
sob os pés ; tornei-me o opprobrio dos homens e objecto
de escarneo do povo. Todos os que me viam escarneae
ram de mim : menearam a cabeça e vociferaram blasphe
mias! Esperou '11 0 Senhor, l ivre-o ; salve-o, si é que o
ama; Meu sangue correu como agu a ; minhas forças �xte
nuaram-se e minha lingua ligou-se ao paladar. Atravessa
ram meus pés e m inhas mãos, contaram todos os meus_
ossos ; dividiram minh as yestes e l ançaram a sorte sobre
·
minh à tunica».
Si David tivesse sido testemunha dos s offrimentos d.o
Homem-Deus n a Cruz, n ão os ter i a descripto com m ais
exactidão.
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A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO 21 5
ro e consolação. Na realidade, a segunçla Pessôa
da Trindade nunca se separou da humanidade san
ta, mas . na visão intuitiva a humanidade santa do
Salvador não sente mais desta unif\10 os c f fc i t os de
protecção e de c on solo.
E' o abandono interior.
Exteri-0rmen tc, tud.o lhe fal t a . Da terr<i , 1 1 ào
t e m sirião dôres. Até d e s e u corpo a pro tec �)\o d i
vina se retirou. Está estendido em um madeiro,
no leito cruel da Cruz. Do alto d a c;1bcça ás
plantas dos pés, é uma ch ag a v iva ; as espad u a s
e QS hombros estão abertos e m fer i d a s . E s t á sus
penso na . cruz por chagas vivas, o s p regos atra
vessam seus pés e suas mãos e queimam como fer
ro em brasa ; inn.umeraveis espinhos, como outras
tantas pontas de fogo, atrav essam s u a t es l a e s u a
ca.b eça. Seu corpo não estâ em p o s i ç ão n at u ral ;
seus b raços e pernas foram v iolen tamente disten
didos ; os membros paralyzam-se, po u c o ; 1 po uco ;
a vida pára no peito opprimido ; os p u lmões, en
gorgitados de sangue, respiram com difficuldade ;
o coração pulsa com fraqueza e vae extinguindo-
se ; é uma angustia mortal, s.offrime1 1 L o s supremos .
. O sangue, que não póde mais descer da cabeça
pela::. veias entumecidas, produz n a testa ê no pes
coço dôres lancinantes ; a testa arde em febre, as
numerosas chagas, expostas a{> a r, i n fl am m am-se
e causam excessivo soffrimento. O Salvador não
é sinão dôres e soffrimentos ; falta-lhe tudo : a terra
e o céu.
Jesus pronilll ciou estas palavras em aramico,
para ser entendido do povo.
E alguns dos que ali estavam, ouvindo; diziam :
Elle chama por Elias. E ' uma interpretação, mali
ciosa e irr�soria das palavras de Christo. Elias era
para elles o precursor do Messias, no seu primeiro
advento, e tido como protectoir dos afflictos ; por isso
zombam de Jesus, dizendo que está chamando por
Elias. Jesus sente a sêde horrível, que é um do.s
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21 6 A PAI XÃO DE JESUS C H RISTO
maiores soffrimentr0s dos crucificados . Suas entra
nhas estavam resequ idas, sua l ingua collada ao pa
ladar. Em seguida, sua voz se fez ouvir de novo :
«Tenho sêde», disse elle, dand.o um p rof u n do sus
piro. Havia perto da Cruz um vaso chei.o de vi
nagre, ou vinho azed:J , que os soldados bebiam,
misturando com agua, e que denominavam «posca >1 .
U m dos s.oldad.os, aproveitando a occasião para
zombar de Christo e insultal-i0, ou, talvez, por c om
paixão, mergulhou nellc uma esponja, 7) e com
uma vara (hyssopo), 8) que ali estava: por acaso, fez
chegar a os labios de Jesus, que ti01nou algumas
gotas. Os outr.os soldados, e o propriü soldado, di
ziam aos que o queriam impedir de dar de beber
a Jesus : Deixa, isto é, prolonguemos sua vida, para
vêr si realmente Elias o vem libertar. E ' a conti
nuação da mesma zomb aria .
T in h a bebido, até ali, o calice das dôres, cum
prindo t o d a s as vontades de seu Pae, realizado
as prophecias, expi �do os peccados do genero hu"
mano. «Tudo está C:)nsummado», disse elle.
O corpo de Jesus tornou- se ainda mais livido,
sua cabeça, coroada de espinhos, pendeu pesada
mente sobre o peito, tinha os labios descorados, os
olho.:: embaciados. I a exhalar o ultimo suspiro,
quando subitamente ergueu a cabeça, deú um
grito, com tal energia, que todos os assistentes fi
caram gelados de temor.
Não era mais o gemido lastimoso do homem
moribundo, mas o grito triumph ante de um Deus
que diz á t er r a : Eu mono p:xque quero . Seus la
b io s abenç.oad:='s abriram-se então pela ultima vez :
«Meu Pae, disse elle, ponho minh 'almá em vn s s a�s
7) A esponj a, empregada para levar o vinagre aos
Iabios de Jesus, pc-nsa-s� que fizesse parte das de . que se .
serviam os algozes para limpar as manchas de sangue, que
adquiriam pelo contacto com o suppliciado. Existe parte
da esponja em Santa Maria de Franf.erére, em Roma .
8) Hyssopo é uma planta da familia d as labiadas que
têm hastes longas.
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A PA.IXÃO. DE Jl;SU� CHRISTO 21 7
rp.ãos», . palavras tiradas do Ps. XXX, 6, e que
mostram o caracter voluntario e livre da morte de
Jesus. Tendo dit-0 estas. . palavras, inclinou a cabe
ça, deu u m profundo suspiro e expirou.
Phenomenos extraordinarios 1 o) acompanha
ram a morte de Jesus. N-o templo, o véu rompou
se de alto a baixo, symboJizando, de um modo
dramatico, a abertura dia céu e 0: accesso p ó ssivel
dos homens perto de D eus, pelo facto da morte
de Christo.
Depois, a terra tremeu e os rochedos se fen
deram, n o Calvari.o, 1 I ) e noutros pontos da c i-
9) jesus, quando morreu, sua cábeça · pendeu para a
frente, sendo o natural cahir para o lado.
1 0) Tertuliano, para convencer a incredulidade pagã do
seu tempo, dizia aos romanos : «Tendes nos vossos a.rchi
vos publicas a narração da catastrophe que assignalou a
Paixão de jesus». (Apl., cap. XX).
S. Cyrillo de Jerusalém, um secttlo mais tarde, exda�
m ava : «Si querem n egar que um Deus morreu aqui, olhem
para os rochedos · despedaçados do Cal vario». (Catech. XVI I ).
N a olympiada 1 95a, diz o escriptor pagão Phlegon :
«Houve o maior «eclipse» do sol · de que ha memoria. As
trevas foram taes que foram vistas estrellas ao meio dia ;
o horror desta intensa obscuridade foi redobrado poir causa
de um «tremor de terra» (Hieroin , ln. chro. Euzebú) que fez
desabar muitas casas em N icéa e na Bithynia. Foi u m
eclipse total, scientificamente -inexplicavel, visto ser o 1 5
de Nisan ( 7 de Abril), dia de p le nilunio, n o qual a lua
está em opposição ao sol. O phenomeno foi attestado tam
bem pelo historiador Tallus, embora o achasse i n explica
vel, em vista da pqsição da lua.
No reinado de Tiberio, diz Plinio, o antigo, 11111 <iter
remoto», tal que não ha memoria doutro semelhante, des
truiu doze cidades do Oriente. (Hist. nat. LXXXIV).
Tacito, nos seus annaes, e Suetonio, na sua historia
de Tiberio, referem-se á mesma catastrophe. Testemunha
desse eclipse, que vem de encontro a todas as leis astro
nomicas, Apol lophonio, que observára este phenomeno n o
Egypto, onde se encontrava então, disse : «São revoluções
sobrenaturaes e divinas ! . . . » ( Dyonisio Ep. VI I ad Palio).
Conheçe�se a pal avra ce l ebre, que teria sido pronun
c i ad a por Dyon isio, o Aerop agita, no m o me n t o e m q ue
. se · produziram esses a conteci m en to s : ((Ou o Deus da 11<1tu-
1:.e za soffre, ou a m ac h i n a do mundo se dissolveJJ.
1 1 ) A mais importqnte das fendas acha-se e n tr e a cru z
do 111áu l adrão e a de J esus. Para m e l h o r e xa m i n a i - a, 11e
ne tr a- se na gruta, chamada de Adão, na q u a l uma c re n ç a
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218 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
dade, com grande ruido, enchendo a todos do
maior terror.
Deus acabára d e morrer !
Mysterio inoomprehensivel de misericordia e de
amor ! Sim, Deus morreu em sua humanidade.
J esus morre, sua alma cessa de animar e de
vivificar seu corpo ; mas seu corpo, como sua al
ma, permanecem unidos á divindade, e o Filho
de Deus não permitte á morte estender, além desta
desunião passageira, sua acção sobre sua huma
nidade santa. Si vivermos e morrermos em Jesus
Christo, o mesmo acontecerá ; no momento em que
o clemon io, p rincipe da morte, puzer sobre nós sua
mão tremenda, nossa alma, unida á alma . santa do
Salvador, escapará com elle e por elle ao poder do
inimigo, e, no dia da Resurreição final, nosso pró
prio corpo, passageiramente vencido, degradado · e
corrompido, retomará uma nova vida, imperecível,
pela virtude divina do corpo de seu Redemptor.
Assim, a vida de Jesus é nossa vida, sua mor
. te é nossa morte, seu triumpho e sua gloria eter-
popular collocou o craneo do primeiro homem, ao mesmo
iempo que o tumulo de Melchisedech, e, aiinda hoje, se
_ vê, na Basílica do Santo Sepul cro, uma abertura . no ro
chedo do Oolgotha. «Esta fenda, diz Sauley, é vertical .
Forma uma linha· ondulada em direcção do oriente para
o occide n te. A que se póde vêr tem um con1primento de
1 111 ,60».
Addison, geologo notavel, convertido ao Christianismo.
disse : .
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A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO 21 9
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220 A PAIXÃO DE JESUS C H RISTO
gnmao com o s an gue de Jes us , e exclamou, no au
ge da desolação : « 0 ' C ruz ! · Cruz b e mdi ta, ba
n h a da do sangue ele meu Filho, c u te ad oro ! . . .
Mas que f i z e s t e de meu b em amado ? Ah ! cu aca
riciava-o com tan t a ternura, quando repousava so
bre o meu peito ! . . . e tu não pó d e s sustel-o sinão
por meio de kmgos c ra yo s ! . . . Eu tinha-lhe tecido
a t u n i c él com t a n to amor ! . . . e tu, sem piedade,
despojaste-,o della ! , . . Eu alimentei-.o com o m eu
lei te . . . e tu dás-lhe fel a b eb e r . . . Esses . olhos
tão bellos e tão d o ce s, extinguiste-os ! . . . Essas fa
ces, qu e eu cob ri de tantos b eijos, encheste-as de
feridas e de no doas ! . . . Essas mãos, que sustinham
o céu, pregaste-as tu em teus braços : é n o s meus
que J esus deve soffrer l . . . Entrega-me, po is , o meu
be m amado ! . . . D e ix a-10 ex pira r no meu seio ! Tu
occupasté o meu l oga r , céde-me agora o teu. Ah !
Si é possível, sê tu Maria, e e u . . . serei a Cruz 1 • »
• •
--«D»--
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VIA DA CRUZ
1 3" ESTAÇÃO
·
mente a Pilatos e - pedíu-lhe o corpo de Jesu5�
Admirou-se Pilatos de que elle tivesse morri do
-
tão depressa, e, chamando o Centurião, p t;rgtm
tou-lhe si já tinha morrido. E, tendo-se informado
do Centurião, ordenou que se entregasse o corpo
a José.
Nicodemos, aq ti elle que, _ desde o p r in c ip io, ti�
nha visitado Jesus durante a noite, veiu tamb'em,
trazendo cerca de cem libras de uma mistura de
my rrha e oleos. Tomaram ambos o corpo dê Je
sus e o ligaram com faixas de linho, com _ >'e1:fu;-
j .
mes, segundo costumam os Judeus sepul tar. · '
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A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO 223
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:'.!24 A PAlXAO DE JESUS CHR ISTO
D escendo a montanha, encontraram-se c om ou
tro pelotãio de soldados romanos, que Pilato.s e.n:
v iá ra , a pedido dos pri n c i p e s d{)s Sa cer do t e s , pa.r.a
acabar com a vida dos suppliciad:oo, p rat i c aq. do . q
crucifragium, i s to é, quebrando-lhes os ossos, de
modo que p u d es sem en terral -os logo , pois sua l e i
não p erm i ttia que ficassem na C ruz depoii s do pôr
do sol. Os soldadios c om eç a ra m pelos ladrões, a
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 PAIXÃO DE . ·')ESUS. CHRÍSTO . . . - 225
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226 A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO
a vista, pelo que se converteu (Est. 5 8 ). O gol
pe de lança, que evitou que os ossos de Jesus fos�
sem queb rados, fez delle o verdadeiro cordeiro
paschal, nutrição da n o v a I srael ; o sangue e a
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A PA IXÃO DE J ESUS CH RI.3TO 227
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228 A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
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A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO 229
o c-0rpo livido e inanimado de Jesus. Fizeram os
p reparativos e ooUocaram a escada na Cruz. José
subiu primeiro, como mais moço e N icodemos
depois. Maria, JoãJo e as santas mulheres ficaram
logo abaixo delles. José tomou a corôa de espi
nhos, levantou-a da cabeça de J csus com a maior
precaução, desembaraçou-a dos cabellos que .a en
trelaçavam e passou-a a N ic.odemos. Este a en
tregou a Jo.ã,o, de quem Maria a recebeu, ele joe
lhos, com devoção sem igual .
Cada espinho, tint.o de sangue, parecia dotado
de vida, e, penetrando no coração ela Mãe, tor
nava-a cada vez mais participante da Redempção.
José despregáva .os cravos, de modo que não mu
tilassem as inãos e os pés sagrados, e iri.· -os oas
sando a Maria, que os beijava, manchados do pre
cioso sa ngue.
J esus ainda estava amarrado com cordas. J o
s é e N icodemos passaram um lençol por baixo d e
seus braços e o apoiaram na parte transversal da
C ru z, e foram arreando aos poucos (Est. 59).
J oão estendeu as mãos e sustentou a adora
vel cabeça ; Magdalena tomou os pés ; Maria, re
ceb endo o pre'cioso fardo, sentou-se nas pedras,
com Jesus em seu oollo. Com a mais delicada e
m inuc iosa ternura, alisava-lhe os longos cabellos,
b eijava cada chaga, cada marca da flagellação,
cada ferida dos espinhos. José e Nicodemos t o
maram o corpo de Jesus do collo d e Maria, de
puzeram -n ' o respeit.osamente no rochedo, depois de
terem estendido um p anno ou cobertura ; lavaram
n ·o, cuidadosamente, com agua e essencias perfu
madas, porque, dos pés á c ab eça, estava coberto
de chagas abertas, _ de poeira, suor e sangue. O
sa n gue tinha enchido seus .olhos, ouvidos, nariz e
bocca, e ainda escorria das feridas ; frio e coagu
lado, cobria-lhe a barba, e estava empastado na
fron te, nas temporas e em toda a cabeça (Est.
60 , 6 1 e 62) .
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230- A PAI X AO DE J ESUS C H R I STO
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 231
volvido em um lençol branco, comprado por Jo
sé, 6) e embebido em substancias balsamicas .
Oh ! então M aria já não pôde conter as lagri
mas, e com ella as santas mulheres . João, o discí
pulo amado, tambem soluçava, e, com a cabeça
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232 A PAIXÃO DE J ESUS CHR ISTO
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A PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 233
J esus amortalhado
( Est. 6 2 )
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234 A PAIXÃO. DE J ESUS CH R ISTO
Jas de cidades ou al d ei as , que n�Lo t e n ha m uma
estatua üu um q uadro , representando a Mãe das
dôres, com o corpo ensangu entado do F ilho so-·
bre os j oelh::::i s, e só D eus sabe
quantas p obres
mães têm enc::::in trado coragem e conso�ação, in
vocando a m a i s santa e afflicta elas mães, e ou
v i n d o - a dizer-lhes, no fu n d o do coração : «Consi
derate et videte si est dolor s icut dolor meus» ;
«olhae e vêde si ha dôr i gu al á m i n h a dôr». A
Egreja con s a gr o u pela l i t urgi a esta tradição e
e s t a devoção . G uardae de memor:a '.1S estroph e s
do h y m no das primeiras V esperas da f e sta d e
Nossa Senhora das Dôres, como uma r e co rda ç ão
da do lo ro sa Paixão do Salvador e dos . soffrimen
tos, não menos dolorosos, de sua Santissima M�e :
«Oh ! em qüc o n d a s de lagriinas, em que aby?
mos d e dô� mergulh::m, no dia de seu luto, a
Virgem M ã e , quand :::i viu seu F i l h o t i ra d o da
C r uz e posto em seus b raços !
«A face adorada, q terno peito, o lado bem
dito, as mios e pés traspassados, vermelhos de
sangue, como ella os banha de l ag ri mas !
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A PA I X ÃO DE J ESUS CHRISTO 235
Ah ! olhae para mim e oonsolae-me: Mas n ão
me vêdes mais, não me respondeis, porque estaes
mort:> 1
O ' Maria ! terna e compassiva Mãe ! reoor- ·
-- «D »--
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VIA DA CR UZ
1 4ª ESTAÇÃO
Jesus sepultado
lado.
Collocaram-me num profundo retiro no seio das
trevas e á . sombra da morte (Ps. LXXXV I L 6, 7 ) .
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A. PAIXÃO DE J ESUS CHRISTO 239
muro que fechava o j ardim, impedia que se pudesse
u em linha recta ao tumulo.
O cortejo fói obrigado a fazer uma volta, não
só por isso, mas tambem para evitar os logares
muito ingremes, que occasionariam abalos pouco
respeitosos ao Corpo Sagrado. O sol escondia-se,
eram 5 horas ; era preciso que se apressassem ; em
poüco o sabbado ia começar, e a ceremonia, deve
ria enEio estar c::mcluida. E' o que explica terem
as santas mulheres voltado no doming.), para un- ·
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240 . A PAIXÃO DE J ESUS CH RISTO
cro fechado (Est. 64 e 65). Cada um se retirou
para sua casa, afim de começar a celebração da
festa da Paschoa, comendo o cordeiro paschal.
jesus sepultado
( Est. 66)
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A PA I X ÃO DE J ESUS CHRISTO 241
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242 A PAI X ÃO DE . J ESUS CHR ISTO
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A PA I X ÃO DE J ESUS C H RISTO 243
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A PA I X ÃO DE JESUS C H R ISTO 245
A resurreição de j esus
(Est . 68)
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250 A PAIXÃO DE JESUS CH RISTO
aos scelerados famosos. A columna da flagellaçã-0, a do
Pretoria, era alta ; ataram _ Jesus, estendendo-lhe os bra
ços, de modo que seus pés mal tocavam o chão, o que
concorri a para augmentar o soffrimento. H avia mais, além
desta, a co lumna da pr.i são, na casa de Caiphás, e a
do 9pprobrio, onde e steve Jesus, derois de con demn-ad10,
exposto á .i rrisão e mófa da soldadesca, que o disfarçou
em rei, l an_çando-lhe aos hombros um trapo de côr ver
melha, clamyde usada talvez de algum s oldado,, e pondo
lhe á cabeça a corôa de espin hos.
A corô a , entende o nosso autor, não é essa que fi
g·uram os artistas, nas Imagens do Rede m ptor, graças ás
exige ncias da esthetica, m as uma c orôa fe c hada, á guisa
de barrete, formada de um entrelaçado de junco m arinho,
no qual misturam ramos com espinhos, de uma cspecie
cham ada Ziziphas-spine-christi, \·egetal flexive l, pe lo que o
puderam entrelaçar com o junco.
Foi nesse estado de horroros.o desfügu r am e n to e com
as insignias de uma realeza i rr i·s or i a , que Pilatos apresentou
Christo ao povo, que pedia, em altos brados, que foss·e
crucificado. E' a scena do Ecce Homo, que a arte, em
idealismo exaggerado, pinta sob o aspecto de u m homem
coroado de espinhos, m as de feição . sadia, forte, quasi ru
bicunda. Devia estar horrivelmente desfeito em seus tra
cos divinam ente bellos o nosso Salvador.
Pilatos larnu as mãos do sangue do Justo e auto
·
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A PA I X AO DE J ESUS cti R I STO '.l !:> I
d ade, chegiou aos dom i nkls da arte, como se póde vêr do.s
qu adros de OEBH. FUO EL, repre�entando as qu atorze es
t ações d a Via-sacra. M as, a par do lad o sobren atural e di
vino d a tragedia do Calvario, h a o l ado hum ano, que con
vém n ã o ande desfigurado com os embel lezamentos da es
t hetica, ou com os exaggeros d a piedade, a l iás muito lou
vavel.
Não termi n ariamos sem chamar a atfenção para os
detalhes, que a m[m e a mu.i tos eram desconhecidos. Je
sus, antes de ser estendido na Cruz, e emquanto u l ti�
m avam os lugubres preparativos do supp licio, foi lançado
em uma cisterna, ou cavidade, praticada nos rochedos d o
C a l vario ; e m vez do fel e vin agre da lenda, a bebida
que ministraram a Jesus, antes d a crucifixão, foi uma m is
tura de vinho com myrrha (a qual, com seu amargor,
occasionou a versão do fel ) , destin ada a em briagar os sup
pliciados, minorando-lhes as dôres da agonia, agonia ter
rh·el para os crucificados ; por esta razão Jesus recusou
beber.
J esus fo·i pregad o á Cruz e i evantado com o pati
bulo, por m ei o de cordas e alavancas ; o seu d i v i n o corpo
fo.i atado com cordas ao madefro da Cruz, para evita.rem
que cedesse ao pes·o e se rasgassem as m ãos e pés, ca:
hindo no chão. E' o i l lustre autoir quem diz : outros sup
põem que coll ocassem u m a especie de cavilha ou tra\'essa
pequena, subsolium, n a altura das nadegas, cadeka terrivel
para os crucificados, a que . accrescia o subpedaneo, p ara
col locação dos pés.
Seriam tres ou quah'o os cravos com que foi p re
gado o n osso Sal vador ? Outro ponto duvidoso, que o
autor do livro exami n a, deixando por solver. As sete pa-
1 avras do Senhor, na Cruz, são referidas, e em nàtas
aquell as : «Meu Deus, m eu Deus, por que me des amparas
tes ?», que são as prim eiras palavras do Psalmo X X I . Este
psalmo prophetico, que descreveu com minudencias notaveis
a Paixão de Christo, com a antecedencia de dois mille n.ios,
é possivel, d iz o autor, segu indo S. Jeronym o, que o mes m o
C hristo o recitasse, ao !'n enos aquel las primeiras palavras . . .
«Et inclinato capite, tradidit spiritutm>. Ao H omem
Deus cahiu-l h e a cabeça sobre o peHo ; tinha expirado,
d ando u m grande brado, ao qual respondeu a natureza, com
trevas, que escureceram o df a, com tremor desusado e in
explicavel d a terra, e com varios prodígios, que fizeram
surgir de suas tumbas mil lenarias os justos, que esperav am
este ditoso i nstante . . . Rasgou-se o véu do templo, com
terror presago d o desapparecimento do antigo rito e do
·
saccrdocio antigo.
Ao ouvirem o clamor e o cataclysmo que o acompa
nh ou, as s antas mulheres chegaram-se á Cruz bemdita..
l eito de m orte de Jesus, e deram expansão á dôr de q u·e
se achavam possuidas Maria, a Mãe de Jesus, e as outras,
com o Discípulo amado.
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252 A PAIXAO DE JESUS CH RISTO
A narrativa vae até ao sepultamento e á resurreição
gloriosa, ao terceiro dia.
Não ha escolher, nem füxa.r -se aqui de preferencia a
qualquer outro ponto, porque todos captivam pel o int�
resse com que são tratados e pel a u ncção que levam ao
coração do leitor piedoso.
E' uma . descripção pathetica e u.m estud-0 conscien
cioso ; interessa o lado historico, a parte de investigação,
o trabalho artistico, por assim dizer, acompanhado de finas
estampas illustrativas do texto.
E' o caso de dar parabens a quem emprehendeu e rea
lizou tão util e piedosa obra.
Passou-me, na referencia que fü, de principio, aos
varias m odos de descrever a Pa<ixão de Christo, a m a"
neira rom antica, de que temos especimens no Martyr do
Oolg<Jtha, de ESCRICH, e em tres ou quatro obras da
Baroneza A. VON K RANE, O filh o do Homem, Magna
Peccatriz e Luz e Trevas ; esta ultima ainda n ão foi ver
tida do allemão.
Cito tambem, do mesmo genero, as obras de MON
LAUR, especialmente «Apres la neuvieme lteure».
Que encontre grande sahida a obra do Dr. Pedreira,
são os m eus \'Otos.
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. A PAIXÃO DE JESUS c1·11-wno � ., : 1
«A ESTRELLA DO MAR»
•
1
«CORREIO PAULISTANO»
A PAI XÃÓ DE JESUS CH RISTO
Não sabemos, nestes ultimos tempos, de obra mais
valiosa, no seu fiel contexto, de synthese mais admiravel,.
que o ultimo J.ivro publicado no Rio de Janeko, e que•
j á se encontra nas montras de S. Paulo : «A Paixão de JfS.
sus Christo», sob os auspicios da Adoração Continua a
Jesus Sacramentado, daquella airchidiocese, e da lavra do
notavel escriptor patrício, dr. João Pedreira do Cauto f'er
·raz Junior.
Obra approvada em Janeiro do anno passado, com
o respectivo «lmprimatun> por commissão do sr. arcebispo
d. Sebastião Leme, . e com um bello prefacio do eminente
prelado, a «A Paixão» · constitue um trabalho primoroso,
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254 A _ PAI XÃO DE J ESUS CHR ISTO
«0 LABA ROl>
63 estampas.
O texto da Pa�xão é accrescido de innumeras notas
historicas e archeologicas.
A fórma pela qual foi descripta a P aixão é inteira-
1uente original e muito didact.i ca, precdendo da compara
ção d as prophecias com os Evangelhos rel ativos e ter
minando por invocações muito sentünentaes.
Todas as horas da Paixão são determ in adas, bem co
mo os Jogares e distancias percorridas na Via Dolorosa,.
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A PAi XÃO DE J ESUS C :l l H I STO 255
«AVE MARIA»
\
«VO Es DE PET ROPOL IS»
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256 A PAIXÃO DE JESUS CHRISTO
Senhor tem o condão mysterioso de consolar as almas
am argu radas. «Vae levar o balsamo di vino a muito cora
ção ferid o». A obra, em 1 65 p aginas e pa p el caro, encerra,
ein gravuras, todas as 1 4 estações da V·i a do Captiveiro,
e todas as 1 4 estações da Via d a · Cruz. Um m appa de Je ..
rusalém, d aquelle tempo, il lustra as d u as vias. E agora
começa a descripção da cidade santa e o retrato de Jes u s
Christo, consoante a carta d o Pr-oconsul Lentulos ao Se
n ado rom ano.
O autor ateve-se, com muito escrupulo, aos ' documen
tos que restam, d e m odo a dar ao seu trabalho, ao mes
mo tempo que a importancia d e devocionario, o valor his
torico, que d e nenhum modo s e l he póde negar ou en
cobrir.
A via d o captiveiro, porm e n o rizada e escrupulosa, ap
p arece ahi suavemente descripta, com innumeras digres
sões, que reforçam o encanto á leitura. Descreve e explica
ao m es m o tempo, em todas as minucias, d e . modo qu-e é.
um regalo, simultaneam ente para o espírito e p ara o co
ração, i rem-se lendo estas p aginas de s offri m ento e de
morte.
Achei m u ito feliz a idéa de, em cada capitulo, por
tanto, em cada estação, se p ô rem em confronfo prophe
c i as com E\·angel hos, e , pel o cor1Jo de cada um, irem sur
g i n d o pensam e ntos c o n s o l ad ores e supplicas de e n ternecer.
E' d e \· e r n osso aconsel h a r viYam ente aos catholicos a l e i
tura deste l ivro 'de ouro, que, cheio de n otaveis cnsfo�
m entos e lições, p repara a a l m a para os grandes senti
m e n t o s purificad ores.-- S. d' A. -
«A C R U Z»
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A PAI X ÃO DE jI-:Sl JS C l !R ISTO 257
«0 NORDESTE», UE FO IHA l . L / A
«A O RDEM»
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258 A PAI XÃO DE J ESUS CHR ISTO
«0 CALVARIO»
«MENSAG EI RO DO CARMELO))
«Ü M U N DO L I T ERA R I O>l
Este l ivro vem de colher um grande successo no
mundo cat hol ico. Obra de alevantado \"alar reJ.igioso e ac
cumul o de factos, a Paixão de Christo revela a gran-
deza de observação de seu autor.
·
«A UNI ÃO))
Li a primeira edição desta obra essencialmente rel i
giosa, que se · esgotou rapidamente, foi o cartão · de vi
sita, m enos elegan te, a segunda é o caval heiro em pessôa,
traj ado com · toda a distincção, e que póde apparecer ós
recepções de m ai or rigor.
O aL1 to r segll e, passo p o r passo, as p h a ses d a Sa
grada Paixão, dando in numero s deta l h e s , i n di caçõ es da
h ora, d escri pções, distancias, etc., de perm e i o com p i e
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A PAI XÃO DE JESUS CHRISTO 259
<<A PALAVRA», DE PELOTAS
A Paixão de J esus Christo é um dos primeiros pas
sos d a literatura religiosa brasileka, orientada pela bôa
tradição dos nossos cl assicos.
O autor reflecte com justa m edida e piedade compa
tível com o nosso tempo. Apesar de tratar de ascese e
m ystica, no seu exercicio fundamental, que é a Pajxão
de Jesus Christo, n ão esquece de apoiar suas piedosas
considerações nos dados scientificos, fornecidos pe l as m ais
criteriosas conclusões, na exegese escripturistica. •
Viia dó Capti
.
DECLARAÇÃO NECESSARJA
Setembro de 1 925.
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OBRAS DO MESMO AUTOR
A VIDA DE JESUS
IH - A P ai x ão de Jesus - ( Publica d a ) .
IV - A ResurreiQão, A sc e n ção d e J e s u s e
Vin d a do E spirito S a nto.
V - Actos dos Apo stolas, em dois volu mes.
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I N DICE
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I N DI CE DAS G R AVU RAS
1. Ret r a to de jesus . . 27
2. O F oru m . . . . 39
3. Jardim de Gethsemani 48
4. Monte das O l iv ei r a s . . . . . . 50
5. M in h a a l m a está triste até á morte 32
6. O suoir de s angue . . . . 55
7. Jesus desperta os Apostolas . 61
8. O beijo de Judas . . . . 63
9. Queda dos que prendiam Jesus . 64
1 O. Que da de Jesus no Cedron 68
1 1 . Tribunal de Annás . 75
1 2. Tribun a l de Caiphás . . 80
1 3. Caiphás rompe as vestes 84
1 6. Negação
�
1 4. Prisão de J esu s . . . . . . .
1 5. Tribunal Caiphás ( 2° j ulga m ent o )
S. Pedro . . . . . 96
88
90
---«O»--
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