Você está na página 1de 18

SALMO 2 – A COROAÇÃO DO

UNGIDO DE DEUS

O livro dos Salmos é o próprio coração da Bíblia. Os Salmos


contém as orações que Deus atende porque foi Ele mesmo
quem as inspirou. É o fundamento de uma religião viva. São
150 orações inspiradas que nos ensinam como orar e como
nos relacionar sinceramente com Deus.

Os Salmos são a nossa maior fonte poética para penetrarmos


no conhecimento de Deus. Eles contém mensagens de ânimo e
encorajamento para o povo de Deus em nosso tempo. Eles
contém mensagens de fé, esperança e vitória. Ali nós
encontramos o segredo da verdadeira religião, que é a religião
do coração. Temos ali na beleza da poesia, a história passada
dos atos salvadores de Deus e a promessa segura de um futuro
eterno.

Temos ainda no Livro dos Salmos o ensino de todas as


doutrinas da Bíblia. Nele encontramos a doutrina da Criação,
da Redenção e da Preservação. Os atributos comunicáveis e
incomunicáveis de Deus estão claramente expostos. As
expressões do caráter de Jeová Se encontram ali, a Sua justiça,
a misericórdia e a graça, bem como a Sua onipotência,
imutabilidade e eternidade. Os Salmos nos falam sobre o
Santuário, a Lei de Deus, o Juízo final, a Salvação e a Cruz. Ali
A Coroação do Messias 2/18
encontramos a doutrina da Mortalidade da alma, da
Ressurreição e a esperança da Vida Eterna. Ali encontramos o
verdadeiro conhecimento de Deus e de Jesus Cristo.

O Salmo 2 foi chamado "A Canção do Ungido do Senhor" e foi


citado no Aleluia de Händel. O Salmo 2 é o primeiro salmo
messiânico e apocalíptico, porque contém uma revelação
surpreendente de Cristo tanto do passado como para o futuro.
Portanto, a sua mensagem é cristocêntrica e escatológica, e foi
citado pelo apóstolo João no Apocalipse, com duas referências
ao governo justo de Cristo contra os ímpios habitantes da
Terra. Davi, que escreveu este Salmo (At 4:25) e mais outros
72, é o suave cantor e pastor de Israel.

I – REBELIÃO UNIVERSAL (1-3)

1. O Salmo 2 começa com duas perguntas: (v. 1).

(1) A 1ª pergunta: "Por que se enfurecem os gentios?"

(a) Os gentios estavam irados. Esta era a atitude das nações


idólatras no tempo de Davi. Eles estavam enfurecidos. A prova
disso estava nas guerras com que se envolviam para matar e
roubar. A ira das nações se manifesta nas guerras; a ira dos
estados se manifesta nas revoluções; a ira dos indivíduos se
manifesta nas brigas. É a rebelião universal.
A Coroação do Messias 3/18
(b) Esta é uma profecia muito atual que se cumpre em nossos
dias. A Bíblia diz que no tempo do fim as nações se
enfureceriam (Ap 11:18). Disse Cristo que antes de Sua vinda
surgiriam "guerras e rumores de guerras... Porquanto se
levantará nação contra nação, reino contra reino." (Mt 24:6-7).
Portanto, isso indica que estamos no tempo do fim, que se
apressa a passos largos, culminando na destruição do mundo e
dos pecadores.

(c) Mas a pergunta mais perscrutadora é "por quê?" Por que se


enfurecem os povos, as nações e os homens em geral? Por que
estão irados? A resposta já está implícita na pergunta: não há
nenhuma razão para ficarem irados. Deus perguntou a Caim:
"Por que andas irado? E por que descaiu o teu semblante?"
(Gn 4:6). Ele perguntou a Jonas: "É razoável essa tua ira?" (Jn
4:9). É racional mostrar toda a sua ira? Aonde isto o levaria? É
irracional resolver as coisas com ira! Quando você encontra
alguém que não respeita os seus limites, como você reage?

(2) A 2ª pergunta: "Por que os povos imaginam coisas vãs?"

(a) A palavra "imaginam" é a mesma palavra traduzida por


"medita", no original do Sal. 1:4. O justo medita na Lei de
Deus. Os ímpios também "meditam", e como resultado, ficam
furiosos. A ira é um sentimento interno que se demonstra
externamente, mas se origina nas meditações secretas do
coração.
A Coroação do Messias 4/18

(b) Deus conhece a revolta de dentro do próprio coração dos


rebeldes, que por sua vez "imaginam coisas vãs". A
imaginação, se não for direcionada, pode se desviar da justiça
para as coisas vãs. É inútil se revoltar, é inútil revelar a ira de
dentro do coração.

2. Contra quem os gentios estão revoltados e irados? V. 2-3:


"Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra
o SENHOR e contra o seu Ungido." Reis e príncipes, ou
governantes em geral, foram colocados em elevadas posições
pelo próprio Deus (Rm 13:1,4). No entanto, esses mesmos que
receberam de Deus a honra estão desonrando o seu Benfeitor.

(1) Os reis estão revoltados contra o SENHOR. A palavra


SENHOR é tradução de Yahweh, e significa "o Eterno", "Aquele
que vive por Si Mesmo". Jehovah, é o grande, o glorioso e
incomunicável nome de Deus, e é expressivo de Seu Ser eterno
e auto-existência. Ele tem esse nome de modo exclusivo,
porque só Ele possui esta qualidade.

Então, esses reis e príncipes estão se revoltando contra


Alguém que é o próprio Eterno. Portanto, eles estão se irando
contra a Pessoa errada, porque estão em completa e
esmagadora desvantagem. Como pode alguém de posição
privilegiada e conhecimento se revoltar contra Deus? Eles
A Coroação do Messias 5/18
estão revoltados contra Jeová, o Eterno, o próprio Criador.
Este é o mistério da iniquidade.

(2) Os reis e príncipes estão revoltados contra "o Seu


Ungido". Quem é o Ungido de Deus? Ungido é a tradução de
"Messias" no hebraico e "Cristo" no grego. A Bíblia diz que o
Ungido seria o Senhor Jesus Cristo. Daniel já falava dEle como
o "Ungido, o Príncipe" (Dn 9:25). Ele é 'Miguel, o grande
Príncipe, o Defensor dos filhos do teu povo" (Dn 12:1).

3. Mas, como podem reis e príncipes conspirar contra Deus e


o Seu Ungido? Eles não estão seguros no Céu? Como podem
fazer complôs e se levantar contra Eles? Herodes o grande, o
rei da Judéia, tentou tirar a vida de Jesus na Sua infância; o rei
Herodes Antipas, o tetrarca da Galiléia, com seus homens de
guerra zombaram dEle, e O desprezaram; Anás e Caifás se
reuniram em concílio para decidirem o que fariam para tirar a
vida de Jesus. Pôncio Pilatos, o governador da Judéia, que
representava o imperador romano, condenou-O à morte. E
todos os reis da terra desde os mais remotos tempos, que se
levantaram contra Deus e contra o Seu Ungido na pessoa do
Seu povo, em guerras, perseguições e massacres, cumpriram
esta profecia.

4. O que eles estão "dizendo"? V.3: "Rompamos os seus


laços". As palavras revelam o caráter; podemos saber o motivo
da rebelião por suas palavras. Eles dizem: "Rompamos os seus
A Coroação do Messias 6/18
laços e sacudamos de nós as suas algemas." Laços e algemas
são uma referência às leis de Deus. Eles não querem se
submeter à Lei de Deus que é uma lei de amor e sabedoria e
que promove a felicidade. Eles rejeitam as regras e as leis de
Deus. Eles querem plena liberdade.

(1) Este é o grande conflito dos séculos que Satanás está


promovendo, desde o começo. Ele não queria que Deus
governasse sobre ele. Ele teve inveja de Jesus Cristo porque Ele
foi escolhido, honrado e ungido como o Filho de Deus. Lúcifer
disse que as leis de Deus eram restrições injustas e
desnecessárias. Assim ele espalhou esse argumento no Céu. E
muitos se uniram a ele. É o princípio do antinomianismo: falta
de lei. É o princípio da anarquia: não querem que Deus seja rei
sobre eles, e vem o caos. É auto-deificação: quando os homens
rejeitam as leis de Deus, se deificam a si mesmos, fazendo suas
próprias leis.

(2) Hoje não é diferente de antigamente. Os governantes


fabricam as suas leis e se insurgem contra a Lei de Deus, e é
por isso que falta a justiça e a verdade anda tropeçando pelas
praças. E como um resultado, a insatisfação cresce de uns para
com os outros e a revolta se multiplica. As multidões estão
"sem ar, sem luz, sem razão", para usarmos as expressões de
Castro Alves.
A Coroação do Messias 7/18
(3) Com efeito, não há razões palpáveis para ficarem irados e
revoltados contra Deus. Não há motivos nem para os reis nem
para os príncipes, nem para as nações fazerem levantes nem
conspiração contra o Senhor da Terra. Também não há
motivos para você ficar revoltado.

(4) Você conhece alguém revoltado contra Deus? Conhece


algumas pessoas que falam contra Deus e contra o Senhor
Jesus Cristo? Eles apresentam as suas acusações, falam da
injustiça e dos atos e "omissões" de Deus. Falam do avanço da
ciência e do neodarwinismo. E ficam nervosos se você tentar
convencê-los, eles ficam irados, enfurecidos se você os
desmascarar, apresentando a inteligência da necessidade de
um "designer inteligente". Você não vai convencer a uma
pessoa irada, enfurecida e revoltada. Ela sempre tem razão,
embora agindo irracionalmente.

II – A INDIGNAÇÃO DIVINA (4-5)

1. Qual a reação de Deus? V.4: "Ri-se Aquele que habita nos


céus; o Senhor zomba deles."

(1) Este é um aspecto interessante da personalidade de Deus.


Temos ouvido acerca dos atributos divinos, mas é difícil
ouvirmos que Ele se ri. Eu gosto desta expressão que indica
que nós temos um Deus um tanto humorístico, um Deus que
reage, que tem sentimentos, muito diferente dAquele Deus
A Coroação do Messias 8/18
impassível que nos pintam muitos teólogos. Entretanto, as
Escrituras nos tem retratado a personalidade divina desse
modo mais relacional. Este é um aspecto antropomórfico,
visando explicar o sentimento de Deus em linguagem humana.

(2) Pode imaginar o Deus Todo-poderoso olhando para esses


fracos humanos conspirando contra Ele? Pode imaginar o
Criador contemplando estas pobres criaturas revoltadas e
levantando os seus punhos em luta contra Ele? Pode imaginar
as infinitas desvantagens nas quais se encontram esses
rebeldes? Como podem finitos mortais se levantar contra o
Eterno e infinito Deus? Não poderia ser diferente. Se é Deus
que os contempla, só pode mesmo se rir e zombar da
pretensão desses ímpios.

2. Qual é a outra reação de Deus? V. 5: "Na sua ira, a seu


tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá."

(1) Aqui está a ira de Deus. Este é um segundo


antropomorfismo: temos que explicar a Deus na linguagem
humana; não há outro meio, porque não entenderíamos a
linguagem dos anjos. Mas mesmo os anjos não teriam muito a
nos dizer porque eles também não conheciam este aspecto do
caráter de Deus e de Sua reação. Antes do pecado, Deus nunca
Se manifestara com ira; isto é novo até mesmo para os anjos.
A Coroação do Messias 9/18
(2) O que é a ira de Deus? Se os gentios se enfureceram, se as
nações estão iradas, agora é a vez de Deus revelar a Sua ira. O
homem foi feito à semelhança de Deus e como nós temos ira,
Deus tem ira. Mas qual é a diferença entre a ira de Deus e a ira
do homem? A ira do homem é motivada pelo pecado; a ira de
Deus é motivada pela santidade. A ira do homem é uma paixão
irracional e descontrolada, visando a vingança; a ira de Deus é
um princípio controlado, racional, visando a justiça. A ira do
homem revela injustiça; a ira de Deus revela Sua inescapável
justiça.

(3) Quando será o Dia da Ira de Deus? Diz o salmista Davi que
ela se demonstrará "a seu tempo". Sabemos que esse tempo
será pouco antes da volta de Cristo, o Seu Ungido, e se
revelará nas 7 Últimas Pragas que sobrevirão ao mundo. Hoje
vemos que a ira de Deus está mesclada com a misericórdia.
Mas isto é apenas por esse tempo de graça, enquanto temos
oportunidade de nos arrepender de nossos pecados e nos
levantar a favor do nosso grande Deus e de Jesus Cristo. Mas
naquele tempo a Sua ira se revelará sem misericórdia, e todos
os ímpios habitantes da terra serão destruídos. E todos
proclamarão a justiça do Rei do universo.

III – A UNÇÃO DO REI (6-9)

1. Até o v. 5, falava Davi. Agora, Deus está falando. O que Ele


está dizendo? "Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o Meu
A Coroação do Messias 10/18
santo monte Sião." (v. 6). A palavra "Eu" se refere a Deus o Pai
que diz: "Eles estão irados e insatisfeitos com a Minha lei e
com o Meu Ungido. Eu, porém, constituí o Meu Rei".

2. Deus tem o Seu Rei teocrático. Ele vai estabelecer um reino


universal sobe esta Terra, em breve. O seu Rei a quem Ele
escolheu já foi constituído. Ele estará sobre o monte Sião. Sião
era a fortaleza de Jerusalém; sobre o monte Sião estava
edificada a cidade de Jerusalém terrestre. O monte Sião é
descrito como habitação de Deus, o Céu dos céus (Hb 12:22;
Ap 14:1). Lá estará o Rei constituído por Deus. Lá Jesus Cristo
foi constituído como o "Rei dos Reis e Senhor dos senhores".
Esta é uma mensagem poética, mas também profética e
escatológica.

3. Mas agora, é a vez do Rei ungido falar. V. 7: "Proclamarei o


decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te
gerei." Aqui o próprio Messias está falando ao proclamar o
decreto de Deus o Pai. Este é um decreto eterno e imutável,
estabelecido por Deus diante de todo o universo. Qual é o
decreto? Deus Se revela como o Pai do Messias e diz para o
Seu escolhido: "Tu és o Meu Filho! Eu, hoje, Te gerei!"

(1) O que significam estas palavras? Porventura Deus gerou a


Jesus Cristo, originando o Filho de Sua própria natureza?
Estaria certa a mitologia grega que ensinava que os seus
A Coroação do Messias 11/18
deuses eram gerados entre si mesmos, como acontece com a
família humana?

(a) Foi o próprio Diabo que inventou toda essa estória, e


torceu as Escrituras, de tal modo que mesmo hoje muitos
estão ensinando que Jesus Cristo é o Filho de Deus no sentido
restrito da palavra, no sentido humano. Eles dizem que Jesus
Cristo Se originou da natureza de Deus, que o Soberano gerou
literalmente a Cristo, dando-Lhe origem de existência.

(b) Entretanto, esta interpretação é equivocada. Precisamos


interpretar a Bíblia nos termos da Bíblia, considerando os
antropomorfismos, que são, como vimos, a descrição de Deus
na linguagem humana. Os profetas jamais poderiam usar
linguagem divina, porque eles nem a possuíam e nem nós a
compreenderíamos.

(2) Em que sentido Jesus Cristo foi "gerado"? Em que sentido


Cristo é o Filho de Deus? Poderia ser Ele "gerado" por Deus, no
sentido humano da palavra? É impossível interpretar
literalmente estas palavras, porque a própria Bíblia testifica
que Jesus Cristo é eterno, imortal, incriado e sem origem (Jo
1:1-3). Ele jamais Se originou em qualquer tempo da
eternidade. Ele sempre existiu e sempre existirá.

(3) Como podemos interpretar corretamente o Salmo 2:7?


Consideremos a explicação baseada num paralelismo bíblico.
A Coroação do Messias 12/18
Se tivermos o apoio de outros escritores inspirados,
conheceremos a devida significação.
(a) Em At 13:33, Pedro disse que Deus ressuscitou a Jesus
Cristo e cumpriu o Salmo 2:7. Paulo também tem o mesmo
pensamento, e disse que Cristo "foi designado ('constituído',
BJ) Filho de Deus ...pela ressurreição dos mortos". (Rm 1:4).
(b) Em Heb 1:5, Paulo aplica as mesmas palavras de Davi para
a divindade de Cristo, comparando-O aos anjos, quando disse:
"Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?"
(c) Mas em Heb. 5:5, Paulo introduz um novo significado: Ele
diz que quando Cristo foi constituído Sumo Sacerdote,
cumpriu-se mais uma vez o Salmo 2:7.

(d) Mas há um outro sentido em que estas palavras foram


usadas, e que corresponde mais diretamente ao sentido e ao
contexto do Salmo 2:7. Natã recebeu uma palavra de Deus que
dirigiu a Davi, referindo-se a Salomão, e usou a mesma
linguagem do Sal. 2:7: "... Eu estabelecerei o seu trono para
sempre. Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho." (1Cr 17:
12-13). Estas palavras tiveram um cumprimento parcial através
de Salomão, que foi constituído rei por ordem de Deus, que
por esse fato, o chamou de "filho" de modo especial e
incomum, porque o constituía como rei de um reino
teocrático. Mas Salomão era um tipo de Cristo. Portanto, estas
palavras em sentido secundário, se cumprem em Cristo, como
Rei que reinará para sempre. Desse modo, o Sal. 2:7 nos diz
A Coroação do Messias 13/18
que Cristo é o Filho de Deus, que foi "gerado" simbolicamente,
porque foi ungido como Rei sobre todos os reis da Terra.

(4) Portanto, estas palavras do Sal. 2:7 foram interpretadas


pelos apóstolos como se referindo à ressurreição, à divindade
e ao sacerdócio e vemos agora, no Antigo Testamento que
estas palavras se aplicam também ao reinado de Cristo e,
consequentemente, confirmam a Sua natureza não originada.
Desse modo, sempre que temos uma unção de Deus a Jesus
Cristo, cumprem-se as palavras do Sal.2:7.

(5) Portanto, quando Deus disse: "Tu és o Meu Filho; Eu, hoje,
Te gerei!" dirigiu-se ao Messias, e emitia o Seu decreto de
filiação real para uma Pessoa já existente, não de um ser que
nascia de Sua natureza divina. Não era uma filiação literal do
tipo humano que ocorria, era a linguagem figurada de uma
filiação real, quando Deus constituía ao Messias como o Rei
das nações. Assim aconteceu com Salomão e assim sucedeu
com Jesus Cristo.

(6) Quando foi o Messias "gerado"? A resposta do texto é


"hoje". Pelo contexto, "hoje" se refere a um ponto histórico,
quando as nações da Terra já conspiravam "contra o Senhor e
contra o seu Ungido". Num momento da História, quando já
existiam os reis da Terra Se opondo ao Senhor, Ele chamou o
Seu escolhido que já existia por toda a eternidade, e Lhe disse:
A Coroação do Messias 14/18
"Tu és o meu Filho! Eu, hoje, Te gerei". Assim, foi ungido o
Messias como Rei. E então, foi chamado de "Filho".

(7) Mas o que significa ser Jesus Cristo o "Filho" de Deus? Este
foi um grande problema para os judeus do tempo de Cristo,
porque eles não estavam satisfeitos pelo fato de que o
Salvador Se intitulava desse modo. Ele dizia frequentemente
que era o Filho do homem, mas também pretendia ser o Filho
de Deus. O que significa isso? João explica desse modo: os
judeus queriam matar a Cristo porque Ele "dizia que Deus era
seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (Jo 5:18). Portanto, a
pretensão de Jesus Cristo foi de que Ele era "igual a Deus" com
todos os Seus atributos, não criado nem originado, mas
eterno.

4. Qual é a promessa de Deus ao Messias, constituído como


Rei? Qual é a herança do Pai ao Filho? V. 8: "Pede-me, e Eu te
darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua
possessão." Mas, se Jesus Cristo é o próprio Criador, e como
tal é Dono de todo o mundo, como Lhe promete Deus a posse
da mesma Terra? De fato, como Deus Ele é o Dono do
universo, mas como o Messias Jesus Cristo é o Rei desta Terra.
Como Messias, Ele é o Filho do homem e foi ungido para a
salvação deste planeta e recebe de Deus o reinado deste
mundo.
A Coroação do Messias 15/18
5. Como seria o reinado do Messias? V. 9: "Com vara de ferro
as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro." Esta
profecia há de se cumprir em sua fase apocalíptica, na
destruição dos ímpios, e na consumação dos séculos. O
apóstolo Paulo usou estas palavras para descrever a vinda de
Cristo e seu efeito sobre os desprezadores de Sua graça (2Ts
2:8). Finalmente, o apóstolo João também falou de Seu "cetro
de ferro", em um contexto da destruição dos ímpios que
finalmente se confirmaram em sua rebelião (Ap 12:5; 19:15).

IV – O ÚLTIMO APELO DIVINO (10-12)

Os versos finais (10-12) contém o último apelo do Céu para os


reis, governantes e povo em geral. Assim como o Apocalipse
tem o último apelo de Deus para o Seu povo, assim termina o
Salmo 2, com 5 imperativos:
(1) "Sede prudentes". Buscai a sabedoria. Isto é indispensável
para termos a segurança da felicidade e da salvação. Não há
mais a perder nas cisternas rotas das loucuras do mundo.
Carecemos de mais prudência.
(2) "Deixai-vos advertir". Muitos não querem reconhecer os
seus erros, e julgam difícil se deixar persuadir a fim de receber
a advertência divina. Isso requer que deixemos o orgulho de
lado, porque sem humildade não podemos conseguir nada
diante de Deus.
(3) "Servi ao Senhor com temor". O serviço de Deus é o mais
alto privilégio de criaturas humanas; mas temos que servi-Lo
A Coroação do Messias 16/18
com temor, porque se trata de um serviço para o majestoso
Rei dos reis.
(4) "Alegrai-vos nEle com tremor". Como podemos nos alegrar
com tremor? A vida cristã é cheia de alegria, mas servimos a
Deus com temor, porque o temor é o equilíbrio necessário
para não nos desviarmos pelos caminhos deste mundo.

(5) Mas são particularmente interessantes as palavras do


último imperativo: "Beijai o Filho para que se não irrite, e não
pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe
inflamará a ira." A ira mencionada é a ira do Cordeiro, diante
da qual todos os ímpios correrão, naquele dia da volta de
Cristo dizendo aos montes e rochas: "Caí sobre nós e escondei-
nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do
Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é
que pode suster-se?" (Ap 6:16-17).

Portanto, o apelo divino é este: "Beijai o Filho!" O beijo nos


tempos antigos era um símbolo de reconciliação, como no
caso de Jacó e Esaú. O apelo para beijar o Filho é um claro
chamado à reconciliação com Deus, através da fé no sacrifício
de Cristo, que derramou o Seu sangue para nos reconciliar com
o Pai: "Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis
com Deus." (2Co 5:20).
A Coroação do Messias 17/18
Finalmente, o clímax do Salmo 2 contém estas palavras: "Bem-
aventurados todos os que nEle se refugiam." Como o Salmo 1
se inicia com uma bem-aventurança, assim termina o Salmo 2.

Houve nos Estados Unidos um juiz famoso, porém ateu. Certa


noite, estando fora de casa a esposa, sentiu-se possuído de
uma convicção de estar errado em relação a Deus e às coisas
espirituais e reais, e agora, que se achava sozinho, pôs-se a
refletir sobre o caso. Quando ela voltou, ele ainda estava
imerso em meditações. Ela procurou convencê-lo a dormir,
mas ele não cedeu. Passou a noite em claro, andando para cá e
para lá.
Pela manhã, bem cedo, foi para o escritório, fechou-se no
gabinete, e deu ordens para não o interromperem. Tomou a
resolução de não sair por aquela porta antes de ter descoberto
a verdade acerca de Cristo. Prostrou-se de joelhos e começou
a orar. Fora educado de modo a considerar Cristo apenas
como homem, de modo que ao ajoelhar-se, orou: "Ó Deus,
tem misericórdia de mim e salva-me!" Continuou assim
clamando muitas vezes, mas nenhum alívio lhe veio. Então
ouviu uma voz que sugeriu que ele dissesse: " - Deus, por amor
de Jesus, salva-me!
Mas disse ele:
– Isso não! Não posso orar assim!
Ali jazia, literalmente estendido no soalho, de bruços,
ansiando o alívio, mas só conseguia dizer:
– Ó Deus, salva-me!
A Coroação do Messias 18/18
Afinal, do íntimo da alma angustiada, clamou:
– Ó Deus, por amor de Jesus, salva-me!
– Oh – diz ele agora – como a luz irrompeu e o Céu veio
para dentro daquele escritório!
Algo acontecera, e Deus viera em socorro de sua vida,
transformando-a toda, e desse dia em diante ele se tornou um
dos mais nobres membros da igreja. Não encontrara alívio
enquanto não reconhecera que Jesus é o Filho de Deus.

E você, já reconheceu a Jesus Cristo como o Filho de Deus? Crê


nEle, realmente? De fato, se queremos ser salvos, se queremos
ser realmente felizes, temos que seguir o bendito caminho de
Deus e nos refugiarmos no seu Messias, o nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.

Pr. Roberto Biagini


Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com

Você também pode gostar