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Colaboradores SUMÁRIO

Anneliese Schmidt.
Mestrado em Sistemas de Gestão Jogos na saúde e a saúde
pela Universidade Federal nos jogos.........................2
Fluminense; Bacharel em Letras
pela Universidade do Estado 2 de abril: Dia Mundial
do Rio de Janeiro, da Conscientização
com Especialização em Gestão do Autismo.....................7
da Comunicação Corporativa;
estudiosa da cultura afro-brasileira Uma cientista que
se descobriu Autista.... 10
Marcia Capella.
Doutorado em Ciências (Biofísica) Moda, beleza e suas
pela Universidade Federal do Rio consequências
de Janeiro; professora associada no indivíduo..................21
do Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho-UFRJ. Psicanálise e Filosofia:
“eu: entre eu e os meus
Luiz Sabbatini. demônios”.....................30
Doutorado em Ciências (Biofísica)
Pela Universidade Federal do Rio Curiosa-Idade..............34
Do Rio de Janeiro; é professor
da UNESA e do CEDERJ. Sucesso e qualidade
de vida: “Sepultar
os mortos; cuidar
dos vivos; fechar
______________________ os portos.”...................36

Jardim de letras.........40
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JOGOS NA SAÚDE
E A SAÚDE NOS JOGOS

Flávia de Carvalho-
Doutoranda do Programa de Pós
Graduação em Informação e
Comunicação em Saúde, do Instituto
de Comunicação e Informação
Científica e Tecnológica em Saúde,
da Fundação Oswaldo Cruz, com
Doutorado Sanduíche na Breda
University of Applied Sciences.
https://about.me/flaviagcarvalho

A Revista Saber+ conversou com Flávia de Carvalho, e


solicitou seu auxílio para a compreensão da importância
de jogos em relação à educação e à saúde. Expressamos
nossa profunda gratidão pela gentileza e empenho nessa
colaboração em prol do fomento cultural e conscientização
a respeito do que é possível fazer para tornar melhor, mais
saudável e feliz a vida da maior quantidade possível de
pessoas.

Videogames podem ser saudáveis?


Recentemente, com as notícias sobre a epidemia de
COVID-19, o jogo Plague Inc entrou em evidência. A
diversão desse jogo é um tanto quanto controversa, pois o
objetivo do jogador é extinguir a raça humana iniciando
uma pandemia. Nele, o jogador começa criando uma
doença e escolhendo um lugar do globo para iniciar o
contágio. Conforme a epidemia avança, o jogador começa
a receber informações sobre o trabalho de governos para se
controlar a epidemia e chegar à cura, devendo agir rápido
para criar mutações na doença e burlar essas iniciativas. A
empresa responsável pelo Plague Inc já relatou que, desde
que o jogo foi lançado anos atrás, sempre que ocorrem
notícias de alguma epidemia também surge um aumento no
número de jogadores por todo o globo.
Durante a última epidemia do Ebola, os criadores do
Plague Inc arrecadaram doações de jogadores e as
repassaram a instituições que combateram a doença. Agora,
entretanto, o governo chinês baniu o jogo por este ser
associado a informações falsas sobre epidemias, apesar de
ser apenas um jogo desenvolvido para divertir.
Desde que os videogames se tornaram populares,
eles passaram a despertar curiosidade e preocupação por
suas potencialidades e riscos. Quando se fala em jogos
melhorando a saúde, muitas vezes se pensa nos jogos
educativos e naqueles que estimulam a atividade física.
Quando se fala nos seus riscos para a saúde, na maioria das
vezes se pensa no vício em jogos, no sedentarismo e na
possibilidade de estimularem comportamentos violentos.
Entre as duas percepções, o hábito de jogar e a relação com
a saúde continua sendo um assunto controverso e as
pesquisas que apontam os prejuízos dos jogos para a saúde
frequentemente têm sido refutadas por serem tendenciosas
e usarem metodologias inadequadas para se chegar às suas
conclusões.
Com o intuito de divulgar o potencial positivo dos
jogos para a saúde, o livro “O jogo como prática de
saúde”, da Editora Fiocruz, descreve várias experiências de
sucesso, buscando mostrar a diversidade de iniciativas e
apontando caminhos para que outras pessoas possam se
inspirar.
Dessa forma, um dos capítulos se dedica a mostrar
como os jogos podem ser usados em terapias. Na
reabilitação, temos exemplos de jogos tornando a
fisioterapia e a terapia ocupacional mais divertidas, fazendo
com que os pacientes faltem menos às sessões e participem
de maneira mais engajada e consciente.
No cuidado em saúde, destacam-se os jogos digitais
como alternativa para que crianças em tratamentos médicos
e, portanto, impossibilitadas de atividades físicas, possam
exercer seu direito de brincar e socializar. Durante alguns
cuidados mais dolorosos, os videogames também podem
ser usados tanto por crianças quanto por adultos para
diminuir a ansiedade e a sensação de dor, distraindo as
pessoas de seus medos.
Outro capítulo se dedica aos jogos na educação, que
podem ser usados em escolas, com a mediação de
educadores, para o ensino sobre saúde. Outra forma é o
treinamento de profissionais de saúde, que podem se
beneficiar de jogos que simulem situações de trabalho,
proporcionando um ambiente em que o profissional pode
experimentar, exercitar suas habilidades e errar à vontade,
sem que a saúde de um paciente real seja colocada em risco.
O livro também apresenta o potencial dos jogos para
a comunicação e a participação social na saúde, uma vez
que um jogo pode ser visto como um meio de comunicação.
Por exemplo, um tabuleiro de jogo pode reunir um grupo
de pessoas que jogam ao mesmo tempo em que estão
debatendo uma questão de saúde. Entre os videogames, os
jogos online também podem ter essa capacidade, como no
exemplo de um jogo em que diversos jogadores possam
unir forças para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti,
permitindo também que os jogadores debatam entre si e
entendam a importância do trabalho conjunto.
O livro termina com dicas para os interessados em
produzir jogos para a saúde, falando do processo de criação
desses jogos e deixando recomendações de leituras
complementares e recursos online. Vale a leitura, para
quem gosta de jogos ou tem curiosidade para conhecer
melhor este universo na sua relação com a saúde.
_______________________________________________
Matéria conduzida por Marcia Marques
DOIS DE ABRIL: DIA
MUNDIAL DE
CONSCIENTIZAÇÃO DO
AUTISMO

As Organização das Nações Unidas (ONU) definiu


no fim do ano de 2007, o dia 2 de abril como o Dia Mundial
de Conscientização do Autismo. Neste dia, os principais
cartões-postais do planeta se iluminam de azul (no Brasil,
o mais famoso é o Cristo Redentor), para lembrar a data e
chamar a atenção da mídia e da sociedade para o chamado
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Apesar de o
símbolo do autismo ser um quebra-cabeça, denotando sua
diversidade e complexidade, a cor relacionada ao autismo é
o azul, representando a maior incidência de casos no sexo
masculino. Dados da OMS apontam que os meninos
representam 80% do total de crianças diagnosticadas com
TEA. Por isso, o azul costuma estar presente em iniciativas
sobre os distúrbios como a iluminação com luz azul de
prédios e monumentos no Dia Mundial de Conscientização
do Autismo. Curiosamente, o azul é uma cor fria, e as cores
frias são, de maneira geral, preferidas pelos autistas. Alguns
autistas possuem mesmo aversão a cores mais quentes,
como o vermelho.
Neste ano (2020), pela primeira vez a comunidade
envolvida com a causa do autismo lidera uma campanha
nacional com o tema: “Respeito para todo o
espectro”, usando a hashtag #RESPECTRO nas redes
sociais.
O autismo, ou oficialmente Transtorno do Espectro
do Autismo (TEA) é caracterizado pelo déficit em duas
áreas importantes do desenvolvimento: a comunicação
social e o comportamento. Como o próprio nome indica,
não há apenas um tipo de autismo, mas diversos subtipos,
que se manifestam de diferentes maneiras. Poderíamos
dizer que cada pessoa do espectro tem características
únicas, com diferentes graus de comprometimento,
podendo ou não ter comorbidades (outras condições ou
doenças associadas), como por exemplo deficiência
intelectual, epilepsia etc, até pessoas com o chamado
autismo leve de alto funcionamento, que muitas vezes nem
chegam a ser diagnosticadas. Na revista Autismo podemos
ler que fatores genéticos são os mais importantes na
determinação das causas, sendo 81% hereditário.
(https://www.revistaautismo.com.br/o-que-e-autismo/)
Até bem pouco tempo o autismo na pessoa adulta
era relativamente desconhecido pela maioria dos
profissionais da área. O diagnóstico tardio do autismo se dá
geralmente na faixa do espectro considerada autismo leve,
de alto funcionamento, antigamente diagnosticados como
Síndrome de Asperger. Os autistas com inteligência normal
ao acima da média podem levar uma vida praticamente
normal, mas com um custo emocional muito alto.
Adultos diagnosticados tardiamente como
“atípicos” se beneficiam do diagnóstico, pois encontram
respostas para muitas perguntas. Muitos desses autistas
adultos participam de grupos virtuais, trocando
experiências, alguns tornam-se ativistas, mas a maioria se
beneficia do reconhecimento de si mesmo, pois viveram
décadas tentando se adaptar a um mundo “neurotípico”.
Em solidariedade ao Dia Mundial do Autismo, a
Revista Saber+ decidiu atrasar em um dia a sua publicação
(que acontece todo primeiro dia do bimestre), além de fazer
uma entrevista com uma professora-pesquisadora da
Universidade Federal do Rio de Janeiro que descobriu,
tardiamente, que era autista.
UMA CIENTISTA QUE SE
DESCOBRIU AUTISTA

Apresentamos a você a entrevistada: Marcia A. M.


Capella, Professora Aassociada do Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.

RS+:
_ Professora Marcia, conte-nos um pouco sobre a sua
infância e adolescência.
MC:
_ Eu nasci e cresci no subúrbio carioca. Passei minha
infância entre os bairros de Quintino, Cascadura e Praça
Seca. Na adolescência fui morar no Andaraí, região da
grande Tijuca. Sempre fui uma criança estranha; eu sabia
que era diferente das demais. Não me “encaixava”, não
gostava de grupos, de gritaria, de barulho, de luz intensa.
Como era filha única, passava sozinha a maior parte
do tempo em que não estava na escola; e de certa forma eu
gostava, apesar de ficar olhando da janela as crianças
brincarem na rua. Mas eu não conseguia “me enturmar”.
Me sentia uma E.T. (Risos). Sofri muito o que hoje
chamamos de bullying, até por parte de uma professora.
Tive muitos problemas por causa da minha incapacidade de
socializar.
Posso dizer que na minha adolescência minha
história piorou por um lado, mas por outro, melhorou. Meu
avô faleceu e nos mudamos para o Andaraí. Para mim,
qualquer mudança era complicada. Já era difícil fazer
amizades, e a mudança para um bairro distante foi muito
ruim. Por outro lado, na escola onde eu estudava havia uma
biblioteca de bairro, e eu podia ir para lá durante o recreio,
falta de professores etc. Lá, na biblioteca, li muito! Comia
os livros (risos). Li de tudo, de romances policiais de
Agatha Christie a Kafka, Ibsen, Brecht, passando por
Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes...
Enfim, acho que li quase todos os livros da biblioteca. Isso
me fazia ficar distante dos colegas. Mas, em sala de aula,
sempre fui muito solícita, e gostava de auxiliar os colegas
que não estavam entendendo a matéria. Dessa forma, tinha
amigos que não implicavam com meu jeito estranho de ser.
Já não sofria mais bullying, mas também não era convidada
para nenhuma festa, pois “a Marcia não vai mesmo”. E era
verdade. Eu não ia, não gostava, me sentia mal em festas,
mas doía ouvir isso. Dói até hoje. Queria ser igual a todos
e não entendia a razão de ser tão diferente.

RS+:
_ Quando e como você se descobriu dentro do chamado
Transtorno do Espectro Autista?

MC:
_ Descobri no ano passado, aos 56 anos, quando um amigo
psicanalista me perguntou se eu já havia pensado nessa
possibilidade, devido não somente ao que relatei acima,
mas à minha literalidade. Esta, aliás, sempre foi uma
característica muito forte em mim. Por conta desse “alerta”
de meu amigo, comecei a pesquisar sobre o assunto, e vi
que me enquadrava em quase tudo da chamada Síndrome
de Asperger, ou autismo leve, de alto desempenho. Procurei
uma neuropsicóloga especializada em TEA e ela fez uma
bateria de exames e, ao final, deu um laudo de TEA, com
alto QI. Depois disso, procurei um psiquiatra para
confirmação e obtenção do laudo definitivo, e aí começou
a minha “via crucis”. Todos os psiquiatras olhavam os
testes e o laudo da neuropsicóloga, me olhavam e diziam:
“Mas você é uma mulher bem-sucedida. Para que você quer
um diagnóstico?” E me receitavam anti-depressivos e
medicamentos para insônia, apesar de eu não ter insônia
nem ser depressiva. Talvez a minha quietude incomode a
todos, inclusive aos profissionais da área, que a confundem
com depressão. Confesso que eu já estava quase desistindo,
quando, finalmente, uma psiquiatra entendeu que, para
mim, era importante ter a confirmação da razão de eu ser
assim, até mesmo para que eu pudesse ter um
acompanhamento psicológico adequado. Assim, em março
deste ano, recebi o diagnóstico definitivo de uma psiquiatra,
após ter passado por uma neurologista, que pediu
eletroencefalograma e ressonância magnética de crânio,
para descartar algumas doenças.

RS+:
_ Agora, conte-nos sobre sua vida acadêmica, sobre os
ajustes que, mesmo não sabendo a respeito de ser autista, e
talvez, exatamente por não saber, você fez para persistir e
se tornar a professora-pesquisadora que é, reconhecida não
apenas dentro, mas também fora do Brasil, tendo diversos
artigos científicos publicados internacionalmente.

MC:
_ Sempre foi muito difícil ter que me adaptar. Entrei para a
UFRJ, como estudante de Graduação em Física, em 1980.
Em 1985 iniciei meu Mestrado em Biofísica, seguindo logo
após com o Doutorado. Em 1992 tornei-me professora-
pesquisadora. Em vários momentos quis desistir e jogar
tudo para o alto, principalmente nos momentos que exigiam
a minha presença em eventos. Nesses quase quarenta anos
de UFRJ, posso dizer que NUNCA participei de festas
juninas ou de comemorações de finais de ano, ou qualquer
evento comemorativo. Sou a antissocial da UFRJ (risos).
Posso dizer, também, que participar de congressos
científicos era (e é) um grande tormento. Muita gente junta,
falando, é definitivamente um inferno para mim! Costumo
dizer que posso conversar muito bem com uma pessoa, bem
com duas, mais ou menos com três, e a partir de quatro
começa o meu inferno. Em geral, as pessoas falam ao
mesmo tempo, retrucando o que a outra está falando, e isso
me deixa completamente apavorada; o zumbido de pessoas
falando juntas, e meu cérebro processando tudo ao mesmo
tempo, me deixa tonta, sem ação. Eu paro de falar. Paraliso
mesmo, porque meu cérebro está processando tudo, todas
as informações.
Geralmente as pessoas conseguem focar em uma
coisa específica e “desligam” o resto. Eu não. Se vou a um
barzinho (para dar um exemplo que todos entendem) meu
cérebro processa a informação da televisão que está ligada,
embora sem som, mais a música que está tocando, seja ao
vivo ou não; o que as pessoas das mesas em volta estão
falando; as luzes do ambiente... Tudo está sendo
processado pelo meu cérebro, e em poucos minutos entro
no que chamo de exaustão: preciso sair dali o mais rápido
possível e ir para algum lugar escuro e sem som.
Dependendo do tempo em que fiquei “exposta”, posso
precisar de mais de um dia para me recompor. Essa minha
total incapacidade de permanecer muito tempo em
ambientes com diversos estímulos sonoros e visuais me
afasta das pessoas, mas não tem relação com depressão. O
que os médicos chamam de depressão, eu chamo de
exaustão. É como se você passasse duas, três noites sem
dormir. A sensação é quase a mesma (eu já tive que ficar
algumas noites sem dormir, quando meu pai estava doente,
antes de falecer), só que bastam algumas poucas horas com
muitos estímulos sensoriais para que eu entre em um
processo de exaustão.
Hoje, sabendo da minha condição, já saio de casa
com um protetor auricular. Levo sempre comigo uma
máscara dessas de cobrir os olhos para dormir e um
medicamento receitado pela psiquiatra, que atua como um
S.O.S. para aliviar a ansiedade em momentos que preciso
estar em meio a vários estímulos sensoriais simultâneos.
Posso dizer que, sem sombra de dúvida, ter um diagnóstico
está mudando a minha vida. Estou começando a me
entender e a me prevenir, o que irá me ajudar,
provavelmente, a voltar a ir a congressos, simpósios etc.,
que eu já havia deixado de ir por não suportar mais o
“barulho” e as luzes.

RS+:
_ Professora Marcia, você está para lançar uma
autobiografia. Diga-nos sobre o que a motivou.

MC:
_ Durante o processo de diagnóstico, a neuropsicóloga me
falou para eu ir escrevendo tudo o que me lembrava, e como
me sentia. De início eu não consegui, até que arranjei um
modo de passar para o papel as minhas lembranças e
sensações; escolhi um nome: “Mariana”. Eu escrevia tudo
em terceira pessoa. “Mariana fazia isso”; “Mariana chorava
por aquilo” etc. Ao término, a neuropsicóloga recomendou
que eu escrevesse um livro com essas minhas memórias,
pois poderia ser de grande ajuda a muitas pessoas. Então,
peguei o que havia escrito e coloquei na Amazon, como e-
book, e várias pessoas compraram, mesmo sendo apenas
um rascunho da minha vida. Fui, inclusive, contatada por
uma estudante de Mestrado, que estava preparando sua
dissertação sobre mulheres autistas com diagnóstico tardio.
Concedi entrevista a ela, que chegou a ler o meu livro.
Logo depois, retirei o livro da Amazon, porque era
apenas uma espécie de rascunho; era o que eu havia escrito
durante o processo do diagnóstico. Agora estou
reescrevendo, com outro olhar, até mesmo com outras
emoções, pois entendo que certas coisas que passei foram
decorrentes da minha condição. Desta forma, devo lançar o
livro até o final de abril, pela Maya Editora. O livro ficará
disponível à venda no site da editora, em formato pdf e
impresso, mas também será colocado na loja Kindle da
Amazon. Em meu livro, muitos aspectos da minha vida, que
certamente são iguais ou bem semelhantes aos da vida
muitas pessoas, serão detalhados e comentados, e desejo,
muito, mas muito mesmo, que meu livro possa
proporcionar alento e orientação, a quem tem TEA e a seus
familiares e amigos.

RS+:
_ Professora Marcia, esteja em liberdade para finalizar
nossa entrevista dizendo o que você quiser.
MC:
_ Espero, mesmo, que meu livro autobiográfico ajude os
jovens autistas a superarem os obstáculos e a persistirem
em seus sonhos. Eu consegui. Vocês também conseguirão!
E espero, principalmente, ajudar aos familiares de autistas
não verbais a encontrar o “gatilho” que leva ao descontrole.
Um exemplo que dou, em meu livro, e que já comentei em
algumas redes sociais, se refere à dor, quando a água do
chuveiro bate em meu corpo. Qual neurotípico vai pensar
que banho de chuveiro pode causar dor? Mas sempre foi
doloroso para mim tomar banho de chuveiro...
Espero, ainda, que a Maya Editora possa lançar uma
antologia, com pequenos textos autobiográficos de autistas,
para ajudar os neurotípicos a nos entenderem um pouco
melhor. Cada um tem uma história. O espectro é amplo...

RS+:
_Agradecemos muitíssimo, Professora Marcia Capella,
pela oportunidade de entrevistá-la. Temos certeza de que
essa entrevista foi muito útil a várias pessoas e de que seu
livro será de enorme utilidade. Parabéns! Sucesso na
publicação de seu livro!
_______________________________________________
Matéria conduzida Por Julio Cesar S. Pereira
MODA, BELEZA E SUAS
IMPLICAÇÕES NO INDIVÍDUO

Ricardo Prado-
Psicanalista e consultor de
relacionamentos
Whatsapp: (11) 9 9384-2676
E-mail: ricardoprado84@gmail.com
Facebook/ricardopradosel

A moda já não é como há muitas décadas, de maneira


que alguns estudiosos chegam a dizer que não mais existe
moda, e sim, estilo, pois cada pessoa compõe sua própria
imagem no vestir e (no caso das mulheres especialmente)
no ato de se maquiar, entre outras coisas, imprimindo a sua
identidade. Mas é inegável que existe uma espécie de
ditame, quase que uma imposição velada para
fortalecimento do consumo. Esse “ditame velado” é o que
se costuma chamar de “estudo de tendências”,
salvaguardando empresários e profissionais que entendem
o valor da diversidade e assumem o desafio de, respeitando
a adversidade, agregar, com isso, valores humanos em seus
produtos e serviços.
Antigamente a nobreza era o poder influenciador da
chamada “grande massa”, que copiava, de algum modo, o
que a nobreza vestia, utilizava e mesmo o comportamento.
Atualmente os influenciadores são, predominantemente,
artistas, blogueiros e youtubers de destaque. Para tratar
sobre os efeitos da relação entre o mercado de moda e
beleza e o público consumidor, convidamos o psicanalista
Ricardo Prado, que, por ser também formado em
Arquitetura, utiliza em seus atendimentos princípios de
proporcionalidade, equilíbrio e funcionalidade, a fim de
que, trabalhando nos “cômodos da alma humana”, possa
melhor auxiliar na “construção ou reconstrução do ser”.

RS+:
_ Ricardo, considerando a sua experiência em atendimentos
como psicanalista e consultor de relacionamentos,
perguntamos: quais as implicações possíveis na relação da
pessoa com os apelos da indústria e seu suporte midiático,
quando essa relação se torna perigosa?
RP:
_ A questão que vem à tona é exatamente a da auto
aceitação, da auto estima e, principalmente, a do sentido de
encontrar-se, perante si e perante a própria experiência do
indivíduo na compreensão do que é considerado bom ou
ruim, bonito ou feio, ou seja, que desencadeie um bem estar
sintonizado com a sua própria originalidade e
essencialidade, com seu próprio desejo. Nos dias de hoje, o
“ser” tornou-se dependente do “ter” e do “usar”. O
problema se intensifica, justamente, pela falta de auto
consciência nesse sentido. Atualmente, com o surgimento
das mídias sociais, observamos um número crescente de
influenciadores de estilos, profetizando o que deve e o que
não deve ser usado, o que é harmônico e o que não é. Com
isso criou-se um abismo entre o que “eu sou” e o que “a
mídia deseja que eu seja”, uma ponte extensa entre a auto
aceitação e a aceitação da sociedade, permeada por
influências e ditames, o que, obviamente, favorece o
consumismo. Não um consumismo consciente, mas um
consumismo permeado de extrema necessidade em se
manter uma auto imagem que, na verdade, ficou longe de
ser construída pelo indivíduo, mas sim. Com isso, surge um
agravante: o de tornar-se escravo da tendência, ou seja, ser
escravizado perante o mercado da moda e da beleza para a
sustentação de uma imagem deturpada, não original, uma
imagem comprada, não construída através da auto
consciência. E aí é que surge o grande problema: gasta-se
uma imensa energia, tempo e, obviamente, dinheiro, mais
do que o realmente necessário, para a manutenção de uma
imagem criada pela mídia, que fomentada pelo desejo de
aceitação e pertencimento na sociedade, causa ainda mais
problemas emocionais e financeiros. A pessoa acredita
estar exercendo seu poder de escolha, quando, na verdade,
está apenas sendo impulsionada inconscientemente ao
consumo desinteligente e à dependência de opiniões alheias
sobre o que é certo e errado, bom e ruim, dentro da
“tendência” ou “fora dela”. Dá-se muito poder ao que é
ditado pela mídia de forma impermanente e muito pouca
atenção ao que realmente manifeste bem estar e felicidade
duradouras.

RS+:
_ O que as pessoas podem e devem fazer para desenvolver
uma relação saudável com a indústria de moda e beleza,
diante dos apelos midiáticos e o que as indústrias podem e
devem fazer para atuarem respeitando a diversidade, a
identidade, e ainda assim continuar crescendo e,
consequentemente, melhor servindo aos seus clientes,
contribuindo para o bem-estar dos mesmos?

RP:
_ Veja que não é errado seguir uma “tendência” transmitida
pela mídia, desde que seja uma atitude inteligente, em que,
primeiramente, reforce e desenvolva ainda mais a auto
consciência. Cada pessoa deve perguntar a si mesma: “O
que gosto realmente? O que faz com que eu realmente me
sinta bem? Estou comprando essa roupa ou essa
maquiagem, ou mesmo fazendo essa cirurgia plástica para
quem? Realmente necessito disso para que eu me sinta
bem?” Essa é a questão: trazer o ato de consumir para a
consciência do quanto está se comportando de forma
genuína e consciente perante a moda ou o quanto está se
comportando de forma totalmente inconsciente, irracional
e escravizante. No quanto isso se tornou uma dependência
e não uma escolha. O mercado de consumo desenvolve
estratégias para atingir o emocional do indivíduo; não sua a
razão. “Moda” é emocional. “Tendência” é emocional.
Consumo de alimentos e de bebidas, até certo ponto, é
emocional. O próprio dinheiro tende a exercer em nós uma
influência completamente emocional. Costumamos
comprar e gastar totalmente guiados na busca pelo prazer.
Mas quase nunca é um prazer permanente ou, pelo menos,
saudável. É um prazer momentâneo, que, como uma droga,
necessita ser, constantemente, saciado com “maiores
doses”. Auto consciência e inteligência emocional são as
chaves para uma relação saudável com a indústria da moda
e da beleza. Como todo vício e dependência, que reafirmo,
são comportamentos de cunho emocional, é necessário a
“quebra do ciclo”. A “quebra do padrão”. É um paradigma.
Para a quebra desse paradigma, é necessário o uso da razão.
“Quebrar” o impulso emocional com perguntas racionais é
um método muito persuasivo e eficiente na maioria dos
casos. Razão e emoção não são duas vias distintas. Uma
trabalha em parceria com a outra. O segredo é sentir uma
emoção, um impulso e, imediatamente, perguntar-se, por
exemplo: qual a forma mais saudável, produtiva, inteligente
e consciente de direcionar esse impulso emocional?
RS+:
_ Do seu ponto de vista, o que é ou deveria ser, de fato, a
"beleza", no que se refere ao ser humano?

RP:
_ A beleza, seja no ser humano ou no mundo à nossa volta,
segue a teoria da relatividade. Não é possível
padronizarmos a questão da beleza, tendo em vista que, o
que é belo para um pode não ser para o outro. Se as pessoas
tomassem esse fato como premissa na questão da beleza,
não nos depararíamos com sérios problemas vinculados ao
consumo desinteligente, emocionalmente falando, ou de
usar isso ou aquilo para criar um sentimento de aceitação
na sociedade. É justamente essa padronização que faz com
que a beleza deixe de ser algo encantador, pois na verdade,
não nos damos conta do fato de que o que realmente
encanta o Ser Humano é o diferente, o genuíno, o essencial
e o espontâneo. É, em suma, o verdadeiro. O problema é
que se torna difícil, para grande parte das pessoas, conceber
essa aceitação pelo diferente e pelo que não está em
conformidade “à tendência”, por conta da opinião massiva
e padronizada sobre o que é belo e o que é feio. Quando
saímos do círculo vicioso do consumismo, do igual e do
padronizado, adentramos em um mundo incrível de
diferenças que fazem toda a diferença! E é aí que se
encontra a beleza na sua mais pura essência: no
desenvolvimento de nossa capacidade em aceitar o
diferente e ser o diferente, como algo encantador, como
uma experiência única e não como uma experiência do
“mais do mesmo”. Quando se adquire essa capacidade,
tanto no olhar o outro como no olhar a si, descobre-se um
sentimento libertador como nunca antes; um sentimento de
verdadeira autonomia perante as “ofertas de moda, beleza
etc.”, reforçando, mais e mais, a consciência do que se é e
do que realmente se gosta, não do que “se deve ser” ou “se
deve gostar” para ser aceito. A beleza real é uma parceria
entre a beleza interna e a beleza externa, manifestada em
harmonia com o Ser na sua essencialidade.

RS+:
_ A Revista Saber mais agradece imensamente pela
entrevista.
_______________________________________________
Matéria conduzida por Julio Cesar S. Pereira
PSICANÁLISE
E FILOSOFIA
Julio Cesar-
Psicanalista, jornalista, teólogo,
artista plástico autodidata e graduando em
Filosofia
www.psijuliocesar.com

EU: ENTRE O DEMÔNIO DA PANDEMIA E OS


MEUS DEMÔNIOS

O poeta e polemista John Milton (Londres, 9 de dezembro


de 1608- 8 de novembro de 1614) cunhou a expressão
“pandemônio”, em um de seus textos, para significar,
metaforicamente, a “reunião de todos os demônios, no Inferno,
sob o comando de Satanás”.
Todos, de um modo ou de outro, por livre-vontade ou por
imposição relativamente severa, estamos reunidos, em nível
mundial, “no Inferno, sob o comando de Satanás”.
Dia após dia (antes desse período pandêmico) cada pessoa,
ao entrar em seu automóvel e pegar as estradas, ou, ao sair de
casa para pegar um Uber, ônibus ou mesmo para fazer uma
simples caminhada, se expunha a um risco tão elevado de
morte no trânsito quanto ao de contágio pelo Covd 19. Saliento
isso sem negligenciar, de maneira alguma, a gravidade do que
estamos vivenciando, mas para chamar a atenção à letargia em
que nos encontramos, ou, mais propriamente, em que nos
perdemos sem nos darmos conta. Foi preciso um “catucar-nos
abruptamente, no período de mais profundo sono, para,
finalmente, acordarmos”. Porém, estamos “acordando, assim,
de súbito, movendo freneticamente braços e pernas, como se
contra um enxame de abelhas lutássemos”. Foi necessário um
“foco de luz negra sobre a Morte com a sua Foice, para
projetar, então, a sua sombra, nos fazendo perceber, aturdidos,
a presença da morte que, por sua vez, jamais se ausenta de
nossa presença”. Com tudo isso, parece-me, ainda, que a
maioria de nós continua dormindo, em meio a um pesadelo,
sem se dar conta do pesadelo que já vinha sendo a sua própria
vida “desperta”.
A correria, de casa para o trabalho, do trabalho para casa, a
desenfreada disputa pelo consumo de coisas que, comparadas
à valores outros, não passam de quinquilharias
eletrodomésticas, tecnológicas, era, para grande parte de nós,
uma espécie de refúgio em relação a si próprio. De nossas
piores companhias, somos, quase sempre, a pior! O isolamento
nos tem colocado em companhia de nós mesmos por um tempo
que, para a maioria de nós, é excessivo e, consequentemente,
perigoso. Os ânimos estão se exaltando... Solidariedade em
tempos de Coronavírus? Quem é que se importava com quem,
dia após dia, se expunha a elevado risco de morte no trânsito?
Quem é que se importa com a fome que, dia após dia, devora
multidões pelo mundo à fora? Acidentes fatais de trânsito ou
a fome do outro não são coisas transmissíveis... Em
circunstâncias de contágio, ajudamos o outro principalmente
por causa de nós mesmos, geralmente, para que o outro não se
torne a causa da nossa própria morte que tanto tememos. Mas,
do que tememos, realmente?
A morte que tememos, infelizmente sem percebermos, de
tão profunda que é a nossa letargia, não é o simples
aniquilamento orgânico, e sim, a “morte do eu”, de tudo o que
somos e de tudo o que poderíamos vir a ser; a “morte” do
perdão adiado; do abraço não dado; do beijo molhado que
jamais seca na lembrança do amor vivido; a “morte” do amor
não vivido ainda sonhado... São esses, os valores outros aos
quais nada se compara!
Devemos não mais priorizar a busca de culpados para a
pandemia, nem se importar tanto com as medidas que
poderiam e que deveriam ter sido tomadas, rapidamente, para
conter seus avanços e evitar outros danos decorrentes e em
grandes proporções , pois o que não tem remédio, remediado
está.
O que importa, então, já que estamos “no olho do furacão”?
O mais importante, agora, é fazermos a mais inteligente
pergunta: o que podemos e devemos fazer enquanto nada
podemos fazer? E que a resposta seja tão inteligente quanto a
pergunta, pois dela depende todo o período pós-pandemia
Covid-19.
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https://mayaeditora/revista-saber
CURIOSA-IDADE

A vida vista pelos olhos das crianças

Há muitos minutos, pessoas batendo panelas e gritando aqui


nas redondezas.

Aí Cecília, 4 anos, se vira para mim e analisa:

- As pessoas estão cantando parabéns para o coronavírus? Não


tô entendendo...
Nem eu, minha filha. Nem eu...
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Maria Fernanda
SUCESSO E
QUALIDADE DE
VIDA
Prof. Luiz Marins-
Antropólogo, escritor, palestrante e consultor empresarial no Brasil
e no exterior

"Sepultar os mortos; cuidar dos vivos;


fechar os portos"

Dizem que passado o terremoto de Lisboa (1755), o rei


Dom José perguntou ao General Pedro D’Almeida, Marquês
de Alorna, o que se havia de fazer. Ele respondeu ao rei:
- Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos.
Essa resposta simples, franca e direta tem muito a nos
ensinar. Muitas vezes temos em nossa vida empresarial e
mesmo pessoal, terremotos avassaladores como o de Lisboa
no século XVIII. A catástrofe é tão grande que muitas vezes
perdemos a capacidade de raciocinar de forma simples,
objetiva. Esses terremotos podem ser de toda ordem: um lote
de produtos com defeito que saiu de nossa indústria para o
mercado sem que tenhamos detectado a tempo; produtos
contaminados que causaram problemas; erros incorrigíveis
cometidos por nossos funcionários em relação ao nosso
melhor cliente, etc, etc. Todos nós estamos sujeitos a
terremotos na vida. Quem está competindo no mercado sabe
que há falhas geológicas indetectáveis sob nossos pés e que
podem gerar um tremor a qualquer instante sem que estejamos
preparados. O que fazer?
Exatamente o disse o Marquês de Alorna: Sepultar os
mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos. E o que isso quer
dizer para a nossa vida empresarial e pessoal? Que lições
podemos tirar desse conselho a D. José?
Sepultar os mortos significa que não adianta ficar
reclamando e chorando o passado. É preciso sepultar o
passado. Colocar o passado debaixo da terra. Isso significa
esquecer o passado. Pouco ou nada resolve abrirmos uma
sindicância para descobrir os culpados pelo terremoto.
Também não adianta ficarmos discutindo como teria sido se o
terremoto não tivesse ocorrido. Ou ainda se Lisboa estivesse
situada fora da falha geológica que gerou o terremoto. Enterrar
os mortos. E a verdade é que muitas empresas e pessoas têm
enorme dificuldade em enterrar os mortos. Ficam anos e anos
em atitude de um eterno velório. Passado o terremoto, lembre-
se, a primeira coisa a ser feita é enterrar os mortos.
Cuidar dos vivos significa que depois de enterrar o
passado, temos que cuidar do presente. Cuidar do que ficou
vivo. Cuidar do que sobrou. Cuidar do que realmente existe.
Fazer o que tiver que ser feito para salvar o que restou do
terremoto. Dar foco ao presente só será possível se
enterrarmos os mortos, esquecermos o passado. Cuidar dos
vivos significa reunir pessoas e bens que sobreviveram ao
terremoto e rearranjá-los de forma a servirem para a
reconstrução, para o novo. Muitas empresas e pessoas não
conseguem dar foco ao presente para cuidar dos vivos. Vivem
o tempo todo na ilusão do que poderia não ter ocorrido. Não
conseguem se desligar. Não têm energia para cuidar dos
vivos.
Fechar os portos significa não deixar as portas abertas
para que novos problemas possam surgir ou vir de fora
enquanto estamos cuidando dos vivos e salvando o que restou
do terremoto de nossa empresa ou de nossa vida. Significa não
permitir que novos problemas nos desviem do cuidar dos
vivos.
Fechar os portos também é necessário porque quando
você está passando por um terremoto, seus adversários e
inimigos sabem de sua fragilidade e possível desesperança. E
aí quererão aproveitar-se de sua fraqueza. Se você deixar seus
portos abertos poderá ter que lutar contra os invasores,
vampiros e abutres que virão espreitar a sua desgraça. Feche
os portos!
Os conselhos do Marquês de Alorna a D. José são de
uma sabedoria indiscutível. Serviram para a reconstrução de
Lisboa em 1755 e servem para nossas empresas e nossas vidas
pessoas neste século XXI.
É assim que a história nos ensina. Por isso a história é
a mestra da vida. Portanto, quando você ou sua empresa
enfrentarem um terremoto, não se esqueça: enterre os mortos,
cuide dos vivos e feche os portos!
Pense nisso. Sucesso!
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Artigo retirado da página do antropólogo Luiz Marins
https://www.anthropos.com.br/
JARDIM DE LETRAS

OS D’EFICIENTES

Eu sou deficiente. Mas deficiente de quê?


Deficiente é o nome que a ciência dá àqueles que por
natureza ou não, faltam-lhes algo para atingirem a
normalidade. Mas falta-me o quê?
Se sou cego, possuo algumas vantagens, porque só
enxergo aquilo que eu quero, pois para se enxergar, não é
necessário possuir o efeito da visão. Pra quê eu enxergar a flor,
se eu posso sentir o seu perfume, e no toque suave dos meus
dedos, imaginá-la e em consequência, vê-la em toda a sua
plenitude através das imagens produzidas pelo meu cérebro?
Ninguém! Nenhum ser que habita ou habitou o planeta
conseguiu ver o vento. No entanto, pode senti-lo nos mais
variados aspectos; frio, quente, forte, suave e, até mesmo
perfumado, de acordo com o local em que ele sopra e, em
consequência, enxerga-lo levantando a poeira do solo, tocando
as folhas das árvores ou até mesmo no farfalhar do vestido de
uma dama!
Se sou surdo, não podem me obrigar a ouvir o quero
que eu não quero. E se quero, não preciso ouvir através de
sons, porque vários caminhos me levam ao mundo da audição.
Se sou mudo, não preciso ter o “dom” da fala para
poder conversar, nem preciso emitir sons para me fazer
entender, porque possuo naturalmente, gestos, atitudes,
percepções e uma infinidade de atributos que me conduzem ao
universo da comunicação!
Se eu não posso andar certamente posso me
locomover, mesmo que com alguma dificuldade, e,
consequentemente as minhas idas e vindas são previamente
estabelecidas e os meus caminhos restritos. Talvez se eu
pudesse caminhar livremente, os meus passos me levariam
constantemente por caminhos de aventuras, de onde muitos
não conseguem voltar. Portanto, eu sou feliz. Não porque vivo
a vida como posso, e sim, porque a possuo sem complexos.
Se sou... Se sou...
Ah! Pra que ficar falando de coisas que nós, “os
deficientes”, não consideramos defeitos...
Além de tudo, participamos ativamente de eventos
esportivos em diversas modalidades, disputando inclusive,
olimpíadas e também conquistando medalhas, medalhas de
ouro, prata e bronze; e é com orgulho que ostentamos no nosso
peito essas medalhas; as mesmas medalhas que adornam o
peito dos que se acham normais. Elas são exatamente iguais.
Em tamanho, formato, beleza e valor; e em busca dessas
conquistas, possuímos o mesmo ímpeto, a mesma coragem, a
mesma ansiedade, sentimos o mesmo cansaço, derramamos o
mesmo suor e, a cada vitória, aquela emoção que toma conta
de todo o “ser” dos perfeitos, aumentando a adrenalina e
fazendo os seus corações pulsarem mais fortes, produzem em
nós os mesmos efeitos e com a mesma intensidade.
Que deficiência é essa? Não há dúvidas de que as
dificuldades existem e existirão sempre, para ambos os lados.
Os que se acham “perfeitos”, têm algumas dificuldades que
nós não temos; e nós, temos algumas que eles não têm.
Então, temos deficiência de quê?
Ah! Não é deficiência... É carência!
Carência talvez seja a palavra certa.
Carência de amor, de compreensão e de solidariedade,
por parte de alguns que se acham perfeitos.
Danny Silper

“Buscamos aquilo que não temos. Se temos não


buscamos, obviamente. Quando temos muito buscamos o
pouco. Quando temos pouco buscamos o muito. Apenas
quando temos o suficiente encontramo-nos a nós mesmos e
passamos a viver de verdade. Evite o excesso, seja de riqueza,
seja de pobreza e de tudo mais. O extremo é sempre algo
prejudicial. Sigamos o conselho da inscrição que havia no
antigo templo em Delfos: ‘Gnõthi Saauton. Medèn ágan’
(Conheça-te a ti mesmo. Nada faças em excesso).”
Julio Cesar

“Em que lugar?


Pequeno pássaro no ar,
Voe para longe com sua melodia,
E encontre para mim minha querida,
Minha amada Casa.
Oh, cotovia, pegue essa flor
Com ternura.
Eu a colhi para decorar
A casa distante de meu pai.
Oh, rouxinol, voe em minha direção
E leve este botão de rosa
Para o tumulto de meu pai.”
Nietzsche
(Poema escrito aos 14 anos de idade, em honra de sua doce
infância junto ao seu tão amado pai, e da casa paroquial presbiteriana, que,
pouco após o falecimento do pai, a família teve que deixar.)
ORIGENS E CURIOSIDADES SOBRE O
CARNAVAL

Anibal Gil Lopes


Membro titular da Academia
Nacional de Medicina (ANM);
cadeira Nº 91; graduado em
Medicina pela USP; doutorado em
Fisiologia de Órgãos e Sistemas,
pela USP, e Pós-Doutorado pela
Yale University; teólogo pelo
Seminário Arquidiocesano de São Paulo; sacerdote católico
ordenado em 1973; ex-professor titular (19993) do Instituto de
Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ; ex-diretor do Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro;
membro da Comissão de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, do
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, do
Comitê Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de
Saúde e da Comissão Internacional de Ciência e Tecnologia do
Conselho Nacional de Saúde; recebeu os prêmios Michel Jamra, da
Sociedade Brasileira de Investigação Clínica; Roberto Alcântara
Gomes, da Sociedade de Biofísica; Cientista do Nosso Estado, pela
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro; Excelência em Ensino Médico da Faculdade de
Medicina da UFRJ e AMIL (2005); Homenagem por atuação
profissional e contribuição inestimável, pelo Departamento de
Fisiologia Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da USP
(2005), e outros. É membro titular da Academia Latino-Americana
de Ciências, da Pontifícia Academia para a Vida, do Vaticano;
Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação. É associado da
Academia Brasileira Ciências; correspondente da Académie
Européenne des Sciences, des Arts et des Lattres e correspondente
brasileiro da das Ciências de Lisboa.
A Revista Saber+ teve a imensa honra e alegria de poder
entrevistar Anibal Gil Lopes, para consequentemente
oferecer aos leitores um conhecimento mais profundo em
relação às origens e curiosidades do Carnaval, enriquecendo
um pouco mais o acervo cultural de cada pessoa.

RS+:

_ Atualmente o carnaval tem sido associado às escolas de


samba e, como consequência, às expressões religiosas de
raízes africanas. Quais são, de fato, as origens do Carnaval?

A. G. L:

_ São duas as vertentes. Na Grécia, já havia na época da


primavera, uma celebração de mudança de estação. Havia um
culto dos mistérios. Nesta época do ano, as pessoas que
haviam sido iniciadas voltavam às cidades. Era um momento
de liberdade de expressão. Elas vinham fantasiadas, falavam
contra o governo etc. Era uma festa, um culto à Heleuses,
uma corrente religiosa da Grécia, que terminava, após o
período de iniciação novos membros, com uma festa, em que
eles iam à cidade. Tinha o aspecto de celebração da
primavera, mas tinha também a noção de liberdade de
expressão; era um momento de permissividade.

Essa tradição grega se mistura com a tradição romana. Em


Roma existia a Saturnália, que também era um período de
mudança de estação e de muita liberação, em todos os
sentidos. Eram momentos em que havia orgias,
manifestações políticas. Portanto são duas festas que foram
assimiladas pelo cristianismo, que deu a elas um outro
significado. Com o cristianismo, essas festas passaram a
encerrar o período pós-natal, de uma vida alegre, para entrar
em um período penitencial. O carnaval termina na
quarta-feira de cinzas, que é quando começa o período
penitencial para os católicos.

Imagem extraída de www.wilderutopia.com

O carnaval brasileiro é herdeiro do carnaval português, que


por sua vez incorporou figuras do carnaval italiano,
especialmente figuras da primitiva ópera italiana, como o
arlequim e o pierrô. Em Portugal se chama Entrudo, e o
Brasil recebeu essa tradição de Portugal por volta do século
XVII. Portanto, muitas coisas que a gente entende serem
manifestações brasileiras não são realmente brasileiras. Elas
remetem à antiga “Ópera d’arte” italiana, com suas
personagens, suas fantasias, suas máscaras, passando por
Portugal.

RS+:

_ Nessa época (dos gregos e romanos) já existia a quaresma?


A. G. L:

_ Não. No período Romano havia os ritos pagãos. Devemos


entender que o paganismo não é a negação do aspecto
religioso. Era uma construção religião pagã. Havia, então, os
cultos específicos, que eram os cultos do final do inverno e
início da primavera. O calendário judaico-cristão é um pouco
diferente, é marcado de uma outra forma, mas no fundo a
correspondência é muito próxima. A gente quando fala em
cristianismo, imagina como alguma coisa que chegou de
repente. Não. O mundo greco-romano tinha sido judaizado
em grande parte, ou podemos dizer o contrário: que o
judaísmo havia sido helenizado. Para falar em judaísmo,
temos que ter a percepção ao longo dos milênios, de como
ele evolui. O judaísmo tem uma forte marca egípcia. Nós às
vezes não percebemos, mas somos herdeiros de uma cultura
egípcia, via judaísmo e via Grécia, pois a Grécia dominou o
Egito. Os ptolomeus dominaram o Egito, e ainda que tenha
havido um domínio militar etc., a cultura egípcia era muito
importante, portanto, ela influenciou profundamente também
a cultura grega e romana, pois ainda hoje
os carnavais mantem em parte a tradição greco latina de
criticar a sociedade e seus
governantes.

Na mitologia grega, Momo (em grego, Μώμος, Mômos,


"burla", "crítica" ou "zombaria" e, em latim, Momus) é a
personificação do sarcasmo, das burlas e da ironia. É a
divindade (feminina) dos escritores e poetas.
Hesíodo contava que Momo era uma filha de Nix, a Noite
(Teogonia, 214). Luciano de Samósata recordava que Momo
foi convidada para avaliar a criação de três deuses em
concurso: Atena, Poseidon e Hefesto. Ela criticou Atena por
ter criado a casa, pois devia ter rodas de ferro em sua base,
para que o dono pudesse levá-la assim que viajasse.
Zombou do deus do mar por ter criado o Touro com os olhos
sob os chifres, quando esses deviam estar no meio, para que
ele pudesse ver suas vítimas. Por fim, criticou o ferreiro dos
deuses por ter fabricado Pandora sem uma porta em seus
peitos para que se pudesse ver o que ela mantinha oculto em
seu coração. Não bastando isso, ironizou Afrodite, ainda que
tudo quanto pudesse dizer dela era que não passava de uma
tagarela e que usava sandálias que rangiam no piso do
Olimpo. Ela teve, além de tudo isso, a audácia de fazer
comentários jocosos sobre a infidelidade de Zeus para com
Hera (Filóstrato, Epístolas). Devido a tais coisas, Momo foi
exilada do Monte Olimpo. Porém, mais tarde, estando Zeus
preocupado com o fato de que a Terra oscilava com o peso
que a humanidade fazia, permitiu o retorno de Momo ao
convívio do Olimpo, desde que o ajudasse a descobrir um
remédio para tal problema. De forma descontraída e irônica,
ela sugeriu que ele criasse uma mulher, muito bonita, pela
qual muitas nações guerreassem e assim se destruíssem. Zeus
levou-a a sério e assim nasceu Helena, que levou os gregos à
guerra de Troia. Portanto, de certo modo, podemos dizer que
Momo sabe gerar a disputa e as guerras.

No que se refere ao advento do Cristianismo, podemos


afirmar que se deu no contexto de um judaísmo
profundamente helenizado.

O mundo, na época do surgimento do Cristianismo, já era


internacionalizado, globalizado, possibilitando bastante
intercâmbio cultural, misturas de crenças, ideias e costumes.
Na medida em que o Cristianismo foi se tornando, cada vez
mais, uma religião com um grande número de adeptos, e
religião de contestação, de mudança de valores, teve, como
uma das primeiras ações, dar novas formas à tudo aquilo que
era do cotidiano pagão das pessoas, conferindo significados
cristãos, como uma releitura da vida, dos valores. Todas
essas festas foram, então, cristianizadas. A Páscoa, por
exemplo, do Judaísmo, era algo bastante marcado, fixado
culturalmente, foi
ressignificada, devido a Ressurreição do Cristo exatamente
no período de celebração da Páscoa, que passou a fazer
referência à uma libertação global do ser humano, em relação
a tudo, a todo o mal que o amarra, que escraviza a
consciência. E a Páscoa, no mundo judaico e no mundo
cristão, é aquilo que determina todas as celebrações e festas
do ano. Sendo, a Páscoa, uma celebração que se faz sob o
fenômeno lunar, não possui, em nosso calendário, uma data
fixa. Para a celebração da Páscoa, utiliza-se o calendário

Imagem extraída de www.greekmythology.wikia.com. É curioso


observarmos que a figura original feminina de Momo foi transformada,
com o tempo, na figura masculina.

lunar, e a partir dessa celebração, conta-se quarenta dias


antes e encontra o início da quaresma, e cinquenta dias
depois para o Pentecostes. Assim vai-se tendo os
balizamentos, as marcações para as demais festas litúrgicas
cristãs. A Quaresma fica, portanto, quarenta dias antes da
Páscoa, e começa na Quarta-Feira de Cinzas. O Carnaval
segue o calendário litúrgico, ocorrendo nos dias que
antecedem a Quarta-Feira de Cinzas. Teoricamente, o
Carnaval é na segunda-feira, que passou a ser no domingo,
ou mesmo no sábado, se estendendo até terça-feira e, como
festa, vai se espichando cada vez mais, em alguns países,
como no Brasil. Na Europa costuma ser em apenas um dia. É
importante salientar que, embora os brasileiros queiram ver,
no Carnaval, elementos afro, o Carnaval não é uma festa de
origens afro, absolutamente. A inserção de elementos afro,
no Carnaval brasileiro, é um fenômeno recente.

RS+:

_ Cristãos costumam associar o Carnaval ao Diabo, buscando


dar uma conotação puramente sexual. O Carnaval é uma festa
do Diabo?

A. G. L:

_ Nas origens, o Carnaval até envolvia a sexualidade. No


mundo greco-latino, a sexualidade tinha uma dimensão
totalmente diferente do mundo judaico-cristão. Fazia parte
dos cultos religiosos greco-latinos, por exemplo, a prostituta
sagrada. A questão da sexualidade no mundo greco-latino
tem uma conotação para nós, hoje, um tanto estranha. Todas
as festas orgiásticas, com uso de bebidas, por exemplo, como
é algo emblemático na figura de Baco, com as bacanálhas,
que deram origem à expressão bacanal, eram celebrações
correspondentes ao nosso Carnaval; era a liberação dos
costumes, como válvulas sociais para que as pulsões
reprimidas ou controladas tivessem livre-curso. Acho que o
Carnaval brasileiro tem uma conotação tropical, atualmente
muito acentuado no que se refere às bebidas, às drogas e a
sexualidade, coisas que, em meu tempo, praticamente não se
via. Era algo bastante familiar, de entretenimento com
amigos, parentes, vizinhos e demais pessoas. Eu mesmo
participei do antigo Carnaval de rua. Não havia, por exemplo,
nem escolas de samba. O que havia, por exemplo, era
pessoas que, tendo carro, faziam o chamado curso; davam
voltas pela cidade, festejando, outras caminhando... O que
era muito marcado era o uso de máscaras, os chamados
mascarados; jogava-se água, confetes e serpentinas, o que, se
não me engano, tem relação com o Entrudo, lá pelo século 16
ou 17. Claro que se formos andar pelas várias regiões do
Brasil, veremos que o Carnaval tem muitas diferenças, como,
por exemplo, na Amazônia, também o Carnaval no
Nordeste... Acho que o Carnaval da Bahia é que tem
influenciado bastante o Carnaval carioca. Aí sim, tem-se uma
manifestação impossível de deixar de existir. Salvador é uma
cidade essencialmente africana. Só depois que conheci a
África, in loco, é que eu entendi Salvador. Se, em relação à
Salvador, à Bahia, a pessoa não conhece a questão nas
origens, de um ponto de vista antropológico, acaba fazendo
juízo de valor totalmente inapropriado sobre costumes,
comportamento. Essa coisa, por exemplo, de serem
vagabundos, no sentido de não gostarem de trabalhar, é um
juízo de valor equivocado. A questão é que eles, de certo
modo, não trabalham mesmo, não no sentido que a gente
entende o que é trabalho. Há uma concepção de vida de
autossustento: “Se tenho, por exemplo, comida para hoje, não
vou trabalhar preocupado com a comida de amanhã; vivo o
dia de hoje. Já tenho a minha comida, então vou fazer festa,
me divertir”. Para nós, que viemos de uma tradição de raízes
romanas, ou mais propriamente greco-romanas, com
influências também judaicas, que valoriza ou supervaloriza o
trabalho, é difícil de entender. Tanto nos estoicos gregos,
como nos romanos, encontramos o sacrifício no trabalho
como parte da sobriedade de vida; eram valores essenciais
que não se referem aos valores africanos, nem indígenas e
outras civilizações. É como falo daquele meu amigo índio:
ele não quer saber se vai ter vai ter dinheiro para amanhã. Se
ele tem para viajar hoje, ele vai, viaja..., compra uma calça da
Zara..., mas o dia de amanhã, de certo modo, não está no
calendário dele. Ao contrário de nós, ele não se perturba, não
se tortura com esse tipo de coisa. Recomendo, a quem se a
voracidade necessária, a leitura de uma coleção de oito ou
nove volumes, cada um com umas oitocentas ou mil páginas,
que podem ser baixados gratuitamente da Unesco, e que
foram traduzidos, que foram traduzidos pela Universidade de
Brasília e que é uma História Geral da África; começou a ser
escrita na época em que os primeiros países africanos
adquiriram independência. É um esforço de ter uma História
da África contada por africanos, principalmente. São
volumes extraordinários que devem ser lidos com toda uma
crítica muito atenta, porque, quando se fala em África hoje, é
de uma África quase que totalmente dominada pelo Islã.
Portanto, pensa-se estar falando de África, simplesmente,
quando já se pode estar obtendo uma visão relacionada ao
grande dominador da África, do Leste, indo para o Oeste,
mas com grande predomínio na África-Central. As histórias
de africanos que, na maioria das vezes, ouvimos, parte de
gente que não conhece de fato; nem mesmo os
afrodescendentes conhecem. Ao estudar realmente a História
Africana, não se vê Umbanda, por exemplo, que é um
sincretismo, uma transformação de grande parte dos
elementos, atribuindo novos significados. Voltando à questão
do Carnaval, principalmente no Brasil e, acentuadamente no
eixo Rio-São Paulo, é uma festa estilizada, caricaturada, um
produto para ser vendido, infelizmente.
RS+:

Professor Anibal, em nome de nossos leitores, da Maya


Editora e da Revista Saber+, agradecemos imensamente pelo
privilégio da entrevista!
_______________________________________________
Matéria conduzida por Marcia Marques

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