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Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA

Instituto de Ciências da Sociedade – ICS


Programa de Ciências Econômicas e Desenvolvimento Regional – PCEDR
Bacharelado em Ciências Econômicas – BCE
Disciplina: Economia do Meio Ambiente (EMA)
Docente: Profº. Dr. Abner Vilhena de Carvalho
Assunto: Economia dos Recursos Naturais.

LEITURA (referências bibliográficas):


ENRÍQUEZ, M. A. Economia dos recursos naturais. IN: MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C.; VINHA,
V. da. Economia do Meio Ambiente: Teoria e Prática. RJ: Elsevier, 2003, cap. 1; 2010, cap. 3).

LISTA DE ATIVIDADE Nº 6

Foi somente a partir dos anos 1970 que os recursos naturais foram reinseridos no escopo
principal da teoria econômica, após os intensos debates sobre os limites do crescimento econômico
promovidos pelo famoso “Clube de Roma” e outros fóruns. Essa reinserção ocorreu por intermédio
do resgate de trabalhos isolados produzidos anteriormente, mas que permaneceram esquecidos por
longo tempo por não representarem o pensamento econômico dominante, como, por exemplo, os
trabalhos de Faustmann, sobre a regra de gestão dos recursos florestais, de 1849, e os o estudo de
Hotelling, de 1931 sobre as regras de uso ótimo dos recursos esgotáveis, entre /outros. Dessa forma,
o que se conhece por “economia dos recursos naturais” é um campo da teoria microeconômica que
emerge das análises neoclássicas a respeito da utilização das terras agrícolas, dos recursos minerais,
dos peixes, dos recursos florestais madeireiros e não madeireiros, da água, enfim de todos os
recursos naturais reprodutíveis e os não reprodutíveis. O foco principal é o uso eficiente desses
recursos, ou o “uso ótimo”. Para isso, os instrumentos adotados são os mesmos da microeconomia
neoclássica, baseados em modelos matemáticos de otimização (ENRÍQUEZ, 2010, p. 50).

II. Teoria dos recursos naturais renováveis.


[...] o principal desafio de teoria econômica convencional dos recursos renováveis é
identificar qual a trajetória de exploração de uma população animal ou vegetal, submetida a um
dado nível de extração. De forma análoga aos recursos não renováveis, o modelo geral de
exploração dos recursos renováveis se baseia no “princípio do máximo”, introduzido pelo
pensamento neoclássico, cujo objetivo é conhecer as condições para se alcançar o “ótimo
econômico”, onde o produtor obtém o melhor benefício - o lucro máximo. Dessa forma, o estoque
(“x”) de um recurso (“G”), em qualquer tempo (“t”) é resultante da diferença entre a sua taxa natural
de recomposição no tempo e sua taxa de exploração no tempo. O lucro (π), obtido a partir do uso
desse recurso, indica que ele é decorrente da taxa de recomposição e da taxa de utilização do recurso
ao longo do tempo. Otimizando-se a função, a partir dos procedimentos matemáticos chega-se à
regra de produtividade marginal da acumulação ótima do capital, na qual a produtividade marginal
da taxa natural de recomposição do recurso é igual à taxa de desconto. Os modelos econômicos para
os recursos renováveis apresentam evidentes semelhanças com a teoria dos recursos não renováveis
desenvolvida por cidade à teoria dos recursos renováveis. Além do ‘modelo geral de exploração’, a
teoria econômica dos recursos renováveis apresenta enfoques especiais para a gestão dos recursos
pesqueiros (modelo de Gordon-Schafer e Beverton-Holt), dos recursos florestais (modelos de
Fischer e Faustman) e dos recursos da biodiversidade (modelos de Gordon-Schafer-Clark) (2010,
p. 69).
Diante da descrição acima sobre o ‘modelo geral de exploração’ dos recursos naturais
renováveis, descreva acerca dos modelos de gestão de pesca, de gestão de floresta e de gestão de
biodiversidade.
O modelo de gestão de pesca descrito por Enríquez é baseado na lei logística e tem como
variáveis determinantes a capacidade de suporte (k), representando o limite máximo que é
sustentável dentro do ciclo de exploração do recurso, e a extração máxima sustentável (x) que
permite a manutenção do crescimento dos estoques no nível ótimo. Nesse sentido, a lei logística,
como descrita pela autora, é uma lei essencialmente biológica, pois o rendimento máximo
sustentável encontra seu ponto ótimo quando o excedente disponível para exploração é explorado
dependendo das condições biológicas da população. Esta condição de exploração recebe ressalvas
da autora ao admitir que não são levadas em consideração a interligação entre espécies diferentes,
não leva em considerações critérios econômicos e não pondera de forma adequada sobre os custos
gerados no processo de exploração. Dessa forma a autora afirma que a hipótese do rendimento
máximo sustentável não é a melhor estratégia econômica. Em adição há ainda a problemática da
propriedade comum que recebe a orientação da economia ecológica no sentido de reconsiderar a
escala de exploração dos recursos tendo em vista todas as condições e limitações naturais, e abrir
mão da máxima eficiência para que não haja exaustão dos recursos naturais. Nessa perspectiva é
fundamental a gestão de políticas públicas que atinjam justamente este ponto, pois os mecanismos
do mercado são ineficientes para coordenar de forma sustentável estes tipos de recurso.
O modelo de gestão de florestas, ou os modelos, apresentados pela autora são descritos
como sendo dependentes em primeira instancia da condição natural imposta pela dinâmica de
crescimento dos recursos explorados. Os principais modelos encontrados na literatura são: (i) o
modelo estático que segue a busca pelo rendimento máximo encontrado no ponto em que os
recursos atingem a idade ideal de extração; (ii) o modelo de Fisher que é cobre uma lacuna deixada
pelo modelo estático ao não levar em consideração a taxa de desconto nas análises comparativas
entre os valores atuais e futuros das arvores, e nesse aspecto o modelo de Fisher toma as arvores
como ativos econômicos sob a perspectiva da maximização da receita gerada pela extração,
entretanto as consequências futuras desse formato de extração não foram estimadas dentro do
modelo de Fisher, ficando elas a cargo da formula desenvolvida por Faustamann; (iii) Fasutamann e
sua formula afirmam sustentam a hipótese de rotação florestal como forma de exploração dos
recursos a uma taxa t, no qual os aumentos marginais nos valores das arvores devem ser igual à
soma dos custos de oportunidade de investimentos feitos nas próprias arvores. A autora ainda
acrescenta que é fundamental a presença do estado na forma de regulação desse tipo de gestão, pois
embora os modelos teóricos sejam eficientes, não há como garantir que sejam igualmente eficientes
na prática.
Por último, o modelo de gestão de biodiversidade apresentado pela autora emerge a
discussão sobre a questão da extinção de espécies, pois enquanto bens livres, estes estão sujeitos a
ameaça da sobre-exploração enquanto não regulados. Este tipo de modelo admite que os recursos
naturais seguem a dinâmica de crescimento descrita pela lei logística e a análise econômica para
este tipo de recurso segue sobre três pilares baseados no modelo de Gordon-Schafer e nos trabalhos
de Clark (1973): (i) acesso livre aos recursos; (ii) a taxa de crescimento dos recursos e; (iii) a
existência de uma relação entre o preço do recurso e seu custo.

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