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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ____

DURVAL, (nacionalidade), vereador, (estado civil), portador da


Cédula de Identidade n. __, inscrito no CPF sob n. __, residente e domiciliado (endereço),
endereço eletrônico, nos termos do artigo 1º, § 3º, da Lei n. 4.717/65, por seu advogado
inscrito na OAB/ sob n. xxx, que esta subscreve (procuração anexa), com endereço
profissional na __, local indicado para receber intimações (artigo 39 do Código de
Processo Civil) vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento
no artigo 5º, LXXIII, da Constituição Federal impetrar AÇÃO POPULAR com pedido
de liminar em face de ato do Prefeito do Município de __ e do Presidente da Empresa
Pública “Água Para Todos”, com sede na __ (endereço), Moura Júniro, residente e
domiciliado na __ (endereço), Correa, residente e domiciliado na (endereço), pelos
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I – DOS FATOS

A empresa pública “Água Para Todos”, criada para a produção dos materiais e a
prestação dos serviços pertinentes à instalação de rede hidráulica no município de __, é,
atualmente, presidida por Moura, autoridade coatora, que tem estreita relação de amizade
com Ferreira, prefeito e igualmente autoridade coatora.
Em virtude de vultosa receita de ISS recolhida da empresa pública aos cofres do
município, o presidente daquela pediu ao prefeito, como retribuição à exação, a nomeação
de seu filho, Moura Júnior, independentemente de concurso público, para o cargo efetivo
de analista administrativo da prefeitura municipal. O pedido foi prontamente acolhido, e
o filho da autoridade coatora tomou posse, só comparecendo ao serviço ao final de cada
mês para assinar o ponto.
Em contrapartida ao gesto de amizade, Moura determinou ao departamento de
divulgação da empresa estatal, representado por Correa, que promovesse uma
homenagem ao prefeito, em veículo de comunicação de massa, parabenizando-o por seu
aniversário.
A empresa pública contratou uma produtora de mídia e um minuto em horário
nobre na emissora de maior visibilidade local para a veiculação da propaganda.
No dia do aniversário do prefeito, a propaganda foi veiculada, mencionando as
realizações da prefeitura municipal na gestão de Ferreira, tendo sido divulgada, por
derradeiro, a seguinte mensagem: “a ‘Água Para Todos’ parabeniza o prefeito Ferreira
pelo seu aniversário”.

II – DO DIREITO

A) Da legitimidade ativa

Em primeiro lugar, convém ratificar a legitimidade ativa do autor da presente


ação, com base no título de eleitor (doc. 1) e certidão atestando sua cidadania (doc. 2),
estando, portanto, satisfeitas as regras exigidas pelo art. 5º, LXXIII, da CF/88 c/c o art.
1º, § 3º, da Lei n. 4.717/65.

B) Da nulidade do ato administrativo de nomeação do servidor público Moura Júnior

Consoante já relatado, Moura Júnior, filho do presidente da empresa pública


“Água Para Todos”, foi nomeado, sem concurso público, para o cargo efetivo de analista
administrativo da prefeitura municipal.
Este meio de ingresso na carreira de servidor público incompatibiliza-se com o
preceituado na Lei Fundamental. De acordo com o texto constitucional, “a investidura em
cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou provas e títulos” (art. 37, I).
A violação a esta regra fere reiterados princípios regentes da Administração
Pública, podendo-se listar: da legalidade, pois o administrador, no ato da nomeação,
descumpriu os ditames legais; da impessoalidade, eis que foram concedidos privilégios
inadmissíveis ao filho da autoridade coatora; da moralidade, por contrariar a ética e a
moral administrativa; do concurso público, visto que se desconsiderou o critério
meritocrático de ingresso no serviço público; e da eficiência, autoexplicativo (art. 37,
“caput”, e inciso II, da CF/88).
Destarte, patente a lesividade aos cofres públicos e a violação aos preceitos
constitucionais, o ato padece de vício de validade, merecendo o mesmo ser nulificado,
bem como Moura Júnior afastado do cargo.

C) Da nulidade do processo administrativo de contratação de propaganda

Este ato também padece de nulidade, pois a propaganda veiculada, destituída de


qualquer informação de interesse público, serviu, tão somente, à promoção pessoal do
prefeito, eis que lhe foram atribuídas, e não ao órgão de Chefia do Poder Executivo
Municipal, a conclusão de diversas obras, restando violado o art. 39, § 1º, da CF/88.
Noutro viés, o princípio da impessoalidade também foi ignorado, devendo ser
ressarcidos aos cofres públicos os valores indevidamente empregados.

D) Conclusão

A prática destes atos administrativos está marcada por sério desvio de finalidade,
isto é, não foram realizados à vista do interesse público, mas apenas do particular. Assim,
além do rol de princípios anteriormente listado, contrariou-se, outrossim, lembrando das
palavras do eminente Celso Antônio Bandeira de Mello, uma das pedras de toque do
Direito Administrativo, qual seja, o princípio da indisponibilidade do interesse público,
limitador da atividade administrativa, que exalta a probidade na gestão da maquia pública,
sempre à luz do interesse de seu titular, o povo.

III – DA LIMINAR

Demonstrada a existência do “fumus boni iuris”, consubstanciado na nulidade


dos referidos atos administrativos, e do “periculum in mora”, qual seja, o perigo de se
onerar ainda mais os cofres públicos caso as medidas ilegais perdurem, é cabível a
concessão da liminar para suspender a nomeação do servidor público Moura Júnior e, por
conseguinte, afastá-lo do cargo.

IV – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer o Impetrante:

a) a concessão da liminar para suspender o ato de nomeação do servidor Moura


Júnior junto à Prefeitura Municipal, bem como afastá-lo do cargo;

b) seja determinada a citação dos impetrados para contestar, sob pena de revelia (art.
7º, I, “a”, da Lei n. 4.717/65);

c) seja determinada a intimação do membro do Ministério Público do Estado de __


(arts. 6º, § 4º, e 7º, I, “a”, da Lei n. 4.717/65);
d) seja determinada a juntada das seguintes documentações: cópia do ato de
nomeação do servidor público Moura Júnior e do processo administrativo de
contratação de propaganda;

e) ao final, seja julgado procedente o pedido, confirmando a liminar e determinando


a nulidade dos atos administrativos;

f) sejam condenados os impetrados ao pagamento das custas e honorários


advocatícios (art. 12 da Lei n. 4.717/65), bem como ao ressarcimento das perdas
e danos (art. 11 da Lei n. 4.717/65);

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00

Nestes termos, pede deferimento.

Local e data
ADVOGADO/OAB

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