Os Odontoblastos Podem Responder À Cárie Pelo Aumento Da Produção de Dentina Peritubular

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Os odontoblastos podem responder à cárie pelo aumento da produção de dentina peritubular,

originando a esclerose tubular, representada pela redução do diâmetro dos túbulos


dentinários. Em estágios mais avançados de destruição dentinária, devido à proximidade com
a polpa, os produtos bacterianos tóxicos têm difusão facilitada pelo aumento de
permeabilidade dentinária, podendo alcançar concentrações mais tóxicas às células pulpares,
mormente aos odontoblastos (Fig. 2-22). Quando essas células são destruídas pela agressão,
forma-se um trato morto. Em seguida, células mesenquimais indiferenciadas da polpa se
diferenciam em odontoblastos, iniciando-se então a produção de dentina reparadora que irá
selar a porção pulpar dos tratos mortos. Esse tipo de dentina apresenta menos túbulos e é
menos calcificado do que a dentina primária, podendo exercer um papel de proteção à polpa.

Pulpite reversível
É por definição uma leve alteração inflamatória da polpa, em fase inicial, em que a reparação
tecidual advém, uma vez removido o agente desencadeador do processo.

A pulpite reversível é, usualmente, assintomática. Contudo, em determinadas situações, o


paciente pode acusar dor aguda, rápida, localizada e fugaz, em resposta a estímulos que
normalmente não evocam dor, pois ela cede imediatamente ou poucos segundos depois da
remoção do estímulo. A dor ao frio é a queixa mais comum por parte do paciente.

A dor oriunda da estimulação de fibras A-δ é resultado da hidrodinâmica do fluido dentinário,


sendo aguda, súbita e fugaz, passando rapidamente após a remoção do estímulo.

Inspeção: Pelo exame visual se detecta restauração ou lesão de cárie extensa


Testes pulpares: Frio evoca dor aguda, rápida, localizada, que passa logo ou poucos segundos
após a remoção da fonte estimuladora.

A dentina é normalmente mais sensível ao frio do que ao calor. Isso se deve provavelmente ao
fato de que, pela teoria hidrodinâmica que explica a sensibilidade dentinária, a resistência ao
movimento de fluido pelo túbulo é diferente quando o mesmo se move no sentido da polpa ou
interno (calor aplicado) ou no sentido contrário à polpa ou externo (frio aplicado). No sentido
externo, o fluido pressiona o odontoblasto firmemente para o interior do túbulo, reduzindo as
dimensões para movimento de fluido intratubular, o que resulta em maior pressão contra
odontoblastos e fibras nervosas. No movimento em sentido interno, o odontoblasto é
empurrado em direção à polpa, oferecendo menos resistência ao deslocamento intratubular
de fluido

Percussão e palpação – Esses testes apresentam resultado negativo na pulpite reversível, uma
vez que não há comprometimento dos tecidos perirradiculares.

Achados radiográficos: Radiograficamente, verifica-se a presença de lesões cariosas ou


restaurações extensas, próximas à câmara pulpar. Na grande maioria dos casos, apenas por
radiografias é arriscado afirmar se houve ou não exposição da polpa.

Tratamento: O tratamento da pulpite reversível consiste, basicamente, na remoção de cárie


ou da restauração defeituosa (e/ou extensa) e aplicação de um curativo à base de óxido de
zinco-eugenol, o qual é dotado de efeito analgésico e anti-inflamatório. O paciente é
remarcado para, pelo menos, 7 dias depois, quando o caso é reavaliado, considerando-se a
possibilidade de restaurar o dente definitivamente.
Pulpite irreversível
Quando a polpa é exposta, fica estabelecida uma área de contato direto dessa com os micro-
organismos da cárie (Fig. 2-24). Inicia-se então um verdadeiro “combate” visando à eliminação
do agente agressor. Contudo, na grande maioria das vezes, devido às características
anatômicas peculiares da polpa, ela invariavelmente sofre alterações irreversíveis,
caracterizadas por inflamação grave. Mesmo a remoção de irritantes não é suficiente para
reverter o quadro, havendo a necessidade de intervenção direta na polpa. Acometida por um
processo inflamatório de caráter irreversível, a polpa invariavelmente progride para necrose, a
qual pode dar-se lenta ou rapidamente. É imperioso ressaltar que, em alguns casos, a pulpite
irreversível pode se instalar mesmo sem haver exposição da polpa à cavidade oral.

Sinais e sintomas: Quando presente, a dor associada a uma inflamação aguda da polpa, em
estágios intermediários, pode ser provocada, aguda, localizada e persiste por um longo
período após a remoção do estímulo.

Em casos mais avançados de inflamação pulpar aguda, a dor relatada pelo paciente pode ser
pulsátil, excruciante (Dor torturante), lancinante (faz sentir por pontadas, picadas) contínua e
espontânea

Inspeção: Pelo exame clínico visual geralmente se observa a presença de cáries ou


restaurações extensas (Fig. 2-30A). Uma vez removidas, na grande maioria das vezes se
observa exposição pulpar, observação essa de fundamental importância para se estabelecer o
diagnóstico da pulpite irreversível. Entretanto, o profissional deve estar consciente de que a
exposição pulpar não é condição sine qua non para se estabelecer o diagnóstico de pulpite
irreversível. Se a causa da exposição for de origem microbiana, pela cárie, considera-se que a
polpa está inflamada irreversivelmente, necessitando de tratamento invasivo nesse tecido,
representado pela pulpotomia ou pelo tratamento endodôntico. Entretanto, em casos de
exposições traumáticas recentes (máximo de 48 horas) ou iatrogênicas, pode-se considerar
que a inflamação pulpar tem caráter de reversibilidade, podendo o tecido ser salvo pelo
capeamento direto, uma vez que não houve ainda tempo hábil para maciça colonização e
invasão bacteriana da superfície pulpar exposta. Por outro lado, mesmo que não se observe a
inflamação pulpar, mas o paciente se queixa de dor lancinante, espontânea, pulsátil e
contínua, há fortes indícios de que o tecido pulpar está inflamado irreversivelmente e o
tratamento endodôntico convencional está indicado.

Testes pulpares: Calor: positivo. Frio – Nos estágios iniciais da pulpite pode haver resposta
positiva. Entretanto, nos estágios mais avançados da inflamação pulpar geralmente não há
resposta positivas, o frio pode causar alívio da dor.

Achados radiográficos: Pela radiografia podem ser detectadas lesões cariosas e/ou
restaurações extensas, geralmente sugerindo exposição pulpar. O espaço do ligamento
periodontal (ELP) apresenta-se normal.

Tratamento: O tratamento consiste na remoção do tecido pulpar, total (tratamento


endodôntico convencional) ou parcial (tratamento conservador pulpar).
Necrose pulpar
A necrose é caracterizada pelo somatório de alterações morfológicas que acompanham a
morte celular em um tecido118. Dependendo da causa, a necrose pulpar pode ser classificada
como:

Necrose de liquefação – É comum em áreas de infecção bacteriana.

Necrose de coagulação – Geralmente é causada por uma lesão traumática, com interrupção
do suprimento sanguíneo pulpar devido ao rompimento do feixe vasculonervoso que penetra
pelo forame apical, ocasionando isquemia tecidual.

Necrose gangrenosa – Dá-se quando o tecido que sofreu necrose de coagulação é invadido por
bactérias, que promovem a liquefação.

Sinais e sintomas: A necrose pulpar geralmente é assintomática, com o paciente podendo


relatar episódio prévio de dor. Entretanto, dependendo do status dos tecidos perirradiculares,
a dor pode estar presente, como nos casos de periodontite apical aguda ou abscesso
perirradicular agudo.

Inspeção: Pelo exame clínico-visual detecta-se a presença de cáries e/ou restaurações


extensas que alcançaram a polpa. Em outras situações, quando a causa de necrose foi
traumática, a coroa dentária pode estar hígida. A necrose pulpar também pode promover o
escurecimento da coroa.

Testes pulpares: Calor – A aplicação de calor, na grande maioria das vezes, não evoca dor. Frio
– A resposta à aplicação de frio é sempre negativa. Esse é um dos testes mais confiáveis para
determinar a necrose pulpar.

Percussão e palpação – Podem evocar resposta positiva ou negativa, dependendo do status


dos tecidos perirradiculares.

Achados radiográfico: Pela radiografia de diagnóstico observa-se a presença de cárie, coroa


fraturada e/ou restaurações extensas.

Tratamento: O tratamento da necrose pulpar consiste na remoção de todo o tecido necrosado


e possivelmente infectado, medicação intracanal e obturação do sistema de canais radiculares.

https://www.youtube.com/watch?v=molIGS9-NeY

https://www.youtube.com/watch?v=4K4f6KqOECM
Medicamentos
Biopulpectomia : solução de corticosteroide/antibiótico (Otosporin ou Decadron colírio) ou as
pastas de hidróxido de cálcio.

Casos em que o canal não foi totalmente instrumentado: Solução de


corticosteroide/antibiótico (Otosporin ou Decadron colírio). Podemos empregá-la quando:
procedeu-se ao acesso coronário e à remoção da polpa coronária, mas o canal não foi
instrumentado – aplica-se o medicamento embebido em uma mecha de algodão na câmara
pulpar;
Decadron colírio ou Otosporin é utilizado para reduzir a inflamação do remanescente pulpar,
que poderia resultar em sintomatologia até o retorno do paciente para a completa
instrumentação.

Necropulpectomia e retratamento
Concluído o preparo químico-mecânico, o canal é seco e preenchido com EDTA a 17% por 3
minutos. Para facilitar a atuação da solução, a mesma é agitada no interior do canal radicular
com uma lima de pequeno calibre ou com uma espiral de Lentulo. A seguir, retira-se o EDTA
por meio de irrigação-aspiração com 5 a 10mL de uma solução de NaOCl a 2,5%. Seca-se o
canal e prepara-se a pasta HPG.

Pasta de hidróxido de cálcio com PMCC – pasta HPG

Paramonoclorofenol canforado (PMCC) - O PMCC é uma mistura líquida, oriunda da


combinação do PMC com a cânfora em partes variáveis. Quando em associação com o
hidróxido de cálcio, funciona como veículo biologicamante ativo e oleoso, em função de
possuir eficácia antimicrobiana e a cânfora ser considerada um óleo essencial com baixa
solubilidade em água.

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